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Kasumi morre?

Kasumi e Ina estavam subindo o Monte Fuji. Um lugar que aparentava ser realmente complicado de escalar. Uma grande montanha, que correria o risco de entrar em erupção, ao mesmo tempo que ali guarda o Elixir da Vida. Mal sabem da confusão que irão enfrentar, quando se encontram com Kare.

Horas se passaram. Tanto Ina quanto Kasumi estavam cansadas. A primeira não estava muito acostumada com tal adrenalina, já que passou boa parte de sua vida em um vilarejo. Por outro lado, por ter recebido muito treino, a segunda já estava acostumada. 

-- Como você consegue subir dessa maneira?-- indaga Ina.-- Você não cansa?

-- Não.-- responde a ruiva.-- Aos 12 anos eu já me aventurava em escalar montanhas. Esse tal de Monte Fuji não é lá grande coisa.

Ina estava impressionada. Uma moça tão bela, jovem e inteligente teria capacidade o suficiente para escalar uma das montanhas mais altas e perigosas do mundo e ainda por cima achar que não é grande coisa. 

Conforme iam escalando, ia ficando mais frio. Nessa parte, Ina estava mais acostumada do que Kasumi, sem contar que estava com uma roupa mais preparada. Kasumi nem sequer usava calçados. Estava descalça, com short e um quimono que não lhe abrigava muito no frio. A ruiva sentia muito frio e subia a montanha com as mãos trêmulas. Com o seu corpo trêmulo.

-- Kasumi, vamos parar por aqui.-- disse Ina.

-- Mas o meu pai precisa...

-- Eu sei. Ele precisa do Elixir da Vida. Não se preocupe, nós vamos continuar. Mas vamos fazer uma pausa. Cinco minutos, tudo bem?

Kasumi então concorda.

Elas param em uma caverna escondida na montanha e Ina olhava direto para a sua sobrinha em seus olhos, a deixando vermelha. Esta não gostava que as pessoas olhassem diretamente para ela, porque se sentia encabulada, de alguma forma.

-- Não precisa ter vergonha. Está tudo bem.-- disse Ina.-- Devo ter trago alguma coisa para que possamos nos esquentar.

Ela encontra apenas um lençol. Colocava em Kasumi e dizia:

-- Você está com mais frio do que eu. Parece que as regiões do Brasil são mesmo quentes.

-- Sim, exatamente.-- responde a ruiva.-- Não imaginava que o Japão fosse tão frio. Desde que vim para cá, sinto meus pés congelarem.

-- Menina, por que não falou antes? Bem... Um pouco também é que não estamos bem financeiramente. Senão eu teria lhe dado algum calçado que eu não usasse ou lhe compraria um.

-- Tudo bem.-- Kasumi procurava por algo.

-- O que foi?

-- Tem algo que conduza fogo? Como madeira?

Ina decide olhar ao seu redor. Por sorte encontrava alguns talos de madeira. Ela os pegava e colocava na frente dela.

-- Você vai criar fogo?-- indaga Ina.

-- Sim.-- responder a ruiva, que assoprava e fazia fogo aparecer. Isto surpreende sua tia.

-- A tribo Potira domina os quatro elementos.-- disse a ruiva.-- Mas de alguma forma, eu consigo controlar melhor o fogo.

-- Deve ser porque você vem de uma família que controla esse elemento. Seus pais eram bons em controlar fogo, quer dizer, apenas seu pai. Sua mãe até controlava um pouco, mas é facultativo se você quer ou não dominar os seus poderes.

-- Você iria querer?

-- Sim. Infelizmente eu nasci sem poderes. Foi um grande preconceito por parte do meu povo.

Kasumi fica triste. Se lembrava dos momentos que era discriminada pela sua etnia por parte da tribo.

-- Demorou um tempo até que me aceitassem como eu sou, mas com muito esforço por parte de sua mãe, todos passaram a me respeitar e quem diria que estaria comandando o clã.

A ruiva sorri. Parou para pensar que talvez ela também poderia fazer a diferença em sua tribo. Sofrera muita discriminação. Tupi, Pagã e Jaciara, posteriormente, tiveram que defendê-la muito, mas parece que os abusos pioraram mais a situação para o lado dela. Nesse momento, ela começou a refletir um pouco sobre o seu passado. 

-- Aconteceu algo?-- indaga Ina.

-- Não. É que...-- dizia Kasumi, esfregando seus pés, que estavam gelados.-- Parei para pensar no preconceito que também sofro na tribo.-- Seus olhos ficaram úmidos.-- Só queria ser amada. Os únicos que gostavam de mim era meu pai adotivo, minha mentora e minha amiga.

