Capítulo 5
-Avistamento rejeitado. Bellatrix é uma estrela e faz parte de Orion! -
Ele ficou de pé de um salto, brandindo o lápis como se fosse uma varinha mágica.
-Gneh gneh. “Avada Kedavra!” ele exclamou, jogando o lápis para mim.
-Crucio!- puxei-o pela perna fazendo-o cair no chão.
“Eu desisto... eu desisto.” Ele improvisou uma falsa careta de dor que me fez cair na gargalhada.
-Mesmo que minha conta fosse mais poderosa que a sua. Agora exijo que você se finja de morto! Não há como escapar de Avada Kedavra!- Ele continuou me prendendo no chão.
"Então me considere a garota que sobreviveu", respondi, mostrando a língua.
-É inútil, você não pode vencer contra você.-
-Já era hora de você notar.-
Ele caiu no chão novamente, derrotado, e eu descansei a cabeça em seu ombro, aproveitando um pouco mais o céu estrelado.
-Ok, preciso que os meninos entrem na sala de gravação da base. Então você entrará Nicole, através do texto.-
Os caras estavam um pouco nervosos, primeiro gravamos nossas próprias músicas e depois as fornecidas pela gravadora.
Continuei meus exercícios para a voz, ela estava fraca e isso me preocupou, pois logo seria a minha vez.
Vi Brooke se aproximando com uma pasta na mão e um ar profissional.
-Nicole, Nathan me disse para sugerir que você fizesse abdominais em casa ou durante os intervalos.-
Abri os olhos em confusão.
-E por que eu deveria fazer isso?-
-Diz que melhora o poder da sua voz e permite que você fique mais calmo ao cantar ao vivo.-
-Ah, eu não sabia disso.-
Eu era muito ruim nos exercícios, mesmo que fossem só abdominais, já me imaginava deitado no chão da Garagem enquanto os meninos riam de mim e quase comecei a rir na frente da Brooke.
Sim, é novo para mim também. De qualquer forma, estou curioso para ouvir como você canta.-
-Estou curioso para saber se poderei cantar hoje. Você sabe, estou com alguns problemas técnicos.- Toquei minha garganta tentando pigarrear várias vezes.
-Sabe, na escola você é uma espécie de mito.-
Foi estranho ouvir falar de Dalton, uma escola que não foi capaz de me ensinar nenhum valor, a não ser me deixar com vergonha de mim mesmo.
-Você é falado quase todos os dias no site da escola, às vezes até é usado como termo de comparação como -Uma reviravolta digna de Nicole McCartney-.-
Contive uma risada, desde que saí nunca imaginei o impacto que isso teria nos outros, principalmente depois de ser tão conhecido na escola.
-Aparentemente você lançou uma nova tendência.- Brooke continuou rindo, como se todo o ressentimento que sentiu durante esse último ano de escola fosse uma lembrança distante.
Eu vi Carter, Ryan, Sam e Jody tirarem seus instrumentos da sala de gravação, eles já estavam prontos.
-É normal sentir ansiedade na primeira vez. Não deixe isso bloquear sua voz.-
-Obrigado Brooke.-
-Nicole? É a sua vez.-
Levantei tentando não dar peso ao nervosismo, concentrando-me apenas na música e na preparação das cordas vocais.
Entrei na sala à prova de som, Nathan estava atrás do vidro e falou comigo através de um microfone.
-Ok Nicole, coloque os fones e chegue perto do microfone, depois saia da base.-
A base saiu e para me ajudar imaginei que estava sozinho, sem microfone na minha frente, sem Nathan me ouvindo, completamente sozinho.
Tudo pareceu correr bem, arranhei bastante o refrão e acertei perfeitamente até no grito final.
Dei um suspiro de alívio no final da música e tossi levemente, o que presumi ser resultado de forçar demais minha voz.
-Perfeito, realmente perfeito. Embora eu não tenha gostado da maneira como você esticou suas pobres cordas vocais. Tente mantê-los em repouso até amanhã.-
Balancei a cabeça, sentindo um pouco da ansiedade desaparecer.
Me peguei pensando que mal posso esperar para terminar os compromissos do dia de trabalho, foi muito estranho porque desde que entrei na banda eu estava sempre contando os minutos entre mim e as apresentações.
Agora minha mente era escrava de distrações constantes, Dan.
Foi como se tivéssemos criado um pequeno mundo invisível feito de poesia e literatura, os momentos passados com ele me confortaram e me recarregaram para enfrentar o resto.
Nenhum de nós tinha segundas intenções, ambos nos beneficiávamos da presença um do outro, esperando ansiosamente para cumprir os compromissos do dia para nossas reuniões noturnas.
Fiquei com ciúmes daqueles momentos, a ponto de não falar deles com alma viva, isso significaria arruinar um pouco da magia.
Física Quântica quase finalizada por hoje :)
Também estamos prestes a terminar.
Espere.
Foi difícil tentar não sorrir com as mensagens, na verdade me afastei do resto dos caras para que eles não me vissem.
-Não sei cara, por que você não pergunta ao nosso cantor? Ah, e já que está nisso, certifique-se de trazê-la de volta à terra, obrigado.-
Sam levantou a voz propositalmente para chamar minha atenção, e eu sabia que era hora de guardar o telefone.
“Você concorda, Nick?” Carter perguntou.
-Eh, o que?-
Ele e Sam passaram a mão na testa, exasperados, Ryan, em vez disso, manteve o olhar fixo no bolso da minha calça jeans onde eu havia colocado meu celular.
