Capítulo 4 - Oops...
¤ Por Ashley Cooper | Miami, Flórida 10:44 PM ¤
Todo o meu corpo tremia, meu salto começava a me incomodar, e eu me sentia um lixo. Meu corpo se movia automaticamente naquela pista de dança, e aquela imagem horripilante de minutos atrás não saía da minha cabeça.
Meu peito estava apertado, e eu sentia vontade de estravasar toda aquela raiva de alguma forma. Foi quando, mais uma vez naquela noite, meus olhos foram em direção da sua mesa, mas dessa vez, seus olhos também estavam em mim. Meu corpo tremeu de excitação, quando percebi seu olhar avaliar-me por completo.
Como ele ousa brincar comigo? - Levo o copo em minha mão até a minha boca e empurro mais uma dose de uísque pela garganta. Eu estava muito ocupada bebendo e dando o meu pior olhar à qualquer um que viesse me encher o saco. Eu não estava com saco para interagir com mais ninguém, e assim que perdi o contato visual com ele, resolvi ir sentar um pouco.
Eu fui amável com ela, me esforcei para ela se sentir acolhida, e ela me devolve a gentileza tentando roubar o garoto que eu gosto. Maldita! Como a vida pode ser tão injusta?
E o que ele estava pensando quando resolveu dar moral para ela? Ela não faz o tipo dele, ela era desleixada e meio boba! Seria até cruel compará-la à mim. E mesmo assim ainda não fazia sentido.
Eu me levantei da cadeira, e senti a minha mente turva. Mas estava tocando Doja Cat, e eu queria voltar a dançar. De repente, enquanto tentava caminhar em linha reta até a pista, senti mãos grandes me segurarem pela cintura.
— Vai devagar, docinho – era o idiota do Brendon.
— Mas que porra... – resmunguei, arrumando meu cabelo e puxando a barra da minha saia para ela não subir.
Haviam mudado a música, e colocaram outra no lugar, uma que destruiu o meu coração. Era I'am Yours de Isabel LaRosa.
— I know that you love me, darling, you don't have to say it – "eu sei que você me ama, querido, você não precisa dizer", a cantora disse. Eu conhecia essa música, pois eu costumava ouvir e cantá-la pensando no maldito Dylan. Que ódio! Parecia um pesadelo!
Eu nem tinha percebido, mas meu rosto estava molhado pela as lágrimas que eu nem sabia que tinham caído. Brendon se aproximou do meu rosto, me olhando com pena.
— Por que está chorando, princesa? – o idiota perguntou, e eu estava com tanto ódio que não consegui lhe responder. Eu queria que ele calasse a boca, por isso o puxei para dançar comigo.
Ao menos, quando nos mechíamos pela pista, ele se mantinha calado. Eu sentia as mãos dele na minha cintura novamente, querendo dançar colado, e eu voltava à me lembrar do Dylan. Maldito seja! Eu o procurei com o olhar, e dessa vez, ele estava em pé, na esquina do quintal, isolado da multidão dançante. Para a minha surpresa ele olhava para mim. O seu amigo Noah falava algo perto do seu ouvido, enquanto ele tinha uma expressão zangada no rosto. Provavelmente ele não estava gostando do que o seu amigo lhe dizia, seja lá o que fosse. Mas, dane-se, eu não me importo mais. Cansei de me humilhar para ele.
Eu estava com o meu rosto molhado ainda, mas também procurei lhe dar o meu pior olhar. Contudo, quando pisquei, ele não estava mais lá. Droga! Por que ele escapa tão fácil de mim, enquanto alguém como Merlia o tinha de graça?
Brendon me puxa sutilmente para perto, me conduzindo em sua própria coreografia. Eu o seguro nos ombros e rebolo algumas vezes tentando olhar para procurar Dylan novamente com os olhos, mas sem sucesso, ele não estava em lugar nenhum. Decido voltar a minha atenção para o meu parceiro de dança.
