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2

DAMON

Não consigo piscar os olhos e a gama de emoções me invade. Eu não sei o que dizer, não sei como me expressar ao encarar meu irmão. Por alguns segundos, observo seu olhar fixo no meu e não noto nenhum resquício de raiva. Ele parece estar cansado de me odiar, assim como eu...

— Matt, venha aqui.. — papai o chama, fazendo um gesto com a mão e ele se aproxima nervoso, meio ofegante.

— Oi, pai...Matt — segura sua mão e vejo ele chorar silenciosamente ao olhar para nosso pai. Ele sabe que o fim está próximo....

— Meus amados filhos, eu lhes peço, pela última vez... Façam as pazes... Preciso morrer em paz.

— Papai, o senhor não vai morrer, é um homem forte ainda. — digo e seguro as lágrimas.

— Eu já fui mais forte antes, meu filho, mas agora não sou mais... É chegada a hora de partir, eu sinto, eu sei, sou médico... Já vi tantas pessoas morrerem e agora sinto a morte querendo me levar as poucos... Meus órgãos estão em falência, estou consciente do fim, entretanto, rogo—lhes que façam as pazes e esqueçam todo o ódio e rancor... Voltem a ser irmãos unidos, voltem a ser uma família... — papai argumenta sofregamente, balbuciando com dificuldade as palavras e não resisto. Desabo em lágrimas.

Matt me observa, chorando também e em seguida, voltamos a atenção para nosso velho pai.

— Meus amados filhos... Vocês farão o que estou pedindo? — ele pergunta com os olhos azuis cheios de lágrimas.

Matt engole em seco e olha para mim, falando comigo pela primeira vez em anos.

— Damon, meu irmão... Eu estou disposto a esquecer todo o passado e deixá—lo de lado... Não quero mais te odiar... Me perdoe por tudo... — ele pede com sinceridade e papai aperta minha mão.

— Vamos, meu filhinho... Esqueça o passado...

Respiro fundo e ergo a mão para que meu irmão a toque. Noto ele se assustar com meu gesto mas por fim, ele a pega e aperta, mostrando um sorriso.

— Eu vou esquecer o passado, irmão... Vamos superar isso juntos, pelo nosso pai, pela nossa família... Apesar de todos os sentimentos ruins que permearam meu ser por anos, eu ainda os amo intensamente. — afirmo e choro ainda mais. Sem eu esperar, meu irmão vem até mim e me abraça forte, chorando em meu ombro.

Por alguns segundos, permanecemos abraçados e depois nos voltamos para nosso pai e o abraçamos com cuidado, beijando seu rosto coberto de rugas.

— Eu te amo, pai... Obrigado por tudo...

— Também te amo, meu velho... Te amo muito...

— Oh, meus filhos lindos, eu... eu também amo muito... vo... Vocês... Nunca mais fiquem de mal e se lembrem sempre que o amor é maior que tudo nesta vida... — papai diz com dificuldade e sorri olhando para nós dois, contudo ele vai fechando os olhos e se vai. A máquina apita e vejo os médicos vindo imediatamente e nós afastando.

Eu e Matt observamos o trabalho deles, tentando ressuscitar nosso pai, mas é em vão.

Ele faleceu...

Alguns minutos depois, um médico anuncia a hora da morte de nosso pai e choramos ainda mais. Meu irmão me abraça forte e depois olha para mim intensamente.

— Obrigado por voltar, Damon... Você é meu irmão e... eu te amo...

— Eu também te amo, Matt... Me perdoe pelo que houve e... — ele me interrompe.

— Vamos esquecer isso... Agora nosso pai está em paz...

***

Logo depois do anúncio da morte de meu pai, conversei com meu irmão sobre tudo e ele me pediu para ficar por alguns dias na cidade, para participar do velório e da leitura do testamento. O velório eu até ficaria mas eu não ligava para testamento ou bens, mesmo sabendo que meu pai deixou metade dos bens para mim. Contudo, Matt insistiu e eu cedi, decidi estender minha estadia para 2 semanas e me instalei num hotel próximo a residência do meu pai, onde ocorreria o velório.

