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Um novo céu

Horas depois...

"Chegar naquela casa e saber que minha Melissa, que tanto protegi desse mundo já não estaria mais comigo, era o pior pesadelo que qualquer pai poderia ter nessa vida e nada nesse mundo seria capaz de me arrancar do peito essa dor."

Dionísio entra no carro suspira e chora alguns instantes debruçado ao voltante, tantas coisas que gostaria de perguntar a Deus, muitas revoltas estavam sufocando seu coração.

Dionísio - O que minha filha fez, para merecer um destino como esse? Não existe justiça alguma!

Ele arranca com o carro em alta velocidade e vai para casa carregando no peito toda a revolta, de longe vê aquela moça deitada no banco de sua casa e devia fazer uns 3 graus naquele dia.

"Quem será essa garota?"

Estava coberta com um lençol que muito provavelmente dona Antônia deveria ter dado a ela e se não fosse assim, teria congelado bem antes de vê-lo chegar.

Assim que ele saiu do carro Maria Íris o viu e seus olhos brilharam, se lembrava dele das poucas vezes em que havia estado aqui neste plano. Não restava dúvida de que ele era o seu objetivo e tinha que dar todo o seu amor e apoio.

Maria Íris - Dionísio?

Ele concorda com a cabeça enquanto fecha a porta do carro e sobe alguns degraus, Maria corre para os braços dele que não entende absolutamente nada, mas a abraça também.

Ela tremia tanto e estava muito gelada.

Dionísio - Meu Deus garota você está congelando, venha, vamos para dentro.

Diz ele se afastando, pegando as chaves e abrindo a porta rapidamente.

Ela pegou o lençol se cobriu de novo e entrou.

Dionísio - Sente-se ali no sofá, vou ligar o aquecedor.

Diz ele bem abatido ainda e com olheiras pela terrível noite que teve, Maria Íris o observava atenta aos seus movimentos e a todos os cantos daquela casa estudando tudo muito atentamente.

Ele ligou o aquecedor e se sentou no outro sofá na frente dela, repousou as duas mãos sobre as próprias coxas respirando fundo.  Seus olhos, muitas olheiras profundas da terrível noite que havia tido.

"Aquela jovem era tão linda, tinha uma beleza diferente de tudo o que eu já havia visto, era uma mistura de menina e mulher ambos na dose exata. Me culpo por ter reparado nisso, não era hora e nem momento de me dar ao luxo de pensar como homem."

Dionísio - Por que ficou tanto tempo lá fora me esperando? Dona Antônia te ofereceu abrigo para esperar, por que não aceitou?

Maria Íris - Eu precisava te ver e bem rápido.

Dionísio - Qual é seu nome?

Maria Íris - Maria Íris.

Dionísio - Bonito nome, mas me diga então por que queria tanto assim me ver?

Maria Íris - Eu vim aqui para ficar com você!

Dionísio arregalou os olhos, ela era inocente e não sabia bem ainda usar as palavras de maneira que conseguisse dizer o que motivava ela a buscá-lo tanto e ele entendeu tudo errado.

"Aquela frase ainda que inoportuna despertou em mim pensamentos indevidos, não queria os ter, mas estavam ali."

Dionísio - Como assim? Você é só uma adolescente e nem nos conhecemos direito.

Maria Íris - Você é Dionísio, pai da Mel...Melissa.

Dionísio ele abaixou o semblante, massageou a própria testa.

Dionísio - Sim e infelizmente agora que ela se foi, sou apenas eu nessa casa vazia e grande.

Maria Íris - Por isso eu vim de longe, ela me ped...eu quis vir ficar aqui com você. Para que não se sinta mais sozinho.

Dionísio se levantou e deu uns passos com as mãos nos bolsos.

Dionísio - Você era uma das amigas dela, não é?

Pergunta ele.

Maria Íris - Sim e sou sua amiga agora!

Dionísio - Certo, te agradeço por vir me ver e ser tão prestativa nesse momento difícil e doloroso.

