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Capítulo 4. Recuperação

Os dois mais uma vez falaram ao mesmo tempo:

— Lembre-se de com quem está falando, doutor!

O médico riu e argumentou:

—  Se querem ser respeitados, precisam respeitar primeiro. Estão parecendo duas crianças birrentas. Querem ou não saber notícias da jovem?

— Pode falar doutor — disseram os dois juntos,  olhando-se raivosos.

— Pois bem. A sua filha e a sua companheira, — apontou cada um, respectivamente — está  passando bem. No momento está dormindo e a Luna Eudora está com ela. Creio que ficará ainda uns dois dias internada. Sua recuperação ainda é lenta, mas assim que ela conseguir se alimentar oralmente, o processo de recuperação será melhor. Alguma dúvida?

— Não doutor, posso vê-la? — falaram juntos, mais uma vez!

— Parece até combinado! Podem sim, mas calados ou vão estressar a paciente e ela ficará mais tempo aqui. Venham.

O médico achou melhor fazer uma ameaça de leve. Melhor prevenir do que remediar, assim ele garantiu que todos iriam ficar tranquilos. Sua paciente era mais importante do que a briga ou a rixa daqueles dois. O médico esperava que a Luna Eudora conseguisse pôr  um pouco de juízo na cabeça daqueles dois. 

Ao chegarem no quarto, a Luna estava cochilando na poltrona reclinável, a jovem ainda dormia, mas já se podia notar a mudança em sua expressão. Ela parecia não sentir mais dor e as marcas em seu rosto já sumiram. Era questão de tempo para ficar boa por completo. 

Alfa Geofrei se aproximou de um lado do leito e Alfa Darion, do outro. Um com olhos cheios de amor de pai, o outro cheio de carinho e esperança de companheiro. De qualquer forma, o futuro desta jovem será completamente diferente de tudo o que ela podia imaginar. 

_____∆_____                                              

Ambas as Alcateias estavam em polvorosa, não se falava em outra coisa. A não ser, na filha do Alfa Geofrei que voltou e na companheira do Alfa Darion. Não se sabia quem tinha espalhado a notícia. Mas nem precisava perguntar, porque os dois alfas não pararam de discutir e falar em todos os lugares em que estiveram. Várias pessoas escutaram. E a notícia se espalhou que nem rastilho de pólvora. Indo parar até no mais profundo da Floresta. 

Um corvo entrou pela janela e pousou em um poleiro, a mulher sentada em uma cadeira picando algo sobre a mesa, fez um gesto dando voz ao Corvo.

— Fale logo fofoqueiro, que notícia você me traz de novo?

— Órhh! Órhh! A menina voltou! A menina voltou! Órhh! Órhh!

A bruxa fez um ar de espanto, como quem não acredita no que está ouvindo. Ela sabe muito bem o que significa o retorno desta jovem. Muitas coisas giram em torno da vida dela. Não demoraria muito e estariam chegando até sua cabana e coisas ruins poderiam acontecer. 

Levantou-se rápido, recolheu vários potes de sua prateleira de produtos para feitiços  e foi colocando num caldeirão que já estava sobre o fogo de um fogão a lenha no centro do pequeno cômodo. 

Uma pitada disso, outra porção daquilo e por fim um óleo estranho e raro, salamandra é o nome. Tudo posto, mexeu e mexeu até borbulhar, parou de mexer, mas deixou sobre o fogo por mais duas horas. Não  daria tempo de coar, precisava que estivesse quente ao tocar na terra. Pegou a alça  com um pano e apoiou o fundo com outro. Saiu pela porta da pequena cabana, deu cinco passos e começou a recitar: 

- Bidh feachdan nàdur, ainmhidhean agus lusan, spioradan dàimheil, a ’dìon an àite seo, dìreach a’ dol seachad air a ’chomharrachadh seo, am fear aig a bheil cridhe math. ::: 

(Forças da natureza, fauna e flora, espíritos cuidadores, protejam este lugar, só passe dessa marcação,  aquele que tem coração bom.)

