CAPITULO 03
LUANA
PETRIFICADA!!!!
Meu coração estava batendo próximo a minha garganta, funcionando cada vez com mais dificuldade, enquanto meus pulmões lutavam para captar o máximo de ar. Tremores tomaram conta de todo o meu corpo ao ouvir os gritos ensurdecedores da minha irmã, que ressoavam no espaço.
Meu rosto estava banhado pelas lágrimas grossas que desciam abundantemente. Eu tentei me concentrar e não perder o foco, mas, as lágrimas atrapalhavam minha visão. Mesmo através dos arbustos, dava para ver todo o cenário que se formou a alguns metros de distância e por mais que eu quisesse ir ao encontro dela, meu corpo todo estava pesado e as lembranças do passado me impediam de sair do lugar em que estava.
Eu prometi a ela que se isso viesse a acontecer, qualquer uma de nós duas colocaria os nossos pais em primeiro lugar, nem que para isso tivéssemos que desistir da nossa própria vida. No entanto, meu coração estava dilacerado e quanto mais eu escutava os seus gritos, a minha vontade em quebrar a promessa que eu tinha feito se tornava ainda maior.
Aqueles três monstros de quatro patas estavam prestes a estraçalhar o corpo daquela que além de irmã e amiga, sempre foi o meu porto seguro e embora sendo cinco anos mais nova, Emma, era dona de uma perseverança e determinação como eu nunca tinha visto antes.
Minha doce irmãzinha que em meio à vida de tristezas e obstáculos, se mostrou a mais forte da nossa família, eu não podia deixar que ela tivesse um destino tão cruel. Passei as mãos no meu rosto e meu olhar varreu ao meu redor em busca de algo que pudesse usar para atingir aqueles demônios. E quando enfim avistei um pedaço de madeira, com ele em mãos, no momento que ia sair do meu esconderijo, novamente o meu corpo foi envolvido por calafrios. Meu coração disparou e o pânico tomou conta de mim quando meu olhar foi de encontro à figura do homem que eu jamais esqueceria.
Eu tentei avançar, mas era como se meus pés tivessem sido colados no chão e por mais que eu tentasse seguir em frente, não consegui. Sem desviar o olhar, fiquei observando cada movimento seu, já não escutava mais os ruídos da minha irmã e os cachorros acabaram se afastando, me fazendo respirar aliviada por uma fração de segundo.
Um silêncio ensurdecedor tomou conta da atmosfera perigosa do lugar e no momento que novamente ouvi um grito estrangulado escapando de sua boca, eu gelei, porém o homem a pegou nos braços, enquanto Emma não parava de se debater e gritar. Não sei se era por medo ou dor, pois a minha irmã estava muito machucada. Os caninos saíram correndo em direção as videiras e esse era o momento certo para eu fazer alguma coisa por ela, mas quando consegui mover minhas pernas, mais três homens surgiram no meu campo de visão e diante dos fatos, nós duas não teríamos chance alguma de escapar.
Emma, a certa altura, já não gritava mais e tudo indicava que havia desfalecido. Instantes depois, eles desapareceram, assim como os cachorros. Todavia, as minhas esperanças foram renovadas, pois se o homem que sempre consideramos como o próprio demônio em forma humana, a deixou viva, eu daria um jeito de ir ao encontro da minha irmã.
Uma vez ela deixou o medo de lado e o desespero e acabou salvando a minha vida e desta vez, não importa o que eu tenha que fazer, eu irei ajudar minha irmã a sair do lugar que tem o nome de Senhor dos céus. Quando na verdade deveria ser o senhor dos infernos, pois lá vive o próprio capeta.
Três dias depois...
EMMA
— Mãe... Pai... Luana! Não! Não! Eu preciso correr, se afastem de mim. Não! Está doendo, por favor. Nãoooooooooo!
Acordo em um sobressalto. Minha respiração acelerada. Sinto o rosto e o corpo banhados de suor, as gotas ultrapassavam as minhas sobrancelhas espessas e turvam a minha visão. Desorientada, sentei-me na cama e meu corpo todo começou a tremer.
