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CAPÍTULO 7= REENCONTRO

Heitor percebeu que havia atingido o seu ponto fraco, ao notar o quanto a voz, e a maneira de falar da garota mudou, por isso resolveu tripudiar um pouco mais dizendo-lhe:

— Não é bem assim, senhorita Barone, não estou apenas falando de dinheiro, há algo bem mais grave, envolvido aqui!

Falou ele de forma dura, porém ele ouviu uma estrondosa risada da garota, do outro lado da linha, que lhe respondeu então:

— Desculpa senhor Castellani, mas é que infelizmente, não deu para ficar sem rir da forma como você falou, parecia o meu pai! É sério isso? E o que há de tão grave que eu lhe devo em? Posso saber?

Heitor não esperava que a garota fosse responder de forma tão debochada, e ficou com raiva, por isso resolveu que aquilo não ficaria assim, então ainda com raiva, falou para ela de forma imperativa.

— Ainda bem que me perguntou senhorita Barone,me hoje no restaurante Le jardin às 10:00, sei que não faltará, pois sabe muito bem, que ainda tenho a placa daquela moto em minhas mãos, e de uma forma ou de outra terá que me pagar o que me deve!

— Mas espera o que eu lhe de...

Ele então desligou, deixando-a no vácuo, a garota ficou olhando para o seu celular com uma expressão de raiva e incredulidade daquele homem, nunca ninguém a tratou daquele jeito, pensou ela, então fechando o semblante Natália falou para si mesma:

—Seu bruto! Como ousa fazer isso comigo! Quem você pensa que é, para me pôr contra a parede? Não perde por esperar, Heitor Castellani!

A coisa que a Natália mais odiava, era ser obrigada a fazer aquilo que não queria, mas Heitor a chantageou obrigando-a, a encontrar-se com ele.

— O que esse homem deseja de mim, afinal?

O que ela pensou então a deixou bastante aborrecida: — Será que esse homem é como Cauã, um pervertido, depravado e cafajeste! Se for ele vai se ver comigo! Mesmo que não seja, não me interessa, o que interessa foi que ele mexeu com a pessoa errada, de qualquer forma vou me vingar por isso!

Depois que Heitor desligou percebeu que estava bastante aborrecido também, e com o cenho franzido, pensou: — O que está acontecendo comigo? Jamais fui assim como mulher alguma, no entanto parece que essa pequena encrenqueira, tem o terrível dom, de pôr para fora o pior de mim!

Heitor não estava se reconhecendo, pois, nesse momento estava sentindo-se na mesma idade mental que ela, por cair em suas provocações. Mas ele sabia que desejava ver aquela garota novamente, embora não entendesse o porquê, afinal apesar dela ser linda, a sua personalidade atrevida não lhe agradava nem um pouco.

Ainda outro fator que não lhe agradava, era saber que a garota era da cidade, e de garotas urbanas Heitor fugia como o diabo fugia da cruz, porém aquele olhar o atraía como um imã.

Ao entardecer então, depois de um longo trabalho duro de adestramento dos novos potros, Heitor foi para o haras dos seus pais, e passou uma agradável tarde com eles e com a sua irmã, depois comunicou ao seu pai que precisava pegar o seu jato para ir até São Paulo, pois tinha algo muito importante para fazer.

Os seus pais entreolharam-se e perceberam que esse "algo importante" era pessoal. Afinal, Heitor não gostava de ir para lá, e se fosse para resolver qualquer coisa, com respeito a sua fazenda, ou ao seu Haras, ele mandava o seu capataz resolver, mas apesar da curiosidade eles não perguntaram nada, no entanto, Diana a notou um brilho diferente no seu olhar.

Quando Heitor chegou em São Paulo, pegou um carro de aplicativo e foi direto ao restaurante, no caminho ele observou como os carros no Brasil já haviam mudado em sete anos, então comentou ao motorista:

— A tecnologia realmente foi crucial, para tantas mudanças, principalmente com respeito aos carros, fico feliz em saber que o meu país em nada perde para os outros em se tratando de tecnologia automobilística avançada!

— Sim, doutor, os nossos carros são tão modernos quanto os de outros países mesmo, mas o senhor não morava aqui antes? Perguntou curioso o motorista.

— Não, passei sete anos nos Estados Unidos, mas especificamente no Texas!

