Capítulo 04
Betina
Naquela noite eu saí de casa para a festa de Tricia com os gritos da minha mãe a tiracolo.
— Você parece uma meretriz com essa roupa! — Estefânia esbravejava.
Mamãe sempre teve muito poder sobre a escolha das minhas roupas. Enquanto ela mesma transbordava volúpia com seus conjuntos decotados, os vestidos esvoaçantes e nada convencionais para uma senhora de cinquenta anos, mãe de uma filha já adulta, ela tentava me moldar na direção totalmente oposta: golas sempre altas, saias comportadas, uma vibe mais angelical.
Uma vez, minha amiga Ana Clara, disse que minha mãe não gostava que fossemos mais bonitas do que ela, como se fossemos rivais. Achei essa fala da Ana totalmente descabida na ocasião, mas agora eu começava a concordar. Minha mãe não gostava da minha fantasia porque era indecente, mas sim porque eu estava chamando mais atenção do que ela...
Meu pai apareceu na sequência e apenas me desejou uma boa festa. Ah, meu querido pai era um amor, queria que o motorista da família me levasse, mas eu não tinha horas para voltar e não queria me sentir presa a nada. Deixei meu carro na garagem e então entrei no táxi e recebi o olhar curioso do motorista.
— Para a Mansão Toledo? — O homem perguntou.
— Isso mesmo, como o senhor sabe?
— Acabei de levar um casal vestidos de formigas até lá. Mal cabiam sentados no banco — Explicou, divertido.
Cheguei animada na festa, já havia ido algumas vezes à casa da Tricia. A propriedade de sua família conseguia ser mais bonita que a dos Servantes, apesar de ser menor.
— Ah, você veio! — Tricia me abraçou, como se fossemos grandes amigas.
Na verdade, Tricia havia sido minha antagonista no colégio. Éramos amigas no início, mas quando me aproximei da Ana Clara ela ficou com ciúmes e praticamente me tirou da sua rodinha de amizades. Eu ainda não havia engolido a falta de consideração com a Ana, que provavelmente não foi convidada à festa por ser pobre, mas decidi que naquela noite não ia lutar pela causa de ninguém além da minha.
Eu precisava tirar as últimas decepções da minha cabeça e preencher com novas histórias. Ninguém poderia me tirar do fundo do poço além de mim mesma. Se eu continuasse escondida dentro de casa, como uma criminosa, ia cair em depressão e depois disso seria só ladeira abaixo.
Foi por tudo isso que retribui o cumprimento de Tricia com a mesma falsidade que me foi dirigida. Nos elogiamos mutuamente e planejei me divertir para valer.
Qual a perspectiva para aquela noite? Ah, beijar muito. E pretendentes não faltaram, fui interpelada por pelo menos três antigos colegas da época do ensino médio, houve o rapaz vestido de Júlio César e o mais bonitinho havia sido o Viking, no entanto todos pareciam moleques demais. Eles deviam ter aproximadamente minha idade, mas eu passei boa parte da vida adulta iludida com um relacionamento com Robert Servantes que era uns bons anos mais velho que eu.
E foi enquanto eu dançava sozinha, me deixando levar pela música e me sentindo muito bem naquela roupa apertada, que percebi que alguém me observava de longe.
Um vampiro para ser mais exata. Eu continuei dançando, sabendo que era observada, o tipo de coisa que jamais faria na vida. No entanto, aquele não era um dia comum. Eu me sentia mais livre do que em qualquer outro momento da minha história.
Enquanto a figura das trevas se aproximava de mim com aquele andar másculo e forte que o destacava dos demais homens, eu fui reconhecendo o rosto bonito: era Cristian.
Então ao entender que aquele Drácula era meu ex-cunhado eu deveria ter parado de dançar, de maneira tão audaciosa..., porém não o fiz. Eu tinha ligado o botão do "Foda-se" naquela noite. Só queria beijar alguém e até o momento meu ex-cunhado era o cara mais interessante que tinha aparecido naquela festa.
