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Capítulo 6 A verdade revelada

Todos olharam para Gustavo com surpresa. Seu rosto estava pálido, mas ele tentava manter a compostura.

— Está falando besteira! — Exclamou Gustavo, nervoso, com uma gota de suor escorrendo pela testa. — Gastei mais de trezentos mil reais para adquirir essa pintura de um colecionador. Olha só o sol, quão grande e redondo. E o mar, quão azul e profundo. Perguntei a vários especialistas, incluindo o famoso Mestre Igor, e todos disseram que é autêntica. Disseram que vale mais de três milhões. Como pode ser falsa, na sua opinião?

Gustavo sentiu uma pontada na cabeça enquanto seus parentes continuavam em dúvida, murmurando entre si. Ele apertou os punhos, tentando não demonstrar a ansiedade crescente.

— Vitor, eu quero que você peça desculpas agora mesmo. — Falou com veemência, seus olhos faiscando de raiva. — Caso contrário, isso não vai acabar bem.

— É isso mesmo, pode-se comer à vontade, mas não se pode falar à vontade. — Disse Carolina, mostrando desprezo, enquanto cruzava os braços. — Você, um homem que vive do sustento da família, sabe o que é uma pintura famosa?

Os parentes, antes chocados, perceberam que haviam sido enganados por Vitor. Murmuravam entre si, lançando olhares reprovadores e rindo de sua ousadia. Afinal, quem ele era para entender de arte? Se ele fosse tão habilidoso assim, não precisaria ser um marido mantido para trazer sorte.

— Vitor, se você não entende, cale a boca e não difame algo valioso. — Um dos tios disse, balançando a cabeça em reprovação.

— Sim, olhe para si mesmo. Quem é que você acha que é, fingindo ser um especialista? Você sabe o que é bom ou ruim? — Outra tia adicionou, com um sorriso de escárnio.

— Uma pessoa que não consegue um trabalho, tem o direito de falar sobre pinturas? — Perguntou um primo, com um tom sarcástico.

— O Mestre Igor é o número um em identificação de tesouros. Se ele disse que é verdadeiro, então é verdadeiro. — Declarou outro parente, com uma expressão de certeza.

Os parentes zombaram de Vitor sem piedade, suas vozes ecoando de forma desagradável. Camila estava com o rosto muito descontente, tentando esconder sua frustração e vergonha. Ela cruzou os braços e suspirou pesadamente. Quando Vitor iria parar de ser tão inútil? Ela estava exausta.

Vitor, no entanto, manteve a calma, respirando fundo para controlar suas emoções.

— Pai é um colecionador de antiguidades e já identificou muitas pinturas. Deixe que ele dê uma olhada e saberemos se é verdadeiro ou não.

Gustavo hesitou, sentindo um arrepio no coração. Ele sempre teve uma desconfiança sobre a pintura. Apesar das garantias de que era autêntica, algo parecia errado. Afinal, era difícil acreditar que algo tão valioso viesse tão facilmente.

Nesse momento, uma voz autoritária ecoou na porta, fazendo todos se voltarem.

— No meio de um dia tão bom, vocês se comportam como num mercado. Isso não é vergonhoso?

Lorena entrou com Carlos. Ela, uma mulher na casa dos quarenta, ainda mantinha uma aparência jovem e bela, com pele branca e traços que Camila e suas irmãs herdaram. Conhecida por ser destemida e autoritária, Lorena era a proprietária de uma grande clínica e mantinha um comportamento forte tanto em casa quanto fora.

Quando Lorena entrou, todos se calaram imediatamente. Gustavo apontou para Vitor e começou a reclamar, sua voz cheia de indignação:

— Mãe, não é que eu queira fazer barulho, mas Vitor, o idiota, está dizendo que a pintura que comprei para o pai é falsa. Não é uma difamação da minha honra?

— É falso mesmo. — Vitor respondeu calmamente, seus olhos fixos nos de Lorena.

— Cale a boca, o que você sabe? — Camila, irritada, puxou a manga de Vitor, tentando fazer com que ele se calasse. — Não se envergonhe mais, está bem?

