Capítulo 7
"Ginnn", disse ele, quase pulando em meus braços.
"Ok, eu entendo, você sentiu minha falta, mas assim vou acabar no hospital de novo", eu disse a ele. Ele olhou para meu braço quebrado e entendeu.
— Sinto muito, e estou muito feliz em ver você de novo, droga, mas… você não se fez ouvir, poderia pelo menos ter me ligado! — Uma leve desaprovação pôde ser detectada em seu tom.
- Tem toda a razão. Tudo, se eu fosse você também teria ficado bravo, mas depois do hospital... erm... fui dormir na casa do Cinque e... —
- Como desculpa? Espere, Cinque seria aquele garoto que salvou sua vida e acertou você na primeira vez? -
- Exato! -
-E como foi? Resumindo, você tem... -
Olhei para ela sem acreditar, é possível que ela esteja apenas pensando nisso...
- Deus não Ally, você acha que eu faria algo parecido, com esse em cima...? Prefiro me matar de novo - não entendi se ela estava com raiva ou triste por causa daquela frase que acabara de dizer, talvez as duas coisas. Está tudo bem, não preciso dizer essas coisas.
“Sinto muito, sei o quanto você chorou naquele dia”, respondi rapidamente.
— Ok, vamos para a escola, você acha que a escola vai acabar logo? -
— Sim, não sei como passar o verão, já que... —
— Venha ficar comigo, meus pais e eu estamos saindo de férias, talvez para Nice, ou para a Califórnia... será FANTÁSTICO! -
— SHH!, não grite! Todo mundo, todo mundo vai te ouvir! Haha, eu já te disse que te amo muito? - eu disse abraçando ela.
- Huh?! —Ele disse colocando um dedo sob o queixo. — Eu sei ahah porque sou o melhor obviamente —
— Que idiota você é ahha, ooh, aliás, ontem o Daniel veio na minha casa. -
- Na realidade? Então vocês são amigos, certo? -
— Sejam todos, somos apenas amigos e... ontem à noite o Cinque veio me trazer minha carteira, eu tinha deixado na casa dele, e não sei porque mas ele se comportou mal com o Daniel... bom, não é que ele não faz isso com todo mundo, mas é estranho, primeiro ele salva minha vida e depois diz que tenho que ficar longe dele? Não entendo...” eu disse, colocando minha mochila na carteira da escola.
— Ele provavelmente está apaixonado e não quer admitir... — Ele? Apaixonado? Nahh impossível, para alguém como eu, acho que não. Ele terá mil garotas a seus pés porque deveria se apaixonar por alguém como eu.
— Não, é só Cinque — dito isso, encerrei o assunto pegando o livro de literatura e iniciando a aula.
Toquei no ombro de Ally, não me senti muito bem.
— Todos vão me acompanhar ao banheiro? -
- Claro, vamos. -
Não tive tempo de ir ao banheiro antes de vomitar.
—Há quanto tempo você está se sentindo assim? —Disse ele com apreensão.
— Mais ou menos desde esta manhã. — Ally tocou minha testa como uma mãe faria com seu filho, Deus, sinto mais falta dela a cada dia. Sinto muita falta dele.
—Vá para casa, já é última hora mesmo, vou avisar a professora, ok? Assim que chegar em casa, tome um Tachipirin e vá para debaixo das cobertas, você me ouviu? -
- Mas está quente.. -
— Não. Não é verdade, é uma febre, agora vá —
— Tudo bem, chefe.. — Levantei saindo da escola, a professora vai entender, de qualquer maneira, depois de tudo que passei. , Acho que você abrirá uma exceção.
Quando cheguei em casa fiz exatamente o que meu amigo me disse. Eu medi minha temperatura. O termômetro tocou. Trinta e oito, droga, realmente não era necessário. Afundei nos lençóis e adormeci. Acordei só para conversar com Ally, para ver como estava tudo, e depois dormi até depois da meia-noite. Minha camisola estava encharcada de suor e grudada na minha testa quente.
Sentei-me enquanto gotas de suor frio brotavam da minha testa. Meu coração batia forte, num ritmo irregular.
Dois batimentos cardíacos de cada vez. Eu senti como se estivesse queimando. Era como se eu estivesse derretendo. Meus pensamentos se confundiam, eu não entendia mais nada. Eu simplesmente entendi que precisava me acalmar. Eu não sabia para onde estava indo, saí do meu quarto e desci as escadas. Saí para a varanda, o vento soprando em meus cabelos. As estrelas no céu brilhavam mais do que nunca. Olhei para baixo e as árvores ao longo da avenida começaram a mudar de cor. Amarelo, Vermelho, eu definitivamente estava sonhando.
Sem perceber desci o granizo do terraço, o cascalho machucava meus pés, mas continuei, o caminho iluminado pela lua.
Não demorei muito para chegar a um pequeno lago em uma floresta, não era realmente uma floresta de verdade, mas era lindo. Continuei até meus pés afundarem na água gelada. Era junho mas a água do lago estava sempre fresca, o calor da água me dava uma sensação de paz.
-Genebra? -
Eu lentamente me virei. O vento açoitou meu corpo enquanto eu olhava para aquela figura. A lua cortava segmentos de seu rosto, refletindo em seus olhos grandes e brilhantes.
"O que você está fazendo, Gina?" Cinco perguntaram. O que eu estava fazendo no meu sonho? Ele tinha que ir, mas não importava o quanto eu tentasse mandá-lo embora, ele ficava lá.
