Capítulo 2 Vingança
"Eu sou o Mestre Taichi. A partir de hoje, você será meu discípulo. Você receberá o Sutra Taichi e o Jade da Vida e Morte. Curará os doentes e ajudará a si mesmo e aos outros…"
Vitor sentia-se em um vazio etéreo, onde uma voz ancestral transmitia vasto conhecimento que inundava sua mente. Artes marciais, técnicas médicas misteriosas, métodos de acupuntura, ensinamentos de cultivo espiritual, tudo o atingia em ondas incessantes. Ele estava surpreso e ao mesmo tempo fascinado, sentindo-se pequeno diante da imensidão daquele saber.
Quando o Jade da Vida e Morte se fundiu com sua palma, Vitor não conseguiu conter um grito:
— Ahhh!
A dor era intensa, mas logo foi substituída por uma sensação de poder e clareza mental. Vitor acordou, encontrando-se no hospital, todo machucado. Ele tentou se lembrar do que havia acontecido e lembrou que foi espancado por um grupo e depois jogado na porta do bar. A dor em sua cabeça também confirmava isso. Mas o que mais o surpreendeu foi a clareza de seu sonho.
— Será que o sonho foi real? Isso é ridículo demais. — Murmurou Vitor, incrédulo.
Porém, ao fechar os olhos, ele ficou chocado. Em sua mente, havia o Sutra Taichi. O conhecimento estava gravado em sua mente de maneira clara e indelével.
— Esse sonho foi real demais?
Vitor ainda não acreditava, então abriu o Sutra Taichi em sua mente e começou a praticar conforme os ensinamentos. Se não houvesse resultado, o Jade da Vida e Morte e o Sutra Taichi seriam apenas uma piada. Mas a realidade deixou Vitor boquiaberto. Em menos de meia hora, ele sentiu uma pequena corrente de calor surgir em seu Dantian que referindo-se a centros de energia no corpo, sendo o mais importante localizado na área inferior do abdômen. Em seguida, essa corrente de calor percorreu seus membros e ossos, proporcionando uma sensação de conforto indescritível. Ao mesmo tempo, ele percebeu um símbolo de Taichi se formando em sua palma esquerda.
O Jade da Vida e Morte. O lado branco representava a vida, o lado negro, a morte. Cada lado tinha sete raios de luz, sombras tênues, mas claramente distintas.
Vitor achou que fosse algum tipo de mancha e tentou esfregar a palma na perna, mas o símbolo de Taichi continuava lá, e começou a girar.
De repente, uma informação surgiu em sua mente.
[Estado: Treze escoriações, danos de nível três nos órgãos internos, concussão leve. ]
[Causa: Espancamento violento.]
[Reparar ou destruir?]
Vitor ficou parado, perplexo. O que era aquilo? Instintivamente, ele deu o comando de reparação, e o Jade da Vida e Morte começou a girar. Em seguida, uma luz branca entrou no corpo de Vitor. Ele sentiu uma sensação estranha, como se suas veias estivessem aquecendo e suas células correndo freneticamente. Seus ossos começaram a estalar. Em pouco tempo, Vitor sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, e todas as dores desapareceram. As escoriações em seus braços e rosto também se curaram. Simultaneamente, a luz branca no Diagrama de Taichi diminuiu um pouco.
— Isso é incrível.
Vitor ficou eufórico. Ele tinha o poder de curar doenças com o Jade da Vida e Morte. Tudo aquilo que sonhava era real. Era um presente de Deus. Ele pulou da cama e correu para o quarto de sua mãe.
Ao vê-la, magra e de olhos fechados, Vitor colocou a mão esquerda sobre o estômago dela.
[Estado: Anemia, insuficiência cardíaca, cálculos biliares, tumor gástrico maligno.]
[Causa: Anos de trabalho excessivo, má alimentação, exposição ao frio.]
[Reparar ou destruir?]
— Reparar! — Exclamou Vitor, decidido e com o coração apertado ao ver sua mãe tão debilitada.
O Jade da Vida e Morte começou a girar novamente, e cinco raios de luz branca entraram no corpo da Renata. Instantaneamente, as células em seu corpo pareciam ter sido dotadas de uma nova vida, começando a se ativar, como um exército treinado realizando uma batalha silenciosa, com as células operando de maneira organizada na reparação e reconstrução. Em pouco tempo, Renata abriu os olhos, com uma expressão mais corada.
— Vitor, estou com fome...
Vitor chorou de alegria. Ele retirou a mão e percebeu que a luz branca no Jade da Vida e Morte havia diminuído significativamente. Ele não se preocupou em como recuperar essa luz por enquanto, tudo o que queria era cuidar bem da sua mãe.
