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Capítulo 4 Resgate após acidente

— Vitor! — Camila gritou ao ver a cena trágica, seu coração cheio de uma desesperança inefável. — O que aconteceu? O que você fez? — Perguntou, desesperada. — Você causou tantos acidentes, tantas vítimas. Como vai se responsabilizar por isso?

Ela soltou o cinto de segurança freneticamente e saiu do carro, acreditando que Vitor tinha avançado o sinal vermelho, provocando o descontrole do caminhão e desencadeando uma série de acidentes. Camila correu em direção ao epicentro do acidente, o coração acelerado e os olhos marejados de pavor.

Os pedestres e motoristas, chocados, começaram a reagir, correndo para o local. Muitas mulheres, ao verem o caos ensanguentado, não puderam conter um grito instintivo. Vitor também saiu do veículo.

Dezenas de feridos jaziam no chão, gemendo, com braços e pernas fraturados. O motorista do caminhão estava deitado em uma poça de sangue, tremendo, mas ainda respirando.

— Cecília! Cecília! — Um grito desesperado ecoou, atraindo a atenção de todos.

De um Audi blindado, uma mulher de roupas púrpuras, de beleza incomparável e coberta de sangue, se libertou. Ela ignorou seu próprio estado, apenas gritando em direção ao banco traseiro deformado, onde estava sua filha querida. A menina estava esmagada sob um SUV. A mulher de púrpura, com lágrimas por todo o rosto, empurrava desesperadamente o SUV.

Com um som alto, uma caixa preta com o código 9981 rolou descontroladamente pelo assento. A mulher de púrpura ignorou completamente a caixa, continuando a empurrar o SUV, seus olhos fixos no corpo inerte de sua filha.

— Pessoal, venham ajudar a salvar a criança! — Camila gritou correndo em direção a eles.

Mais de dez pessoas se juntaram, empurrando vigorosamente o SUV.

Vitor também queria se aproximar, mas de repente viu uma menina de sete ou oito anos à sua frente.

Cabeça de cuia, colar de cruz, vestido rosa, muito fofa. Mas a menina não sorria, seus olhos estavam vazios, caminhando rigidamente pelo meio do tumulto.

— Menina, não se perca. — O local estava lotado de pessoas, e Vitor estava preocupado que a menina se perdesse. — Onde estão seus pais? — Ele agarrou o pulso da garota, sentindo uma frieza indescritível em sua palma. A menina não respondeu, apenas olhou fixamente para longe.

— Saia do caminho! — Uma senhora de roupas vermelhas correu para o local e, vendo Vitor parado, berrou furiosamente. — Se você não vai ajudar, saia daqui! O que está fazendo no caminho?

Em seguida, ela deu um empurrão forte em Vitor, afastando-o. No próximo momento, ela passou pela menina como se ela não estivesse lá...

Vitor ficou totalmente estupefato. A senhora de roupas vermelhas não prestou atenção ao choque de Vitor, apenas cuspiu em sua direção.

Nesse momento, Camila olhou para trás e viu Vitor parado ali, com um misto de raiva e desapontamento no rosto. Ele não entendia que era sua imprudência que havia causado o acidente? Ele não vinha ajudar a salvar as pessoas para redimir-se, mas apenas ficava ali, assistindo ao espetáculo. Era um covarde, um covarde sem coração. Divórcio! Ela tinha que se divorciar! Camila perdeu toda a confiança em Vitor. Ele era uma lama que não podia ser erguida...

Nesse momento, o Audi foi puxado para fora, criando um espaço suficiente, e o corpo da menina foi exposto. Mas o rosto pálido como papel e o sangue por toda parte eram inquietantes.

Vitor olhou surpreso.

Sete ou oito anos? Cabeça de cuia? Colar de cruz? Vestido rosa? Ele olhou para a menina que estava sendo puxada para fora e para a menina que ele segurava, sentindo um arrepio que não pôde conter. Era a mesma pessoa! Então, Vitor sentiu a menina em sua mão tremer, sua forma se tornando borrada, como se o vento a levasse. Mais pessoas correram em frente a Vitor, passando diretamente pela menina. Sem impedimento algum! Vitor ficou totalmente estupefato. Em seguida, ele percebeu uma corda invisível puxando a menina para um lugar escuro.

— Não vá! — Vitor se agitou, segurando a sombra da menina. Seu instinto lhe dizia que, se ele não segurasse a sombra, a menina morreria completamente.

Nesse momento, a ambulância chegou, e os médicos e enfermeiros correram rapidamente para o lado do Audi. Um médico olhou para os olhos da menina, escutou seu pulso e coração, e fez outros exames. Em seguida, ele balançou a cabeça com um gesto de desesperança. Ao ver a expressão de desculpas do médico, a mulher de púrpura colapsou no chão, chorando:

— Salvem minha filha, por favor, salvem minha filha. Quem puder salvar minha filha, eu juro que trabalharei como uma escrava pelo resto da vida.