Cristian era muito parecido com o irmão mais velho, mas sua expressão facial era mais gatuna, a boca parecia sempre pronta para um sorriso e os olhos eram divertidos, quando não maliciosos. Agora, sem a influência do meu encantamento pelo Robert eu era capaz de perceber que ele era até mais bonito que o irmão. O vampiro se aproximou e pareceu surpreso ao me reconhecer. Eu estava diferente do usual e gostei de perceber que ele estava apreciando meu figurino.
E depois de alguns joguinhos de sedução entre nós que começou por pura diversão, me vi ansiando por ele. Já tínhamos nos beijado antes, três vezes para ser mais exata. A última vez tinha sido pouco tempo antes de eu ficar noiva, numa festa beneficente da Família Servantes. E conseguimos seguir em frente como amigos todas as vezes, sem abalar a relação de deferência que tínhamos. Então se eu o beijasse novamente não mudaria o que existia entre nós: amizade, talvez carinho e acredito que respeito também.
Então porquê me privar de algo que eu precisava urgentemente? Passei tantos dias me sentindo feia, sem graça e incapaz de seduzir um homem interessante. Me vi diante do espelho tantas vezes apontando defeitos no meu rosto, no meu corpo e tudo o que eu queria naquele momento era me sentir poderosa.
O primeiro passo eu tinha dado ao me fantasiar de maneira tão atrevida. O segundo era ser corajosa e pedir ao Cristian exatamente o que eu queria:
— Vamos lá, Drácula. Me beije!
Não precisei pedir duas vezes. Cristian me envolveu em seus braços com sutileza e então seu olhar se dirigiu para meus lábios. Se inclinou e pousou a boca sobre a minha numa carícia lenta e sedutora que me fez arrepiar da cabeça aos pés. O bom senso me abandonou e eu retribui o carinho, movendo meus lábios com os dele, enquanto minhas mãos subiam por suas costas largas.
A música continuava tocando alto, as luzes coloridas refletiam em todo lugar, mas para mim o tempo parou. Cristian me soltou e sorriu. Havia um brilho diferente em seu olhar e eu o achei lindo, mesmo com aquela maquiagem vampiresca.
— Acho que nunca encontrei uma bruxa que beijasse tão bem.
— E eu nunca beijei um vampiro...
— Não tem medo de que eu a sugue? Estou tentando não morder seu lindo pescoço — Cristian disse, continuando a brincadeira.
— Não pretendo resistir, senhor Drácula.
Cristian passou a língua úmida e quente pelo meu pescoço e eu arfei. Então abocanhou a pele com força sem se importar com as marcas que com certeza apareceriam no dia seguinte. De repente eu desejei suas mãos por todo o meu corpo. Desejei tocá-lo também em todos os lugares; mas não ali, estávamos no meio da festa e algumas pessoas começaram a nos olhar.
Munida de uma coragem e de uma grande dose de ousadia que nunca me permiti, decidi dar um grande passo. Encostei em seu ouvido e sussurrei:
— Vamos continuar num lugar mais reservado...
— Você tem certeza? — ele perguntou, incerto.
— Vamos antes que eu desista — Pedi.
Então peguei sua mão e subimos as grandes escadas da Mansão Toledo. Percebi que todos os quartos estavam trancados, mas como eu já conhecia a prioridade, conduzi Cristian até a pequena biblioteca que ficava num lado mais afastado. Felizmente a porta estava aberta e desocupada.
— Venha. — O puxei para dentro e então passei a chave na porta — Vou apagar a luz.
— Não faça isso, quero vê-la...
— Eu realmente prefiro apagar as luzes, por favor — Insisti, minha voz saiu baixa e fraca.
A verdade é que não estava preparada para que ele me visse nua. Ninguém nunca tinha me visto nua. Eu sabia que ele já tinha namorado uma porção de garotas bonitas e não queria ele me comparando com nenhuma delas. O corpete da minha fantasia comprimia minha cintura deixando-me mais estruturada, contudo, eu sabia que sem aquilo meu corpo era diferente. Eu tinha engordado um pouco depois do término do noivado.
Cristian não questionou nada, apenas me deixou desligar o interruptor. Uma luz fraca entrava na biblioteca por debaixo da porta e eu percebi sua silhueta alta na penumbra. O alcancei, passando os braços ansiosamente por seu pescoço.
