Capítulo 3
ANGELINA
Eu fico boquiaberta e tento me controlar.
Nunca encontrei um homem que me deixasse tão nervosa em minha vida, que me fizesse ter sensações até então desconhecidas.
Eu nunca beijei nenhum homem, nem fiz sexo, mas tenho traumas tão profundos que me impedem de ter vontade de ficar com um...
Me sento no sofá, meio trêmula e o encaro.
O olhar de Fabrizzio exala medo, poder e excitação.
Me sinto encurrala, porém um desejo latente se instala em meu ser.
Devem ser os efeitos colaterais que ele causa nas mulheres.
- Bom, Angelina, me fale de suas experiências profissionais. Meu avô é um velho rabugento e da muito trabalho, então se você não for profissional e não agradá-lo, você cairá fora. A enfermeira dele está com câncer e preciso de outra urgente. - ele pergunta, me encarando com seriedade, naquele olhar intimidante.
- Ok, senhor. - Começo a falar que estagiei 2 anos no hospital público da cidade, no setor de oncologia e aprendi muita coisa.
- Sei, e qual sua idade? - Fabrizzio pergunta curioso.
- 22... - respondo, engolindo seco, sentindo seu olhar quase tocar minha pele.
- Você é muito nova para ser enfermeira... - ele comenta secamente.
- Comecei a estudar no curso com 17 anos, sempre fui adiantada na escola, senhor Fabrizzio. - tento passar-lhe confiança, pois estou percebendo que não se trata de um homem fácil.
- Entendi... uma garota inteligente... Espero que meu avô goste de você, menina, porque eu já estou ficando impaciente com ele. Embora eu ache que você não tem experiência suficiente.
- Senhor, por favor, me dê essa chance. Eu preciso muito... Sou sozinha no mundo e estou sem emprego.
- Não tem família? - ele me inquire.
- Meus pais morreram há alguns anos, em um acidente de avião. A casa deles eu vendi para pagar meus estudos. E hoje estou aqui, pedindo uma oportunidade. Juro que não falharei. Só me dê uma chance. - eu peço quase implorando.
Ele fica pensativo, me olhando intensamente e fala:
- Certo, mas vamos conhecer meu avô.
Fabrizzio se levanta e faz um gesto para que eu o siga.
Enquanto vou atrás dele, olho para toda a extensão de seu corpo imponente e fico sentindo um calor no meu ventre. Esse homem mexe comigo intensamente.
Ao adentramos num quarto muito luxuoso e cheio de troféus de medicina, olho o senhor Stefano sentado na cama e lendo um livro.
- Com licença, vovô. Vim lhe apresentar sua nova enfermeira. - Fabrizzio diz para ele.
O idoso olha para mim incrédulo, tira os óculos e fala exaltado:
- Que? Escolheu sem a minha permissão, Fabrizzio?
- Sim! Já estou cansado de suas frescuras! Vai esperar Rosa morrer para finalmente querer uma enfermeira????
- Não seja rude! Você é igual ao seu pai, que desgosto! - o idoso reclama, balançando a cabeça negativamente.
Ele revira os olhos para o avô e esbraveja:
- Bla bla bla, estou curado de suas ladainhas, seu italiano. Converse com a moça e fique conformado. Amanhã ela começa de fato. Agora, eu vou me arrumar, preciso sair...
- Hummm, tá bom... - o idoso fala, inconformado.
FABRIZZIO
Ao ver essa menina tão jovem eu fiquei paralisado.
Ela tem um rosto angelical e aquele semblante de quem está a ponto de gozar, enquanto olhava para mim, me deixou perturbado.
Tentei abstrair meus pensamentos selvagens ao olhar para ela e comecei a fazer a entrevista.
Porém Angelina tem uma submissão natural que me enlouquece...
O jeito que ela abaixa os olhos com vergonha e como treme os lábios ao se ver intimidada pelo meu olhar me deixou ensandecido.
Como eu já estava desorientado por causa dela, decidi levá-la para conhecer meu velho, só assim sairia de perto dela.
Fui para o meu quarto tomar banho e fiquei pensativo.
Ela é diferente, me fez sentir algo estranho.
Após alguns minutos, vesti minha roupa casual, já que não irei para a empresa hoje e fui novamente em direção à sala.
Chegando lá, dou de cara com essa menina com cara de anjo...
- Conversou com meu avô? - eu pergunto.
- S-sim.
- E????