Apesar de querer que Vitor tivesse um pouco de dignidade, como Gustavo disse, como ele poderia entender de pinturas?

Lorena olhou para Vitor com desprezo e levou Carlos para sentar-se no lugar principal.

— Traga a pintura. — Disse ela, autoritariamente. Ela apontou para Gustavo. — Deixe-me e o seu pai darmos uma olhada.

Gustavo rapidamente entregou “Napoleão Cruzando os Alpes”. Carlos e Lorena examinaram a pintura com atenção, suas expressões sérias. Três minutos depois, Carlos sussurrou algo no ouvido de Lorena. Ela olhou para Gustavo com um olhar nada agradável.

Gustavo queria morrer de vergonha, isso era claramente um sinal de que a pintura era falsa.

Camila, ao captar o olhar de Lorena, sentiu uma pontada de esperança. Será que Vitor finalmente estava certo?

Mas as palavras seguintes de Lorena como se jogassem um balde de água fria em Camila.

— Esta pintura é autêntica, obra de David. — Lorena olhou diretamente para Vitor, com um rosto sério, questionando. — Vitor, você é ignorante e inútil. Não se meta em assuntos sobre os quais não sabe nada. Você difamou a honra do seu cunhado. Peça desculpas imediatamente, caso contrário, não deve voltar para a família Marinho.

Vitor ficou surpreso, seu coração batendo acelerado. Esta pintura claramente tinha problemas. Com a habilidade de Carlos e Lorena, certamente poderiam perceber. Ele olhou para Gustavo, que agora exibia um sorriso de triunfo, e depois voltou seu olhar para Lorena.

— Pai, mãe, deem uma olhada mais de perto. Esta pintura definitivamente é falsa... — Vitor ainda tentou explicar, mas Lorena o interrompeu com veemência.

— Falsa o quê? Você acha que eu e seu pai somos velhos e não podemos distinguir o verdadeiro do falso? Eu disse que é verdadeira, então é verdadeira. Peça desculpas ao seu cunhado imediatamente.

— Vitor, mamãe já disse que é verdadeira. O que você ainda está esperando? — Carolina gritou triunfante para Vitor, sua voz cheia de escárnio. Em seguida, ela disse com um sorriso de satisfação. — Mãe, você não está zangada. Vitor está apenas tentando se mostrar como um especialista diante de você e do papai, sem saber o que está fazendo.

— É, um homem que vive do sustento da esposa não vale a pena se preocupar. — Adicionou outro parente, rindo.

Os parentes zombaram de Vitor novamente. Gustavo estava animado, um sorriso malicioso em seu rosto.

— Vitor, venha aqui e peça desculpas.

Vitor olhou para Lorena com um sorriso irônico.

Ela sabia que a pintura era falsa, mas não queria expor Gustavo. Para ela, Vitor era apenas um marido mantido, enquanto Gustavo era o dono de uma empresa de construção, um cunhado com um futuro brilhante. Ela não poderia machucar a face de Gustavo por minha causa.

— Vitor, peça desculpas. — Camila, desanimada, falou com tristeza nos olhos.

— Ainda não pede desculpas? Você quer deixar os pais zangados? — Carolina humilhou com um tom de superioridade.

Vitor sorriu, um sorriso brilhante. Tantas pessoas o estavam intimidando. No passado, ele certamente baixaria a cabeça e pediria desculpas, mas agora não queria recuar mais. Recuar apenas permitiria que o outro lado obtivesse mais e também machucaria as pessoas ao seu redor.

A tensão estava no ar. Vitor sabia que aquele era um momento decisivo. Olhando diretamente para Lorena, ele se endireitou, sem intenção de recuar.

Vitor deu um passo à frente, levantou a mão e puxou um fio solto na tela de linho.

A pintura, avaliada em três milhões, foi destruída por Vitor num instante.

As expressões de Camila e dos outros mudaram drasticamente.

— Vitor, o que você está fazendo? — Gustavo, furioso, gritou, com os olhos arregalados de incredulidade. — Tá maluco?

