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Capítulo 4 - Dominic

— O Espano tá espumando ódio. — Mars comentou cuidadoso enquanto esticava o spray de tinta numa pintura, eu puxava o protetor e acompanhava o contorno. Era uma lataria novinha em folha, estávamos quase terminando e ele tentava me dar alguns conselhos. — É o novo cachorrinho de caça dele, é o único motivo pelo qual ele não mandou um pessoal no teu apartamento pra te dar uma coça.

Eu já tinha notado um olhar ou outro em cima, no maior cuidado possível. O problema é que Mars tinha razão, eu não estava na minha área, já tinha uma boa visão, mas ainda era cedo pra comprar brigas com o campo tão pequeno. Mas eu estava uma pilha, uma zona estressante entupido cada vez mais e ver aquela mulherzinha invadindo a minha área já estava me deixando possesso.

Ele se levantou, eu joguei os papéis de lado, olhamos a obra prima e sorrimos como trabalho bem feito. É, eu e Mars éramos muito bons no que fazíamos.

— Mandamos bem! — comentei olhando a pintura fina.

— Eu falo, sério. — ele insistiu.

— Relaxa aí, vai. — bati em seu braço e lhe dei uma piscada — O novo cachorrinho de caça, tá meio sem coleira.

— Você curte uma adrenalina pesada, não é? — brincou o cara.

— Dom e Mars, pagamento! — anunciou uma tora grotesca de pelo menos cento e cinquenta quilos de massa muscular, na escadaria acima, interrompendo qualquer chance de eu dar uma resposta para Mars.

— Ui, mandaram uma princesa para entregar a grana. — sorri pro meu parceiro e o vi fazer uma negativa.

Mars fez uma negativa, ele sabia que geral vivia na dureza e pegamos um trampo grande. O crime não compensa e nós estávamos meio que “no topo” do Espano. Pra um aviso deste dar merda, é rapidinho. No mínimo íamos pra casa tendo que bater em meio mundo pra conseguir fazer o dinheiro chegar na tranquilidade. E claro, Espano acha que eu sou otário.

Subimos, batemos na porta, fomos recebidos por mais dois grandões e ele passou um envelope pro Mars, depois um para mim. Mars abriu o seu e me olhou, fazendo uma negativa. Eu abri o meu e respirei fundo, não tinha nem a metade do combinado. Qual é a dos caras?

— Tá faltando. — reclamei, ciente de que eles já sabiam disso.

— Você vai se lembrar disso na próxima vez que achar que pode reportar o Espano com as ameaças fodidas de um mercenário americano. — respondeu calmo mexendo em algumas papeladas, enquanto seus dois amigos se mantinham atentos e de braços cruzados — Já pode sair.

Mars apenas me deu um sinal de que aquilo não valia a pena, e minha vontade era de socar metade da turma sarrando legal na cara de todo mundo. Eu não ia sujar o Mars, por isso esperei ele sair, virei de costas, fingi que ia fazer o mesmo trajeto e fechei a porta. Fiquei lá dentro, sorri pro idiota que franziu o cenho e lhe dei uma piscadinha.

— Vamos dançar um baile, princesas? — perguntei bancando o panaca para os grandões de plantão — Põe um reggaeton aê, eu quero mexer o meu traseiro!

Sabe, caras brutos lutam que nem o Iron. Um tapa e você dá um rolê até o inferno, tem uma visão desgraçada do diabo e volta agradecendo a vida. Meu estilo é diferente, e eu aprendi uma coisa com ele. São mais lentos, brutalmente fortes, mas são consideravelmente mais devagar.

Certo, meu peso era mais leve em quê, trinta quilos? Eu tenho cento e vinte de massa muscular… Pouca coisa, mas ainda mais leve. Soquei diretamente no pescoço do primeiro, foi o tempo de um sacar a arma e outro sair de trás da sua preciosa mesa. Usei o corpo do fodido como escudo, vi seus parceiros acabar com sua própria vida, peguei o punhal na sua cintura antes do corpo cair e joguei contra o pulso de um. Foi fácil, antes do corpo atingir o chão, me joguei contra o outro, tivemos a porra de um embate e minha cara foi socada pelo menos duas vezes, até que consegui pegar a arma e acionar um tiro.

— Deu nem pra aquecer… — resmunguei.

O cara era pesado demais, tirei ele de cima e vi que o grandão do pagamento apenas me observava, já tinha tirado o punhal das mãos e tentava estancar o sangue. Eu não atirei nele, coloquei o calibre escuro sobre a mesa e o vi abrir uma gaveta, pegar um bolo de dinheiro e sentar, me observando contar as notas.