Quinze minutos depois, ele voltou trazendo uma tigela de mingau de arroz. Com extrema delicadeza, ele alimentou Renata, que não conseguia esconder a surpresa: era a primeira vez em seis meses que sentia apetite no jantar. Após essa refeição inesperada, ele chamou a médica. Ao examinar Renata, ela não conseguiu esconder o choque estampado em seu rosto.
— Isso é impossível!
Renata estava curada. Determinada a sair do hospital, ela insistiu em voltar para casa. Além de evitar os custos hospitalares, ela queria sentir o ambiente familiar novamente. Vitor relutantemente concordou e começou a fazer os procedimentos de alta. Para sua surpresa, ele descobriu que havia um saldo de noventa mil e quinhentos reais em sua conta. Ao investigar, soube que alguém havia depositado cem mil reais no dia anterior. E a pessoa que fez isso foi Camila.
Seu coração se aqueceu ao perceber que Camila ainda se importava com ele. Ele deixou cinco mil reais para sua mãe e devolveu o restante para Camila. Quando saíram do hospital, quase foram atropelados por três carros luxuosos. Vitor gritou, furioso:
— Tá dirigindo como um maluco? Quer se matar, é?
— Vitor, deixa pra lá. — Renata tentou acalmá-lo.
Os carros pararam, e um jovem com um brinco desceu, gritando:
— Você ousa insultar o Sr. Rafael? Tá querendo morrer, seu desgraçado?
Rafael e Simone apareceram logo atrás.
— Ora, é o Vitor. Resistiu bem, hein? Já está fora do hospital? — Rafael se aproximou com um sorriso maldoso. — E sua mãe também teve alta? Sem dinheiro, vai esperar a morte em casa? Quer que eu patrocine um caixão de madeira pra vocês?
Os companheiros riram, seus olhos cheios de desprezo. Simone permaneceu fria, com uma expressão de desdém. A humildade e a súplica de Vitor no dia anterior a deixaram desinteressada. Ela olhou para ele como se fosse uma formiga.
— Rafael, se amaldiçoar minha mãe de novo, vai pagar caro. — Vitor ficou furioso, o sangue fervendo em suas veias.
— Pagar caro? Quem você pensa que é? — Rafael bateu o sapato no chão, exalando arrogância.
— Quem te deu coragem pra me desafiar?
— Não apanhou o suficiente ontem? — O jovem com brinco zombou.
As mulheres que os acompanhavam riram, tapando a boca.
— Ajoelha e pede desculpas que eu esqueço o que aconteceu. Caso contrário, vou mandar você e sua mãe pro necrotério. — Rafael provocou.
— Não passem dos limites. — Vitor disse, olhando para ele.
— E se passarmos? Vai fazer o quê? — Rafael soltou uma risada sarcástica.
Os homens de Rafael sacaram os cassetetes e começaram a cercar Vitor.
— Vitor, pare de se exibir e peça desculpas logo. Você não consegui enfrentar o Rafael. — Simone, impaciente, tentou apaziguar.
— Sr. Rafael, tudo pode ser resolvido com uma boa conversa! — Renata segurou Vitor, tentando protegê-lo, e sorriu para Rafael. — Sr. Rafael, eu já trabalhei na sua casa como empregada e conheço sua mãe. Por favor, dê-me um pouco de consideração e perdoe o Vitor. Ele é jovem e imprudente. Por favor, seja generoso e deixe-o em paz.
— Quem você pensa que é pra eu te dar consideração? Uma velha insignificante pedindo consideração? — Rafael riu e cuspiu em Renata.
Para qualquer pessoa, essa grosseria seria um insulto, mas Renata não ousava revidar, simplesmente seguia o fluxo. Humilhada, ridicularizada e intimidada, ela nunca se metia em confusões. Não por generosidade, mas pela dura realidade de que pessoas como ela não tinham escolha. Renata, resignada, não ousou reagir.
— Tratar minha mãe assim? Tá procurando a morte? — Vitor, furioso, tentou avançar, mas Renata o segurou.
— Vitor, pare de ser teimoso. Você não pode enfrentar o Rafael. Ajoelha e pede desculpas. Não é como se você já não tivesse feito isso antes. Pare de fingir. — Simone insistiu, frustrada.
— Pode deixar, eu nunca mais vou me ajoelhar. — Respondeu Vitor, firme, sua voz carregada de uma determinação que contrastava com a sua aparência desgastada.