Vitor ignorou os olhares de todos, puxou um fio fino e o jogou na mesa.

— Nylon! — Começou ele, sua voz era firme e segura. — Fibra sintética! Inventada em 1938! Um quadro de setecentos anos com nylon?

O silêncio dominou a sala. Todos ficaram boquiabertos.

Carolina soltou um grito, incrédula, com a boca aberta.

Eles queriam ver Vitor passar vergonha, mas ele deu um golpe brutal na cara deles.

Uma linha de nylon moderna numa pintura de setecentos anos? Até um idiota sabia que era impossível.

O rosto de Gustavo ardia de vergonha. A expressão de Lorena também estava sombria.

— Mesmo que essa pintura seja falsa, ainda é cem vezes melhor que seu Ginseng brasileiro. — Zombou Carolina, sua voz cheia de amargura e desdém. Vendo os parentes desprezarem seu marido, ela não se conteve e tirou a caixa de Vitor. Ela despejou o conteúdo na mesa com um estrondo. — Compramos uma pintura falsa, fomos enganados. No máximo, é uma falta de respeito. Mas você? Você trouxe Ginseng brasileiro de camelô, que pode matar alguém. — Carolina apontou para Vitor, gritando com raiva e desprezo. — Nosso presente é cem vezes melhor que o seu.

— Esse Ginseng brasileiro horrível, quer matar o papai? — Gustavo também acusou, cruzando os braços e lançando um olhar desafiador.

Todos olharam para o feio Ginseng brasileiro, criticando Vitor por sua má intenção. Camila puxou a manga de Vitor, seus olhos cheios de frustração.

— Vitor, peça desculpas para a mamãe.

Vitor não se desculpou, apenas apontou para o Ginseng brasileiro e disse:

— Papai, mamãe, vocês também acham que é de camelô?

Carlos examinou a raiz e, de repente, seus olhos se arregalaram de surpresa. Ele estava prestes a se levantar e falar, mas Lorena o puxou de volta, sua expressão determinada.

— Feio, vermelho e fedido. — Disse Lorena, encarando Vitor com frieza. — O que mais poderia ser além de camelô? — Lorena repreendeu Vitor duramente, sua voz cheia de fúria e decepção. —

No aniversário de seu pai, você dá isso a ele? Quer que ele morra cedo? Seu cunhado está certo, uma pintura falsa ainda é melhor que seu presente venenoso. — Ela defendeu Gustavo, lançando um olhar severo para Vitor.

O foco da fúria se voltou para Vitor. Camila olhou para Vitor, irritada, pensando que ele estava causando mais problemas e a envergonhando ainda mais.

— Ouviu isso? — Gustavo sorriu maliciosamente, seus olhos brilhando com prazer. — Idiota, tentando me envergonhar, mas quem está se humilhando é você.

— Meu presente é realmente lixo? — Vitor questionou, olhando para Lorena e Carlos, seus olhos fixos nos deles.

— O que mais seria? — Carolina respondeu friamente, um sorriso de desprezo em seu rosto. — Para mim, é pior que lixo.

Vitor estava desapontado com a família Marinho e não tentou mais ser educado. Ele quebrou o Ginseng brasileiro ao meio, deu uma grande mordida e, enquanto mastigava, ligou o celular e projetou uma notícia na tela.

[Hoje ao meio-dia, o Leilão de Tesouros Maravilhosos foi concluído com sucesso no Hotel Seabra na Cidade Z. Um raro Ginseng brasileiro da Montanha da Esperança foi vendido por um preço astronômico. A presidente do Grupo Cardoso, Fabiana Cardoso, arrematou o item por três milhões...]

Na tela, o apresentador mostrava a cena do leilão, exibindo o Ginseng brasileiro. Feio, vermelho, com uma forma de cabeça de dragão, exatamente igual ao que Vitor estava comendo. Até o código na caixa era o mesmo, 9981...

Ginseng brasileiro? Montanha da Esperança? Raro? Três milhões?

Todos ficaram completamente atônitos.

Lorena apertava suas roupas com força. Um intenso arrependimento tomou conta dela...

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