Capítulo 3 - Novata maldita!
¤ Por Ashley Cooper | Miami, Flórida 12:33 PM ¤
Onde nós amamos estar é o nosso lar, lar que os nossos pés podem sair, mas o nosso coração permanece. E onde eu considero o meu verdadeiro lar é em um estúdio de dança. Eu estava ensaiando algumas coreografias sozinha, ao som de Work de Rihanna. Eu amava dançar, é a minha paixão desde a infância, de quando eu fazia balé, foi nessa época que eu descobri o meu talento. Dançar para mim é como buscar fôlego, alivia as minhas tensões e limpa a minha mente. Era incrivelmente libertador.
Eu me assistia através do espelho, enquanto dava tudo de mim para melhorar a transição dos meus passos. Quando, de repente, as meninas entraram na sala, e então fui obrigada a encerrar.
— Ash, temos uma nova garota esse ano! – Meg disse, entrando junto com a Jane e outra garota que não conhecia.
— É? – perguntei, parando de dançar e tomando fôlego.
Abaixei o volume do som, me aproximei delas e sorri gentilmente.
— Merlia, essa é a nossa capitã, Ashley Cooper! E, Ash, essa é a Merlia, ela gostaria de entrar para a equipe. – Meg nos apresentou.
— É um prazer – ela estendeu a sua mão e eu a peguei, apertando com força.
— O prazer é meu, Lia, posso te chamar assim? – perguntei e ela acenou que "sim" sorrindo, e eu aproveitei para observá-la de cima à baixo.
Ela usava óculos, seus cabelos estavam em um coque assanhado, e suas roupas estavam sujas de comida. Ali eu pressenti que ela nos daria trabalho.
— Então, aluna nova? Ou foi recomendada pela coordenação? – perguntei.
Algumas alunas as vezes eram enviadas para mim, pois precisavam de pontos à mais de atividades extracurriculares. Só que eu já estava cansada em dar tudo de mim para preparar uma nova integrante, e assim que elas conseguem os pontos que precisavam, elas abandonam a equipe, nos deixando na mão. Elas que procurem rodar as suas bolsinhas para conseguir os pontos precisam, ora! Gosto de comprometimento!
— Sou nova, me mudei de Jacksonville para Miami há uma semana. Não conheço nada por aqui, e disseram que vocês tem uma atividade animada de torcida. Bom, eu... – ela engoliu em seco, demonstrando para mim que estava nervosa, e eu sorri para ela, tentando lhe encorajar. Eu não era um monstro como muitos costumavam dizer por aí! —, sempre quis ser uma líder de torcida, mas as garotas da minha antiga escola eram malvadas...
— Não se preocupe, nós da MSHS sempre damos espaço para todos mostrarem os seus talentos. Você está tendo essa oportunidade agora, e é um prazer recebê-la! – eu sorri vendo a sua animação, e me virei para Jane, que estava cantando baixo, ouvindo a música que eu dançava. — Mas, você, mocinha, pode sentar ali no canto, você não vai dançar enquanto estiver bêbada!
— Mas eu já estou bem! – ela retrucou, jogando a sua mochila no chão, irritada.
— Aham, sei, e se você cair e se machucar eu serei a responsável por deixar você dançar, então senta aí e para de reclamar, ninguém mandou você ir beber, assuma as consequências de suas escolhas! – eu puxei Merlia e Meg para o meio da sala, e aumentei o som da música.
— A gente precisa ver o que você já sabe sobre dança, como você executa os seus movimentos, o seu ritmo, essas coisas... entendeu? – Meg explicou e Merlia entortou os lábios.
— Digamos que eu não saiba nada sobre dança, eu só sei mexer o meu corpo, e já sou péssima apenas fazendo isso! – ela sorriu sem jeito. Eu sabia que ela iria nos dar trabalho! — Me desculpem por decepcionar vocês, meninas – eu sorri, achando graça de sua fofura.
— Relaxa com isso, temos tempo o suficiente para te ensinar, aliás é a nossa obrigação. Até porque ninguém começa já sabendo de tudo! – ela sorriu, e Meg acenou concordando comigo.
