Sabor de mel
Dionísio - Se arrume e daqui a pouco eu venho para te levar!
Maria Íris - Não, por favor!
Dionísio - Sim e não insista!
Avisou ele fechando a porta, Maria observou aquele quarto e dele se lembrava bem, pois ali havia entrado muitas vezes nos sonhos de sua protegida algumas vezes quando ainda era apenas uma criança. Ela suspirou ao lembrar do fracasso de sua missão anterior e que levou Melissa a morte, se realmente algum dia já teve o poder de intervir sobre o destino de alguém.
"Que espécie de anjo eu sou? Nossa como está difícil ajudar o seu pai, Melissa!".
Melissa - Você também não se ajuda!
Maria Íris - Hmmm Melissa? O que faz aqui?
Maria se assustou ao ver a moça ali sentada em sua cama, parecia um sonho, mas não era...Melissa estava de volta.
Melissa - Fala baixo! ele já te acha maluca o suficiente e imagina se te pega falando sozinha? Vim te ajudar a consolar meu pai. Você é muito atrapalhada e assim fica difícil!
Maria Íris - Me perdoe é que é complicado entender os humanos, acho que deve ser mais fácil ser um animal. Ele quer me levar para casa da sua tia, não sei por que, mas tudo o que eu digo complica mais as coisas e faz ele querer me levar para longe.
Melissa - Agora eu vim para organizar as coisas, por agora toma um banho quente e molhe os cabelos.
Maria Íris - Mas está muito frio.
Melissa - Faça o que eu pedi sua teimosa.
Melissa deu a ela uma toalha e antes dela entrar no banheiro se virou e as duas se olharam nos olhos.
Maria Íris - Melissa?
Melissa - O que foi?
Maria Íris - Você me perdoa, por não ter conseguido te salvar?
Melissa - Claro que sim, só quero que faça meu pai feliz. Combinado?
Maria Íris - Combinado.
Maria Íris tomou banho quente e molhou os cabelos como Melissa pediu, não sabia o por que daquele pedido inusitado, mas como tudo para ela era novidade...aquilo não parecia um pedido tão fora dos padrões. Ela saiu do banheiro ainda se secando e Melissa entregou a ela uma roupa, que ela conhecia bem.
Melissa - Veste isso!
Maria Íris - Posso ser atrapalhada, mas isso aqui é roupa de dormir. Me lembro bem por que já te vi usar isso quando entrei em seus sonhos!
Melissa - Exatamente, veste isso e durma na minha cama. Sei que está com sono por que já bocejou umas trinta vezes.
Maria Íris - E tem certeza que isso vai dar certo?
Melissa - Vai sim, confie. Meu pai não terá coragem de te acordar.
Melissa a convenceu a deitar naquela cama de cabelos molhados e estava realmente muito cansada, logo pegou pesado no sono.
Melissa chegou perto e retirou parte do cobertor deixando a coxa dela descoberta e bem convidativa naquele pijama de coelhinhos. Dionísio foi buscar a moça para levar até a casa de sua irmã.
Dionísio - Maria Íris, vamos já deu tempo de se arrumar!
Dionísio abriu a porta devagar e a viu dormindo.
Dionísio - Como pode ser tão cabeça dura!
Ele se aproximou e a cobriu direito com o lençol, olhar aquele quarto trazia tantas lembranças.
Mas por um instante ele se deixou levar pela beleza daquela jovem tão confusa...o desejo por ela se misturava as lembranças da filha perdida.
"Não posso te manter aqui tão perto de mim por muito tempo, não posso. Assim como não devo misturar a carência que estou sentindo ao desejo de tê-la em meus braços."
Melissa via o pai com cara de bobo encantado e sorria, pois sabia que de agora em diante a parceria entre as duas iria dar certo. O que ela tanto esperava que pudesse acontecer seria mais fácil do que ela poderia imaginar.
Dionísio foi para o seu quarto mas não conseguiu dormir e isso era mais do que previsível de pois de uma tragédia tão horrível, as lembranças de Melissa se misturavam e sua perda tão dolorosa dentro dele com a chegada de Maria Íris.
"De onde eu tirarei forças para seguir? A tantos anos que sofri o primeiro golpe da vida ao perder minha esposa e agora mais esse, se há um Deus certamente se esqueceu de mim."
Dionísio - Maria Íris de onde veio? O que quer de mim? O fato é que você vem enchendo a parte de mim que está vazia!
Ele dizia em voz alta e pesando estar sozinho no quarto, Melissa estava feliz em de alguma forma essa tristeza estar saindo de dentro dele.
Já no meio da madrugada ele se levantou, tomou um calmante e enfim conseguiu tirar um cochilo ainda que bem breve.
Maria Íris acordou com uma dor de cabeça terrível, ouvia o cantar dos pássaros e a luminosidade invadir o quarto.
Melissa - Bom dia preguiçosa!
Maria Íris - Bom dia Melissa.
Melissa - Você dorme demais.
Disse Melissa sorrindo sentada em uma cadeira rente a penteadeira.
Maria Íris - Minha cabeça está doendo muito e minha garganta está seca.
Melissa - Se meu plano estiver mesmo certo, você está com uma forte gripe! Por isso quis que dormisse com os cabelos molhados depois de passar o dia no frio.
Maria Íris - Eu mal nasci nesse mundo e você já quer que eu morra?
Melissa - Claro que não sua boba, uma gripe não vai te matar e se não for assim, meu pai vai te levar embora daqui e definitivamente não é o que eu quero.