— Sem minha ajuda, você poderia nem conseguir salvar sua própria vida. — Simone, irritada, com os olhos brilhando de raiva. Ela disse com uma ponta de arrogância, levantando ligeiramente o queixo.
— Cai fora! — Vitor rebateu, sem meias palavras.
— Rafael, não ligo mais para ele. Faça o que quiser. — Simone ficou pálida e disse, com um tom sombrio e cortante.
— Sr. Rafael, Vitor é impulsivo, por favor, peço sua compreensão. Garanto que ele não vai mais incomodá-lo. — Vendo a expressão ameaçadora nos olhos de Rafael, Renata rapidamente puxou a manga de Vitor, sua expressão uma mistura de medo e desespero, e implorou. — Vamos deixar isso para lá hoje, por favor. Não vale a pena...
Ela então tirou três mil reais do bolso e, curvando-se respeitosamente, os colocou no bolso de Rafael.
— Só uma pequena demonstração de boa vontade para o Sr. Rafael e seus amigos.
Rafael, sem aviso, deu um tapa no rosto de Renata. A bofetada ecoou pelo ambiente, fazendo todos ao redor estremecerem.
— Sr. Rafael... — Renata gritou de surpresa, seus olhos se enchendo de lágrimas.
Outro tapa, ainda mais violento, seguiu o primeiro. A brutalidade do ato fez com que o rosto de Renata se torcesse em um misto de dor e humilhação.
— Uma pessoa insignificante ousa pedir minha compreensão? — Rafael rosnou, a fúria em seus olhos tornando-se quase evidente.
Antes que Renata pudesse reagir, Rafael deu um chute, fazendo-a tropeçar para trás com um gemido de dor.
Nesse momento, a raiva de Vitor atingiu um ponto de ebulição. Sem pensar, ele se moveu rapidamente. Seu corpo estava tenso, e seus movimentos eram ágeis e precisos. Antes que Rafael pudesse reagir, Vitor o agarrou pelo pescoço, sua expressão uma máscara de fúria fria e calculada. Com um movimento rápido e poderoso, ele lançou Rafael contra a janela de um carro de luxo. O vidro estilhaçou com um estalo agudo, e a cabeça de Rafael foi atingida com força. O impacto foi brutal, e o sangue começou a escorrer.
Vitor não parou. Ele jogou Rafael no chão e, sem hesitar, quebrou seu braço com um chute forte.
O som do osso estourando foi um testemunho da força e da precisão de Vitor.
Um dos bandidos de Rafael hesitou por um segundo diante da cena de violência, correu em direção a Vitor.
Vitor, com uma agilidade impressionante, deu-lhe um tapa que o lançou cinco metros para trás. O homem caiu com o nariz e a boca sangrando, seu rosto contorcido em dor. Todos ao redor ficaram paralisados de choque. Ninguém esperava que Vitor fosse tão forte e implacável. Renata também estava incrédula, sua boca aberta em espanto.
— Venham todos juntos. — Vitor olhou para os outros bandidos com uma expressão desafiadora, seus olhos brilhando com uma intensidade feroz.
Os quatro bandidos, temendo a força implacável de Vitor, gritaram e avançaram. Vitor os dominou com uma velocidade e força surpreendentes, derrubando-os um a um com socos e chutes precisos. Cada golpe era meticulosamente calculado, e os quatro bandidos caíram no chão, machucados e com membros quebrados. Todos ao redor assistiam em choque, a cena se desenrolando diante de seus olhos incrédulos. Algumas garotas bonitas olhavam para Vitor com admiração inesperada, sem imaginar que alguém que haviam desprezado pudesse ser tão habilidoso na luta.
— Como isso é possível? — Simone murmurou, incapaz de aceitar o que estava vendo. A imagem de Vitor derrubando tantas pessoas desafiava sua percepção. Ela queria vê-lo implorar de joelhos, não dominar a situação com tanta facilidade.
Ao ver as expressões de espanto e até admiração das pessoas ao redor, Simone sentiu uma raiva intensa crescendo dentro de si. O Vitor que ela desprezou deveria ser um ninguém, como ele se tornou tão forte de repente? Será que ele tomou algum tipo de droga no hospital? Sim, deveria ser isso, de outra forma, ele não seria tão habilidoso. Era a única explicação que fazia sentido para ela, um mecanismo de defesa para lidar com o choque e a raiva.
Nesse momento, Vitor se aproximou lentamente de Rafael, que estava deitado no chão, com a expressão de dor e medo estampada no rosto. Rafael tentava se recompor, mas a força de Vitor era inabalável.
— Moleque, você ousa nos machucar? — Rafael tentou manter uma postura ameaçadora, mas a dor e o medo em seus olhos traíam sua coragem. — Você sabe quais consequências vai causar?