Ficamos até às três da tarde ensinando algumas coisinhas para a novata, ela era bastante desastrada, e tivemos muito trabalho para destravar os seus quadris, mas é apenas o começo. Nós achamos uma boa ideia convidá-la para a festa, aproveitaremos para trabalhar um pouco a timidez dela. Mesmo ela relutando um pouco, ela terminou aceitando.
Como eu estava de castigo, pelo o motivo que nem me lembro mais, eu esperei meu pai ir dormir para me arrumar e sair de fininho na calada da noite. Eu escapei pela janela. E como de costume, Meg passou para me pegar em seu carro, e Jane e a novata já estavam no banco de trás quando entrei.
— Vocês estão lindas, meninas – Merlia comentou no caminho para a casa do Ton.
— E você está muito vestida, devia pegar uma tesoura e fazer arte nessa sua roupa de freira! – Jane comentou, com a fala emboloada, me fazendo gargalhar.
— Você já está bêbada de novo? – perguntei, retocando o meu gloss.
— Eu te ofereceria um gole, mas já acabou o meu estoque – todas nós rimos, mas eu fiquei um pouco preocupada com ela.
Contudo, ela está no direito de afogar as mágoas, ninguém merece ser chifruda pela enésima vez e pelo o mesmo cara.
Assim que chegamos na festa, notamos que todos já dançavam ao lado da piscina, o som estava tão alto que o grave das músicas chegavam à tremer o peito. Haviam luzes de todas as cores, e Ton, o dono da festa, estava na esquina de sua casa rindo com os seus amigos e recebendo a galera que chegava.
Assim que ele me viu, ele abriu um sorriso brilhante.
— Boa noite, princesa – ele abriu os braços me convidando para um abraço, e eu aceitei.
Ele me apertou em seu corpo, e eu sabia que essa era uma tática safada dos garotos para sentirem os peitos das garotas. Crianças imbecis de quinta série! Assim como todos os outros rapazes, ele me dava mole, mas eu não lhe dava moral. Não era ele quem eu queria beijar.
As meninas chegaram junto e enquanto ele dava um "oi" para elas, eu escapei de sua atenção e fui empolgada para o meio da galera, desfilando ao som de Gimme More da Britney Spears.
— It's Britney bitch! – gritei junto à voz dela, e me entreguei na dança.
Eu não bebi uma gota de álcool ainda, mas eu não precisava disso para elevar o meu padrão vibratório. Eu me sentia nas nuvens enquanto dançava. O meu corpo se movia junto com o ritmo da música, e tudo fluía como tinha que ser.
Logo Meg chegou e se juntou com a Jane e a Merlia para me acompanhar nos passos do refrão. Eu gritei animada e puxei Merlia para dançar colada comigo, já que ela mal conseguia se mexer, por estar envergonhada provavelmente. Eu segurei em sua cintura, e ditei seus movimentos, a fazendo rir.
Entretanto, assim que Jane começou a dar trabalho e tropeçou quase caindo no meio da pista de dança, de tão bêbada que já estava, Merlia se voluntariou prontamente e fez o favor de levá-la para longe, como se estivesse arranjado um motivo para poder fugir da dança também, o que me fez gargalhar.
Então, sobrara Meg e eu para arrasarmos com as coreografias. Pulávamos e rebolavamos sensualmente ao som de We Can't Stop de Miley Cyrus. A galera ao nosso redor tentava acompanhar os nossos passos, mas nós duas éramos os destaques da festa! Quando algumas pessoas foram saindo da pista de dança, eu avistei Dylan sentado sozinho em uma das mesas, e coincidentemente, ele olhava na minha direção na pista de dança. Eu sabia. Ele gostava de me assistir dançar.