Quando The Hills de The Weeknd começou a tocar, eu soube que aquele jogo estava ficando perigoso. Brendon cheirou o meu pescoço e as suas mãos me apertaram de um jeito intimidador, talvez ele estivesse interessado em conseguir algo de mim, e me aproveitar disso para provocar ciúmes em Dylan estava sendo um caminho sem volta, além de que Dylan nem estava mais ali me assistindo, ou ele estava onde eu não pudesse lhe ver.
Ergui meus braços para o alto quando a batida do refrão puxou a minha alma para fora do meu corpo, aquela vibe era tão excitante, que me deixei deslizar pela coxa de Brendon, sem perceber o perigo do que eu fazia. Suas mãos me puxaram com força para si, insinuando sua excitação para mim, e foi quando a realidade da situação me deu um banho de água fria. Eu não queria aquilo com ele, e o limite havia sido cruzado.
Ali a festa tinha perdido a graça para mim. Eu me desvencilhei dos braços de Brendon, e segui para fora da propriedade. Eu sai pela calçada, ignorando algumas pessoas que chegavam e outras que já saíam da a festa. Assim que me afastei um pouco da rua, eu segui procurando o carro de Meghan. Entretanto, assim que o encontrei, eu me toquei que precisaria dela para ir embora, e eu esqueci de lhe procurar na festa. Merda... eu sou péssima quando estou bêbada.
— Princesa, você já está indo? – Brendon estava perto de mim outra vez, me assustando pelo o seu surgimento repentino do escuro. Eu bufei, me sentindo ainda mais estressada do que já estava. Eu não estava no meu melhor humor para lidar com pessoas, principalmente aquelas que se fazem de sonsas.
— Pois é... – ele veio com as suas mãos para a minha cintura novamente. — Brendon... – tentei me afastar, mas ele me segurou firme.
— Se você quiser, eu te levo pra casa – ele foi me encostando no carro que estava estacionado atrás de mim. Não acredito que ele tentará algo comigo, enquanto estou caindo de tão bêbada.
— Não vai rolar, Brendon... – eu disse, mas ele riu, como se fosse engraçado.
— Relaxa, princesa, só quero cuidar de você – o imbecil me disse, tentando aproximar os nossos rostos novamente.
— Para com isso... – eu já estava constrangida de tanto desviar de suas investidas. Ele não se toca?
Que inferno! E o pior era que eu não encontrava forças o suficiente para lhe afastar, fora o fato de que ele era muito mais forte do que eu.
— Está surdo? Ela mandou você parar. – Uma voz sombria e autoritária rugiu ao nosso lado, e o Brendon foi empurrado para trás.
Quando eu ergui o meu olhar, eu reconheci que se tratava do Dylan ali ao meu lado, me defendendo, e eu fiquei sem acreditar que era mesmo ele ali. De onde ele surgiu? E como ele nos notou ali no escuro? Será que eu estou alucinando?
Brendon foi pra cima dele, e Dylan o peitou, mostrando que não estava nem um pouco intimidado pela expressão furiosa de Brendon.
— É melhor se afastar, senão quiser arranjar problema! – Brendon rugiu, avisando. Eles se desafiavam pelo o olhar.
— Eu não estou nem aí pra você, se der mais um passo vai se arrepender, seu aproveitador de merda – Dylan retrucou, rudemente.
— Eu não estava fazendo nada demais, só estávamos conversando e ofereci uma carona para ela, só isso – Brendon se defendeu, e eu notei que o Dylan apertou o punho, e tive medo por aquela discussão poder virar uma briga mais séria e por isso eu resolvi intervir.
— O Dylan mora perto da minha casa, é mais lógico pegar uma carona com ele – puxei o Dylan pelo o braço, distanciando os dois. — Por acaso, você já está indo, não é? – olhei para Dylan, lhe soltando, percebendo que ele ainda parecia bravo. Ele me encarou com a sua expressão fechada e zangada, e ele bufou.
— Vamos logo – ele disse, curto e grosso, seguindo pela calçada.
