Ficar com o meu crush
Estamos na hora do recreio, dentro da Escola de Arte. Estou tentando justificar para a Elisa porque o Casandro revoluciona todos os meus hormônios enquanto minhas bochechas queimam.
─ Eu sei bem que você gosta dele, Lynn. Não adianta negar. - Ela ri, tampando os lábios, enquanto sua pele também se pigmenta.
O tipo de personalidade do ruivo não parece nem de longe com o que ela aprovaria - basta compará-lo com Luigi, seu namorado, que é um "cavalheiro". A Elisa é bem mais delicada e romântica do que eu, só que ela ainda não sabe.
─ Meu Deus! Não pensei que fosse tão óbvio assim. - Elisa ergue uma sobrancelha ao me escutar. ─ Certo... Foi você quem pediu para saber, em? Depois não diga que não avisei.
─ Vai, conta logo, chega de baboseira. Até parece que algo me surpreende nessa vida. - Ela diz, convencida, cruzando os braços, e bebo um gole de água para começar o discurso.
─ Eu poderia fazer uma lista! - exclamo. ─ Primeiro, ele tem muita confiança em si mesmo. Isso é bem sexy. Segundo, não tem papas na língua... - "E uma pessoa assim deve ser bem descarada na cama", penso.
─ Quê?! Você está dizendo que você gosta da franqueza dele? E com "franqueza" me refiro a sua tremenda falta de educação, óbvio. - Ela me interrompe.
Dou uma risada.
─ Sim, Elisa. Eu gosto do jeito que ele é sincero, e diz as coisas sem filtro. - Defendo-o.
─ Ah, sim? - Elisa ri. ─ Você gosta quando ele te xinga? É mesmo? Gosta da sinceridade dele sobre o tamanho do seu peito? - ela ergue a sobrancelha, maliciosamente.
─ Ele diz isso para me provocar, eu tenho certeza. - Abro um sorriso malicioso. ─ Afinal, meu peito é normal. Não tem cabimento o que ele diz.
Elisa leva a cabeça até o meu decote, destampa meu peito, e dá uma boa e descarada olhada. Neste momento coro e me tampo um pouco, olhando para outro lado.
─ É... Você é muito gotosa mesmo, amiguinha. Mesmo eles tendo um tamanho médio. - Ela ladeia o rosto, concordando e assentindo. ─ Ele é absurdo, isso sim. Ou gay. - Elisa conclui, tomando suco pelo canudinho e dando alguns risinhos.
Ignoro tudo o que ela acaba de dizer.
─ Às vezes eu fico pensando... - Apoio o meu cotovelo na mesa, com o olhar perdido e um sorriso de pervertida sonhadora. ─... Eu acho que ele quer que eu o provoque de volta. Eu tenho certeza de que ele ficaria excitado. - Elisa se engasga com o suco e dá risada, assim que acabo de falar.
─ Não imagino você fazendo isso. Você se atrapalha inteira quando ele aparece.
─ É verdade. - Abro um pequeno sorriso, minhas bochechas ficam ainda mais rosadas. ─ Mas sabe, ele sempre põe uma cara de sacana quando eu digo que vou bater nele. Acho mesmo que ele fica excitado.
─ Ui! É o jogo de sedução do Casandro, então? Sei lá. Nunca prestei atenção nele, na verdade.
─ Possivelmente seja o jogo dele... Ele te provoca. Você fica nervosa. Ele ri de você. Você bate nele. E então ele segura o seu pulso, te encara com firmeza, e te diz... "Calma, pirralha. Para imobilizar você, eu só tenho que te agarrar assim. Cuidado comigo". Meu tom de voz ficou baixo e excitado dizendo tudo isso.
─ Nossa, Lynn... Vejo que é grave.
─ O quê?
─ A situação! - Exclama Elisa. ─ Você morre de tesão por ele. Até sonha acordada com o Casandro. - Ela ri levemente, cruza os braços, e logo me mostra uma expressão empática. Fico em silêncio por alguns segundos, corando mais e mais.
─ Na cama ele deve ser bem dominante. - Falo sem pensar, revelando o motivo pelo qual o meu rosto tinha ficado tão vermelho.
─ Hm... E você... É "submissa"? Tipo em Cinquenta Tons de Cinza? - Elisa ri com malícia.
─ Hm... Eu nem li esse livro, dizem que é ruim. – rio. — Para falar a verdade eu nunca experimentei. Mas queria achar alguém que entendesse de BDSM.
