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Capítulo V - Pesadelo

Finalmente sozinha em casa, Anne olhou em volta, cansada. Havia copos descartáveis espalhados, bebida derramada no chão, restos de comida sobre a mesinha de centro... Uma pequena festinha com apenas os poucos amigos mais chegados e seus acompanhantes e, ainda assim, deixaram uma bagunça.

Com um suspiro desanimado, decidiu arrumar casa só no dia seguinte.

Depois de uma rápida chuveirada, deitou na cama, mas não conseguiu dormir. Sempre que fechava os olhos, a imagem do visitante inesperado vinha a sua mente, repleta de mistério.

Quem seria aquele homem com quem sonhara antes mesmo de conhecer, cujos olhos negros tanto a fascinavam?

Anne ouviu barulho de passos subindo as escadas e vindo pelo corredor em direção ao seu quarto. Pensou que talvez seus pais tivessem vindo antes do combinado. Se perguntava se não confiavam nela ou teria acontecido alguma coisa. Apreensiva olhou para a porta do quarto esperando que entrassem, porém, o barulho parou diante da porta de seu quarto sem que ninguém aparecesse.

Intrigada, Anne levantou e caminhou devagar até a porta, tentando não fazer barulho. Abriu aporta e não havia ninguém. Ouviu mais uma vez som de passos vindos do primeiro andar e temeu um intruso na casa. Desceu devagar as escadas, apreensiva, pois sua família não costumava sertão silenciosa. Se fossem seus pais já teriam se mostrado a ela tão logo chegassem.

Entrou no salão principal e levou um susto ao encontrar Ezequiel de pé olhando para ela. Estava ainda mais bonito do que antes, vestindo apenas calças de pijama.

Ele sorriu e estendeu a mão para ela.

— Venha comigo, Anne, é hora de ir para casa!

Sua voz, grave e melodiosa, era como sedutoras carícias tocando seus ouvidos, mas Anne conseguiu manter o controle.

— Ezequiel, o que você está fazendo aqui?

— Você desejou que eu viesse, por isso estou aqui.

Enquanto falava, Ezequiel se aproximou de Anne com passos lentos e seguros, como os de um predador. Parou de frente para ela e a encarou por um instante. Seus olhos passearam pelo corpo dela satisfeitos com o que viam. Sorriu sedutor e segurou seus ombros. Delicadamente, a virou de costas e puxou o corpo dela contra o seu, sentindo cada centímetro de suas curvas, correndo os dedos pela delicada cintura.

Anne sentiu a boca de Ezequiel sobre seu pescoço, o calor do hálito dele, a língua quente deslizando por sua pele. Ela fechou os olhos com um gemido que não pôde reprimir. Não compreendia a reação de seu corpo aos avanços de Ezequiel, mas o contato da pele dele com a dela causava uma sensação de quentura.

Quando ele usou a boca para chupar o pescoço dela, se sentiu arder por dentro. A mão dele deslizou pelo corpo, até alcançar um dos seios, recebendo em retorno mais um gemido.

— Você é minha, veja como nossos corpos se reconhecem. — Sussurrou Ezequiel em seu ouvido.— Se entrega para mim, Anne.

— Não posso! — Respondeu Anne, se afastando dele. — O que está fazendo comigo? Eu nem mesmo te conheço! Como entrou aqui?

Ezequiel a puxou novamente para junto de si, a respiração de Anne estava acelerada e ele percebeu.

— Tem medo de mim, Anne?

— Te-tenho.

— Não precisa ter medo, minha amada! — Ele a olhava nos olhos enquanto falava, as mãos acarinhando o rosto dela tão delicadamente como se temesse quebrá-la. — Esperei tantos anos para ter você....

Ezequiel encostou os lábios nos dela suavemente, mas tão logo Anne retornou o beijo, suas línguas se tocaram em uma dança mais antiga do que o próprio tempo. Ela apoiou as mãos no peito dele, querendo mais. Como se tivesse lido sua mente, uma das mãos dele segurou o seio e apertou, em uma tortura deliciosa, enquanto a outra desceu até alcançar entre as pernas dela, por baixo da camisola. O som que se fez ouvir era uma mistura do gemido de Anne e o grunhido de Ezequiel, quando dois dos dedos dele tocaram a parte mais íntima do corpo dela.