Eu olhei para o Brendon e o mesmo nem olhava para mim, estava ocupado demais fuzilando as costas do Dylan com o seu olhar. Aproveitei aquele momento e escapei, seguindo na direção de Dylan. Eu ainda estava muito tonta, quase pisando nos meus próprios pés, me esforçando para ser o mais rápida possível. Felizmente, a porta do carro de Dylan já estava aberta, esperando por mim. Eu entrei, me jogando no banco, e tentei fechar a porta com cuidado.
— Sinto muito por te dar trabalho, sei que não gosta de me dar carona – comentei debochada, lembrando da grosseria que me disse na noite passada. Ele pensa que sou esquecida das coisas?
— Espero que não vomite no meu carro. – Ele apenas respondeu, ainda parecia bravo.
Ele deu partida e então fomos embora. Ele corria na pista, ele só andava em alta velocidade, me deixando com um friozinho na barriga, e por isso coloquei o cinto de segurança.
— Eu não vomito, e você pode me deixar na esquina mesmo, poderá voltar para a sua amiga na festa – eu tive que aproveitar o momento para abordar o assunto.
— Do que está falando? – ele perguntou, concentrado na estrada. Como ele é cínico...
— Ué, sou eu quem bebe, e você é quem fica com amnésia?! – debochei, cruzando os braços e revirando os olhos.
— Não seja ridícula – abri a boca para lhe retrucar, mas não consegui.
Estava muito magoada. Preferi o silêncio, e só o quebrei quando ele estacionou enfrente à minha casa. E nesse instante, eu me toquei de um detalhe muito importante. Importantíssimo!
— Merda... – resmunguei baixo, cobrindo a minha cara com as minhas mãos.
— O que foi agora? – Dylan perguntou ao meu lado.
— Vou ter que escalar a minha janela, eu não trouxe as minha chaves. – Olhei melancolicamente para a janela do primeiro andar, onde ficava o meu quarto.
— Você só pode estar brincando comigo – ele bufou ao meu lado.
— Eu saí de casa pela a janela, e nem me preocupei de pegar as minhas chaves. – Bufei, sentindo minhas mãos gelarem. Se o meu pai me pegar voltando de uma festa eu estou frita!
— Toca a sua campainha que o seu pai abre a porta pra você – ele disse, dando de ombros, como se fosse óbvio. Eu lhe encarei desgostosa.
— Se eu fugi escondida pela a janela, significa que o meu pai não sabe que eu saí, até porque estou de castigo.
— Por acaso você tem doze anos? – ele retrucou, querendo brigar.
— Por acaso você só sabe implicar comigo? Que saco! Dá um tempo – retruquei, saindo do seu carro.
Sou apaixonada por ele sim e ele é maravilhosamente lindo, mas ele conseguia me deixar louca quando queria! Eu estava cansada do seu descaso para comigo.
— Merda... – resmunguei, chegando perto da minha parede e observando o quão alta ela era. Na minha cabeça ela não era tão grande!
Mais cedo, eu desci pela a coluna, que tinha alguns detalhes de gesso que dava para encaixar a ponta do pé e descer, mas para subir seria mais complicado, eu poderia acabar caindo, logo quando estou bêbada. Seria muito arriscado.
— Ao menos a janela da sua sala de estar ou da cozinha estão abertas? – ele perguntou.
Nem notei o Dylan chegar perto de mim. Eu me virei para ele.
De repente, ali, tão perto dele, e inspirando o seu cheiro tão gostoso, a gravidade parecia mais densa. Por um segundo, admirando aquele maldito rosto perfeito, eu esqueci dos nossos problemas. Contudo, o seu olhar frio e expressão irritadiça me puxou de volta para a realidade.
— Não, só a do meu quarto. – Lhe respondi.
— O seu cérebro deve ser do tamanho de um amendoim... – Ele murmurou, olhando para o alto da minha casa. Eu abri a boca e lhe encarei feio, mas quando eu estava prestes à lhe dizer umas boas respostas, ele me segurou pela mão, me puxando na direção de sua casa.