— Você é maravilhosa. — Cristian me beijou com carinho, ele não parecia ter pressa, apesar de estarmos na biblioteca da casa de outra pessoa — Estou pronto para experimentar o gosto de cada parte do seu corpo.
Ele soltou o meu corpete com a habilidade de um especialista em sedução. Enquanto trabalhava no desafio de me livrar daquela fantasia apertada, sentia seus lábios pousarem nas minhas costas em pequenos beijinhos.
Quando meus seios ficaram livres, suas mãos se tornaram exigentes, apertando-os com vontade, mas sem me machucar.
— Eles são maiores do que imaginei — Cristian sussurrou.
— E isso é bom?
— Isto é ótimo.
— Quero sua boca neles! — Pedi, sem pensar muito.
O homem não o fez de imediato. Primeiro deslizou os lábios em meu pescoço e foi seguindo lentamente até a curva dos seios. Então colocou todo o mamilo na boca e chupou de um jeito tão gostoso que me senti instantaneamente molhada. Agora outras partes do meu corpo também adiam por sua presença.
— Vem…
Ele me deitou no tapete felpudo que adornava confortavelmente o chão da biblioteca. Eu tateei os botões da sua camisa, livrando-o também da capa de vampiro, desnudando o tórax liso, expondo-lhe aquela pele firme e morna.
Cristian se debruçou sobre mim e voltou aos meus seios que se enrijeceram com suas carícias. E enquanto sua boca continuava revezando meus mamilos, percebi sua mão se insinuar por baixo da minha saia e alcançar minha calcinha.
Gemi.
Cristian deslizou o dedo pela minha intimidade percebendo o quanto eu estava úmida e desejosa. Eu conseguia sentir sua rigidez mesmo que estivesse de calças.
— Você está no ponto certo para me receber...
Eu nunca tinha ido além daquele ponto com ninguém, nem mesmo com Robert, meu ex-noivo. Nossas tentativas de tornar o relacionamento mais intenso foi um fiasco atrás do outro. Então daquele ponto em diante era tudo novidade.
Sempre imaginei que ficaria tensa e rígida como uma pedra quando esse momento chegasse, mas não, eu estava muito excitada e queria demais ser possuída. Depois de todas as carícias, o comichão no meio das minhas pernas parecia urgente demais para ser ignorado.
Cristian afastou-se um pouco para libertar seu membro pulsante. Então voltou para mim que permanecia deitada de barriga para cima no tapete e afastou minhas pernas. Eu mesma havia me livrado da calcinha. Senti ele se posicionar na minha entrada, aproveitando toda a lubrificação que meu corpo produziu.
— A partir desse ponto não tem mais volta. — Me avisou.
— Eu sei. — O puxei para mim e o beijei.
Nossas bocas ainda permaneciam unidas quando o senti forçar a entrada para dentro de mim. Lentamente ele deslizou pelo meu íntimo e para minha surpresa não houve dor, apenas uma fisgada que logo foi esquecida. Achei que perder a virgindade seria doloroso e difícil, mas para minha sorte, foi bem tranquilo.
— Estou feliz por estar dentro de você...
Eu não respondi, apenas rebolava os quadris, pois meu corpo ansiava por mais. Tê-lo no meio das minhas pernas era uma sensação deliciosa, porém eu sabia que poderia sentir ainda mais prazer.
Cristian também ardia.
Começamos a nos movimentar lentamente, subindo os degraus cadencialmente e quando passei minhas pernas em torno de sua cintura, Cristian pareceu entender que eu queria mais velocidade e força, então assim o fez.
Senti algo maravilhoso explodir dentro de mim. Aquilo era prazer? Gemi alto! O tremor que me atingiu ressoou nele, levando Cristian à loucura. Depois que acabamos permanecemos alguns instantes deitados no tapete, olhando para o teto, eu sorria como uma boba.
Levou um certo tempo para que as roupas fossem recolocadas e com certeza nossa maquiagem havia se perdido no processo, mas tudo bem. Assim que saímos de mãos dadas da biblioteca, cruzamos com Tricia, cujo olhar parecia entender exatamente o que tinha se passado entre Cristian e eu.