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Capítulo 12

Gustavo

Voltei pra casa cantarolando feliz da vida, com a sensação de ter ganhado um enorme presente, e realmente ganhei. Quem quiser me chamar de louco que chame, sou louco de amor por ela.

— Gustavo, amanhã você vai viajar comigo, não se esqueceu disso, né? — meu pai questionou-me quando me sentei no sofá da sala.

Ele está lendo o jornal de ontem, ele faz isso todas as noites.

—Não me esqueci, na verdade a minha mala já está pronta, — minto descaradamente, mas uma mentira que não fará mal, arrumo a mala em três minutos.

— Colocou a sua cabeça no lugar? — questionou com ar severo.

— Se o senhor está falando sobre eu ter mudado de ideia sobre o casamento, então não, não coloquei a cabeça no lugar.

— Depois dessa viagem eu garanto que o fará.

— Na verdade, pai, eu tenho uma novidade pra contar pro senhor.

— Novidade?

— Sim.

— Não gosto de novidades.

— Então, pai, eu estou namorando — contei sorrindo, jogando a cabeça no sofá.

— E desde quando isso é novidade? Todos os dias você tem uma namorada diferente, isso não é problema, poderá mantê-las mesmo depois do casamento.

— Você não me entendeu, pai, eu estou namorando com uma garota que eu gosto muito, ela é especial.

— Gustavo, eu não tenho tempo para perder com bobagens.

— Eu acho melhor o senhor ir se acostumando, em breve trarei ela para você e a mãe conhecerem.

— Não se atreva, deixe essa sua amiga longe da nossa casa, principalmente, não apareça com ela em público, estou falando sério, Gustavo!

— Difícil ter uma conversa de pai e filho, né? Pode voltar a ler o seu jornal, desculpe ter te incomodado — faço menção de me levantar.

— Gustavo, um dia você vai me agradecer por tudo o que eu faço por você, e irá me pedir perdão por não me ouvir.

— Enquanto esse dia não chega eu só me sinto decepcionado mesmo.

— Então somos dois.

Eu poderia continuar a me sentir mal, mas com a mensagem que eu recebi agora da Ana eu recebo forças pra enfrentar qualquer coisa, qualquer pessoa.

Ela disse que eu sou lindo? Nossa, ela é tão louca da cabeça em mexer comigo desse jeito.

Vou pro meu quarto e deixo o meu pai sozinho com o jornal dele. Tenho coisas mais interessantes pra fazer do que ficar aqui sendo desaprovado por ele, como por exemplo pensar na minha namorada.

Minha namorada. Soa tão legal dizer essa frase.

Passei grande parte da noite conversando com a Ana por mensagem, só paramos porque nós dois tínhamos que trabalhar no outro dia, ao contrário disso o assunto não iria acabar.

(...)

Acordei e mandei uma mensagem de bom dia pra Ana, porque agora ela é o meu primeiro pensamento quando eu acordo. Avisei ela que vou viajar com o meu pai hoje e que volto na semana que vem, vamos ficar o resto da semana e o fim de semana em um resort em uma ilha no norte do país... Não é férias, é trabalho. O meu pai vai tentar convencer o concorrente a vender o resort pra ele e ele quer que eu o acompanhe para vê-lo persuadir e entender melhor as estratégias de negócios. Terminei os meus estudos no ano passado, mas eu não estava esperando ter que passar na faculdade onde o meu pai é o professor. Como eu não imaginei?

De qualquer forma, essa empresa é dele e eu devo trabalhar como ele quer. A única coisa que eu jamais vou permitir é que ele interfira em minha vida pessoal.

Ana

Hoje o chef me deixou participar dos preparativos mais relevantes para o almoço, me senti feliz como se tudo estivesse dando certo para mim. Parece que os pássaros cantam quando eu passo, os casais namoram e o sol brilha mais forte, mas eu sei que o que mudou foi só dentro de mim.

Na verdade o chef me supervisou à cada  movimento que eu fazia, mas isso não tirou o êxtase que eu senti quando tudo ficou pronto. Os rapazes bateram palmas pra mim e eu me senti muito orgulhosa, até o chef deu um sorriso satisfeito.

No café da tarde, fui instruída por uma das executivoas a assar uma torta às encondidas, o chef permitiu, disse que o tio dele não estava na empresa e que nem tudo tinha que ser como o presidente queria, que ele não podia mandar no estômago dos funcionários e etc. Fiquei bastante surpresa com a facilidade com que o chef deixou, mas acho que deve ter alguma birra de família pelo meio, só pode.

No final do expediente duas moças vieram parabenizar o meu talento culinário, disseram que já o queriam fazer no primeiro dia, falaram o quanto seria bom se eu pudesse cozinhar os meus bolos e tortas todos os dias no café da tarde, elas engordariam horrores. Me senti muito feliz ao ouvi-las, não vejo a hora de contar pra minha avó.

(...)

O dia foi cheio e quase não tive tempo de pensar, mas só de saber que o Gustavo não está na cidade eu me sinto vazia e incompleta.

Será que isso que estamos sentindo e vivendo é normal?

Se não for, então não me importo de ser louca.

(...)

Cheguei em casa e fui direto tomar banho, hoje é o meu dia de cozinhar e farei isso enquanto ligo pra minha avó em chamada de vídeo.

— Vovó, quando a senhora vem me visitar?

— Não tão cedo, minha filha, estou com saudades de você, mas você sabe que eu não posso abandonar as coisas aqui.

— Vovó, no próximo feriado eu vou ir aí ver a senhora, tá bom? Tenho muitas novidades pra te contar.

— Faça as coisas com os pés no chão, não adianta nada você trabalhar pra gastar com viagens desnecessárias pra ver a sua velha avó.

— Não diga vesgo, vovó, não é uma viagem desnecessária, e eu sei muito bem administrar o meu dinheiro.

— Que novidade é essa que você tem pra contar pra mim?

— Não adianta, não vou te dizer por telefone.

Conversamos por quase meia hora, imagino que a minha avó faça uma pequena ideia do que se trata.

Será que eu estou sendo precipitada em pensar em contar pra ela? Talvez no próximo feriado o meu namoro já tenha acabado.

Meu celular apitou uma mensagem e o meu estômago começa a dar piruetas dentro de mim.

"Estou aqui, mas o meu pensamento só está em você."

Ler essa mensagem deixou o meu coração quentinho e livre de qualquer pensamento negativo que eu pudesse ter.

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