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Capítulo 5 - Um filme de terror.

¤ Por Ashley Cooper | Miami, Flórida 12:15 AM ¤

Eu olhei bem para a sua mão agarrando o meu braço e depois olhei para ele, sem entender sua intenção. Quando tentei lhe perguntar, ele me mandou ficar em silêncio, pois sua mãe poderia acordar. Nós subimos a escada de sua casa e quando ele abriu uma porta e eu observei ao redor quando ele me soltou, eu notei que se tratava do seu quarto.

Eu olhei bem ao meu redor e notei alguns posters de bandas de Rock coladas em sua parede, bandas como Nirvana, Slipknot, System Of A Down, bandas que quando eu era mais nova eu escutava na minha época de roqueira, uma época que eu não me orgulho muito pois eu me vestia horripilantemente mal!

O quarto dele não era bagunçado como imaginei que fosse, pelo o contrário, ele era bastante organizado. Livros enfileirados na estante, assim como os seus cd's, tudo em ordem. Fiquei boquiaberta. Ele era ainda mais organizado do que eu, e eu achei que era impossível encontrar alguém assim que não fosse o meu pai.

Fiquei pensando naquele momento, sobre ele me deixar invadir a sua intimidade assim, estar em um espaço pessoal me deixou ansiosa. Nós nem somos amigos, por mais que eu goste dele e queira o seu bem, fora isso nós éramos dois estranhos, e ele nem gosta de mim.

Quando me caiu a ficha, eu acabei rindo pelo o fato de estar em seu quarto, onde desejei muito conhecer, mas não por essas circunstâncias. Entretanto, quase tive um infarto ao vê-lo abrir a sua janela que ficava de frente para a minha, entendendo o seu plano.

— Vem – ele me chamou, se apoiando em seu parapeito.

— Ficou maluco?! Eu vou me esborrachar no chão! – ele revirou os olhos.

— Não é tão longe, é mais ou menos um metro de distância, dá pra atravessar – eu ri, o achando um louco.

— Eu sei que você tá procurando me ajudar, e eu até agradeço, por mais que eu não espere isso de você... – ele pigarreou. —, mas isso é muito arriscado e eu não quero morrer jovem – eu me aproximei devagar, para olhar a altura, e simplesmente fiquei tonta só de notar. Quando eu ia voltar para trás, ele me segurou pelo o braço novamente.

— Não vou deixar você cair, eu vou atravessar primeiro e entrar no seu quarto. Quando eu chegar lá, eu vou me apoiar e te puxar. – Ele disse. — Usa aquela cadeira para subir, vai te ajudar a pular – ele apontou para uma cadeira ao meu lado. Quando eu voltei a encará-lo, ele já estava abrindo a minha janela.

— C-Cuidado – eu gaguejei, e eu ouvi ele rir de mim. — Isso não é engraçado, é arriscado!

— Lembre-se que a culpa é sua, por ter esquecido a sua chave e por estar de castigo. – Ele respondeu, voltando a me encarar. — Aliás, por que você está de castigo? – ele quis saber.

— Não que seja da sua conta – cruzei os braços, mas ele ficou me encarando, e foi impossível manter a pose de durona. — Peguei o carro do meu pai escondido, queria aprender a dirigir. Mas acabei me atrasando na volta, e fiz ele perder a hora para atender uma cliente.

— Não é mais fácil fazer aulas? – ele deu de ombros.

— Que tal pararmos de julgamentos? – perguntei, fazendo bico. Ele acenou para a janela.

— Então vamos logo com isso – minhas mãos gelaram.

— Toma cuidado – falei, o vendo se segurar no vidro, e num piscar de olhos, ele pulou e se esquivou agilmente para dentro do meu quarto, me deixando boquiaberta. — Eu não sou tão agil como você...

— Mas você é flexível, isso vai te ajudar – ele disse, me deixando boba.

Ele falava como se me conhecesse, até parece que ele realmente conhece um pouco sobre mim, porque eu pensei que ele só sabia qual era o meu nome e só.

— Suba na cadeira que lhe mostrei – ele pediu.

Eu arrastei a cadeira com cuidado para não fazer barulho e não derrubar nada, e subi em cima dela. Mais uma vez eu olhei para baixo, observando a altura da janela.

— Não olha pra baixo – ele mandou, e eu respirei fundo e olhei para ele. — Me dá as suas mãos – eu notei que ele gostava de dar ordens, deve ser por isso que ele é o capitão do time da escola.

Eu me inclinei com muito cuidado, e segurei as mãos dele, e era incrível como as minhas estavam geladas e as dele tão quentes. Só eu estava nervosa, já ele parecia calmo e certo do que estava fazendo, e isso me passou uma certa segurança.

— Agora, coloca um pé no parapeito, e mantenha o outro na cadeira, isso vai te ajudar a dar impulso no salto.

— Se eu morrer, fala pro meu pai que eu sinto muito por não ter sido uma filha melhor – falei, fechando os meus olhos por um segundo.

Eu tentava puxar o máximo de ar que eu conseguia, puxando pelo o nariz e soltando pela boca. Eu me arrependo tanto das doses de uísque que virei. Que inferno! Eu estaria adorando passar um tempinho à sós com o Dylan, se a situação não fosse exatamente essa...

— Você não vai morrer – ele disse, mas eu senti uma vontade imensa de chorar. Era muita humilhação, e o garoto que eu gosto me assistia. Era o pior mico da minha vida. — Agora, conta de um até três, e no três você pula.

— E se eu bater no parapeito e cair? – perguntei, olhando no fundo dos seus olhos.

Dylan tinha os olhos mais intensos que já conheci. Mesmo que ele não seja tão expressivo, os seus olhos transmitiam a sua essência. Naquele momento, tudo bem para mim que a última visão que teria antes de morrer fosse do olhar de Dylan O'Brien, o amor da minha vida.

