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Capítulo 1 Sob olhares de desprezo

O corredor do hospital estava repleto de pessoas, mas Vitor Santos estava sozinho, agachado em um canto, chorando descontroladamente. O som de suas lágrimas parecia ecoar na sua mente, amplificando a dor e o desespero que sentia.

— Sua mãe tem um tumor no estômago em estágio avançado. Se não pagarem imediatamente a cirurgia de cem mil reais, ela só tem um mês de vida. — Disse o médico com frieza, quase como se estivesse dando uma notícia rotineira.

A quantia exorbitante ressoava na cabeça de Vitor. Ele estava perdido. Seu pai adotivo, Eduardo Santos, desaparecia no mar há um ano, e sua mãe adotiva, Renata Silva, desmaiava devido ao tumor, precisando de internação urgente. Recém-formado, Vitor foi forçado a assumir a responsabilidade pela família, algo que nunca imaginava que aconteceria tão cedo.

Para tratar da doença de sua mãe, Vitor não só esgotou todas as economias da família, mas também contraiu todos os empréstimos bancários possíveis e chegou a se casar com Camila Marinho, tornando-se um marido dependente da família dela.

Na família Marinho, ele trabalhou incansavelmente, sacrificando sua dignidade para conseguir os cem mil reais. Mas esse dinheiro foi rapidamente consumido no hospital. Agora, Vitor só tinha um celular e dez reais no bolso.

— Ainda preciso de cem mil... — Murmurava ele, desesperado. Onde ele poderia conseguir essa quantia? Mas ele não podia assistir sua mãe morrer sem fazer nada. — Não, eu preciso conseguir esse dinheiro. — Disse Vitor, enxugando as lágrimas e levantando-se com determinação. — Não posso deixar minha mãe sofrer.

Ele decidiu deixar de lado o orgulho e pedir dinheiro emprestado. Cada passo que dava parecia mais pesado, mas ele não tinha escolha.

Ele se dirigiu à casa do seu tio, Alan Santos, esperando por alguma ajuda. A esposa dele, Amanda Santos, abriu a porta com uma expressão fechada. Seus olhos frios transmitiam desprezo.

— Tia Amanda, minha mãe precisa de uma cirurgia...

— Mais dinheiro? Já demos duzentos reais pra vocês e ainda não é suficiente? Sai daqui, não queremos parentes tão gananciosos como vocês... — Amanda falou com desdém, empurrando Vitor para fora e batendo a porta na sua cara.

Ouvindo aquelas palavras cruéis, Vitor sentiu o corpo todo tremer de raiva. Num ímpeto, socou a parede com força. Ele sabia que as pessoas podiam ser frias, mas não esperava tanta indiferença daqueles que haviam tomado a casa de seu pai.

Sem outra opção, ele foi pedir dinheiro a outros parentes, mas todos o rejeitaram. Eles até ameaçaram chamar a polícia se Vitor voltasse.

Desesperado, ele recebeu uma ligação do proprietário do apartamento, avisando que, se o aluguel não fosse pago em uma semana, despejaria o quarto da Renata. As empresas de empréstimo pela internet também continuavam a ligar, cobrando o dinheiro.

Sem escolha, Vitor ligou para sua esposa, Camila, que estava de férias nas Maldivas. O som das ondas ao fundo parecia zombar de sua situação desesperadora.

— Camila, eu preciso de dinheiro para a cirurgia da minha mãe. Pode me ajudar? — Implorou Vitor, com a voz embargada.

— Eu já cansei dessa história, Vitor. Cuide dos seus problemas sozinho! — Camila desligou na cara dele, irritada por ele pedir dinheiro.

Desesperado, depois de andar pelas ruas por horas, Vitor secou as lágrimas e entrou no Bar Zero Ice.

Era o bar da sua ex-namorada, Simone Lopes. Mais precisamente, era o bar que seu ex-amigo, Rafael Soares, financiou com cinco milhões para que Simone realizasse seu sonho. Claro, foi por causa desses cinco milhões que Simone deixou Vitor e foi para os braços de Rafael.

