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Uma ajudinha.

São sete horas da manhã. Estou me arrumando para ir para a aula de novo.

Esta noite eu tive um sonho molhado com ele. É, fazer o quê? Simplesmente não consigo tirar esse rosto lindo da cabeça. Sinto uma atração infernal pelo Casandro e seu jeito malvado.

Ontem nada aconteceu como eu esperava. O Casandro cortou o lance ali mesmo, e simplesmente acabamos indo para casa.

Ainda assim, quero conseguir outra situação na que possamos estar juntos. Chame-me idiota, ou desesperada; mas quem nos dera poder explicar o motivo pelo qual alguém nos enfeitiça fisicamente?

Visto um conjunto de lingerie branco de renda, amarro os meus cabelos castanhos em um rabo de cavalo baixo, passo um pouco de lápis preto nos olhos e um brilho rosa. Meu rosto está naturalmente pigmentado, pois sempre tomo banho em água bastante quente.

Gosto incluso quando queima um pouco.

Paro na frente do espelho de corpo inteiro que tenho no quarto, observando meu corpo. Começo a tocar levemente o meu pescoço, enquanto me olho nos olhos, e logo arrasto ambas mãos, lentamente, por minha clavícula, e pela curva suave dos meus seios.

Vejo os pelinhos da minha pele, aqueles que são quase invisíveis, se eriçando.

"Então você é do tipo de garota que sente muitas cócegas aí?" Lembro do que o Casandro me disse no sonho, sobre meus seios.

Toco-os suavemente e fecho os olhos, suspirando neste momento.

─ Não sei... Pode ser que sim? - falo para mim mesma, e mordo o lábio inferior, me olhando no espelho.

Aos poucos saio do transe e coloco meias brancas transparentes, com uma renda no final, na parte da coxa, sem suspensórios. Também uma saia rodada preta, com uma listra branca na parte de baixo, e uma camisa branca ajustada com um laço fino vermelho. Completo com sapatos baixos estilo Oxford e o paletó do uniforme que também tem listras brancas.

Pego a minha mochila, e uma fruta para ir comendo no caminho, de café da manhã.

Ao chegar no Escola de Arte, logo avisto o Casandro no pátio, como sempre. Simplesmente começo a corar. Ele está com o paletó preto, que também tem uma listra branca em cada lado. A calça dele é ajustada, e ele está usando os sapatos predeterminados também.

A camisa está desabotoada no princípio, é um pouco larga para suas proporções, e a sua gravata vermelha está um pouco afrouxada. Ele tem as costas muito grandes, e quando olho o peitoral dele sinto uma vontade incontrolável de tocá-lo. Assim como quando encaro esse pescoço tatuado, com esses cabelos tingidos caindo pela pele branca; os fios são lisos, mas rebeldes e desalinhados... Que nem ele...

─ Bu!

─ Ai!!!! - grito, assustada, e imediatamente olho para trás. André cai na gargalhada.

─ Para quem você está olhando com essa cara de "estou tendo um sonho molhado"?

─ André! - digo, imperativamente. ─ Cala a boca, cara! - alguma risada incontida escapa da minha boca enquanto lhe dou um tapa no ombro. André olha para o mesmo lugar que eu.

─ Ai, ai, Lynn. Na verdade, não sei se você está olhando o Casandro dominando o banco do pátio como se fosse a casa dele, ou o rosto concentrado do Daniel conversando com a diretora mais à frente. Você não vai me dizer?

─ Para quem você acha que eu estou olhando? - levanto uma sobrancelha.

Ele tem razão. O Casandro "domina" o banco do pátio, como se fosse o território dele. Toma sol no rosto com o braço aberto na parte superior do banco, fones de ouvido e olhos fechados. A tranquilidade dele com certeza é muito chamativa. Mas, por outro lado, o cabelo loiro e desalinhado do Daniel caindo por seu rosto com tanta harmonia, seus olhos verdes e sua expressão concentrada, responsável, também são muito sexys.

─ Para o rebelde sem causa?

─ Talvez não seja sem causa, André... ─ Dou um leve risinho. - De todos modos, você não o acha irresistível? - meu tom de voz diminui consideravelmente, expondo todo o meu desejo.

André dá de ombros.

─ De homem na minha vida pintando e descolorindo o cabelo a cada quinze dias já basta eu, não é mesmo?

Começo a gargalhar novamente, imaginando o Casandro com um monte de papel de alumínio na cabeça inteira e esperando as unhas que ele pinta de preto secarem.

─ Mas confesso que há algumas coisas que eu gosto do Casandro. - André abre um sorriso presumido.