Tenho a intuição de que o Casandro pode ser um dos poucos caras daqui que saiba sobre esses assuntos.
Além disso, apesar das contínuas brincadeiras sarcásticas que ele fez comigo este mês, acredito que ele não seja o tipo de cara que violaria a minha privacidade caso transássemos.
─ Eu tenho certeza de que ele gostaria disso. Ele ama se sentir no poder. - diz Elisa. Nós duas olhamo-nos de um jeito maléfico.
Mas foi no final da aula que tramamos de tomar uma atitude.
Juntas, no pátio, vimos o meu querido ruivo sentado com seu melhor amigo Luíz. Os dois estão conversando.
Eu pego o meu celular e envio uma mensagem para a Elisa. "Distrai o Luíz, puta. Eu quero conversar com o Casandro sozinha."
Elisa escuta a notificação e olha o smartphone logo depois. Ela lê o texto, e ri do meu lado, empolgada, apertando o meu braço. Minha amiga assente.
─ Vamos lá falar com eles. - A loira recupera a compostura, e fica séria. Nós caminhamos até os dois. A cada passo, sinto o meu coração se acelerando. Sou uma ansiosa. Tenho dificuldades em me controlar.
─ Olá, meninos! - diz Elisa, simpatiquíssima.
─ Oi. - Eles respondem juntos.
─ Como vai, Elisa? - Casandro pergunta para a minha amiga, com um leve sorriso. Ao mesmo tempo, Luíz me observa com sua aura pacífica e sensual.
É como uma saudação pessoal, como se ele estivesse dizendo "oi" para mim também. Fico ainda mais ansiosa. Não gosto dessa ideia dele ser o ex-namorado da Elisa então quando ele me olha assim fico muito incômoda. O problema é que ele é lindo para cacete. Merda.
─ Bem. E você, Casandro? O que vocês estão fazendo? Vocês estão muito ocupados? - ela pergunta.
─ Nós estávamos escrevendo. - Responde Luíz, fechando lentamente o seu caderninho de couro. Como de praxe, ele não quer que ninguém bisbilhote suas letras e poemas. Um pouco grosseiro... Mas bem introvertido. Misterioso. Hm, duro... Parece forte por dentro de suas vestes negras.
─ Estavam, no passado?! - Elisa sorri, desviando a tensão. ─ Porque eu preciso falar urgentemente com você, Luíz. Vem comigo, por favor! - exclama Elisa e logo segura Luíz pelo braço. Vejo uma expressão assustada e desentendida se formar no rosto deste loiro, enquanto ele se deixa levar por ela, para longe. Ele é tão branco! Sua pele e cabelos parecem não conter pigmento. Apesar disso, acho que se um artista fizesse um desenho do anjo Lúcifer, teria a aparência do Luíz.
Elisa não para de retrucar com empolgação. Ela conversa sem parar de propósito, para me ajudar, e conversa tanto, que suas frases não têm nenhum sentido.
Por sorte, Elisa é sempre assim mandona. Nenhum dos dois vai suspeitar de que se trata de um plano.
Me sento ao lado do Casandro, ladeada para olhá-lo. Ele abre um dos braços e o estende sobre o banco do pátio e me fita.
─ Nossa... - ele diz sensualmente, de forma lenta, e com certa ironia. ─ Parece até que a Elisa levou o Luíz daqui de propósito. - O ruivo começa a segurar o riso.
─ Em??? - Fico nervosa. Ele já está me sacando.
Este cara... Como eu disse... Ele adora me dizer que eu morro de vontade de ficar com ele, sempre. Durante o primeiro mês de aula ele deu a entender isto várias vezes. Por exemplo, certa vez eu deixei uma moeda cair no chão e me agachei para pegar. Ele disse que era de propósito, para ele olhar minha bunda. E coisas do tipo. Ele não perde nenhuma chance. O problema é que ele nunca, nunca, dá a entender que ele quer o mesmo.
Dou uma risada, me recuperando.
─ Muito engraçado. - Digo de forma meiga. Minhas bochechas queimam. Será que eu consigo convencê-lo de que não há nenhum plano?
Casandro ri curtamente.
─ E então, você não vai para casa? - o ruivo pergunta, com malícia.
─ Eu... Eu vou, por quê? - dou de ombros levemente. - O ruivo ri de mim de novo. ─ Eu poderia te perguntar o mesmo. - Começo a ficar muito mais nervosa, minha testa esquenta.