Ela o olhava com uma expressão confusa, ele se levantou um instante.

Dionísio - Mas vou te levar para sua casa, por que está ficando muito tarde para ficar por aí passeando sozinha e tive um dia terrível como você sabe bem. Agradeço de verdade por ter vindo, onde você mora?

Maria Íris - Aqui!

Dionísio - Por favor garota, acabei de enterrar minha única filha tive um dia doloroso, não complique as coisas. Me fale e vou levar você, prometo que outro dia conversamos mais sobre ela.

Maria Íris - Essa é sua casa, então é minha também!

Dionísio - Deus...! o que eu faço agora?

Perguntou ele olhado para cima.

Maria Íris - Ele está muito ocupado para isso agora.

Dionísio - Quem?

Maria Íris - Ninguém.

Ela desconversou, Dionísio pegou o telefone e fez menção a discar.

Dionísio - Me diga, qual é o telefone da sua casa e nome dos seus pais?

Pediu ele com a voz levemente alterada.

"O que tem de bonita, tem de maluca!"

Maria Íris - Eu não tenho casa, bom pelo menos não assim como a sua. Eu já disse que eu fico onde você estiver, você precisa de mim e não eu não sou maluca como está pensando agora.

Respondeu ela deixando ele bem confuso.

Dionísio - Como sabe que pensei nisso?...bom não importa, sua atitude fala por si só! Como não tem casa? De algum lugar você veio e quero que volte para lá agora mesmo!

Maria Íris - Vai ficar mesmo feliz, se eu te deixar aqui sozinho?

Perguntou ela já chorando e pela primeira vez tinha um sentimento puramente humano, a tristeza.

Antes dele responder, ela se levantou e foi em direção a porta ia realmente fazer o que ele pediu. Ter vindo literalmente de tão longe para cuidar de um coração tão duro como o dele teria sido em vão.

"Eu não sabia se queria realmente que ela cruzasse aquela porta."

Dionísio ficou com pena de magoar ela, nem sabia se realmente era alguma moça com problemas mentais ou se estava sob efeito de alguma droga...o fato é que ela conhecia e a sua forma, amava Melissa.

Temia deixar ela na rua desse jeito...ele foi acompanhando ela até a porta e disposto a impedir sua saída.

Maria Íris apagou e simplesmente desabou, ele tentou evitar a queda dela, mas não deu tempo.

Dionísio - Menina acorde? Meu Deus o que faço agora?

Ele a pegou no colo e deitou no sofá, deu uns tapinhas de leve em seu rosto e aos poucos ela foi voltando a si.

Maria Íris - Ai!

Diz ela tocando a barriga.

Dionísio - A quanto tempo não come?

Perguntou ele olhando em seus olhos verdes.

Maria Íris - Eu não comi nada o dia todo.

Dionísio - Está explicada a sua fraqueza. Precisa se alimentar direito e ainda mais nesse frio, consumimos ainda mais calorias.

Maria Íris - Eu me esqueci disso, são muitas coisas das quais preciso me lembrar e fico confusa às vezes.

Dionísio - Se esqueceu de comer?

Perguntou ele e isso reforçou a hipótese dele em achar que ela era doida.

Maria Íris - É que eu vim de muito longe, muito longe mesmo e ainda estou me acostumando a tudo isso.

"Eu não poderia deixar ela ir embora assim com fome e sem saber mais sobre os motivos dela insistir tanto em ficar próxima a mim."

Dionísio - Está bem eu vou preparar alguma coisa para comermos e depois veremos o que fazer em relação a essas suas dúvidas.

Diz ele olhando aqueles olhos verdes encantadores dela, por alguns segundos até se esqueceu da dor que o acompanhava.

Maria Íris - Tá.

Dionísio foi para cozinha, tinha pensado em tomar um banho antes, mas aquela jovem estava muito fraca e era melhor pelo menos aprontar algo para ela comer antes.