Bar Zero Ice se tornou um ponto de encontro popular para muitos filhos de famílias ricas na Cidade Z. Vitor também se tornou alvo de piadas.

Embora se sentisse humilhado por ir até lá, a necessidade de conseguir dinheiro para a cirurgia de sua mãe o forçou a entrar no Bar Zero Ice.

Dentro do bar, alguém tocava violão e cantava, criando um clima animado. O perfume caro no ar fez Vitor sentir-se deslocado. Ao entrar no salão, todos os olhares se voltaram para ele. Vitor também olhou para Rafael e Simone. Nos olhos de Rafael, viu arrogância e desprezo, mas nenhum sinal de culpa.

Simone vestia uma blusa decotada, exibindo a barriga lisa e branca, e um short curto. Sua pele clara, pernas longas e rosto bonito atraíam olhares, mas sua expressão fria e altiva intimidava qualquer um. Natália Dias, amiga de Simone, desceu de uma banqueta alta e disse com desdém:

— O que você está fazendo aqui, Vitor?

— Eu vim... — Vitor respondeu, tentando manter a calma.

— Não precisamos de faxineiros aqui. — Natália zombou. — Pode ir embora.

Ela sempre desprezou Vitor por ser pobre e foi quem incentivou Simone a ficar com Rafael.

— Eu não vim para limpar, eu vim...

— Água com limão custa vinte e oito reais, um coquetel custa cento e oitenta. Você pode pagar? — Natália riu com desdém. — Mesmo com a mesada que a família Marinho te dá, você não é bem-vindo aqui.

— Que azar encontrar você aqui, seu inútil. — Rafael cuspiu no chão.

Os outros riram.

— Eu... — Vitor tentou explicar, olhando para Simone. — Simone, podemos conversar lá fora?

Ele esperava manter um pouco de dignidade. Simone cruzou as pernas, os dedos dos pés brancos brilhando sob a luz. Sua expressão não mostrava emoção, mas o desprezo era evidente.

Rafael sorriu com malícia.

— Simone é minha namorada agora, você não pode simplesmente falar com ela. — Ele acariciou a perna da Simone de forma provocadora.

— Simone, eu realmente preciso falar com você. Vamos conversar lá fora, por favor. — Vitor disse, constrangido.

Simone olhou para ele sem responder, sua expressão era fria e arrogante, como se estivesse vendo uma criatura insignificante.

— Saia daqui, você me dá nojo. — Natália gritou impaciente. — Pare de estragar nossa noite.

Olhando para Simone, que não mostrava nenhum sinal de simpatia, Vitor se sentiu arrasado, mas insistiu:

— Simone, eu preciso pedir cem mil reais emprestados.

Os outros riram alto.

— Simone, por favor, me empreste cem mil reais. Eu prometo que vou devolver. Posso deixar meu RG, diploma, qualquer coisa com você...

— Cem mil? — Natália exclamou. — Vitor, você quer emprestar cem mil? Você não vale nem cem reais, como ousa pedir cem mil?

— Minha mãe precisa de uma cirurgia... Eu sei que é inesperado, mas eu realmente preciso desse dinheiro para salvar a vida dela. Por favor, eu te imploro. — Vitor tentou explicar para Simone.

Ele mostrou o prontuário médico da mãe, esperando que isso tocasse Simone. No entanto, Rafael zombou com um sorriso irônico:

— Seu pai desapareceu, sua casa foi tomada pelo seu tio, você mora de aluguel e vive às custas da sua esposa. Você não tem emprego, como vai pagar?

Desde que se formou, Vitor estava ocupado com a doença da mãe e ajudando a família Marinho, sem tempo para procurar um emprego.

— Depois da cirurgia da minha mãe, vou encontrar um emprego. Eu prometo que vou pagar. — Vitor se sentia humilhado, mas não tinha escolha. — Simone, por favor, eu preciso desse dinheiro para salvar a vida da minha mãe...

Naquele momento, Vitor se sentia tão humilde quanto um inseto.

— Nós não somos seus pais. Por que deveríamos nos importar se sua mãe precisa de dinheiro para uma cirurgia? — Natália zombou.

— Simone, por favor, me ajude. — Vitor implorou. — Eu prometo que vou pagar.