- Ele disse que eu não servia, era inexperiente e mandou eu me retirar.
Eu bufo, coloco a mão nos olhos e falo meio estressado:
- Porra. Então não vai dar certo. Pode ir embora.
Ela arregala os olhos preocupada, se aproxima e fica a poucos centímetros de mim, implorando:
- Por favor, me contrate, senhor. Eu juro que cuidarei bem de seu avô.
- Não! Se ele não gostou, não vou insistir. Saia. - falo rudemente e ela engole seco.
- Ok, me desculpe. Com licença.. - Angelina se vira e vai andando em direção a porta, cabisbaixa.
Observo toda a sua compleição física e posso jurar que por debaixo daquele vestido florido, seu corpo é delicioso.
Sou um libertino nato e reconheço um corpo gostoso só de olhar uma vez.
E o dessa garota parece ser muito apetitoso.
Entretanto algo nela me intriga. Angelina é uma espécie de anjo misterioso, ela esconde algo sombrio, pude ver em seus olhos.
Ao fechar a porta da minha casa, eu me sento e fico pensativo se tomei a decisão correta.
***
ANGELINA
Fiquei devastada quando aquele homem falou comigo daquele jeito, ele nem sequer me deu a chance de mostrar o meu trabalho.
Estou com ódio dele!
- Ele se acha porque é rico e poderoso! Arg! Infeliz!!!! Mas eu vou encontrar outro emprego logo! Não vou desistir...
Volto para a pensão e me tranco em meu quarto, me deito na cama e fico chorando, me sentindo inútil.
É muito difícil ser sozinha na vida.
Se não fosse a amizade de Jéssica e a benevolência de sua mãe, eu não sei o que seria de mim.
***
FABRIZZIO
Antes de sair para um compromisso, Conceição me aborda e pergunta:
- Com licença, senhor. Deu certo com a menina?
- Não, meu avô não a quis. Mas agradeço por tê-la trazido.
- Oh, que pena... A coitadinha agora está lascada... - Conceição desabafa e baixa a cabeça preocupada.
Eu fico curioso e pergunto:
- Porque ela está lascada?
- Ela mora numa pensão, a dona já deu ordem de despejo pela falta de aluguel e a pobrezinha sempre vai comer em minha casa. Ela é amiga da minha filha e eu a conheci há alguns anos. Angelina é uma menina muito doce e dedicada. Ela vendeu a casa que tinha de herança para pagar os estudos. É uma guerreira... Mas tenho certeza que arranjará logo um emprego. Se a expulsarem do quartinho, vou abrigá-la. Tenho pena dela. - ela responde, entristecida.
Fico pensativo e me sinto mal pela primeira vez na vida por ter mandando ela ir embora.
Eu geralmente não tenho pena de ninguém, mas confesso que fiquei comovido com a luta e obstinação dessa garota.
- Bom, senhor, vou voltar aos meus afazeres. - Conceição pede licença e sai.
- Ok.
Eu vou em direção ao meu carro e saio.
***
No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, vejo várias candidatas sendo dispensadas pelo meu avô. Foram umas 20.
Eu perco a paciência e vou até seu quarto.
- Já escolheu alguma? - pergunto impaciente.
- Não! São inúteis! - o velho responde, cruzando os braços.
- Affff! Eu já perdi a paciência com o senhor! As empregadas daqui não podem deixar os afazeres e cuidar do senhor, porra! Precisa de uma enfermeira! - grito, estressado com sua rebeldia.
- Não diga palavrões comigo, seu atrevido, me respeite! - Stefano reclama.
- Eu estou de saco cheio da sua frescura, vovô! Amanhã eu trarei uma enfermeira para o senhor e não vai reclamar, entendeu? Ou eu te coloco no asilo!!!! - eu explodo e o ameaço.
- Isso nunca!!!!! - ele grita, revoltado.
- Então aceite a que eu escolherrrrr! Vou trabalhar agora! Por sua causa eu me atrasei. - continuo gritando.
Em seguida, saio revoltado e vou para a empresa.
***
A noite, chego em casa. Passei o dia inteiro trancado em meu escritório pensativo em contratar ou não aquela garota.
Algo no meu íntimo me diz para eu ir atrás dela e isso está me deixando doido.
Ao entrar na sala, vejo Conceição se arrumando para ir embora e decido abordá-la:
- Conceição, pode me dar uma informação?
- Sim, senhor. Se eu souber, eu dou.
- Me passe o endereço de Angelina.