Assim ela foi recitando e derramando o líquido do caldeirão no fio envolta de toda a cabana. Quando terminou estava cansada, porém satisfeita. Olhou em volta e não havia marca alguma da poção, o que significava que a natureza e os espíritos a aceitaram. Mais tranquila, pegou um pedaço de carne de Coelho e deu ao corvo. Ele agradeceu, ela gesticulou e lhe restaurou o canto natural, no que ele voou saindo pela janela e voltando ao seu lugar de vigilância. 

No dia seguinte a jovem já estava bem melhor e já  pode se alimentar. O médico a visitou pela manhã  e lhe deu a boa notícia. Ela já havia se levantado com a ajuda de uma enfermeira e estava de banho tomado e sentada no leito, trajando a camisola hospitalar. 

— Bom dia, jovem, vejo que está melhor. Abra a boca por favor, isso. — Pediu o médico.

 Ele olhou sua língua, gengivas e entorno, enfiou um palito de madeira em sua boca e abaixou sua língua, examinando sua garganta. A jovem não reclamou.

— Ainda está um pouco vermelha, mas creio que não deve estar incomodando mais, não é? — l A Jovem balançou a cabeça confirmando. — Suas cordas vocais parecem estar intactas, creio que  já  pode falar. Qual é o seu nome?

—  Betânia — sua voz saiu fraca.

— Que bom Betânia, não precisarei mais lhe chamar de jovem. Vou retirar o soro e passar uma alimentação fria e líquida ou cremosa, para você comer. No mais, vamos esperar mais um pouco para ver como seu organismo reagirá. E as costas, como estão? Posso dar uma olhada? 

Ela virou as costas para o médico, que abriu sua camisola/avental e examinou suas costas.

— Então ótimas, só um rosado indica que estava ferida. Só não lhe dou alta, para poder observar sua alimentação. Mas creio que amanhã estará pronta para ir para casa.

Neste momento sua mãe Eudora entrou e ajudou-a a se recompor e deitar novamente.

— Tá bom senhora, já  estou melhor, eu me ajeito sozinha. 

A mulher surpresa, se afastou de boca aberta e maravilhada.

— Você falou! Meu amor, você falou! Que maravilha!

Sentou-se na beira do leito, olhando para a jovem e iniciou um questionário. 

— Qual é o nome que lhe deram querida? Onde morava? O que fizeram com  você para estar tão machucada? 

— Calma, vou responder tudo, mas devagar, ainda sinto um desconforto. Me chamavam Betânia, que significa casa da aflição,  para lembrar do que eles passaram quando nasci.

— Que gente cruel, não foram tratados tão mal assim para te fazer tanto mal. O nome que escolhi junto com seu pai, para você é Nicole, minha pequena Nicole. Assim que o exame de DNA ficar pronto, registraremos você com seu nome verdadeiro. Você gostou do nome que escolhemos?

— Sim, gostei muito.

— Significa: a que vence com o povo ou a que leva o povo a vencer.

— Lindo!

A porta se abre com força  e o Alfa Darion entra e já vai dizendo:

— Linda é você, minha companheira! 

— Estamos falando sobre o novo nome que lhe daremos: Nicole. 

— Bonito. Mas nem me perguntara nada, queria ajudar a escolher também. 

O Alfa Geofrei entrando no quarto, foi logo falando:

— Quem disse que você pode opinar sobre alguma coisa nesse assunto? A filha é nossa e nós escolhemos o nome!

— O senhor estava ouvindo atrás da porta? — perguntou Nicole.

— Nossa audição lupina tem um alcance bem longo. Você vai perceber isso logo. Que bom filha, que está podendo falar!

— Sim, que bom MINHA companheira e como MINHA companheira, acho que poderia ajudar a escolher o nome.

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