- Preciso me acalmar. -
Ele me olhou alarmado. “Não se atreva a entrar naquele lago. — Mas o que ele se importava se eu tomasse banho, afinal era um simples banho de lago, e foi um sonho... certo?
Comecei a recuar. A água gelada bateu primeiro nos meus tornozelos e depois nos joelhos. - Porque? -
- Porque? - Ele deu um passo à frente. - Esta muito frio. Ginny, não me faça te levar – minhas têmporas latejavam.
Continuei submergindo, a água fria extinguindo as chamas que queimavam minha pele. Eu poderia ter ficado lá para sempre.
Dois braços fortes me trouxeram de volta à superfície. Tentei respirar, mas meus pulmões estavam queimando. Cinco me tiraram da água e no momento seguinte eu estava na margem do lago...
-Mas o que há de errado com você? Ele me perguntou, me sacudindo pelos ombros. - Você está louco? -
— Deixe-me — Empurrei-o fracamente, não preciso dele, não depois de como ele me tratou. - Estou com calor. -
Ele me estudou de cima a baixo. — Eu entendo, você estava com calor, então pensou em tomar banho em um lago próximo. É o Lago Genebra, não um mar, você sabe muito bem que a água é mais fria. —O que você está dizendo não faz sentido, comecei a cambalear em direção ao lago. Não tive tempo de dar dois passos antes de encontrar os braços de Cinque em volta dos meus quadris. "Nem pense nisso, você não vai voltar aí, está me ouvindo? Você vai ficar doente", ele tirou o cabelo molhado do meu rosto. —Na verdade você já está doente, sinta o calor que você tem. Inclinei-me contra ele, pressionando minhas bochechas contra seu peito. Cheirava muito bem. — Eu te odeio, eu não te amo. -
— Acho que não é hora de falar sobre essas coisas. -
De qualquer forma, foi apenas um sonho. Passei meus braços em volta do pescoço dele. —Mas eu amo você Cinco. -
Cinco me abraçaram de volta. —Eu conheço Gina. Você não está enganando ninguém. Vem então. -
—Eu… eu não me sinto muito bem. -
—Gin— ele olhou para mim e pegou meu rosto entre as mãos. — Valentina olha para mim —
Pensei que estava olhando para ele... mas minhas pernas cederam e depois nada.
***
Não conseguia me mexer, acho que ainda estou sonhando, só que dessa vez foi uma lembrança eu acho, da minha mãe e de mim, só não lembro. Por que não me lembrei?
Era uma tarde quente de final de setembro, acho que eu tinha uns sete anos, estava no meu quarto brincando no meu grande tapete, quando ouvi gritos vindos da cozinha, era minha mãe gritando, mas por que ela estava gritando? Ela nunca havia gritado em sua vida, nunca na minha frente. Então ele também ouviu uma voz de homem falando com ele, saiu lentamente do meu quarto e se inclinou na escada para ouvir.
Ele ouviu a voz de sua mãe. —Você sempre pensa mal de todo mundo. -
E o homem: — pelo menos eu acho. —Mas quem era ele?
Isto foi seguido pelo som de vidro quebrando nos azulejos da cozinha. Percebi que minha mãe havia quebrado a louça.
—Você tem que me devolver Guinevere, os poderes dela podem piorar ficando aqui, ela estaria mais segura na academia. -
- Esqueça. Há sete anos você bateu na minha porta dizendo que não queria, que não havia nada de especial nisso, e agora está pensando em tirar isso? -
— Eu fui um idiota, ok? É isso que você quer ouvir? -
Desci as escadas e olhei para eles, eles se viraram para olhar para mim, aquele homem estava com frio, me olhou com desprezo... por que ele me amava?
— O-o que, isso está acontecendo mamãe? -
—Nada querido, venha brincar—
—Você ainda não contou a ele, não é? Você é estúpido se acha que pode mantê-la segura, os poderes dela são... —
- EXPLORADO, CERTO? VOCÊ SÓ PENSA NISSO, NO SEU APOCALIPSE ESTÚPIDO, SAIA DA MINHA CASA -
Naquele momento as lágrimas começaram a cair, mais rápido do que nunca, e ele começou a soluçar.
- ISSO É O SUFICIENTE! — gritei a plenos pulmões.
O homem do gelo virou-se para mim e sua expressão me fez pular. — GENEBRA NÃO — Uma explosão de vidro quebrado ecoou acima de mim. Agachei-me e cobri a cabeça com as mãos, olhando por entre os dedos. O vento havia soprado um grande galho de carvalho para dentro do jardim. Minha camisola ficou encharcada instantaneamente.
Uma cachoeira saiu das janelas. A viola da onda encharcou o carpete da sala.
"Estou com medo..." eu disse com lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto.
O homem se aproximou de mim, levantou a mão e me deu um tapa forte. Com esse gesto eu congelei, surpreso demais para respirar, as lágrimas pararam de cair. Mamãe se aproximou dele.
-O que você fez com ela? -
— Eu estava chorando, você viu o que eu ia soltar… —
Mamãe me abraçou com força e naquele momento ela se sentiu segura.
"Olhe para mim, baby", eu olhei para ela.
- Esqueça… -
— Não, não apague a memória dele. -
—Ela não está preparada para tudo isso. —Não entendi, por que não estava preparado? Olhei para minha mãe, ela pegou meu rosto entre as mãos e me olhou direto nos olhos.
— Esqueça tudo, esqueça o que acabou de acontecer.