Com isso, o corpo de nosso pai só foi liberado 1 dia depois e decidi ir até a mansão onde ocorreria o cortejo fúnebre. Peguei um taxi e segui até lá, levando minha mochila, já que algum emprevisto podeia acontecer. Após alguns minutos num trânsito terrível logo pela manhã, finalmente cheguei a residência do meu amado pai e entrei rapidamente pois os seguranças me reconheceram imediatamente.

Ao adentrar no local, a maioria dos presentes me olhou com surpresa e outros viravam o rosto, com certeza parentes de Eva ou pessoas que me conheciam antigamente e sabiam do cabaré que aconteceu entre nós, contudo liguei o foda—se e não me importei com esses olhares, meu intuito era despedir—me do meu pai e poder ir embora logo depois.

Enquanto eu me dirigia até perto do caixão, fui falando com pessoas que me conheciam e vinham me cumprimentar. Neste interim, notei garçons entregando águas e diversas outras bebidas aos convidados em bandejas, inclusive bebidas como alcoólicas. Paguei uma taça de champanhe e beberiquei enquanto olhava meu celular cheio de notificações, tanto de trabalho como de várias mulheres. A seguir, continuei andando e observando o local pois fazia anos que eu não pisava aqui desde minha última briga com Matt.

Entretanto algo me tirou totalemente a atenção, bem como meu fôlego.

Vi uma mulher de vestido preto colado de mangas com as mãos amparadas no corrimão perto do jardim, olhando para as flores, pensativa, aérea as pessoas que ali estavam. Ela é uma negra linda, de cabelos cacheados que batem em na altura de seu ombro e percebo que não usa muita maquiagem, talvez um batom e um rimel em seus olhos. Aproximo—me sorrateiramente, morrendo de vontade de conhece—la de venerar aquela perfeição e ela não percebe minha presença. Ainda chegando perto dela, colo meu olhar em seu corpo, bem desenhado pelo vestido e sinto minha pele arder de tesão.

Ela é uma mulher jovem mas cheia de curvas e essa pele... Ah senhor, essa pele de deusa do ébano acabam com minha sanidade. Tenho fraco por mulheres negras. São tão lindas!

Que mulher linda e gostosa do cacete!

Chegando bem perto dela, acentímetros de seu corpo, ela me sente a seu lado e se vira. Posso notar seusemblante mudar rapidamente. Ela estava tranquila, porém pensativa, contudo elafica boquiaberta ao olhar fixamente para mim e cortejar todo o meu corpo decima abaixo. Como sou um sedutor incorrigível, pego em sua mão e beijodemoradamente.

— Oi, linda... — a mão da jovem está parecendo uma pedra de gelo e ela treme um pouco ao meu toque. — Sou Damon... — apresento—me com milhares de intenções, a maioria delas sendo as mais sujas e excitantes possíveis e já imagino essa mulher toda nua em cima de uma cama, tomando tudo de mim em cada orifício de seu corpo delicioso.

— Eu... eu... — ela balbucia, extremamente nervosa e olha para meus lábios como se me desejasse, mas noto um medo em seu olhar.

Puxo sua mão, fazendo com que seu corpo quase cole no meu e nossos rostos ficam rentes um do outro. Sinto uma química latente emanar de nossos poros e não consigo piscar meus olhos.

A mulher é incrivelmente linda e sexy... Nunca vi uma como ela.

Antes que ela diga alguma coisa, meu irmão Matt toca no meu ombro e nos interrompe, com um sorriso.

— Ah já vi que finalmente se encontraram... Filha, de um abraço no seu tio Damon.

— Perai! Que?— exclamo perturbado.

— Não está a reconhecendo, cara? — Matt me indaga.

— EVOLET? — exclamo o nome dela chocado e imediatamente solto sua mão, embasbacado.

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