─ Ah, sim? - pergunto curiosa.

─ Fisicamente, ele tem um olhar profundo e desafiador. - André pisca um olho. ─ Além disso, a mão dele é enorme.

─ André!

Começo a rir outra vez.

─ Estou de acordo. Mas imagine só, se você acha que ele tem a mão grande, imagine eu, que sou uma tampinha perto dele.

─ Ui. - Sussurra André. ─ Isso sim soa sexy.

─ Quantos centímetros ele deve ter de dedo do meio? - pergunto. Eu e meu amigo gay ficamos monstruosos quando falamos de meninos.

─ Não sei, mas podemos perguntar.

─ André!!! - quase começo a suar.

─ Ele deve ter... uns onze ou doze. E isso só de preliminar. Mas enfim, não é nada muito desbordante. Eu e meu irmão também temos as mãos grandes. - André abre um sorriso ladeado e convencido.

Hm.

Dou uma sapeca risadinha.

Quando Elisa chega, ela começa a contar várias novidades para nós dois. Eu sigo olhando o Casandro como se estivesse perdida.

Após um tempo, ele abre os olhos de repente. Nossos olhares se encontram de imediato. Desvio a vista, por reflexo, e incluso solto um grunhido leve pelo susto.

Me protejo entre Elisa e André, de forma discreta, e volto a olhá-lo. Vejo como um sorriso presuntuoso se forma em seus lábios. Logo, ele pisca um dos olhos para mim, assim de longe. O meu rosto se cora por inteiro. Relaxo os ombros, olhando-o com os lábios entreabertos.

Neste momento, Luíz chega e eles se cumprimentam. Ambos se disseram algo que eu não podia escutar. A cabeça do Luíz se gira na minha direção, e ele me dirige um de seus sensuais olhares, com um sorriso ladeado, enquanto Casandro ri por alguns segundos. Eles estavam cochichando sobre mim? Como Luíz parece ser um cara mais discreto e coibido, ele imediatamente afasta o olhar. Me giro e começo a contar para os meus amigos o que tinha acontecido ontem no porão.

─ (...) E aí nós quase nos beijamos, mas não deu em nada (...)

─ Não acredito! - Exclama Elisa, arregalando os olhos, assim que acabo o relato. André mostra surpresa no rosto.

─ Acho que temos que ajudar a nossa pequena Lynn, Elisa.

Ambos me olham com um sorriso malicioso.

─ O quê?! ─ Eles seguem me olhando. ─ Ei, ei, o que vocês acham que vão fazer?

─ Nada. - Responde Elisa, sorrindo e escondendo o jogo.

─ Mmhum. - Ri André. ─ Bom, Lynn, como eu também sou um homem, apesar de que às vezes vocês duas se esquecem, eu sei exatamente o que fazer para solucionar isto. Se você quiser, claro. - Seu sorriso malicioso permanecia em seu rosto. Eu não acreditava nele nem um pouco.

─ André, por favor, não fale com ele. Ele vai rir de mim!

─ Nós não vamos falar com ele, querida. - diz Elisa.

─ Ah, é? E então, o que vocês vão fazer? - Ambos se olham, quase rindo.

─ Nada! - eles respondem em uníssono. - Bufo, pois não acredito muito neles.

Nossa primeira aula é de Artes Plásticas. É uma matéria comum que os alunos de Confecção de Vestuário, Desenho Gráfico e Ilustração temos.

Decido deixar essa conspiração passar batida e relaxo um pouco. Afinal, enquanto eu os tivesse baixo controle estava tudo bem. Ambos, bem embaixo do meu campo de visão!

Quando o sinal toca e começo a guardar minhas coisas, não consigo encontrar o meu celular.

De repente, sinto Elisa aparecer do meu lado. Ela sussurra:

─ Está sentindo falta disso, Lynn? – ela me entrega o smartphone e suspiro de alívio.

─ Cara! Já achei que eu, cabeça de vento, tinha perdido o celular! ─ Elisa solta uma leve risadinha. ─ Como eu sou atrapalhada!

─ A sua senha é a data do seu aniversário - Elisa ri.

Fico séria. Quê?

─ Ué... Você mexeu no meu celular? - fico vermelha, lembrando de todas as fotos sexys que tenho na galeria.

─ Talvez tenha sido eu! - completa André, invadindo a conversa, e logo dando de ombros, enquanto segura o riso. Ele está defendendo a Elisa.

Suspiro e meu peito começa a queimar com a confusão. Não entendo mais nada. Desbloqueio o meu celular - com a maldita data do meu aniversário - agoniada. Vai saber, né.