- Desculpe, me distraí. O que ele estava falando?
-Demos uma olhada nos repertórios das músicas preparadas por eles.- Nathan e outros técnicos ainda fechados na sala de gravação indicada pela mão.
“E em uma música estou programado para fazer um dueto com Ryan,” Carter continuou, olhando para mim com o canto do olho.
-E qual seria o problema?- perguntei confuso.
-Que Ryan não quer cantar.-
-Bem, então diga ao Ryan que esta não é a Allen Company e que ele não pode fazer o que quiser.-
Eu estava amargo, tinha consciência disso. Eu ficava exaltado toda vez que ele era citado em uma discussão, a minha era uma raiva irracional, ditada pela consciência de não conseguir me aproximar dele mais do que o necessário.
“Não seja egoísta”, Kayla disse e ela não seria, tentando me afastar dele o máximo possível.
O garoto na minha frente cerrou os punhos, eu vi
Seus músculos se contraíram, mas nenhum som saiu de sua boca, voltando para a sala de gravação com seu violão, para gravar o solo.
-Tudo bem pessoal, tenho novidades para vocês-
Brooke estava conversando com Nathan e voltou para transmitir o que tinha a dizer.
-O diretor me disse que se você conseguir gravar músicas suficientes para um álbum, podemos conversar sobre uma primeira turnê.-
-O quê?!- Carter e eu gritamos em coro.
-Bem, supondo que o primeiro impacto com o público seja obviamente bom, mas Nath não tem dúvidas de que você vai ter sucesso com o primeiro álbum.-
Foi um absurdo, eu não teria aguentado uma única etapa de uma turnê sem um mínimo de preparação, não sabia se ficava feliz ou com medo.
-Nicole! Volte para dentro! Lamento informar que ainda não terminamos com você.-
Fui forçado a forçar os vocais de outras três músicas não incluídas na programação do dia.
Nathan era de opinião que adiar o cronograma poderia nos render algumas aparições na televisão ou no rádio.
Então, passamos a tarde toda e parte da noite naquele estúdio, minha coluna estava quebrada.
Levantei-me para ir ao banheiro durante o intervalo, fechei a porta do escritório atrás de mim e saí para o corredor, esperando não me perder.
Depois de menos de dois passos, ouvi a porta abrir e fechar atrás de mim e um aperto forte em meu braço me empurrou de lado para o primeiro quarto vazio ao lado do escritório.
-Você está louco?! O que você quer?-
Ryan fechou a porta e caminhou até mim, sentado na mesa perto da janela, ele ficou na minha frente com as mãos apoiadas na beirada da mesa.
As veias ao longo de seus braços, típicas de quando ele estava lutando para conter sua raiva, desviei o olhar de seu corpo.
-Eu quero fazer o dueto com você.-
-É bom saber.- Não entendi para onde estava indo.
-Quero subir no palco com você, te acalmar nos bastidores, quero te beijar na frente de todo mundo, passar a noite com você, foder e conversar sobre o próximo show.-
Suas palavras teriam soado doces na boca de outra pessoa, mas ele as cuspia como veneno, como substâncias de gosto ruim e difíceis de digerir.
-Por que você está me contando tudo isso?-
Ele agarrou meu braço com raiva, me puxando para mais perto dele.
-Porque não suporto ver você de longe, sorrindo com as mensagens de outra pessoa.-
Afastei-me dele, sorrindo instintivamente diante do absurdo do discurso.
-Claro, agora está tudo claro.-
Senti a raiva crescer e queimar dentro de mim.
-Você não suporta a ideia de que minha vida possa continuar sem você, você não suporta me ver feliz quando faz todo o possível para me destruir.-
Ele se levantou vindo em minha direção, eu recuava a cada passo dele, me encontrando em pouco tempo com as costas encostadas na parede.
Ele estendeu a mão para mim, encostando-se na parede com os braços, prendendo-me debaixo dele.
-É isso que você acha? O que eu quero destruir você?
Senti minha raiva vacilar, tentei não me concentrar na veia de seu pescoço, no músculo contraído de sua mandíbula, no perfume amaldiçoado que cada parte dele exalava.
-Não seja egoísta-
-É para o seu próprio bem-
Libertei-me da armadilha do seu corpo, reunindo a concentração necessária para responder, mas permaneci em silêncio.
-Você está realmente feliz sem mim?-
-Que outra opção eu tenho?-
Estendo os braços apontando para tudo ao meu redor.
-Você gostaria de me ver chorar? O que permanece esperando por você durante toda a sua vida? O mundo não gira em torno de você, Ryan.-
“Há outro”, ele hipotetizou.
Seu tom era neutro, ele encostou-se na parede cruzando os braços, um claro sinal de desafio.
-Quem é o gênio que conseguiu despertar o interesse de Nicole McCartney?-
Apareceu em seus lábios aquele sorriso zombeteiro que ele não me dava há muito tempo, aquele sorriso que me transportou no tempo para os dias que passavam entre a chantagem e a humilhação.
Eu recuei novamente.
-Vá para o inferno, Ryan.-
Corri em direção à porta, para longe do quarto, contando os minutos que me separavam de sair daquele escritório para terminar o dia.
Algumas coisas, uma vez que você as ama, tornam-se suas para sempre. E se você tentar deixá-los ir, eles simplesmente se virarão e voltarão para você. Eles se tornam parte de você…-