— Tá faltando a parte do Mars. — reclamei, pouco me importando se aquilo ainda se prolongar.

— Você é rápido.

— Festinha parada... Cadê a parte do Mars? — perguntei como quem não queria nada, ele abriu a gaveta, pegou outras notas e colocou em cima da mesa — Valeu, é muita gentileza. — agradeci, na maior ironia.

Me virei, peguei na maçaneta e quando ia abrir a porta, fui barrado pela voz do grandão.

— Eu mandei a Brianna roçar tua cadela. — eu fechei a porra dos olhos, respirei fundo e me preparei pra enfiar minha vida inferno abaixo, disposto a socar a cara dele — Você está fazendo um trabalho legal, Dom. Só tenha cuidado, o Espano tá caindo. — com isso resolvi apenas entortar a maçaneta redonda e me conter, prestando atenção em suas palavras — Brianna vai ficar longe. Eu fiquei meio puto com o roxo no pescoço dela, mas eu reconheço um bom soldado quando vejo um. E avisa o Mars, todo mundo que ficar do lado do Espano, vai cair.

— Eu não passo recados. Te vira, mané. — retruquei impaciente, abri a porta e sai.

Eu olhei pro grandão de sorriso branco do lado de fora, braços cruzados e pose séria, quase não acreditou quando coloquei a parte dele no peito definido do gostosão de regata e ficou me olhando como se eu fosse um maluco.

— Você não fez isso… — retrucou olhando a grana na mão dele e me seguindo enquanto eu descia a escada.

— Fiz. A gente dançou um reggaeton, bailamos la cucaracha e no fim o rolê rendeu. — respondi mantendo meu sorriso cínico e lhe dei um tapa no ombro — Relaxa.

— Eu acho que você está procurando tranquilidade do jeito errado…

— Deixa eles foderem com a tua vida uma única vez, Mars. E vai sair assim sempre. — respondi sério, sem brincadeiras, olhando pro cara todo preocupado — E relaxa, eu não queimei o teu filme.

Pelo menos um cinco caras na oficina estavam parados e me olhando, eu enfiei o dinheiro no bolso, olhei para a porta e vi Érina chegar bem na hora do rango. Fingi que ninguém estava curioso, ignorei Mars e fui até a gracinha de cabelos amarrados, grávida e com uma quentinha na mão.

O sol daquele lugar ia me derreter cada dia mais, tinha espirro de sangue na minha camisa e provavelmente eu estava mais suado do que no dia anterior. Uma delícia, eu sabia que a gada ia pirar na minha barba estilo viking molhada e minha franja suadinha. E eu pirando no umbiguinho de fora, a gracinha pegou o jeito de usar saias e hoje tinha uma blusinha que moldava os peitinho durinhos dela. Papai do céu, a punheta de hoje vai ser mais intensa…

— Chegou na hora. — respondi lhe dando uma piscada, enquanto pegava ela pela braço e a puxava pra fora — Qual é a dessa barriga de fora, quer exibir o moleque antes dele nascer?

— Calor, eu não sei quanto tempo vai levar pra eu me acostumar com isso. — ela estava indo se sentar na beirada do degrau de fora, mas eu não deixei — Ué, você não vai comer?

— Valeu pela marmita, mas você precisa ir embora. — falei baixo e cuidadoso.

Ela piscou confusa, olhou pra dentro e viu que tinha uma galera encarando. O grandão descia as escadas com o pano na mão e ela viu os respingos de sangue na minha camisa, isso fez ela engolir com cuidado e apenas concordar. Eu só não esperava o que ela tinha pra falar.

— Vê se volta pra casa…

— Pode deixar, gracinha. — respondi lhe dando uma piscada e vendo ela caminhar pro lado oposto, devagar, olhando vez ou outra pro pessoal lá dentro.

Oh merda, meu pinto tava de boa guardadinho na lateral, dobrado do tamanho de um amendoim. A pele esticou, o corpo endureceu e eu sentia ele doer só de ver aquele rosto me pedindo pra voltar. Ela está sensível e aquilo estava mexendo comigo, a ponto de não pensar direito antes de simplesmente tacar o foda-se pra uma vadiazinha que só tentou encher o saco em casa.

Não dava mais para consertar o estrago, mas era isso. Eu tinha um ponto fraco e estava deixando isso me consumir. Tentei me concentrar, deixei o pote em cima de uma carcaça vazia e cruzei os braços, vendo o pessoal se aglomerar atrás do grandão. Mars estava do meu lado, mas estava tomando cuidado com qualquer movimento ou olhar.

