Capítulo 7
Gustavo
— Vou conseguir, cara, ela tá na minha.
— Não sei não, acho que você tá perdendo o jeito com as garotas.
— Ela ainda vai ser a minha namorada, escreva o que eu estou te falando.
— Se você está dizendo, quem sou eu pra não acreditar?
— Ela anotou o número dela aqui no meu braço, as garotas só fazem isso quando estão muito afim.
— Tá legal, só cuidado com ela, deu pra ver que ela é do tipo que tem que ir com calma.
— Sabe com quem você está falando? Com o Guga, deixa tudo comigo.
— Você tem uma grande desculpa pra ir atrás dela, caso ela não atenda você.
— Eu sei, o destino sorriu para mim.
(...)
Sempre fui bastante empenhado em conseguir o que eu quero, isso infelizmente nunca precisei por em prática quando o assunto é conquistar uma mulher. Qualquer uma que eu quisesse se rendia ao meu primeiro sorriso, ou até mesmo tomavam a primeira atitude.
Com a Ana eu sabia que seria diferente no momento em que ela desviou o olhar de mim, por mais que ela esteja à fim, não vai facilitar pra mim não porque ela gosta de fazer joguinhos, mas porque ela não tem experiência, é visível o quanto fica sem jeito diante de uma investida. Antes de chegar nela eu estava vendo ela dando o fora no meu conhecido e vi que comigo foi um fora mais diferente... Eu sei que eu tenho chance.
Cheguei em casa e anotei o número dela no caderno em cima da mesa, no meu quarto. Fui tomar um banho e depois me joguei na cama, apaguei.
Sonhei com um corpo escultural dentro de um vestido vermelho com flores, as minhas mãos apalpavam cada centímetro deliciosamente enquanto a minha boca tentava encontrar a sua, mas infelizmente o despertador tocou antes que eu pudesse fazê-lo. Fiquei olhando pro teto, sonhando acordado com a moça antes de tomar a decisão que eu tenho que tomar todos os dias.
Ok. Vamos pra mais um dia.
Tomei um banho e vesti um dos meus ternos, estou pronto depois de passar o perfume e pentear o cabelo.
Olhei pro caderno em cima da mesa e decidi que depois do trabalho eu envio a mensagem, deixá-la um pouco ansiosa pode funcionar.
Desci pra tomar o café que a minha querida Poli insiste em me fazer tomar todos os dias desde que começou a trabalhar aqui, eu devia ter uns oito anos. Se eu não sou mais magro é por causa desse café cheio de bolos, pães e muitas outras coisas.
Quando vou pra garagem vejo que a Land Rover está um pouco riscada onde foi agredida ontem e não vou poder ir com ela para a empresa. Peguei o Civic.
(...)
Já no escritório eu tentei me manter focado no trabalho, mas de tempos em tempos eu me pegava lembrando daquele sorriso meigo que está me deixando louco. Preciso falar com ela de novo, preciso tê-la junto à mim...
Eu deveria ter anotado o seu número no meu celular, assim eu não iria ficar de mãos atadas.
A minha pressa é tanta que eu tive uma ideia: ligar pra Poli e pedir pra ela me ditar o número anotado do caderno em cima da mesa do meu quarto.
Mas quando estou prestes a fazer isso a minha secretária ligou avisando que eu tenho uma reunião dentro de cinco minutos e então começo a me preparar pra reunião e por hora esqueço esse assunto.
(...)
Andando em passos rápidos, com outros dois homens engravatados me seguindo eu caminho até o elevador pra descer até a saída. Quando a porta do elevador se abriu, entramos. Desceu, desceu, eu sempre impaciente pra acabar tudo logo e poder ligar pra Poli me passar o número da Ana. Quando a porta do elevador se abriu tomei uma pequena surpresa: a cozinheira estava entrando e ainda eu não estava onde queria.
Ela me olhou por alguns segundos antes de se virar e ficar de costas.
Me lembrei que ela não respondeu a minha mensagem.
— Você recebeu a minha mensagem? — perguntei abaixando a minha cabeça em sua direção.
— Sim, — ela disse antes da porta se abrir novamente e ela sair rápido pisando torto.
— Senhor, vamos? — um dos funcionários disse atrás de mim, visto como eu não me movi desde que a cozinheira saiu.
— É o jeito né.
Fiquei com a estranha sensação de que eu tinha que conversar mais com a cozinheira, ela parecia incomodada ou pelo menos alguma coisa não estava certa. Se bem que eu não deveria me preocupar com essas coisas, a minha parte eu fiz e devo me sentir bem com isso.
(...)
Como um dia normal eu almocei fora, sozinho e em paz, em algum lugar onde ninguém me conhece.
No final do dia, quando eu estava indo embora já dentro do carro, pensei ter visto a Ana, foi rápido, logo ela entrou dentro do táxi e perdi a chance de conferir.
O que ela estaria fazendo aqui?
Não, não era ela. Eu devo estar alucinado já de tanta vontade de beijar aquela boca gostosa.
Finalmente estou indo pra casa e poderei voltar às minhas investidas.
Normalmente eu daria uma parada no clube pra jogar um pouco com os outros herdeiros pra fazer a minha parte com a alta sociedade, mas hoje realmente nada mais me interessa.
Cheguei em casa e corri a escada com tudo, voei para o meu quarto, peguei o número e digitei no celular, salvei o número como "Ana", e pra minha surpresa quando eu fui enviar uma mensagem a conversa foi para a mensagem que eu enviei para a cozinheira. Sai de tudo e tentei de novo, do mesmo jeito.
Que merda. Será que...
Como eu posso ser tão mosca?
É a mesma Ana! Por isso eu a vi na saída do trabalho.
Por isso ela disse que me reconhecia de algum lugar, eu pensei que fosse de alguma revista de fofocas, mas não, era de quando ela me serviu no almoço de ontem, ou de quanto eu intervi quando o meu pai a tratou mal.
Será que ela vai me perdoar por ter cometido esse erro imperdoável de não reconhecê-la?
Dane-se, preciso saber disso logo.
Digito uma mensagem:
"Ana, Guga aqui, tudo bem? Já estou com saudades de você, não vejo a hora de te buscar hoje à noite pra jantar, manda o endereço!"
Com o meu coração acelerado eu envio. Até pensei na possibilidade de enviar pelo outro número pra ela não sacar que eu sou o Gustavo Brastlimp, mas isso não tem que ser um segredo.
Incrível como o destino adora pregar peças.
Agora é só respirar e aguardar a resposta. Se ela não responder eu ligo.