Capítulo VI - Amir
Anne gritou assustada, desesperada para tirar a criatura de cima de seu corpo. Se debatia descontrolada até sentir o edredom cair. Estava em sua cama, em segurança. Olhou para a janela de onde a luz do sol recém-nascido entrava em seu quarto timidamente. Podia ouvir o som de pássaros cantando do lado de fora.
Passou as mãos pelo rosto, ainda ofegante, porém aliviada: Era apenas mais um de seus pesadelos. Um pesadelo extremamente realista. Anne pôde sentir as garras da criatura rasgando sua carne durante o sonho, e ainda presente depois de acordar. Olhou para o braço e arregalou os olhos: próximo a pulseira que Amir lhe deu, havia três cortes e um filete de sangue escorria deles, sujando o lençol.
Levantou assustada e confusa e correu para o banheiro. Lavou o rosto e a ferida sem saber o que pensar. O sangue escorrendo com a água da torneira trouxeram à memória os olhos da criatura.
Intrigada, Anne voltou para a cama para ver se havia algo que pudesse ter causado o ferimento no braço, como uma tesoura ou algo que o valha, mas não havia nada. Não conseguiu encontrar nenhuma explicação lógica para o que tinha acabado de acontecer. Desceu as escadas receosa, como se esperasse que a criatura estivesse no salão a sua espera, mas estava vazio e a janela, intacta.
Angustiada e com lágrimas nos olhos, ela seguiu até a cozinha estranhando o silêncio da casa. Era a primeira vez que seus pais a deixavam sozinha um final de semana inteiro. Tinha ficado tão contente quando eles contaram que a deixariam só, não imaginava o quanto desejaria que estivessem com ela...
Anne olhou em volta desejando que a mãe estivesse ali, preparando o café da manhã com carinho, seu irmão caçoando dela, o pai lendo jornal...Um dia normal. O silêncio da casa era angustiante demais, levando a mente dela de volta ao pesadelo. Qualquer ruído a assustava. Desejou acabar com aquele silêncio fúnebre, seguiu para a sala e colocou um disco de vinil para tocar na antiga vitrola do pai. A música começou a tocar quebrando o desagradável silêncio e ela jogou-se no sofá.
Anne fechou os olhos com força, tentando se concentrar nos momentos bons para apagar o terror que havia passado no sono. Respirou lentamente, lembrando-se da noite anterior, satisfeita com o evento que promoveu. Seus melhores amigos pareceram ter gostado da noite, além de Amir ter vindo e se mostrado tão atencioso. Com Amir veio a lembrança do presente que ele lhe deu, ela olhou para o braço e viu os cortes logo acima do pulso.
Os pelos de sua nuca se eriçaram.
Amir...
Levantou-se de um salto. Não entendia como um sonho pode ter provocado aquele ferimento, talvez estivesse realmente ficando louca. Esfregou suavemente os pulsos, imitando os movimentos feitos por Amir e quando se sentiu melhor, resolveu trocar de disco. Queria uma música alegre para melhorar seu espírito, talvez se arrumasse a bagunça da noite anterior se distrairia com o trabalho.
Foi até a estante onde ficava a maioria de discos e começou sua busca pela música que ainda não sabia ao certo qual era, mas que seria o som que a acompanharia durante a faxina. Não achou nada que a interessasse, então entrou no quarto dos pais para procurar entre os discos dele. Era uma suíte ampla, com uma enorme estante de livros ao lado da cama de casal. No meio da estante ficavam os discos. Anne não demorou muito para escolher um. Ao segurá-lo em suas mãos, sorriu satisfeita.
Era exatamente do que precisava, Rolling Stones.