Maria Íris - Esse seu plano está me assustando, as vezes penso que está me escondendo alguma coisa.
Melissa - Deixa de ser paranoica. Levanta e toma um belo banho, vou escolher sua roupa, anda vai!
Maria Íris - O que é para...para...
Melissa - Paranoica, um dia eu te conto.
Maria tomou um demorado banho quente, escovou os dentes e vestiu o traje que Melissa havia separado. Um vestido bem ajustado, Melissa era mais magra e como Maria tinha um pouco mais de corpo aquele modelo havia ficado arrasador.
Melissa - Uau ficou muito bom, acho que meu pai vai gostar!
Maria Íris - Posso te fazer uma pergunta?
Melissa - Vamos fazer um rabo de cavalo bem alto, quero sua nuca á mostra. Pode fazer a pergunta...
Maria Íris - Se estou aqui para consolar o seu pai, como vamos fazer quando eu tiver que partir?
Melissa - Você não vai mais embora!
Maria Íris se afastou assustada enquanto Melissa estava com a escova de cabelos na mão.
Maria Íris - Eu não posso viver aqui para sempre. Não sou humana e cedo ou tarde terei que ir para o meu lugar!
Melissa - Seria capaz de abandonar ele sozinho? Achei que o amasse e que me amasse a ponto de se sacrificar por nós.
Maria Íris - E eu amo, mas é que ficar aqui e ainda mais para sempre. E se não der certo o que planeja? Vou abrir mão da eternidade por nada?
Melissa - Precisa confiar em mim, não percebe que nossos papéis se inverteram. Eu sou sua guia, não abandone sua missão! Por favor!
Melissa pegou nas mãos dela, precisava apelar para o seu coração grande.
Maria Íris - Está bem, mas por favor não me use para algo que me faça lamentar depois.
Depois de arrumar os cabelos..
Melissa - Ficou muito bonita. Falta apenas um perfume bem leve (borrifou um de seus perfumes nela)...agora sim! perfeita.
Dionísio bate na porta.
Melissa - Peça ele para entrar e diga que se sente mal. Que sua cabeça dói e faça uma cara triste.
Maria Íris - Entre Dionísio!
Pediu ela, assim que abriu a porta ele a olhou dos pés a cabeça. Estava perfeita naquele vestido e por mais que ele tentasse não a desejar como mulher era impossível.
Dionísio - Você...você...dormiu bem?
Maria Íris - Sim e você?
Dionísio - A tristeza me tirou o sono, mas eu consegui dormir um pouco.
Maria Íris - Eu me sinto mal e estou sentindo um pouco de dor.
Dionísio - Dor? onde?
Perguntou ele se aproximando.
Melissa - Pegue a mão dele e coloque na sua testa, agora.
Maria Íris não se lembrava onde ficava exatamente a testa e ia colocar a mão dele em sua parte íntima.
Melissa - Não aiiii! É bem mais para cima sua maluca! (Grito)
Maria Íris - Bem aqui.
Ela subiu bem rápido a mão dele e colocou em sua testa, Dionísio estava com os olhos arregalados. Ele sentiu sua pele macia e o calor.
Dionísio - Você está um pouco quente também, não devia ter molhado os cabelos antes de dormir.
Maria Íris - Como você sabe que molhei os cabelos?
Perguntou ela, Dionísio tirou a mão da testa dela e ficou meio constrangido com a pergunta.
"Agora ela sabe que a vi dormindo."
Melissa - Tonta, não era para perguntar isso!
Maria Íris - Agora já foi...
Dionísio - Já foi o que?
Pergunta ele.
Maria Íris - Nada, eu só pensei alto!
Dionísio - Sobre a pergunta que me fez é que eu vim até aqui para te levar ontem e acabei te vendo dormir, mas não quis te acordar.
Maria Íris - Ainda pensa em me levar embora daqui?
Pergunta ela com uma expressão triste, como Melissa havia mandado.
Melissa - Se sente na cama Maria Íris.
Ela obedeceu, deu passos para trás e se sentou na cama Dionísio se ajoelhou na frente dela e pegou em suas mãos quentes.
Dionísio - Você precisa entender que não nos conhecemos e não podemos ficar morando juntos assim sem sermos parentes, isso é errado. Você é uma jovem bonita (suspiro)...linda. E não quero te machucar!
Maria Íris - Sei que você não vai me machucar, é só não ligar para o que essas pessoas disserem.
Melissa - Diga que só quer poder ficar perto dele!
Maria Íris - Eu só quero ficar perto de você Dionísio.
Dionísio - Por favor não faz isso comigo menina!
"Era demais para meu coração suportar, o olhar dela era capaz de conseguir qualquer coisa de mim."
Ele respirou fundo e chegou perto repousando sua cabeça no colo dela um instante, sentindo o cheiro do seu corpo jovem. Dionísio levantou o rosto e a olhou nos olhos....
Melissa - Se levante devagar e puxe as mãos dele para que se levante também.
Ela fez isso, Dionísio era bem mais alto e se levantou olhando para baixo bem dentro daqueles olhos verdes dela e soltou os cabelos de Maria Íris os alisando com carinho.
Ela o abraçou forte e ele quis evitar, mas de novo cedeu por que junto a ela sentia muita paz.
"Isso eu não te mandei fazer". Pensou Melissa, sorrindo e olhando para os dois abraçadinhos.
Maria Íris - Olha para mim de novo.
Pediu ela acariciando o rosto dele e sorrindo.
Maria Íris - Seja claro comigo então, do que tem tanto medo Dionísio?