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Capítulo 5

Ana

— Relaxa, vamos resolver isso, o dono do carro já vai chegar aqui, — o du falou assim que chegou até nós.

Olhei pra minha amiga e ela estava analisando os estragos.

Eu, francamente, estou prestes a sair correndo daqui, com toda essa gente nos olhando eu posso assegurar que é o maior mico do planeta.

Acho que tem umas vinte pessoas reunidas à nossa volta, alguns estão rindo, outros fofocando... Enquanto o alarme do carro está disparado.

— O que aconteceu? — um rapaz se apresentou interessado no ocorrido, percebe-se que não é só curiosidade.

Na verdade, estou o reconhecendo.

Mas, não. Acho que não é.

O que o filho do presidente da Brastlimp estaria fazendo em um churrasco com pessoas simples como nós?

— Oi, olha pra começo de conversa, me perdoe, eu vou pagar tudo — a Pri foi logo dizendo ao constatar que ele é mesmo o dono da Land Rover, pois está com a chave nas mãos e desligando o alarme.

— Sim, fique tranquilo que vamos arcar com todos os gastos — ajudei a minha amiga.

— Vocês estão bem? — perguntou olhando-nos com atenção, — se machucaram?

— Estamos bem, perdoe mesmo, moço, eu não sei o que aconteceu... — a Pri tentou se justificar.

— Não foi nada, — ele sorriu e em seguida olhou pra mim, dos pés à cabeça, me secando como se eu fosse um pirulito bem docinho.

— Olha, fez só isso aqui na coitada, — um rapaz disse passando a mão na parte afetada.

— Deixe, outra hora a gente resolve isso, eu estou com fome e estou afim de tomar uma gelada — o rapaz, dono do carro falou dando de ombros.

— É, amanhã vocês resolvem isso, — um outro rapaz que eu não conheço disse.

— Vem, Ana, vamos pra dentro, venha amiga da Ana, quer que eu estacione o carro direito pra você? — o du ofereceu-se.

— Meu herói — Ana respondeu aliviada.

Logo entramos todos para dentro da casa e eu não sei se ainda estou com vergonha ou não. O clima aqui é bem acolhedor e é facinho me sentir em casa.

— Que lindo que ele é! — Pri cochichou no meu ouvido.

— Quem? O dono da Land Rover? — perguntei em um outro sussurro.

— Não, quero dizer, sim, mas eu tô falando do rapaz que estacionou o carro pra mim, — sorriu.

— Pri, que mico, em?

— Não me deixe com mais vergonha do que eu já estou, por favor Ana!

— Aquele lá que te ajudou é um dos meninos que trabalham comigo na cozinha, o Douglas.

— Sortuda! — cotucou a minha costela.

— Aí! — sorri.

— Olha aí, uma carninha chegando, — alguém trouxe a carne pra gente pegar um pedaço.

Umas moças vieram conversar com a gente, a Cintia e a Paula, são legais e torna tudo mais divertido.

Uns minutos depois, quando já tinhamos tomado algumas latinhas de cerveja, o du se aproximou de nós com outros dois rapazes.

— Ei, posso falar com você um pouquinho? — o du perguntou pra Pri.

Logo vi tudo.

— Claro, vamos lá — ela respondeu sorridente e logo eles se afastaram.

Oferecida.

— Quer conversar comigo um pouquinho? — o amigo do du perguntou pra mim.

Sorri sem graça.

— Pode falar, fique a vontade — falei e tomei um gole imenso da cerveja nas minhas mãos pra disfarçar a minha falta de jeito.

Ele sorriu e começou a puxar assunto comigo, demos risadas, mas acho que ele logo viu que eu não ia querer nada com ele e se afastou.

Me lembrei do que a Pri disse pra eu não afastar os caras, mas isso não significa que eu seria obrigada a ficar com o primeiro que desse em cima de mim, né?

— Oi, tudo bem? Vamos dançar um pouco? — travei quando vi que o dono da Land Rover está me chamando pra dançar.