O desespero tomava conta da mulher de púrpura, enquanto suas lágrimas caíam incessantemente. Camila também chorava.

A menina bonitinha, realmente doce, havia partido. As outras pessoas, além de compaixão, também ficaram chocadas com a status social da mulher de púrpura.

Fabiana Cardoso, a fundadora do Grupo Cardoso, uma das mulheres mais poderosas da Cidade Z, com uma fortuna de bilhões. Obter um favor dela significava prosperidade. Infelizmente, Cecília estava muito ferida, e ninguém tinha a capacidade de voltar no tempo.

— Esperem um pouco! — Quando os profissionais de saúde estavam prestes a levar Cecília embora, Camila ouviu uma voz familiar.

— Ela ainda pode ser salva! — Vitor arrastou a sombra através da multidão, deu um chute na caixa preta no caminho e correu para a menina no chão, pressionando um ponto vital.

[Estado: Órgãos internos danificados, três costelas quebradas, sangramento interno, alma saindo do corpo... ]

[Causa: Acidente grave.

[Energia insuficiente, não é possível reparar tudo, pode usar Agulhas do Retorno à Vida para salvar...]

A luz branca de Jade da Vida e Morte só restava um pedaço. Não sabia como usar as Agulhas do Retorno à Vida, e ainda não tinha começado a estudar medicina. Como poderia salvar? Estudar medicina demoraria muito e a alma da menina já teria partido.

“Salve ela! Salve ela! Restaure sua alma!”, Vitor gritou internamente.

De repente, uma luz branca entrou no corpo da menina. O rosto dela ganhou um toque de vermelhidão.

— Menina, volte, volte rapidamente. — Vitor gritou ansiosamente.

A menina obedeceu e recostou, mas sua cabeça foi repelida, não conseguindo descer.

Vitor usou o Jade da Vida e Morte para bater na testa da menina, fazendo com que sua cabeça fosse para baixo. Ele claramente sentiu a menina tremer, como se estivesse se sobrepondo novamente.

— Vitor, o que você está fazendo na cabeça dela? — Nesse momento, Camila reagiu, gritando com raiva. — Você ainda acha que o desastre que causou não é grande o suficiente?

Ela estava cheia de repulsa por Vitor. Se não fosse por ele ter cruzado o sinal vermelho de repente, não teria havido esse acidente, e Cecília não teria morrido. Ela estendeu a mão para puxar Vitor, mas não conseguiu movê-lo.

— Rapaz, o que você está fazendo? A menina não tem mais esperança, não pode ser salva...

— Você está louco? O médico disse que ela não pode ser salva, o que ele está fazendo? Tentando se destacar?

— Esse rapaz estava assistindo ao acidente antes, agora aparece. Definitivamente quer se promover.

— Promoção até mesmo em acidentes? Ainda é humano?

Atrás dele, um grupo de espectadores também berrava para Vitor, com desprezo e desdém no rosto.

Fabiana perdeu completamente a razão.

— Não toque na minha filha... — Ela gritou e deu um tapa em Vitor. Um som alto, e Vitor ficou com a marca no rosto.

— Vá! — Vitor disse tremendo, com dor no rosto, mas não se importou. Ele pressionou com toda a força a cabeça da menina, não permitindo que ela voltasse a saltar. — Volte.

Nesse momento, a palma de Vitor ficou leve, o peito da menina se endireitou, ela cuspiu sangue... — Rápido, rápido... — Vitor gritou com voz urgente. — Salvem ela!

Os médicos e o público ficaram completamente chocados. Eles nunca pensaram que a menina, declarada morta pelo médico, voltasse a viver. Após um segundo de pausa, os profissionais de saúde começaram a agir para salvá-la, a situação ficou um pouco estável, e logo entraram em contato com o hospital para cirurgia.

Ela abraçou Vitor com tanta força que ele mal conseguia respirar. Fabiana, em sua histeria de alívio, não parava de chorar e murmurar agradecimentos entre soluços. Seus dedos tremiam enquanto seguravam as mãos de Vitor, como se ele fosse a única âncora de sua sanidade naquele momento caótico.

— Eu não sei como você fez isso, mas você salvou minha filha. — Disse Fabiana, os olhos brilhando de uma mistura de gratidão e confusão.

Vitor apenas assentiu, incapaz de encontrar palavras adequadas para explicar o que ele mesmo mal entendia. O Jade da Vida e Morte estava quente em sua mão, e ele sentiu um estranho conforto emanando dele.

Camila observava a cena com olhos arregalados. Ela estava incrédula. Quem era esse homem que parecia ter ressuscitado a menina? Era o mesmo Vitor que ela conhecia? Aquele que havia acabado de causar um terrível acidente? Seu coração estava dividido entre a raiva e uma nova e desconfortável admiração.

Fabiana subiu na ambulância, ainda abraçada à filha, e olhou para Vitor uma última vez antes de as portas se fecharem. Havia uma promessa silenciosa em seus olhos, uma dívida de gratidão que ela estava determinada a pagar.

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