— Eu já disse que não vou deixar você cair, eu vou te segurar quando você pular e te puxar para dentro. Agora deixa de enrolar e pula logo, ou desista e enfrente o seu pai. – Ele falou seriamente. Eu olhei para ele, e para as nossas mãos juntas, agarradas uma na outra.

— Então, eu... acho que prefiro... enfrentar o meu pai – falei, olhando sem querer para a altura outra vez.

Eu estava toda me tremendo, e provavelmente ele sabia disso, já que ele segurava as minhas mãos e prestava atenção em mim.

Tinha no mínimo uns quatro ou cinco metros de altura e um e meio de distância, sei lá, poderia acabar quebrando uma perna ou o pescoço.

— Eu estou impressionado. – Ele bufou, de repente, chamando a minha atenção de volta. — Você é uma ginasta, uma atleta praticamente, você fica na ponta da pirâmide, mas está com medo disso aqui? Sei que está bêbada, mas se eu estou te assegurando que eu vou te pegar, é porque eu vou.

E mais uma vez ele me encorajou. Ele nem parecia ser aquele cara arrogante e rabugento que sempre me esnoba. Ele estava ali, me motivando, praticamente ele me pedia para confiar nele, para confiar na sua força, confiar na ideia de que ele queria o meu bem e que queria me ajudar.

A minha visão ainda estava turva pela a bebida, mas eu meti o foda-se, e resolvi pular de uma vez. Eu contei de um até três como ele pediu, e no três eu juntei todas as minhas forças, que naquele momento não eram muitas, e pulei na direção dos braços dele. Eu senti as suas mãos me puxarem enquanto estava no ar e os seus braços me abraçarem pela a cintura, e assim que o meu corpo atravessou o parapeito da minha janela eu dei graças à Deus internamente.

Eu só não contava com o fato de que todo o meu peso pudesse machucar o Dylan na minha aterrissagem. Assim que ele me abraçou no ar, eu me joguei pra cima dele, com medo de nos desequilibrarmos e cairmos além da janela, e a minha estratégia deu certo, porque nisso eu nos empurrei para longe do parapeito, porém nós caímos no chão.

Dylan caiu deitado no chão e eu fiquei por cima do seu corpo. Antes eu estava gelada de medo, mais agora, eu me sentia numa panela fervendo, de tanta vergonha. Eu nunca estive numa posição tão íntima com um garoto, em cima do corpo dele, abraçada. Lembrando do fato de que eu sou virgem ainda.

Assim que ele olhou para a minha cara confuso, eu pulei de cima dele, me levantando rapidamente. Eu dei um pigarro e olhei para a janela e ao meu redor, felizmente deu tudo certo e eu estava no meu quarto. Olhei animada para ele, que já estava de pé na minha frente.

— Você foi um incrível! – pulei empolgada, lhe abraçando. Eu estava morta de vergonha, mas é claro que eu aproveitaria para tirar uma casquinha sua. Eu lhe deixei um beijo na bochecha, antes de voltar a me distanciar do corpo dele. — Obrigada, sei que te dei muito trabalho essa noite...

— Só não se meta mais em encrencas – ele apenas disse, sério, me cortando, e indo de volta para a janela.

Dentro de dois segundos, ele já estava de volta no quarto dele. Ele me olhou por alguns segundos, e eu pensei que ele fosse me dizer mais alguma coisa, mas logo ele fechou a sua janela e a cortina, me abandonando sozinha. E era isso, a vida voltando ao normal, onde Dylan me ignora como sempre.

Eu nem consegui dormir bem essa noite, ficava repassando as imagens de tudo o que acontecera naquela noite. Os momentos da festa, do Dylan de papo com a Merlia, com direito à sorrisos e tudo, e era raro ver o Dylan sorrindo. Será que ele estava mesmo interessado nela? Também pensei no momento pós festa, onde Dylan aparece do nada me defendendo do Brendon. Eu estava encucada com isso. E pensei em uma forma de lhe abordar sobre o assunto.

Pela manhã, como era sábado, não haveria aula, mas Dylan teria treino de futebol com os meninos, e pensei em tentar visitá-lo antes que ele saísse. Eu preparei uma deliciosa cesta de café da manhã, havia frutas e sanduíches. Seria uma forma de agradecê-lo por tudo, e uma oportunidade para bater um papo, quem sabe nos aproximamos um pouco? Seria perfeito!

Assim que tomei o meu banho e me troquei, eu peguei a minha cesta e sai de casa, entrando no terreno vizinho. O carro de Dylan ainda estava na garagem, o que me animou de imediato. Eu apressei os meus passos e ergui a minha mão para tocar a sua campainha. Eu toquei e um minuto se passou, mas nada aconteceu, ninguém me recebeu. Eu resolvi bater na porta, mas assim que encostei nela, ela foi se abrindo.

— Dylan? – chamei, mas não houve resposta. — Senhora O'Brien? – chamei a mãe de Dylan, mas também nada aconteceu.

De repente, eu ouvi o barulho de algo cair no chão e um gemido de dor em seguida. Meu coração se apertou e algo em meu interior me disse que eu devia entrar e descobrir o que era aquilo, e assim eu fiz, sem pensar duas vezes. Eu passei pelo o batente e fui andando pelo o hall, com os olhos bem atentos para o que poderia encontrar no interior dos cômodos.

Assim que cheguei na cozinha, perdi o fôlego e a voz. Parecia um filme de terror. A cesta em minha mão caira no chão, e minhas pernas tremeram. Havia uma poça enorme de sangue no piso, e foi impossível não reconhecer o corpo da mãe de Dylan caído no chão.

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