Capítulo 07
Cristian
Não sei porquê me enchi de tanta raiva. Lá estavam Robert e Betina, duas pessoas que eu gostava, sentados na mesa sem fazer nada inapropriado, mas ver ela rindo com meu irmão me enfureceu.
Betina tinha o chamado ali? Não queria me encarar sozinha? Ou estava colocando os dois homens com quem ela havia dormido, um do lado do outro, para nos comparar?
Que brincadeira sádica era aquela? Realmente não estava preparado para isso. De repente me senti um idiota por ter me preocupado com a roupa que iria usar, como um garoto bobo de quatorze anos!
Ignorei o hostess e entrei no restaurante pisando duro e me aproximei deles; no meu rosto a insatisfação estava estampada.
— Pelo jeito vocês estão se divertindo. — Falei, em tom de deboche.
Betina se virou para mim, surpresa; como se não fosse ela mesma quem me convidou. E Robert me recebeu com um sorriso alegre que só me irritou ainda mais.
— Cris, você veio! — Robert me abraçou e apontou para a cadeira vazia.
— O que você faz aqui, Robert?
— Oras, foi você quem me chamou aqui. Pensa como fiquei surpreso quando vi a Betina. — Apontou para a moça loira que me encarava igualmente aborrecida.
— Você deveria ter me prevenido disso, Cristian. — Betina rosnou.
— Eu não chamei você aqui, Robert — Protestei.
— Veja a mensagem no meu celular, Cris. — Ele apontou a mensagem.
— Esse número nem é o meu! Arg!
— Bem, seja lá quem me mandou isso, acho que foi providencial. E sua presença aqui pode ajudar a Betina a ficar mais confortável — Robert falou, totalmente alheio aos meus anseios.
— Confortável é a última coisa que vou ficar com vocês dois aqui. — Betina finalmente começou a falar — Não sei se foi você Cristian, ou outra pessoa, mas eu não esperava encontrar meu ex-noivo hoje. — Se virou para meu irmão — Você me fez muito mal, Robert. Tudo o que quero é distância de você! Aliás, de toda a sua família.
Aquelas palavras eram para mim também? Betina também queria distância de mim?
Robert se manteve impassível, um sorriso sereno no rosto, tranquilo demais para o meu gosto:
— Betina, eu sempre tive muito respeito e admiração por você e achei que nos casarmos seria o melhor para todos, mas...
— Mas aí surgiu a morena sensual e você esqueceu totalmente o respeito por mim — Betina completou. — Engula a sua admiração!
— Eu não planejei nada disso.
— Minha raiva por você é justamente porque não teve a consideração de terminar comigo assim que percebeu que... — A loira estava tão brava que às vezes não conseguia completar a frase — Devia ter terminado comigo logo e não me feito de palhaça, me deixando escolher as coisas do nosso casamento! Permitiu que eu me iludisse!
Eu respirei fundo. Estava realmente sobrando ali e não tinha a intenção de ficar escutando a discussão dos dois. Não, para mim já tinha dado.
Me levantei e os dois me encararam.
— Vocês parecem que tem muito o que falar. Três é demais. Tchau para vocês.
Virei as costas e parti, rápido como um raio.
Quando sai para fora do restaurante percebi que estava muito frustrado. Que raios foi aquilo tudo? Vim encontrar a mulher bonita e sexy com a qual tive uma noite de paixão incrível e não para servir de testemunha para a lavação de roupa suja do ex casal.
Betina ainda tinha tanta raiva do Robert. Será que ainda gostava dele? Quando se deitou comigo o fez com qual propósito? E porque eu parecia tão otário quando o assunto era ela?
Chutei o chão e me arrependi na sequência. Meu pé doeu. O Wallet estava demorando com meu carro e eu decidi ir até o veículo buscá-lo eu mesmo. Queria ir embora o mais rápido possível.
Localizei o conversível vermelho e entrei. Antes que eu ligasse o carro a porta do carona abriu e Betina entrou, sentando-se ao meu lado.
— Betina!
— Me largou lá sozinha com o patife do seu irmão! — Bradou. Os olhos castanhos pareciam arder de raiva — Como pode ser tão insensível?
— Insensível, eu? — Me enfureci — Está bem claro para mim que o Robert ainda te afeta, e muito!
— E porquê isso te importa?
— Raios! — Estava ficando sem paciência — Por que você dormiu comigo?
— Eu... — Ela parecia buscar as palavras certas.
— É porque eu te lembro meu irmão?
— Que baboseira é essa que você está falando, Cristian? — Indignou-se.
— Você está brincando comigo, Betina?
— Ora essa, foi você que chamou seu irmão aqui! Que culpa eu tenho?
— Eu não chamei! Mas não duvido que tenha sido você mesma. É óbvio que ainda sente alguma coisa por ele! — Falei, sem medir as palavras.
— Você é um grande... um grande de um… um imbecil! — gritou.
Aquilo foi demais para mim. Eu estava muito irritado e era difícil controlar o que eu sentia.
Olhei para Betina, e mesmo em meio a raiva, pude observar o bonito decote do vestido bege, os seios volumosos tão evidentes e tão ao meu alcance. Ao mesmo tempo que eu a desejava, também a detestava por despertar esse desejo em mim. Betina ainda gostava do meu irmão e tudo o que eu queria era puni-la.
Então avancei sobre ela, capturando a boca carnuda com força. Betina gemeu de dor quando eu forcei brutalmente meus lábios aos seus. Senti seu braço forçar contra o meu peito, tentando fugir de mim.
— Me larga, Cris! Está me machucando!
— Você merece isso, Betina! Você é uma pequena feiticeira, sabia? — Tentei puxá-la para mais perto — Você lançou alguma maldita bruxaria contra mim.
— Que maluquice você está falando? Nem sei porque fui te dar trela. Estou arrependida!
— Não mais do que eu, Betina. Você é só problema.
— Eu sou? Porque não me solta? — Tentou escapar das minhas mãos.
Eu não a deixei continuar falando e a beijei novamente. Dentro de mim havia um milhão de emoções conflitantes.
— Robert conseguia fazer seu coração palpitar desse jeito?
— Você está fora de si. — Me empurrou — Você é tão péssimo quanto seu irmão!
— Então você é uma tremenda masoquista, pois sou o segundo Servantes que te leva para a cama!
— Eu… quer saber? Para mim chega!
— Para mim também. Não quero que durma comigo novamente fingindo que sou meu irmão!
— Quer saber Cristian? Você trepa muito mal! Foi horrível.
— Você gemeu nos meus braços como uma cadela no cio!
— E você parecia um moleque de doze anos, ruim pra caramba, seu idiota!
Betina saiu do carro batendo a porta com tanta força que chegou a balançar o veículo. Eu soquei o volante enquanto a via se afastar de mim, levando consigo minhas mais doces esperanças.