─ Olha as suas mensagens enviadas. - diz André, apoiando a cabeça nas duas mãos e os dois cotovelos sobre a mesa. ─ Por favor, não fique nervosa com a gente. - Completa meu amigo. Então levanto uma sobrancelha, desconfiada.

─ Ai, meu Deus. O que vocês fizeram?! Em?!?! - pergunto, me deixando levar por uma onda de ansiedade e desconfiança.

Abro a mensagem que havia sido enviada às 10:25. Pro Casandro! Está escrito:

"Te espero no banheiro da biblioteca na hora da pausa para o almoço."

─ Meninos! Eu vou matar vocês! - toco meu rosto, sentindo uma espécie de queda de pressão. ─ Sério! - começo a olhá-los furiosamente.

─ Calma, relaxa!!! - pede André, colocando os braços na minha frente, e fazendo sinal de calma com as palmas das mãos abertas.

─ Não vou relaxar porra nenhuma! - cruzo os meus braços e lhe mostro um olhar de fúria. ─ Vocês são dois idiotas. Aff... Por que mandaram isso para ele? Ele é um otário convencido... Agora vai ficar me zoando dia e noite. - Digo, olhando pro teto, preocupada e envergonhada.

─ Enfim. - Elisa me ignora. ─ Olhe a resposta que ele te mandou, apenas três minutos depois.

Suspiro.

Nós três ficamos bem unidos na mesa, ao redor do meu celular. A mensagem dele diz:

Casandro: "Mhmmm... No banheiro da biblioteca? Eu e você?"

Casandro: "Sim? Não? Responde agora, com um sim ou um não. Sim, Cass... Eu tenho certeza... Não, Cass, é só brincadeira. Porque eu não me atrevo."

Lynn: "É claro que eu me atrevo."

Casandro: "Haha. Ah, é? Pensa bem. Se ficarmos sozinhos de novo, eu não vou deixar você escapar de mim como da outra vez. Não vou ter piedade, mesmo se você ficar assustada, ou com vergonha."

─ Ui! - Elisa e André exclamam em uníssono. Os três começamos a rir.

Minhas bochechas queimam enquanto o meu coração ainda está acelerado. Olho os meus amigos. Elisa e André também estão corados enquanto releem as respostas do Casandro.

─ Meninos, vocês estão loucos. - Digo aos meus amigos, que sorriem. ─ Tenho que mudar a senha do meu celular! - os três começamos a rir do meu veredito. ─ Será que ele vai ir?

Elisa afirma com a cabeça, freneticamente.

─ Você parece retardada, Lynn! Não vê que ele quer o mesmo que você? - ela me recrimina, perdendo a paciência. Mordo meu lábio inferior com suavidade, ainda assim nervosa. ─ Você é linda, porra. Deixa de insegurança, vai! Hoje na hora do almoço você já tem o seu encontro com o seu bad-boy. Beija ele. Rebola nele. Dá para ele bem gostoso! Tira essa freira que te incorpora de vez enquando. No fundo sabemos que você é puta. Só que de entrada muito tímida. E claro, amiga, agradece o André, que segundo ele, escolheu um cenário irresistível para os homens. Banheiro! - Elisa dá de ombros.

Rio, tímida.

─ Claro... Vocês não precisam entender o porquê, apenas sigam a minha sabedoria. O banheiro é um lugar muito sexy.

Elisa coloca cara de nojo.

─ Cheira mal e vive sujo... - diz ela.

─ Ai, Elisa... mas não é bem por aí a essência da coisa... - rebate André.

Eu sorrio maliciosamente.

─ Então qual é a "essência da coisa", André? - pergunto, me esquecendo por um momento do quanto eu estou tensa.

André ri de mim.

─ Você vai ver, queridinha. Não tenha pressa. - Ele me olha, com malícia. ─ Tente evitá-lo até o almoço agora, para que vocês não conversem... E você acabe estragando tudo.

Elisa ri e dou um tapa leve na cabeça do meu amigo, revirando os meus olhos.

─ E não mande mais nenhuma mensagem. - Ele completa. ─ Senão você vai parecer desesperada e creep.

Dou uma risada leve.

─ Está bom... Já sei... - minhas bochechas ficam vermelhas de vergonha. ─ Conquanto que vocês fiquem pertinho de mim, eu estarei segura. - Os agarro pelos braços, no meio dos dois. Os três sorrimos.

─ Então você já nos perdoou? - Elisa levanta uma sobrancelha.

─ Claro que sim! - Sorrio.

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