Olhou mais uma vez para a estante se certificando que deixara tudo em ordem, quando percebeu uma caixa de madeira sobre ela. Anne nunca atinha visto antes, era uma caixa antiga, tipo baú, do tamanho de uma caixa de sapatos. Na ponta dos pés, Anne alcançou a caixa. Estava empoeirada, ela assoprou sua superfície para examiná-la melhor. A colocou cuidadosamente no chão, sobre o tapete do quarto, sentou cruzando as pernas, como se estivesse fazendo ioga, decidida a saciar sua curiosidade. Abriu a caixa, dentro havia vários papéis antigos, algumas fotografias de pessoas que Anne não conhecia e um envelope lacrado com um selo de cera, parecendo um objeto de museu.
Anne pegou o envelope ao ler seu nome nele.
Estranhou o fato de seus pais nunca terem falado nada a respeito do envelope que estava bastante amarelado, mostrando o quão antigo era. Se perguntava o que viria ser tudo aquilo...
Revirou os papéis e examinou todos em que seu nome aparecia. Suas mãos tremiam, seus lábios se afastaram como se fosse falar alguma coisa, mas não havia ninguém para escutá-la. Fechou a caixa e a jogou de qualquer jeito em cima da estante de onde a havia tirado, em suas mãos mantinha o envelope lacrado.
Voltou para a sala sem o disco que tinha ido buscar. Estava nervosa, andava de um lado para o outro sem saber o que fazer, e a cada cinco segundos, voltava seus olhos para o envelope. Olhou para o aparelho de telefone na mesinha de canto ao lado do sofá e decidida, caminhou até ele e discou um número.
—Alô! Oi, Dona Célia, a Nanda está?
— Não, querida, minha neta saiu com a mãe dela. Como você está?
— Estou bem, obrigada. Eu... Eu tenho que desligar, tenha um bom dia! —Respondeu hesitante, já desligando o telefone.
Anne esperava encontrar Nanda em casa e se sentiu ainda pior ao não poder falar com a amiga. Estava desolada, e a solidão que invadia seu coração fez com que uma lágrima rolasse pelo seu rosto. Angustiada, olhou mais uma vez para o telefone e notou o cartão que Amir lhe entregou na noite anterior ao lado do aparelho. Ela não entendia a razão, mas Amir lhe passava uma sensação de segurança e conforto e naquele momento ela não pensou duas vezes.
Segurou o cartão com a mão esquerda e com a mão direita completou a ligação.
—Anne!— Disse Amir surpreso ao atender o celular e ouvir a voz dela.
Ela reconheceu a voz, a mesma voz de seu sonho. Respirou fundo, nada fazia sentido...
—Amir, pode vir aqui agora? — Perguntou com a voz embargada, lágrimas escorriam pelo rosto.
— Anne, está tudo bem com você?
— Acho que sim. Eu não sei... alguma coisa estranha está acontecendo. —Respondeu Anne em voz baixa, prendendo o choro.
Amir parou o carro no meio da rua, buzinas ecoaram atrás dele. Ele tinha uma reunião importante na mansão com Lorde Barrington, a qual não podia faltar, mas antes que pudesse responder, Anne repetiu seu apelo.
— Venha, por favor...Não quero ficar sozinha.
Amir, ignorando o motoqueiro que lhe apontava o dedo, do meio deu a volta no carro.
Anne ouviu batidas na porta e seu coração disparou. Sentiu-se aliviada com a rapidez com que Amir tinha vindo vê-la. Abriu a porta e o sorriso desapareceu de seu rosto.
— Bom dia, Anne!
— O que você está fazendo aqui?
Ela não intencionava ser grosseira, sua reação simplesmente refletia a surpresa que teve ao ver que era Ezequiel quem estava ali a encarando com seus olhos negros e sorriso sedutor.
— Esperava outra pessoa?
— Sim, não...
— Sim ou não?
Anne não sabia nem mesmo como responder, se sentia insegura e intimidada na presença dele, como uma criancinha em seu primeiro dia de aula. A razão para esse sentimento ela desconhecia. Olhou novamente para ele, suas bochechas se avermelharam com a lembrança do que tinham feito em seu sonho. Sem dúvidas, ele era o homem mais bonito que conheceu, vestido impecavelmente, perfume inebriante e um brilho no olhar que era diferente de tudo que ela já tinha visto.