─ Eu estou esperando o Luíz. - Ele sorri. ─ E você, o que está fazendo? - Casandro ri. Ele está insinuando que eu estou aqui com ele, porque quero algo a mais, de novo.
Respiro um pouco e o encaro, ainda com vergonha, mas decidindo ser valente. Olho bem para cada parte do seu rosto. Vejo que a expressão do Casandro denuncia êxtase e desfrute. Ele, realmente, obtém algum prazer me incomodando assim. Eu posso agora lhe dizer que estou esperando a Elisa também. Mas já estou cansada desse joguinho. O que tiver que ser será.
─ Pois eu acho que o Luíz vai ir diretamente para casa.
─ Ah, sim? - ele pergunta, com muita malícia.
─ A Elisa tinha algo realmente importante e pessoal para falar com ele. - Finjo que não entendi o seu tom de voz e que não me dei conta de que por um momento tínhamos flertado.
─ Mm... E você sabe o que é? - seu timbre se normaliza.
─ Ela não quis me dizer. Porém, me deu a sensação de que a conversa ia ser longa. - contenho um risinho, e me mantenho séria.
─ Ah... Espero que não seja nada grave. - Casandro parece preocupado durante um lapso.
─ Você quer... - começo a falar.
─ O quê? - diz Casandro, ansioso e entusiasmado, me acurralando com o olhar.
─ Eu ia te perguntar se você quer fumar um cigarro comigo no porão. - Digo, agarrando minhas mãos sobre minha saia.
─ No porão, é? - Casandro sorri, com malícia, e fala arrastadamente.
─ É. - quase tartamudo, mas mantenho a voz firme. O olho de soslaio, quase derretendo de vergonha.
Ele tem mesmo razão quando diz que eu morro de vontade de ficar com ele. Afinal, poderíamos fumar no parque, não? E se eu quero mesmo só fumar, por que não lhe peço um cigarro e fumo sozinha?
─ Mm... Mm... - Aperto meus dedos, ouvindo seus murmúrios, que demonstram o quanto ele se diverte se fazendo de pensativo.
─ Vamos ou não? - pergunto, sem aguentar mais.
Surpreendentemente, ele me olha com respeito depois disso. O seu habitual sorriso sarcástico agora é um esboço, bem menor.
─ Vamos... Além disso, você precisa de mim para abrir o porão, sim ou sim, não é? - Ele sorri, parando suas estupidezes.
─ Certo. - Respondo, com um sorriso contido.
─ Mas nós vamos separados para não chamar a atenção... Ok? - pergunta Casandro. — Eu vou subir até o segundo andar, para checar, enquanto você me espera na cantina ou na biblioteca. Se estiver tudo limpo eu desço as escadas e abro o porão... Se você ficar perto da porta da biblioteca ou da cantina você vai ouvir quando eu estiver abrindo.
Eu não sei se é proposital por parte dele. Mas o plano soa erótico demais vindo da sua boca. Desta vez ele parece nem se dar conta de que evidencia o seu desejo, ele quer que o encontro dê certo tanto como eu quero.
─ Sem problemas. - Assinto.
Nós dois nos levantamos e nos distanciamos um do outro, fazendo o planejado. Já não tem quase ninguém na Escola. Eu decido ir para a cantina e aproveito para pegar quatro refrigerantes na máquina. Isso faria com que fosse mais obvio ainda que eu queria passar tempo com ele, mas foda-se.
Pouco tempo depois, ouço a pesada porta do porão fazer um barulho irritante de arraste. Saio da cantina com dois refrescos de cola em cada mão e olho o corredor para ver se não havia ninguém por perto, com um sentimento de euforia envolvendo meu sistema nervoso e peito.
Desço as escadas, onde desde o primeiro degrau já era capaz de ver a porta preta pesada entreaberta. Ao chegar no último, a empurro com o pé e Casandro aparece, acabando de arrastá-la até eu passar. Entro. O ruivo a fecha de imediato, e tranca.
─ Bem-vinda ao humilde porão da Escola de Arte. - Ele ri gostoso e rouco, me contagiando. ─ Aqui é onde eu e o Luiz ensaiamos. - Ele informa, apesar de que eu já sabia.
Escuto o barulho das chaves girando na mão dele e logo após indo parar dentro do bolso da sua calça.
Estou trancada com o Casandro.
Ele acende um abajur de cor vermelha e a luz ilumina a maior parte do ambiente, sem tirar a atmosfera escura e incluso acolhedora que o porão tem.