— Se o bicho pegar, você vai cuidar da minha irmã. — murmurou baixo e eu tentei aliviar a tensão.

— Você é muito dramático. — respondi tentando passar tranquilidade.

— Eu não quero zona. — o homem anunciou jogando o pano vermelho dentro de uma lixeira — Cada um pro seu posto. — E por algum motivo ele me deu um aceno de confiança, no qual eu teria de tomar muito cuidado com a merda que ele podia estar planejando.

Mars me deu um tapa no ombro, pareceu aliviado com a situação, mas deixou o aviso.

— Ele vai cobrar essa depois.

A situação quase enviou minha fome pro saco, mas sabe como é. Um cara que recusa uma boa comida e uma boa mulher é, no mínimo, um frouxo. Tentei apenas pensar que ia ficar tudo bem, fiz a minha parte no dia e voltei pra casa.

[...]

Ela segurava uma xícara quentinha quando abri a porta, estava sentada no sofá e assistia televisão em algum programa romântico. O rosto dela estava vermelho, provavelmente chorou, mas eu me contentei em não perguntar.

Sabe qual é a realidade, cara? Ela está sensível, sozinha e com medo. Eu tô na mesma praia, o passado já era e só sobrou nós dois. Sore nunca ligou e, acho que é até bom que não ligue. Eu me sinto responsável, simplesmente porque se fosse comigo, eu não ia querer uma merda dessa. Já perdemos a nossa família uma vez, não era justo que isso rolasse de novo. E tem mais, gosto de pensar que eu sou tudo o que a gracinha tem.

— Chegou mais cedo… — comentou deixando a xícara sobre a mesa de centro, mostrando as coxas abaixo da camisa larga, dentro de um short super curto.

Ah, que beleza! Ela tapou o umbigo e resolveu mostrar as coxas. Meu pinto estava virando uma sanfona, ia encher de estrias de tanto que esticava e diminuia.

— Pois é… — puxei a camisa suja, exibi meu físico gostoso, caminhei tentando não falar muito e fui pra cozinha devolver a marmita na pia — Você tá legal? — perguntei, uma vez que eu estava uma pilha achando que alguém ia bater nessa porta quando eu não estivesse aqui. — O rango tava ótimo, o que era aquilo?

— Frango, mas se fosse pedra você ia falar que estava bom. — ela respondeu colocando a xícara na pia, cruzou os braços e me olhou sério — O que estava acontecendo lá dentro?

— Ah, nada demais. Problemas no RH.

— E você resolveu esse problema com os punhos? — eu tentei me desviar do assunto, mas ela foi direta — Você é igual ele. Não tem outro jeito de fazer as coisas, sem eu achar que quando você sair não vai voltar mais?

Eu puxei a gracinha pra mim, já saquei qual era a do seu rosto vermelho e beijei o topo da sua cabeça. Eu tinha que me contentar com isso, era o máximo que eu podia fazer e além do mais, gostava quando ela me abraçava.

— Relaxa. — tentei acalmar sua angústia abafada.

— Você precisa de um banho.

— Suar é meu super poder, gata. — eu me afastei, cheirei embaixo do braço e fiz uma cara contente — Aquele desodorante é bom, eim. Hoje o dia foi pauleira. Cinco minutos e eu estou novo em folha. — lhe dei uma piscadinha e entrei no banheiro, mas continuei falando. Distração é comigo mesmo. — Gracinha, você sabe dirigir?

— Com certeza não, não lembra daquele capote na estrada? — respondeu divertida — Eu sei lá, fiz tanta coisa que não me concentrei em ter um carro e tirar uma carta.

— Eu posso te ensinar.

— Essa eu quero ver… — ela riu, pareceu gostar da ideia.

Dei um trato rapidinho, agendei a punheta pra mais tarde e sai só a delícia cheirosa enrolado na toalha. Acho que ela deu uma coradinha quando olhou pra trás, eu não vou fingir que não gosto de deixar ela sem graça e ao invés de ir pegar minha roupa, fui atazanar a vida daquela baixinha grávida

Dei aquela chegada, encostei na donzela, ela se virou, mas eu me foddi. Sabe, a intenção era só encher o saco, fazer ela passar uma raivinha, ver ela ficar cor de rosa, levar um xingo brincalhão, mas… Cara, como eu estava duro! Durasso! Tinha uma porra pontuda na beirada da toalha e a cabeça estava raspando na toalha e apertando o umbigo da bonitinha beiçuda. Eu achei que ela ia me afastar, mas ela mordeu os lábios, desviou os olhos e prendeu as mãos na beirada da pia.

Carallho… ela tá afim!

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