Antes que pudesse terminar a frase, Vitor deu um tapa a ele uma força que fez Rafael perder dois dentes. A boca de Rafael se encheu de sangue, e ele ficou com o rosto inchado e coberto de marcas.
— Diga-me, quais são as consequências? — Vitor agarrou seu pescoço novamente, sua mão apertando com uma força implacável.
— Vitor, chega! — Simone gritou furiosa, sua voz cortando o ar com uma intensidade desesperada. — Você já causou problemas demais. Pare agora ou vai se arrepender...
— Que problemas eu causei? — Vitor deu mais um tapa em Rafael, sua voz fria e desafiadora.
— Seu desgraçado! — Rafael gritou de raiva, sua voz tremendo com a mistura de dor e humilhação.
— Incapazes? — Vitor deu outro tapa.
Rafael, com o rosto inchado e cheio de ódio, não ousava revidar. A humilhação e o medo haviam dominado sua coragem.
— Você... — Simone estava furiosa, seu rosto vermelho de raiva.
Ela não conseguia aceitar a inversão de poder e a vergonha de ver Rafael sendo tão humilhado. Ela pensava que só Rafael poderia disciplinar Vitor, e não que Vitor tinha o direito de humilhar Rafael.
— Diga-me, quais são as consequências, que problemas? — Vitor deu tapinhas no rosto de Rafael, a crueldade em seus olhos visível. Cada toque era uma reafirmação de seu controle.
Rafael, cheio de ressentimento, finalmente mordeu os lábios e, com um tom derrotado, disse:
— O que preciso fazer para acalmar sua raiva? Hoje foi toda culpa minha.
Vitor, ainda segurando seu pescoço firmemente, exigiu:
— Bata no seu próprio rosto dez vezes, peça desculpas à minha mãe e compense-a, ou eu acabo com você.
— Vitor, já chega, já chega. — Renata, sentindo o peso da situação e a urgência de terminar o conflito, puxou a manga de Vitor com um gesto de súplica.
Rafael, olhando para Vitor com um medo inexplicável e evidente, percebeu que resistir apenas traria mais sofrimento. O frio nas mãos de Vitor e a intensidade do confronto eram claros sinais de que ele não estava brincando. Rafael sabia que continuar lutando só traria mais dor. Ele engoliu o orgulho, a sensação de derrota e medo pesando em seus ombros. Com um olhar derrotado, ele se voltou para Renata e, com dificuldade, disse:
— Renata, me desculpe...
Com um gesto de extrema humilhação, Rafael começou a bater no próprio rosto. Cada tapa era um som seco e agudo, ressoando em torno da praça como um testemunho de sua humilhação. Ele deu dez tapas, sua mão ficando vermelha e inchada com o impacto repetitivo.
Depois disso, ele tirou alguns milhares de reais. Com uma expressão resignada e desconsolada, ele entregou o dinheiro a Renata. Era uma tentativa desesperada de compensá-la, uma forma de aplacar sua culpa e tentar minimizar o dano causado.
Renata, embora preocupada, sentiu uma satisfação ao ouvir as desculpas.
Vitor, observando Rafael, percebeu o ódio latente nos olhos do rival. Rafael estava cheio de ressentimento, e Vitor sabia que a raiva de Rafael não havia desaparecido; ele planejava vingança. Sem hesitar, Vitor ativou o Jade da Vida e Morte.
Uma série de informações surgiram em sua mente.
[Estado: câncer de fígado em estágio inicial, vírus de prunus, braço quebrado.]
[Causa: excesso de álcool e drogas, espancamento...]
[Reparar ou destruir?]
Vitor, com uma frieza calculada, optou por destruir. A decisão foi tomada com uma clareza cruel, e a luz negra do Jade da Vida e Morte envolveu o corpo de Rafael. O impacto foi quase imediato.
Rafael gritou de dor, o som agudo cortando o ar enquanto seu corpo convulsionava. A expressão de dor em seu rosto se transformou em um contorcer desesperado. O câncer de fígado avançou rapidamente, e Rafael, com o rosto pálido e suado, começou a se debater no chão.
— Vá embora! — Vitor ordenou, a voz fria e impiedosa.
Rafael, agora com uma expressão de horror e dor indescritível, tentou se levantar, mas a dor era insuportável. Ele arrastou-se para longe, levando Simone e os outros com ele. O grupo saiu rapidamente, as expressões de choque e medo em seus rostos.
Vendo as costas de Rafael, Vitor percebeu que ele já era um homem morto.
Esse era o fim dele...