Por outro lado, essa falta de janelas, ao mesmo tempo em que fornece um ambiente privado e tranquilo, também traz uma aura perigosa, já que a porta está trancada.
Vejo Casandro se sentar numa poltrona preta que está distribuída pelo porão junto com outra, e um sofá. Coloco os refrigerantes na mesinha de centro e começo a tirar a minha mochila, e a afrouxar a gravata do meu uniforme.
─ Hm... Você trouxe algo para beber... - ele diz lentamente. ─ Não precisava. - Casandro sorri. ─ Então vamos ficar aqui tempo suficiente para que cada um tome duas latas? - Ele entreabre um sorriso sedutor, acompanhado por sua voz propositalmente suavizada. O olho, vendo alguns fios vermelhos do seu cabelo liso caindo por seu rosto em perfeita harmonia.
Abro um sorriso pequeno, e me sento no sofá, ao lado da poltrona onde ele está. Não sei se a pergunta dele é retórica ou não, mas antes que eu pudesse pensar numa resposta, Casandro tomou a fala.
─ Eu também tenho algumas cortesias. - Casandro se levanta e destranca um armário muito pequeno de cor preta que está no chão, debaixo do espaço que há numa estante que contém alguns arquivos velhos da Escola, e materiais de limpeza.
Ele deixa a porta do armário aberta e eu vejo a tampa de algumas garrafas de vidro que estão deitadas. Ele tira duas delas.
─ Uísque com cola? Ou Ron com cola?
─ Ron. - Respondo, hesitante. Agachado para pegar a garrafa, ele gira a cabeça e me olha, mantendo seu pequeno sorriso.
Casandro pega também uns copos de vidro que estão escondidos no fundo deste armário.
─ Ai! - Exclamo, assustada. O sofá se moveu, quando me mexi um pouco. Casandro ri, como se eu fosse retardada.
─ Isto é um sofá-cama. Se você o forçar mais, acabará deitada.
Minha saia havia se levantado levemente com o movimento do sofá. Observo os olhos dele fitando minhas coxas discretamente e o brilho que apareceu em suas pupilas. Hm.
─ Acabo de notar. - Respondo, com certa timidez, enquanto ele assente.
Casandro traz tudo para a mesa. De pé, ele começa a dosar quatro dedos de Ron em cada copo, e logo despeja o refrigerante. Por último ele coloca um cinzeiro no centro da mesa e o seu maço de cigarros, sorrindo para mim.
Seu rosto é bastante sensual. Eu o olho enquanto ele não repara.
─ Hm... Tudo pronto. - Ele murmura.
Ok. Supostamente, nós viemos aqui para isso, não é?
Ele se senta na poltrona e sobe o pano dela, que vai até o chão, revelando um aparelho de som que está ali escondido. Ele aperta um botão, deixando o pano cair de novo no lugar e esconder o aparelho. Uma instrumental, que eu diria ser de gênero rock industrial, começa a soar, ambientando o porão.
─ Você gosta dessa música? - ele me pergunta, se espalhando na poltrona após pegar um dos copos. Apoia o cotovelo no braço do assento e abre as pernas, sem flexionar muito os joelhos. Sou capaz de ver a sola de uma das suas botas afiveladas. Ele parece até exibi-la. Minhas fantasias sexuais sobre dominação e submissão tomam conta do meu cérebro neste instante.
─ Sim, eu adoro rock. Não só o clássico, mas também o moderno como este. Leva a gente para outro lado, você não se sente assim? - Casandro sorri simpaticamente.
─ Sim, com certeza. Além disso... O que você está escutando fui eu que compus com o Luíz.
─ Ah, sério? - me inclino um pouco. Ele me dá o outro copo, antes que eu pudesse pensar em fazê-lo por mim mesma. Dou um gole largo e pego um cigarro do maço, deixando-o apagado de momento. ─ Ei... E como é que vocês ensaiam aqui?
─ Sim, sério. O que você acha? Bom, nós ensaiamos escondidos. - Casandro dá um risinho.
─ Soa bem! Bem legal mesmo. - Exclamo. "Escondidos..." Penso dentro de mim. ─ Ou seja, a administração não sabe?
─ Hm. Eu já sabia, mas é sempre bom ouvir a opinião de outra pessoa.
Ai, que convencido. Cheio de confiança.