Meu olhar circulou pelo ambiente ao meu redor, me dando a confirmação de que tudo não havia sido um sonho ruim como pensei. Eu realmente estava longe de casa e mais uma vez acordei nesse lugar. Ainda me lembro de cada golpe daqueles cães raivosos contra a minha carne, do pânico que tomou conta de mim ao estar frente a frente com o meu pior pesadelo. E quando um sorriso diabólico surgiu em sua face, ele de imediato retirou sua mão do meu pescoço e com agilidade seus braços envolveram o meu corpo machucado.
Dor e medo se misturaram, assim como ruídos altos saiam da minha boca, porém, as dores estavam insuportáveis e as lembranças dele levando aquele objeto escaldante em direção ao peito daquele homem, demonstrando satisfação ao infringir tamanho sofrimento, só fizeram um medo descomunal me envolver por inteira e ao contrário de anos atrás, onde eu acabei fazendo xixi na própria roupa, senti que algo estava me puxando em direção a um lugar que eu jamais desejei ir, e, tudo se dissolveu em uma escuridão sem fim.
Quando voltei ao meu estado de lucidez, estava com muito calor. Meu corpo parecia uma fornalha de tão quente, me sentia muito fraca e com dores terríveis. Desde a minha barriga até as minhas pernas. Uma senhora surgiu em minha frente e começou a limpar os meus ferimentos, mas não conseguia me concentrar para ouvir e entender suas palavras e novamente me entreguei à escuridão.
Desde então se passaram três dias que estou nesse lugar. Com o passar do tempo, comecei a me sentir melhor e aquela sensação de fraqueza desapareceu, graças aos cuidados que a mulher, que descobri se chamar Simone, teve para comigo, no entanto, o medo cru e agudo apoderou-se de todo o meu ser assim que aquele homem alto que estava vestido semelhante a primeira vez que o vi, entrou no quarto. Seu corpo emanava uma energia poderosa e maligna, que fez um calafrio atravessar a minha espinha e congelar até os meus ossos.
Ele disse que em breve eu ia começar a pagar por tudo que havia roubado. Deixo os meus pensamentos de lado, me levantei e peguei a roupa limpa que a mulher que vem me ajudando, trouxe no dia anterior. Dei alguns passos em direção ao banheiro. Assim que entrei no cômodo, tiro minhas roupas e fito meu reflexo pálido no espelho. Meu corpo ainda estava com hematomas causados pelas mordidas, pois as marcas das presas daqueles monstros que rasgaram a minha pele, por mais tempo que passe, as sequelas ficarão visíveis para sempre.
Permaneci com o olhar fixo na minha imagem e foi inevitável não deixar as lágrimas caírem e lembrar que não muito longe daqui, estão aqueles que eu tanto amo. Por mais que esteja presa nesse lugar, eu soube pela dona Simone, que estavam comentando como uma ladra como eu, sozinha conseguiu por tanto tempo despistar todos e se não fosse pelos cachorros, certamente eles não teriam me alcançado.
Suas palavras trouxeram uma calmaria enorme ao meu coração, por saber que Luana estava em segurança. E, agora que já estou melhor, nem mesmo aquele homem cruel será capaz de me manter aqui.
Minutos depois de fazer minha higiene matinal, caminhei em direção ao box e deixei que a água morna que escorria pela minha pele, levasse embora pelo ralo toda a tristeza, pois eu preciso ser forte já que farei de tudo para fugir. De banho tomado, deixei o pequeno ambiente e enrolei a toalha em volta do meu corpo, quando me aproximei da minha roupa, puxei o tecido em volta da minha pele e comecei a me secar, no entanto, tive um sobressalto quando a porta foi aberta bruscamente e quase cai dura com a imagem a minha frente.
Seus olhos percorreram toda a extensão do meu corpo e pararam por um bom tempo nos meus seios descobertos, até ficarem fixos na direção da minha vagina. Eu não consegui me mexer, minha respiração acelerava a cada segundo que se passava e quando ele veio em minha direção, meu cérebro começou a reagir, mas já era tarde demais, pois ele havia acabado com a pouca distância que nos separava e assim que parou em minha frente, sua voz horripilante ecoou no espaço, abalando todas as minhas estruturas.
— Chegou a hora vadia, de começar a pagar o que me deve.