— Sim, oi — sorri sem jeito e aceitei a mão dele que estava estendida pra mim.

Foi como se eu estivesse dentro de um sonho de princesa. Não é porque ele tem um carrão legal, não é nada disso. É porque ele foi tão legal desde o início, quando não criou caso apesar de nós estarmos erradas, se preocupou conosco e fez de tudo pra não ficarmos sem graça...

E agora ele está me chamando ela dançar... Será que está interessado em mim?

— Você é tão linda, sabia? É a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida — falou quando os nossos corpos se juntaram e eu senti a pressão da sua não envolvendo a minha cintura.

— Obrigada — minha vontade era de contar pra ele que eu só tenho dezoito anos, ainda não sou uma mulher, mas eu me esqueci de tudo o que eu estava pensando quando olhei nos olhos dele.

Começamos a dançar entre as pessoas, mas pelo menos pra mim não parece ter mais ninguém aqui.

— E é cheirosa também, desse jeito eu vou me apaixonar — falou no meu ouvido e eu já não tinha estrutura pra pensar no que é melhor pra mim agora.

Eu abri um sorriso sem jeito, eu não estou acostumada a paquerar. Só sei tudo está indo rápido demais e eu tenho medo de me ferrar no final.

É só uma dança, preciso me concentrar. Ele está dando em cima de mim porque é isso que os homens fazem. Eu não sou especial, ele nem me conhece.

Ele é um rapaz branquinho do cabelo cortado curto, uns vinte centímetros mais alto que eu e é magro... Eu daria uns dezenove anos pra ele. Eu namoraria com ele.

— Qual é o seu nome? — perguntei pra ele ver que eu não sou uma boba que cai na primeira conversa.

— Sou o Guga, e você é a Ana, né? Desculpe eu ser precipitado, é que eu perguntei o seu nome pro seu amigo.

— Sou a Ana, ai, — ele pisou no meu pé.

— Desculpa, eu não danço muito bem, — começou a rir, envergonhado.

Me divirto com o jeitinho dele sem graça e começo a rir também.

— Vem aqui, eu vou ser melhor cuidando de você, — puxou-me pelos braços e me levou para sentar em uma cadeira.

Se ajoelhou em minha frente e ficou olhando para os meus pés.

— O que você está fazendo? — perguntei confusa, sempre sorrindo.

— Eu só quero dar um beijo pra sarar, posso?

— Não seja atrevido, — dobrei os braços e revirei os olhos, brincando.

— Aquela dança foi só uma desculpa pra quebrar o gelo com você, eu não podia perder a oportunidade de conhecer a garota mais linda que eu já vi.

— Você deve dizer isso pra todas, né?

— Mas só pra você eu estou falando a verdade.

— Você disse que o sue nome é Guga, é Gustavo então?

— Sim, mas prefiro Guga.

— Desculpa, é que estou te reconhecendo, você se parece com o...

— Ah, o que isso importa? Estamos aqui agora, você e eu, posso te dar um beijo?

— Não, não pode.

— E amanhã?

— Amanhã?

— Sim, quer sair comigo amanhã?

— Nossa, como você é insiste!

— Pare de fingir que você também não quer, eu vejo nesse seu jeitinho tímida que você gostou de mim.

— Eu nunca vi alguém tão abusado igual você.

— Eu só estou sendo corajoso aqui, estou investindo tudo o que eu sei pra conquistar você.

— Então acho que você não sabe muita coisa, né?

— Além de linda é inteligente, eu não sei de muitas coisas, mas eu sei que o pouco que sei sei já foi o suficiente pra te fazer ficar interessada em mim.

— Não, não estou interessada.

— Tem certeza?

— Hum, sim.

— E amanhã?

— Eu não sei...

— Me passa o seu número de telefone? Eu prometo te conquistar de pouquinho em pouquinho.

— Tá, mas só porque você está insistindo muito.

— Eu sei, não é porque você está louca pra me beijar.

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