─ Eles sabem. O que acontece é que temos permissão para vir alguns dias na semana, mas nós ensaiamos aqui quase todos os dias. É disso que eles não sabem. - Ele ri um pouquinho. ─ Também não podemos contar para todo mundo sobre este privilégio, se não mais gente ia querer usar o porão para ensaiar. E aqui não está feito para isso. Só nos deixam porque um dos professores é bem amigo nosso, e quer nos ajudar a praticar. Ele acha que somos talentosos. - Casandro sorri. ─ Você quer o meu isqueiro?
─ Sim. - Coloco o cigarro nos lábios.
─ E um autógrafo também? - Ele pergunta com um sorriso nos lábios. Bufo timidamente.
Casandro se levanta e para na minha frente, tirando um isqueiro preto do bolso da sua jaqueta. Ele o gira de pé. Se eu quero acender o cigarro, tenho que me levantar.
Me ergo, ficando na altura da chama e perto dele. Ele leva o fogo até o cigarro que eu tenho na boca, protegendo a chama com a sua mão ao redor. Casandro me olha nos olhos, com os lábios entreabertos, durante todo o processo.
Ouço um suspiro seu e, momentaneamente, como se estivesse sendo traído por seus próprios hormônios, vejo como ele morde suavemente parte de seu lábio inferior. Esse movimento não foi muito evidente, foi suave, discreto, não durou muito tempo. Acho que ele mesmo não se deu conta do detalhe.
Eu seguro o cigarro e dou a primeira aspirada, dando combustão. Ele deixa o isqueiro cair no sofá, e segura o meu pulso, suavemente. Seus olhos começam a penetrar os meus. Meu coração se acelera, e entreabro os lábios.
─ Mas espera... Você já tem idade para fumar, menininha? - Casandro solta um leve risinho.
Fico tão paralisada, vendo-o tomar a iniciativa, que arregalo os olhos. Como ele sempre se gaba dizendo que eu gosto dele, nunca esperaria que ele fizesse isso.
─ Ei... Ok. - Ele me solta. ─ Calma, Lynn. - Casandro abre um sorriso malicioso. ─ Eu não ia te engolir. Desculpas.
Merda. Que cara que eu devo ter posto? É incrível como o corpo nos trai negativamente quando gostamos de alguém.
Dou uma risada suave, envergonhada, meu rosto inteiro está vermelho. Sinto ele afrouxar a mão no meu pulso.
─ Ainda assim... ─ Ele tira o cigarro da minha mão e aspira algumas vezes com as sobrancelhas franzidas e uma expressão dura, soltando a fumaça depois ─ Eu não sei se você deveria fumar, você tem cara de criancinha.
─ Acende um para você, seu chato! E eu não sou criancinha. - Exclamo chorosamente e ele o devolve. ─ Tenho 20 anos que nem você.
─ Não, não. Eu tenho 22. - Ele responde de imediato, me corrigindo.
Grande bosta.
Me sento de forma lenta, vendo o rosto dele desde esse ponto, para evitar olhar o seu cinto de couro que estava bem na altura do meu rosto.
Ai, que tesão.
Casandro dá uma risada curta e se senta do meu lado, voltando a pegar o copo e dando outro sorvo. Ele o pousa e acende um cigarro para si mesmo.
E já não parece interessado em mim.
─ É bem relaxante estar aqui sozinhos, por fim. - Digo, puxando um assunto tolo, como quem fala do clima no elevador com um desconhecido. Nem sequer o olho no rosto. Apesar disso, vejo sua cabeça se girar. Ele abre o braço, esticando-o na parte de cima do sofá, "invadindo" o meu espaço. ─ Longe do barulho de todo mundo, não é? - completo.
─Hm... - ele murmura. ─ Sim, sobretudo se a companhia é boa. - O olho e encontro seus olhos postos em mim. Seu olhar contém um ar desafiante. Ele nunca teve medo de me enfrentar, na verdade. Ele vai abrindo um sorriso ladeado.
─ Casandro... - murmuro, como se isto fosse resolver algo, acalmar o meu medo ou o que fosse.
─ Estou falando de mim, obviamente. - Casandro ri.
─ Quer dizer que eu não sou uma boa companhia? - pergunto, indignada.
Casandro fica em silêncio, e logo em seguida ri com suavidade.
─ Quem cala consente. - Retruco. ─ Estou ofendida, sabia?!
Ele ergue as sobrancelhas, como se estivesse me desprezando. Cada vez estou mais convencida de que a oportunidade de beijá-lo passou por mim quando ele segurou o meu pulso e eu não fui capaz de fazer nada. Agora ele deve estar pensando que eu sou mesmo uma trouxa.
Mas por que ele tem que se meter comigo sempre?!
* * *