Todos olhavam para Simone. Com uma expressão fria, ela disse algo que fez Vitor congelar.

— Pedir dinheiro emprestado para mim? Isso é ridículo. A vida da sua mãe não me interessa. Você acha que ainda temos algum laço? — Ela riu com desprezo. — Pare de se iludir. Você acha que está no mesmo patamar que eu? Não passa de um Zé Ninguém tentando se comparar a um gigante.

Vitor olhou para Simone, incrédulo.

— Você não pertence ao nosso mundo. Meu dinheiro não é para você. Não temos nenhum vínculo. Lembra daquele jade que você me deu quando estávamos juntos? Você disse que ele me protegeria. Agora, vou devolver para você. Use-o para proteger sua mãe. — Simone tirou um jade de uma gaveta e jogou nas mãos de Vitor. — Saia daqui e não volte mais. Você não pertence a este lugar. Não nos incomode mais. — Sua voz era calma, mas suas palavras eram esmagadoras.

— Conheça seu lugar. — Natália empurrou Vitor. — Saia daqui, sua vira-lata.

Vitor estava desesperado.

— Eu posso te emprestar cem mil. — Rafael disse de repente.

— Sério? — Vitor ficou animado.

— Ajoelhe-se. — Rafael sorriu maliciosamente.

O sangue do Vitor ferveu, mas ele se acalmou rapidamente. A necessidade de salvar sua mãe superava qualquer orgulho que ainda pudesse ter. Ele olhou ao redor, sentindo os olhares de desprezo e zombaria fixos nele. Era como se o tempo tivesse parado, e cada segundo fosse um golpe em sua dignidade.

Ele se ajoelhou. O joelho doía, mas seu coração doía mais. Para salvar sua mãe, ele estava disposto a tudo. Ele sentia uma mistura de vergonha e raiva, mas a visão de sua mãe em um leito de hospital dava a força a ele para continuar.

Natália e os outros riram, incrédulos que Vitor, conhecido por ser orgulhoso, agora estava ajoelhado diante deles. Alguns pegaram seus celulares para filmar a cena, tornando-a viral na internet.

— Homens sem dignidade. — Simone ergueu o queixo alvo, como uma princesa orgulhosa, com um desprezo ainda mais acentuado.

Rafael foi ao banheiro, voltou com um copo na mão, cheio de um líquido amarelo, e o colocou na frente de Vitor com um som alto.

— Beba isso de joelhos. — Rafael jogou um cartão de crédito. — Vou te emprestar cem mil.

Olhando para o copo de líquido, Vitor ficou surpreso por um momento, depois ficou furioso:

— Isso é urina! Seu desgraçado! — Gritou Vitor, a voz embargada de indignação e desespero.

Rafael sorriu, um sorriso frio e cruel.

— Então, você não quer o dinheiro? — Perguntou ele, com os olhos brilhando de malícia.

— Isso é demais. — Vitor jogou o copo de volta.

Simone e suas amigas gritavam histéricas, todas completamente descompostas.

— Batam nele, deem uma lição! — Rafael, furioso, deu uma ordem imediata.

Vitor se virou e correu. Sete ou oito homens jovens e fortes correram em cima dele ao mesmo tempo. Com dois punhos, Vitor não conseguiu contra eles e logo foi ao chão. Encostado na parede, ele usou as mãos para proteger a cabeça. Seus braços estavam dormentes, agindo apenas por instinto ao proteger a cabeça. Embora a cabeça estivesse protegida, o resto do corpo não estava, e após alguns socos pesados, Vitor começou a sangrar.

Simone e Natália estavam eufóricas. Para elas, a reação de Vitor era uma afronta, e ele merecia totalmente o que estava acontecendo.

— Um verdadeiro verme! — Rafael pisou na cabeça de Vitor.

As mãos que protegiam a cabeça de Vitor finalmente cederam, e ele deslizou desamparado pela parede até cair no chão. Ele perdeu a consciência. Um filete de sangue escorreu de sua palma, infiltrando-se no antigo Jade Taichi...

Um brilho breve cintilou e desapareceu.

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