Maria Íris ficou ainda na sala vendo alguns porta retratos, pegou um em especial onde Dionísio estava com Jussara...estranhou, mas seu coração pediu e ela seguiu Dionísio.

Ele foi até a cozinha e lá estava na porta da geladeira a foto de Melissa ainda aos 8 aninhos, ele pegou aquela foto e desabou em lágrimas.

Maria Íris o viu chorando com a foto dela e o abraçou pelas costas e ele sentiu conforto pela segunda vez naquele dia, nos braços dessa moça que nem sequer conhecia.

Maria Íris - Não chore mais acredite em mim, ela está em um lugar bonito!

Ele se virou para ela e os dois se olharam tão perto, tão quentes.

Dionísio - Como pode saber disso? minha filha era tão bondosa e morreu daquela maneira tão horrível.

Maria Íris - Eu sei que ela está, mas não chore, eu fico triste quando você fica assim e ela ainda pode te sentir.

Ele suspirou enquanto suas lágrimas eram delicadamente limpas pelos polegares daquela jovem, mas dentro de si tinha muita revolta e sua fé estava abalada mais do que nunca.

Estavam próximos demais um do outro e ele precisava tomar uma atitude antes que pudesse ser tarde demais. Ele se afastou pegando algumas panelas dentro do armário.

Dionísio - Gosta de sopa?

Maria Íris - Eu não...

Dionísio - Não se lembra disso também? Sente-se aí enquanto eu cozinho e me fale o que se lembra sobre você mesma, quem são seus pais?

Perguntou ele enquanto descascava e lavava uns legumes.

Maria Íris - Eu não tenho pais e antes que me pergunte eu não sei minha idade também.

Dionísio - Eu não ia perguntar isso, mas pela sua aparência arriscaria que entre 18 e 23 anos. Era amiga de escola da Melissa?

Se ela falasse que não, ele iria ficar ainda mais curioso e fazer mais e mais perguntas.

Maria Íris - Sim a muitos anos, mas por favor não vamos falar mais sobre mim.

Dionísio - Está bem.

Dionísio prepara aquela sopa improvisada e se senta com ela.

Maria Íris ia com tudo enfiar a colher quente na boca.

Dionísio - Ei??

Maria Íris - Ah sim, primeiro eu preciso esfriar?

Dionísio - Exatamente.

"A doçura daquela jovem até me fazia por alguns segundos esquecer aquela dor enorme que estava dentro de mim, era algo que me intrigava e ao mesmo tempo me fazia questionar que espécie de pai eu havia sido e estava sendo."

Ele sorriu para ela bem timidamente. Ela comia feito desesperada, nunca havia de fato sentido o sabor de um alimento, nem mesmo daquele café que tomou na delegacia ou na casa de Hugo.

Maria Íris - Isso é muito bom mesmo, não sei o que colocou aqui, mas eu gosto!

Disse ela deixando o prato bem limpo e um pouco atrapalhada com a coordenação motora ao levar a colher até a boca.

Dionísio - Que bom que gostou, quer mais um pouco?

Maria Íris - Sim!

Depois que ambos terminam, ele guarda as louças na pia e se senta um instante ao lado dela.

Dionísio - Agora vou te levar até o quarto de Melissa e você toma um banho, veste alguma roupa dela e vou te levar até a casa da Ingrid. Ela é minha irmã, você dorme lá na casa dela e amanhã de manhã a gente conversa de novo.

Maria Íris - Não, assim você vai ficar sozinho aqui! Me deixa ficar? Eu não vim por ela e sim por você.

Dionísio - Por favor, não discuta. Minha namorada não vai gostar nada de saber que você dormiu aqui e os vizinhos também podem comentar sobre nós.

Maria Íris - Eu posso ser amiga da sua namorada também!

"Com certeza Jussara sentiria ciúmes dela, era uma morena linda...linda demais."

Não teve acordo, ele a levou até o quarto de Melissa.

Maria olhava tudo aquilo bem curiosa, jamais se imaginou vivendo entre os humanos e isso estava se tornando interessante e instigante.

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