Ele puxou seu corpo ainda mais firmemente para junto de si e ela sentiu que ele estava tão excitado quanto ela.

— Seja minha Anne, não lute contra o que está sentindo. — Sussurrou em seu ouvido.

Ezequiel sentiu seus dedos ficarem ainda mais molhados quando enfiou a língua no ouvido dela. Seus caninos se alongaram, o desejo de provar o sangue dominando a mente dele, que estava dividida entre a fome de provar a essência de vida dela, e o desejo de possuir seu corpo.

Anne jogou a cabeça para trás ao sentir os dedos dele a penetrarem. Enquanto os dedos entravam e saiam de dentro dela, o atrito da palma da mão em sua pétala de nervos a levava ao delírio. Quando finalmente alcançou o orgasmo, uma explosão prazer se apossou de todo seu corpo. Ela sentiu a ponta dos dentes afiados de Ezequiel em seu pescoço e abriu os olhos.

— Não! Pare por favor! Quem é você? O que é você?

Anne tentou empurrá-lo para longe de si, mas o corpo dele não se moveu. Ezequiel levou os dedos a boca, chupando a essência do prazer dela, então sorriu, um sorriso desagradável.

— Eles tiraram você de mim, mas você é minha, Anne, não vai resistir muito tempo.

De repente, um forte barulho de vidro quebrado interrompeu o momento. Do outro lado do salão, uma criatura estranha e selvagem, que tinha entrado pela janela, rosnava na direção deles..

Anne levou a mão a boca para conter o grito, mas foi em vão. Gritou assustada e com o som de sua voz a criatura, que até então estava parada, caminhou em sua direção. Suas enormes patas pisavam sobre os cacos de vidro. Tinha aparência de um lobo, porém, o focinho achatado e orelhas pontudas de um morcego. Pelo negro, olhos vermelhos como sangue e uma bocarra com enormes dentes amarelos e afiados. Grossos fios de saliva escorriam pela boca do animal que rosnava, ora para ela, ora para Ezequiel, como se escolhesse a quem atacaria primeiro.

Ezequiel arregalou os olhos, parecia extremamente surpreso e irritado com o que via, embora não aparentasse sentir medo. Segurou Anne e a puxou para trás de si, servindo de escudo, mas sua imagem enfraqueceu, tornando-se translúcida, até que ele desapareceu em pleno ar.

Anne se viu sozinha com a besta. Apavorada e indefesa, tentou dar um passo para trás, mas a criatura percebeu a tentativa de fuga e saltou. As garras negras, afiadas como lâminas, atingiram o braço e cortaram a carne antes que Anne tivesse tempo de desviar. Ela caiu para trás com o peso da criatura sobre seu corpo. O hálito pútrido do monstro revirou seu estômago.

Ela pensou que sua hora tinha chegado, aqueles dentes afiados levariam menos de um minuto para fazê-la em pedaços.

"Anne!"

Ela ouviu uma voz desesperada que parecia vir debaixo d'água, impossível de reconhecer. A criatura também ouviu a e olhou na direção de onde vinha o som. Parecia haver alguém na varanda, por trás das cortinas brancas que balançavam com o vento. Anne podia ver apenas uma silhueta tentando tomar forma.

A voz ecoou novamente.

"Anne, cuidado!"

Tentou gritar, mas não conseguiu, nenhum som saía de sua boca. A criatura parecia ter ficado ainda mais furiosa e correu na direção da voz. A silhueta atrás da cortina não se moveu com a aproximação da besta, Anne aproveitou a chance para levantar e escapar dali. Olhou em volta e não havia nada que ela pudesse fazer contra aquela criatura enorme e selvagem. Não havia nenhuma arma ou algo que pudesse ser usado em sua defesa. Correu na direção da porta, mas a criatura sentiu os movimentos dela e desviou. Anne correu, mas a criatura saltou em sua direção com sua enorme boca aberta mostrando seus dentes afiados como lâminas.

Ela fechou os olhos, aguardando a dor que sentiria.

"Anne acorde, agora!"

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