Finalmente, ele havia me notado, e não poderia ser em momento melhor do que esse. Dei meia volta lentamente, girando meus quadris em sincronia com a melodia. Não havia ninguém bloqueando a sua visão, então ele me assistiria dançar se eu permanecesse onde estava, e era exatamente o que eu queria. Meg piscou para mim, como um convite para dançarmos juntas, e eu apenas sorri mal intencionada, concordando com a sua ideia brilhante. Aquela situação era uma obra do destino, só pode. Eu pretendo fazê-lo enlouquecer!
— Está ouvindo? – Meg gritou, chamando a minha atenção. — Bitch Better Have My Money!
— Ah! – gritei animada, identificando a voz da Rihanna no som.
Jogava meu corpo de um lado para o outro, meus dedos deslizavam pela as minhas curvas, e as batidas do grave vibravam em meu coração. Sentia-me em outro plano, como se estivesse dançando numa sala vazia. As mãos de Meg viajavam por várias partes do meu corpo, conduzindo-me em sua coreografia sinuante, enquanto estava de costas me esfregando em seu corpo. Parecia tudo tão ensaiado, me sentia tão sensual e poderosa. Estava quente e confortável ao mesmo tempo.
Eu me atrevi a olhar para o Dylan novamente, por cima do meu ombro, e ele me confirmou que ainda assistia-me. Seus olhos estavam fixos em mim, e ao julgar pela a sua carranca, eu estava fazendo um belo trabalho.
Esse era o meu momento, eu era a sua atração principal!
Nós estávamos dando um show, Ton, o dono da festa e anfitrião, gritava com os nossos passos, nos elogiando para quem quisesse ouvir. Ele até tentou dançar comigo, colocando sua mão atrevida em minha cintura como um convite silencioso, mas eu neguei, a tirando dali. Até que ele era bonito, tinha o seu charme também, mas não era com ele que eu queria dançar, mesmo que eu achasse impossível a probabilidade do Dylan dançar comigo, já que eu nunca o vi sequer em uma pista de dança.
Eu percebia algumas garotas ao nosso redor com um olhar maldoso de inveja, e isso me divertia ainda mais. Eu já estava acostumada e vacinada contra essas vadias recalcadas! Eu tinha era pena, porque o que essas idiotas queriam era estarem no meu lugar, ter o meu brilho e o meu talento. Coitadas!
— Pay me what you owe me, don't act like you forgot! – cantei junto com a Rihanna, empolgada, enquanto dançava.
Assim que a música foi acabando, e eu me virei para observar o Dylan novamente, eu me dou conta que ele não estava mais sozinho na mesa, como pensei que estava. E para a minha surpresa, quem fazia companhia à ele era ninguém menos do que a novata, Merlia. As minhas mãos tremeram pela raiva que me invadiu naquele instante, o meu sangue fervia em minhas veias!
Fiquei boquiaberta com a cena, estava sem acreditar, e quando percebi que eles riam de algo, como se estivessem se divertindo só por conversarem, eu quis me jogar de uma ponte, ou estourar a minha cabeça na parede. Aquela novata enxerida estava roubando o Dylan de mim! Maldita seja! Como ela ousa? Ela não sabe onde é o seu lugar? Pois eu devia mostrá-la!
Ele se virou para me encarar por um momento, talvez por notar que estava sendo observado, e no mesmo segundo eu virei o meu rosto, para lhe deixar claro que eu estava zangada. Eles que se explodão!
Eu cheguei perto do ouvido de Meg, e antes de me afastar, eu lhe avisei que precisava de uma bebida.
Me sentia humilhada. Eu estava dançando para ele, enquanto ele dava papo para outra! Que ódio!
Confiar em nossos corações é a coisa mais arriscada que podemos fazer. Nós confiamos e acreditamos que um dia os nossos sentimentos serão retribuídos, até o dia que o seu coração é partido, e você percebe que tudo não passou de uma ilusão!
Quando a decepção corta tão fundo, alguém tem que pagar. Depois dessa noite, eu não poderia mais perder o meu precioso tempo com esse garoto arrogante que só sabia me ignorar. Há tantos outros rapazes que dariam tudo por mim, que sonham em ter uma chance comigo, enquanto que esse garoto só implica comigo. Pois eu o farei se arrepender!