-- Oh! Quem diria que você conheceu pessoas boas também.-- disse Ina.-- Vamos, me conte mais da sua vida da tribo.

Elas então começaram a conversar bastante. A ruiva contou detalhe por detalhe, desde o primeiro dia que conhecera a tribo até agora. Ficaram ali durante uma hora, até que voltaram a escalar a montanha.

-- Estamos na metade, incrível isso.-- disse Ina.-- Mais um pouco e chegaremos lá.

-- Sim!-- disse Kasumi.

Enquanto escalavam, Ina ficava grilando na sua cabeça o porquê de nunca ver sua sobrinha sorrir. Ela parecia feliz onde estava, mas ao mesmo tempo não demonstrava isso. Será que ela estava realmente satisfeita com a vida que levara? Eis a incógnita que surgia em sua mente.

Depois de mais um tempo escalando a montanha, sentindo mais frio e estando mais exaustas, sendo que Kasumi aparenta sim estar mais cansada, ambas finalmente chegaram no topo. Nisso, acabam encontrando Kare Ando.

-- Olá, meninas.-- dizia o mágico.

-- Esse homem...-- disse Kasumi.-- Foi quem deu a facada em meu pai.

-- Facada? Do que está falando?-- indagou Kare.

-- Não seja idiota, homem! Ela está se referindo ao indígena que você atingiu com a sua arma!-- dizia Ina, irritada.-- Só podia ser você mesmo. Kare Ando.

-- Kare Ando?-- repetia a ruiva.

-- Huhuhu, isso mesmo. Fui eu quem dei o tiro com a faca naquele indígena.-- dizia o mágico.-- O destino era em Kasumi, mas ele acabou ficando em sua frente para protegê-la. Confesso que fiquei comovido com tal ato.

-- Quem é você?-- indaga Kasumi irritada.-- O que você quer de mim? Me deixe em paz!

Kare olha para Ina e fala:

-- Você não contou para ela quem eu sou? Está brincando, não é, Ina?

-- Eu vou contar para ela.

-- Quando? No dia em que estiver à beira da morte? Já que é assim, eu mesmo contarei para ela o que houve naquele dia, 11 de janeiro de 1.999.

Kasumi ficou atenta. Estava ansiosa para saber o que aconteceu.

Kare dizia:

-- Está ansiosa, não é, minha bela ruiva? Então preste atenção no que irei lhe dizer. Eu matei os seus pais. Makaro Mizuna, sua mãe e Kinari Mizuna, seu pai. Grave bem esses nomes em sua mente. 

Kasumi se segurava. Estava morrendo de raiva dele, mas se mantinha tranquila, mesmo estando explosiva por dentro. Seria ele a causa de seu sofrimento que durou a vida toda. Sua vontade nesse momento era lutar com todas as forças que tinha ainda, mas decidiu apenas ouvir o que ele tinha para falar ainda.

-- Naquela noite, quando você nasceu, já estava preparado para matá-los. Fiquei surpreso que teria formado uma família completa com a sua chegada. Acho que aquilo foi inveja, mais de você do que dele. Matei seus pais mesmo e foi maravilhoso ver a reação das pessoas, pois matei na frente de todos.

Kasumi estava trêmula. Nunca sentiu tanta raiva naquele momento. Seus olhos começaram a ficar úmidos.

-- Depois que eu os matei, lhe joguei em um rio, pensando que iria morrer também, mas parece que alguma força divina tinha protegido você e talvez lhe guiado até a sua querida tribo, onde você brinca de Pocahontas lá.

--"Não acredito..."-- Pensava Kasumi, que se ajoelhava e começava a chorar.

-- Kasumi...-- Ina sentia pena dela. A abraçou e sentiu que ela estava gelada, mas ao mesmo tempo suava e estava com o coração pulsando rápido.

-- Isso mesmo. Você não tem uma vida decente, Kasumi. Adquiriu essa vida com uma tribo desconhecida, que deve ter lhe tratado mal para dizer que está vivendo, mas não está. Você só existe. Não vive.

Kasumi abraça Ina. Lamentava muito por não ter uma vida decente. Acabou fazendo das palavras dele às dela.

-- Mas tem um jeito de mudar isso. Por que não se une a mim? Posso dar tudo aquilo que você quiser. 