— Que interessante! Comentou o curioso motorista que o cobriu de perguntas.

Quando chegou Heitor lembrou-se que sempre gostou daquele restaurante, onde vez por outra seus pais o levavam junto com seus irmãos, ele sempre foi um restaurante aconchegante, que serve excelentes pratos.

A garota ainda atrasou quinze minutos, mas Heitor tinha certeza que ela viria, e quando ela chegou, ele ficou ainda mais impressionado com sua beleza, muito mais do que da primeira vez que a viu.

Dessa vez ela usava, uma saia de seda esvoaçante caramelo, e um cropped branco, seu cabelo solto era longo e ondulado, chegava até a cintura, sua maquiagem agora, era bem mais discreta, dessa forma ele pode perceber com ainda mais precisão o rostinho de menina que ela tinha.

Natalia realmente era uma mulher muito linda, porém Heitor pensou:

— Rostinho de anjo, e gênio dos demônios!

Ele teria que se policiar para não se perder por aqueles olhos de aparência inocente, por dois motivos, um ela era jovem demais, dois ela era uma garota totalmente da cidade. Ao observar os seus gestos, e forma de se vestir, percebia-se de cara, que Natália era uma patricinha acostumada com os luxos existentes na cidade.

Quando Natália chegou, mesmo antes de se aproximar, observou que realmente aquele homem era muito bonito, mas estava com ódio, e se vingaria dele, não sabia como, mas arranjaria um jeito de descobrir ou não se chamava Nathalia Barone. Pensou ela, no entanto, ao se aproximar da sua mesa e observar o olhar sensual dele sobre ela, sentiu um grande abalo, seu corpo aqueceu-se e isso era uma coisa que nunca sentira com homem algum.

— O que está acontecendo comigo? Eu só tenho que odiar esse homem, por sua audácia, então porque estou gostando do seu olhar? Por favor, Natália, acalme-se e mantenha o foco! — Disse para si mesma enquanto caminhava até a sua mesa.

Apesar de Heitor manter o contato visual com a garota, que não vacilou um minuto, ele também percebeu o reboliço involuntário que ela causou nas outras mesas, pois alguns homens nada discreto, não paravam de mirá-la, alguns chegavam ao ponto de jogar piadinhas de mau gosto mesmo acompanhados, porém a garota não se abalava de forma alguma.

Heitor não estava acreditando que ainda existiam aquele tipo de homens em pleno século vinte um. Ele resistiu, até ela chegar a sua mesa para não levantar dali, e socar a cara daqueles babacas.

Porém quando ela se aproximou ele levantou-se e puxou a cadeira para ela sentar, agradecendo ela sorriu de forma forçada e aborrecida. Heitor sabia o porque, e de uma certa forma aquilo lhe dava uma determinada satisfação, não sabia o porque mas sentia prazer em vê-la aborrecida.

— Boa noite senhor Castellani, como pediu estou aqui, agora será que tem como falar, o que deseja de mim, e o que diz que devo a você? Sou uma mulher muito ocupada, e acredite, hoje estou especialmente cansada!

Heitor riu, e ficou tentando imaginar o que uma patricinha como aquela, poderia fazer de tão importante que a deixaria tão cansada, que não fosse passar o dia todo em um salão de beleza, ou em algum shopping, ele então lhe devolveu o sorriso falso e disse:

— Boa noite, senhorita Barone! Antes de responder-lhe, que tal se fizermos nossos pedidos? Estou morrendo de fome, não se preocupe, já conheço esse restaurante e eles servem excelentes pratos, faça o seu pedido quem sabe assim o seu humor não dê uma melhorada!

Aquelas palavras atingiram em cheio a garota que respondeu-lhe enfurecida: — Acredite senhor Castellani, não é a falta de alimento que está me deixando aborrecida!

— Ah não?! É o que então? — Perguntou Heitor de forma displicentemente enquanto passava os olhos pelo menu.

— Odeio fazer o que não desejo, odeio que me manipulem, odeio obedecer ordem de idiotas!

Disse a garota com a voz alterada, ao notar o pouco caso que Heitor estava demonstrando a ela.

O que não sabia, porém, era que por dentro Heitor estava rindo, afinal conseguiu atingir seu objetivo, que era irritá-la e fazer ela perder a paciência.

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