— Vai me deixar entrar ou vai ficar parada aí me olhando?
Ele sorria enquanto falava, mais uma vez parecia um lobo prestes a atacar sua presa, mas isso em nada diminuía o charme e a atração que emanava. Ela mecanicamente se afastou da porta para que ele entrasse. Os dois pararam no meio do salão principal, um de frente para o outro em silêncio. Era um silêncio muito desconfortável para Anne, que permanecia confusa com a presença de Ezequiel em sua casa. Ele percebeu como ela se sentia e isso pareceu diverti-lo. A satisfação com o efeito que causava nela estava estampado em seu rosto, olhos apertados fixos nos olhos dela.
Foi ele quem quebrou o silêncio.
— Não tive a oportunidade de me apresentar direito a você ontem. — Ele pegou a mão de Anne e beijou com um floreio. — Sou Lorde Ezequiel Vladmir III, líder do clã dos Darknights, irmão de seu falecido pai.
— Como assim, irmão do meu pai?
— Exatamente o que você ouviu! — Ele colocou a mão dela em seu peito. — Você consegue sentir, não é? Você consegue sentir a força de nosso sangue correndo em suas veias.
Era possível ela sentir algo assim? O ritmo das batidas do coração dele pareciam ecoar as batidas de seu próprio coração.
— Você é uma de nós, Anne! Uma Vladmir, mas o sangue de sua mãe prevalece ainda.
— Conheceu minha mãe? Digo... Minha mãe biológica?
— Conheci.— Ele passou a mão pelos rosto dela. — Você se parece muito com ela, os mesmos olhos, a mesma pele suave.
Ezequiel deslizou as mãos do rosto para o pescoço dela, descendo pelos ombros até alcançar o braço com o ferimento.
— Estou aliviado por você estar bem depois do que houve na noite passada. Aquela criatura poderia ter te matado.
— Mas...Como? Não foi um sonho? Como... como você sabe sobre o sonho?
Ele tirou o curativo do braço dela, ignorando a pergunta e beijou o ferimento, sem tirar os olhos dos olhos de Anne. Com o toque dos lábios dele, Anne sentiu uma pontada de dor e o corte voltou a sangrar. Ezequiel desviou o olhar, passou a língua pelos lábios, olhos vidrados no sangue que escorria vivo, de maneira não natural. As pupilas dele se dilataram, seus olhos ficaram totalmente negros. Ele passou a língua pela ferida, lambendo o sangue que saía dela. Fechou os olhos de prazer ao sentir o líquido descer pela garganta.
Anne sentiu um misto de medo e fascínio com a atitude dele e fechou as pernas contraindo as coxas com força, para aliviar o calor entre elas. Ezequiel inspirou profundamente, saboreando o aroma da excitação dela. Ele a puxou para junto de si, fazendo com ela sentisse a excitação dele.
Anne abriu a boca para protestar, mas Ezequiel capturou seus lábios em um beijo. O corpo dele ardia, o desejo dominando sua mente. As mãos dele alcançaram os seios dela, os mamilos emergindo com o toque. O gosto da pele dela era inigualável, mais exótico e viciante que a ambrosia dos deuses.
Ele precisa tê-la naquele instante, possuí-la de corpo e alma.
— Se entregue para mim, Anne.— Sussurrou enquanto beijava ombro dela, descendo a alça da camisola devagar. — Eu posso te dar poderes com os quais você nunca sonhou, te ensinar o que você nunca imaginou ser possível, te dar todo o prazer que seu corpo desejar, basta você me pedir.
O som de batidas na porta despertaram Anne, que se afastou de Ezequiel,os olhos dele voltaram ao normal e ela podia ver ódio neles. Ódio por ter sido interrompido.
Ela olhou para a porta.
