CAPÍTULO 04
ALEJANDRO
EU FUI ENSINADO COMO disparar uma arma quando tinha somente três anos. Senti na própria pele qual era o preço por ter sentimentos que só levam o homem ao fracasso. Meu pai, ao colocar aquele ferro escaldante no meu peito, não só me deu uma grande lição como aquela dor física que penetrou em minha alma, fazendo o meu coração endurecer para esconder qualquer emoção, como também me sentir como se nunca tivesse existido um em meu corpo.
Foram anos de treinamentos, anos de muita dor, até me tornar o que sou. Mas, eu passaria novamente por tudo aquilo, pois a vida que eu levo, era uma para ser invejada e muitos homens fariam de tudo para ter tudo àquilo que conquistei ao longo dos anos.
Muito mais que bens materiais e de ser temido, eu me tornei o maior líder que a Dallas Crime Family já teve. O homem que me deu a vida sempre será lembrado, pois a sua escolha em deixar a capital do estado, e, vir para Fredericksburg, foi uma jogada de mestre. Longe de todas as autoridades, foi fácil expandir o narcotráfico por diversos territórios, me tornando o maior criminoso da história do Texas.
Os dias se passaram desde o ocorrido onde enfim aquela vadia, que vinha me roubando está sob os meus domínios. Seus gritos e todo o medo espelhado em seus olhos deixaram os meus demônios internos em puro êxtase, ainda mais ao ver tamanho desespero. No entanto, jamais pensei que era uma mulher a responsável por tanto prejuízo.
Eu me questionei rigorosamente o motivo de não ter deixado que os cachorros terminassem com o serviço. Sempre me alegrei ao ver os malditos implorar por suas vidas, apavorados ao saberem que para sempre iriam carregar a marca dos Casillas, cravadas em sua carne, mas ali diante daquela aparência frágil, eu percebi que a morte seria muito boa para aquela ladra e vê-la sucumbir dia após dia, ia me proporcionar muito mais prazer.
Iria unir o útil ao agradável, já que sua beleza era estonteante e vivendo tão isolados, ela teria mais utilidade viva do que morta, afinal, com alguém para satisfazer esse bando de homens, eles ficariam mais revigorados e determinados a fazer bem o seu trabalho.
Afasto os pensamentos e com passos precisos saio do cômodo. Era chegada a hora de ela começar a pagar com juros, tudo que me deve.
EMMA
— Chegou a hora , de começa a pagar o que me deve.
Meus olhos se arregalaram e suas palavras fizeram um embrulho se formar em meu estômago. Eu engoli com dificuldade ao ver sua expressão sádica, me dando a confirmação do que estava prestes a acontecer. Nossos olhos travaram um no outro, enquanto um estranho silêncio encheu o banheiro e os únicos sons que eu podia ouvir, eram os batimentos cardíacos e os pensamentos que passavam por minha mente.
Mas, logo o repouso deu lugar a um ruído alto, tamanho foi o meu susto quando um de seus braços musculosos enlaçou minha cintura, me puxando para mais perto. Aprisionando o meu corpo, enquanto esfregava o grande volume que havia dentro da sua calça contra a minha barriga.
— Vamos ver se suas habilidades na cama são tão boas como as de uma larápia.
No momento que o som da sua voz ressoou no ambiente, eu enfim saí do estado catatônico em que me encontrava. Comecei a gritar e a me debater, tentando escapar da sua posse. Mas, o brutamonte ergueu-me com facilidade do chão para me colocar em seu ombro, como se eu fosse um saco de batatas. Logo em seguida começou a caminhar e sabendo qual eram suas intenções, eu não hesitei e cravei meus dentes em sua carne.
Um gemido fraco saiu pela sua boca e para minha surpresa, ele parou. Senti o meu corpo sendo puxado e minha boca deixando a sua carne, ele me colocou de pé novamente e a minha felicidade só durou uma fração de segundo, pois senti o ar sendo retirado de mim, quando ele deu um soco no meu rosto, fazendo-me ajoelhar em meio à dor. Comecei a tossi, cuspindo um bocado de sangue no chão.
Mesmo com a visão embaçada, levantei a cabeça e vi seus olhos brilhar de uma forma demoníaca, num rosto completamente transfigurado. Ele se agachou e segurou firme em meu queixo.
— Da próxima vez sua puta, que se atrever a fazer isso, eu irei fazer você conhecer o inferno em vida, antes de arrancar o seu coração.
O demônio estava possuído, pois dava para ver pelo jeito como as veias grossas em volta da sua garganta se contraíam. Ele se levantou e sem me dar tempo de defesa, levou uma de suas mãos de encontro a minha cabeça e seus dedos se enroscaram em volta dos meus cabelos, então saiu me puxando.
Gritos e mais gritos ecoaram nos quatro cantos do recinto. E, quando ele se aproximou da cama, parou e num piscar de olhos o monstro me tirou do chão e meu corpo foi lançado em cima da cama. O pânico tomou conta de mim no instante que ele começou a retirar suas roupas e quando eu tentei me levantar, ouvi o barulho do estalar do cinto reverberando no ar e em seguida o golpe foi certeiro em minha barriga.
Eu não sei se passaram segundos ou minutos, eu estava gemendo em meio à dor e quando percebi, ele já estava em cima de mim. Suas coxas me forçaram a abrir minhas pernas ao máximo, logo senti o toque quente da imensa cabeça do seu membro próximo a minha fenda intocável. No desespero, comecei a espernear, porém o peso esmagador dele estava me sufocando.
Algum tempo depois...
Tudo que eu queria era sair correndo daqui desse lugar e chegar até a minha casa. No entanto, assim que abri os meus olhos, me deparei com o homem que havia violado o meu corpo e roubado a minha inocência com o olhar fixo em mim. Ele estava travado, não desviou seu olhar dos meus, mas desta vez, era como se houvesse algo diferente dentro das órbitas diabólicas.
Capítulo 06
México
DÁRIO
A RAIVA ME ENFURECE como fogo ardente. Depois de meses sondando os passos do infeliz, eu vi a oportunidade perfeita para acabar de vez com aquele desgraçado. No entanto, mais uma vez a emboscada que tinha tudo para ter êxito total, foi reduzida ao fracasso.
Ao lado do meu pai, consegui o respeito e a admiração dos membros da nossa organização, e, devido ao seu estado de saúde, acabei me tornando o chefe da máfia mexicana. Um longo caminho a percorrer, mas tudo estava saindo como planejei, até que Alejandro Casillas se tornou o maior obstáculo no meu caminho.
O maldito conquistou muito mais do que qualquer outro no meio em que vivemos e atuamos. Praticamente isolado, conseguiu comandar o maior narcotráfico internacional e se infiltrar entre os territórios mais fortes, como se fosse uma erva daninha. Ao contrário do meu pai e de todos os outros que já tentaram exterminar os Casillas, eu, Dário González, darei até a minha alma ao diabo para ver o fim daquele miserável.