-- Cale a boca, Kare. Por quanto tempo mais você vai ferir o coração dessa menina?-- indaga Ina, irritada. Ela se levanta e fica na frente de sua sobrinha.-- Você é um covarde aproveitador. Deixe Kasumi em paz. Saia daqui ou eu mesmo vou lhe matar!- ela puxa adagas.

Kare olhava para e ria.

-- Eu sei muito bem que você e Ai não são de briga. Portanto, SUMA!

Ele controla o vento, empurrando Ina forte. Ela caía do Monte Fuji, tendo chances de morrer. O mágico pega o Elixir da Vida e jogava também para baixo.

-- Patético.-- disse Kare.-- E então, Kasumi? O que vai fazer? 

Uma aura sinistra estava explodindo na ruiva. Ela estava muito irritada e com lágrimas nos olhos ainda. Pensava em tudo o que já passou em sua vida e tudo por causa de seu inimigo, do inimigo do clã, do inimigo de seu pai biológico e por que não de uma tribo que não tem nada a ver com a história.

-- EU VOU MATAR VOCÊ!- Kasumi lança um poderoso raio de fogo.

Kare cria um portal e o teleporta na direção de Kasumi, a atingindo com tudo. Ela ia esbarrar em seu adversário, mas este a pega pelo pescoço e a bate no chão, a fazendo cuspir sangue. Olhava bem nos olhos dela, que ficava vermelha e dizia:

-- Não, você ainda não tem potencial para me vencer e nem terá, pois você é uma pessoa morta.

Ele a joga para fora do topo do Monte Fuji e ela grita desesperada.

Será que é esse o fim dela? Dezesseis anos era essa a idade que iria morrer?

--"Eu sou uma incompetente."-- pensava a ruiva.-- "Não consegui salvar meu pai. Minha tia morreu. E agora... Eu vou morrer... -- sorria. -- "Pelo menos, estarei perto de meus pais biológicos..."-- pensava na sua tribo.--"Adeus, Pagã. Adeus Jê. Adeus, Jaciara. Adeus Guarana. Adeus, tribo Potira... Adeus... Clã Mizuna...

-- Kasumi!-- Pagã acordava no meio da madrugada. Era noite no Brasil, enquanto no Japão, era dia.-- Oh, Kasumi! Por que tenho um péssimo pressentimento? Por favor, Abanenga, não deixe Kasumi morrer.

De repente, uma luz estava pairando na ruiva. Era de cor branca. Ela vê na sua frente, um índio com cicatrizes em seu corpo, com cabelos compridos e cheio de músculos.

-- Quem é... O senhor?-- indaga Kasumi.

-- Abanenga, o deus da natureza e guardião da tribo Potira.-- dizia o índio.-- Minha filha, você agora está flutuando até o chão, não se preocupe. Foi graças aos meus poderes. Sua tia também não morreu, não se preocupe. Seu pai já está curado. Pode voltar para a tribo ou ficar aqui mesmo no clã Mizuna. 

-- O senhor... Curou meu pai?-- indaga Kasumi.

Abanenga assentiu que sim e dizia:

-- Nenhum filho meu morre antes da hora. Estou sempre cuidando de vocês e posso lhe afirmar que você é abençoada por ter essa tribo ao seu lado. Mesmo se sentindo desconfortável consigo mesmo, passe a sentir o oposto. Se sinta bem consigo mesma. Todos vocês, mortais, deviam se sentir assim. Particularmente, tem minha admiração, Kasumi Mizuna.

A ruiva não demonstrava sentimentos, mas ficava contente por dentro, quando era elogiada. Se sentia lisonjeada por receber tais elogios de uma divindade.

Eles param no chão e Kasumi vê sua tia desacordada. Não tinha vestígio de sangue, sinal que realmente fora salva.

-- Decida agora o que quer fazer. Mas lembre-se, que sempre estarei ao seu lado do que precisar. Por viver com a tribo Potira, se tornou minha filha. Não está órfã, corajosa Kasumi. Agora, seu destino é você quem decide. A vida continua e eu estarei sempre pronto à ajudá-la. Agora, preciso ir. Adeus...

Abanenga sumia. Kasumi agora estaria fazendo uma nova reflexão. Olhava para a sua tia e via que o frasco do Elixir da Vida estava quebrado. 

-- Isto será restaurado.-- Aparecia o deus dos Potira, usando seus poderes para restaurar o frasco e o líquido. Este voava para ir aonde se situava.-- Não se preocupe. Kare Ando já foi embora pensando que havia morrido. Ele descobrirá que está viva, mas até lá, fique mais forte... Adeus...-- Sumia.

Kasumi agora tinha muito que pensar. Qual será a continuação da trama da história?

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