Amir! Graças a Deus, ele havia chegado.
Olhou novamente na direção de Ezequiel, mas ele tinha desaparecido.
Correu até a porta e suspirou aliviada, era mesmo Amir. Ao vê-lo, Anne se descontrolou e pôs-se a chorar. Ele a abraçou, consolador, e ficaram assim por alguns minutos em silêncio, até que Anne se recompôs. Amir lhe ofereceu um lenço para que enxugasse as lágrimas
— Você está bem? O que houve?
— Eu não sei, Amir... Acho que estou louca, estou vendo coisas, não entendo...
— Se acalme, por favor. Você está pálida, está tremendo. Não quer me contar o que te deixou assim?
— Não, eu não saberia por onde começar. Só fique aqui comigo, por favor.
Amir a olhou não disse mais nada, dando a Anne tempo para voltar a si. Ele sentiu o cheiro do sangue dela que ainda escorria pelo braço.
— Seu braço está sangrando, precisamos fazer um curativo. Sente-se no sofá, que eu já volto.
Amir foi até o banheiro e pegou o que precisava. Limpou e enfaixou o ferimento de Anne, porém, pôde sentir o cheiro e a presença de Ezequiel. Temeu pela vida dela e se perguntava se não seria melhor contar-lhe tudo.
Lorde Barrington o alertou sobre o momento em que os pais adotivos de Anne lhe revelariam a verdade sobre seu passado, mas porque não poderia ser ele a revelar a verdade, já que ela estava naquele estado de nervos?
A possibilidade de Ezequiel se aproximar novamente e conseguir seu intento tornava tudo muito mais arriscado. Lorde Barrington havia ordenado que Amir estivesse por perto para consolá-la e ganhar sua confiança, no entanto, Amir não estava ali ao lado de Anne apenas cumprindo seu dever perante os Élderes, estava ali porque se preocupava, porque se sentia mal por tudo que estava acontecendo com ela. Era a missão dele estar por perto, disso ele sabia, mas ele queria estar ali, queria enxugar suas lágrimas...
Depois de alguns minutos, Anne parou de chorar e virou o rosto para Amir. O conhecia há pouco tempo, não tinham na verdade nenhuma intimidade, mas naquele momento Anne sentia que a presença dele a deixava segura.
— Você deve me achar patética, não é?
— Não, claro que não! — Respondeu Amir sério e sincero.
— Que papelão eu fiz. — Disse Anne. — Fiz você vir até aqui desse jeito, você mal me conhece e eu devo estar parecendo uma louca.
— Está sim. – Disse Amir sorrindo, quando seus olhos encontraram os dela.— Uma louca fugida de algum hospício.
Os lábios dela se curvaram minimamente para cima, em um "quase" sorriso.
— Que bom que consegui fazer você sorrir. Quer me contar o que houve? Sou um ótimo ouvinte e juro guardar segredo.
— Meus pais não são meus pais... — Anne achou melhor não falar sobre Ezequiel.— Quer dizer, eu fui adotada quando era ainda um bebê, eu acho. É o que diz a certidão de nascimento que encontrei hoje...
— Sinto muito, Anne. Notícias assim não são fáceis de receber. —Disse Amir compreensivo. — Seus pais adotivos estão aqui? Já conversou com eles?
— Não, eles foram à casa do meu tio ontem a tarde, me deixaram sozinha para que a casa estivesse livre para a festa de ontem.
Anne mostrou a ele um envelope sujo e amarelado que segurava em sua mão. O segurava com tamanho sentimento, que o amassou mesmo sem intenção de fazê-lo. Amir olhou o envelope e arregalou os olhos.
— Já leu?
— Ainda não. Li documentos estranhos, fotos de gente que nunca vi na vida, alguns papéis absurdos, tudo parece loucura. Mas estou com medo de ler o que está escrito aqui.
— O que diziam os papéis?— Para alívio de Anne, Amir a levava a sério e se mostrava autenticamente interessado.
— E-eu... Eu não sei Amir... Bobagem, melhor esquecer, deve ser coisa da minha cabeça.
— Não é bobagem, mas se prefere não contar nada agora, faça como achar conveniente.
Depois de alguns instantes de silêncio, Anne achou por bem falar sobre outro assunto.
— Sonhei com você na noite passada. — Disse Anne, abaixando a cabeça embaraçada e arrependida do que acabara de dizer.
— Ah, é? — Disse Amir engolindo seco. — E como foi o sonho?
— Não me lembro muito bem, na verdade, foi um pesadelo.
— Nossa! Sou um pesadelo então? — Perguntou Amir em tom de brincadeira.
— Foi muito real, acordei com esse corte no braço.
Amir olhou para o braço dela franzindo o cenho.
— Lembra de alguma coisa do sonho?
— Lembro de um monstro me atacar e de ouvir sua voz me pedindo para acordar.
Ele se levantou, sabia exatamente do que ela estava falando e não tinha certeza de como deveria reagir. Para ganhar tempo e pensar no que deveria fazer, perguntou Anne se poderiam ir até a cozinha. Amir, sem cerimônia alguma, vasculhou os armários até encontrar o que procurava e lhe preparou um chá.
— Vai se sentir melhor depois de beber isso, é camomila.
Ela agradeceu e tomou um gole da bebida, achou-a reconfortante e saborosa.
Fez-se silêncio, mas nenhum dos dois se sentiu constrangido, pois o silêncio de ambos se adequava ao momento e era útil a mente barulhenta de ambos.
Anne fechou os olhos e respirou profundamente devagar, e quando os abriu Amir a estava encarando com o rosto preocupado. Ele se aproximou dela e tocou seu rosto. O toque de Amir não era como o de Ezequiel e ela não pôde evitar a comparação. Enquanto Ezequiel era fogo que a queimava por dentro, Amir era calmaria, brisa do mar em uma tarde de verão.
Amir afastou a mão de repente, se virou de costas para ela, e passou as mãos pelo rosto respirando fundo novamente.
"O que está havendo comigo"
Perguntou-se internamente, porém Anne se levantou em seguida, encarando-o.
— Fiz alguma coisa errada?
— Não, Anne, você não fez nada de errado.
Ela se aproximou dele devagar. Pousou a mão em seu rosto.
— Obrigada por ter vindo. Como posso te agradecer?
— Eu te disse que poderia ligar para mim a qualquer hora. Eu que te agradeço por confiar em mim.
Anne era uma bela jovem, de fisionomia meiga e doce, diferente de todas as sedutoras mulheres que atraíram Amir ao longo de sua vida, e não foram poucas. Tantas batalhas e guerras em que participou, conheceu muitas mulheres, mesmo não sendo o tipo de homem mulherengo. Muito pelo contrário, Amir sempre detestou frivolidades, dava valor apalavra, a honra e todos os valores morais de sua época de juventude, que parecem não terem mais importância nos dias atuais.
Anne aproximou-se mais uma vez de Amir, parando na frente dele.
— Você está vestido para uma ocasião especial, estava indo a algum lugar e eu te atrapalhei, não é mesmo?
Ela se referia ao fato de Amir estar com o rosto perfeitamente escanhoado, vestindo uma calça social preta , camisa social azul-escuro e blazer preto.
— Não se preocupe, nada tão urgente quanto estar com você.
Ela sorriu, um belo sorriso que fez o coração de Amir bater em desassossego.
Anne pousou a mão no rosto dele, com o dedo desenhando seu contorno. Ao sentir o toque, Amir fechou os olhos, sua respiração demonstrava sua ansiedade. Não deveria estar ali, ela não deveria se aproximar desse jeito, ele não deveria se sentir assim...
— Anne, eu não devia, nós não devemos...
— Por que não?
— Você não sabe nada sobre mim, Anne...