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Teus lábios

As duas temiam aquela resposta, não era nada conveniente para os planos de Melissa que o pai quisesse se afastar dela naquele momento.

Dionísio respirou fundo, relutou em olhar dentro dos olhos dela. Sabia que se perderia ali!

Dionísio - Tenho medo de te desrespeitar, você é tão macia e doce que eu não devia, mas sinto que vou perder o controle. Sempre que me olha assim...

Ele não resiste aquele corpo tão perto do dele e a beija forte. Ela nem sequer sabia o que era isso ou o que significava, mas se deixou levar pelo que estava sentindo e foi aprendendo com ele a mover os lábios, chupar a língua.

Dionísio ficou excitado e ela percebeu que ele se enchia de desejo dentro da roupa, ficou assustada e quis sair dos braços dele sentindo que fazia algo errado. Ele a conteve!

Dionísio - Espere não tenha medo, é natural que isso aconteça entre um homem e uma mulher quando se tocam. É uma grande loucura ter você aqui na minha casa e nos meus braços, mas é tão reconfortante e tão bom, que consigo pensar em outra coisa desde que entrou por aquela porta.

Maria Íris - Se você está feliz, então eu estou também!

Ele a beijou mais uma vez, com ainda mais vontade e carinho.

O cheiro da pele dela despertava cada sentido, jovem cheia de amor para dar e receber....era uma perdição enorme.

Maria começava a sentir seu corpo despertar a cada pressão de seus lábios, sempre que adentrava os dedos entre seus cabelos negros ela sentia sua pele ouriçar gritando por algo que ela não sabia o que era.

Melissa vibrava, vendo que o que ela tanto queria estava acontecendo e bem mais rápido do que ela podia prever. O sentimento que nascia entre eles era real e quem sabe nem precisasse da ajuda dela para fazer acontecer.

Maria Íris cessou aquele beijo se afastando.

"Quem sabe ela tivesse se arrependido de ceder aos meus toques e quisesse ir embora agora."

Dionísio - Você gosta do que estamos fazendo?

Perguntou ele alisando o rosto dela, sentindo os corações acelerados.

Maria Íris - Sim, é um carinho muito bom e que aquece o corpo.

Ele sorriu.

Dionísio - Isso mesmo. E por acaso sabe o que ele significa entre um homem e uma mulher, hmm?

Maria Íris - Que somos amigos?

Melissa - Não diz isso sua tonta...não estrague tudo!

Dionísio suspirou e ficou sério, por fim a soltou e passou a mão no próprio rosto misturando arrependimento e vontade de beijar mais e mais.

"O que estou fazendo? Essa menina nem sabe quem ela é ou que estamos fazendo, não posso me aproveitar assim....mas a vontade de continuar é enorme."

Melissa - Muda de assunto, rápido!

Maria Íris - Pode me ensinar a cozinhar?

Dionísio - Claro que sim, então vamos para a cozinha.

"Era melhor ao menos por enquanto, que o único fogo aceso naquela casa fosse o do fogão."

Naquela manhã eles fizeram ovos mexidos e ela aprendeu bem rápido os dotes culinários pois era algo que gostava de fazer, Maria Íris estava aos poucos tomando uma parte importante não só de seus pensamentos, mas do seu dia se tornando uma companhia agradável e necessária.

"Talvez a parte de mim que estava renascendo com Maria Íris já estivesse morta dentro de mim antes mesmo da partida de Melissa, com ela o mundo lá fora parecia não ter tanta importância. Ela nunca falava sobre problemas, medos e incertezas tudo para ela estava bem não se importava com o que iria comer ou se as roupas não eram da moda...não sei a vida que teve, mas ela me inspira a pensar sobre todas as coisas que já questionei da vida e isso me envergonha como ser humano."

Ele deu a ela um xarope para aliviar aquela gripe que com certeza foi causada pelos descuidos do dia anterior.

Dionísio - O sabor não é nada bom eu confesso, mas vai dar um jeito nesse seu mal estar rapidinho.

Maria Íris fez uma careta ao provar aquele remédio horrivelmente amargo, e ele sorriu.

Uns minutos depois o celular dele toca.

Jussara - Amor, como você está?

Pergunta ela bem empolgada, sem imaginar o que o companheiro estava fazendo nos últimos dias e em ótima companhia.

Ele saiu bem rápido da cozinha para falar com mais privacidade.

"Eu havia me esquecido completamente da existência de Jussara, Maria Íris havia tomado toda a minha mente naqueles dois dias."

Maria Íris lavava as vasilhas que haviam sujado, ainda desajeitada com os afazeres domésticos.

Melissa - Vou descobrir o que estão falando, fique aí bem quietinha!

Melissa se aproximou, aquela conversa muito importava para ela.

Dionísio - Estou bem, na medida do possível.

Respondeu Dionísio se sentindo um grande canalha.

Jussara - Como eu queria estar aí contigo, sei que deve estar se sentindo tão sozinho!

Dionísio engoliu seco.

Dionísio - Si...sim. E quando pretende voltar?

Jussara - Acredito que daqui a umas duas semanas.

Por dentro ele ficou feliz, pelo menos por duas semanas não precisaria ficar com medo dela surpreender a moça morando ali com ele.

Jussara - Amor????

Ela estranhou o silêncio dele.

Dionísio - Sim, duas semanas. Esperarei ansioso!

Disse ele sem muita empolgação.

Jussara - Eu te amo.

Pela primeira vez Jussara se sentiu preterida por ele, mas achou que pudesse ser o efeito do luto.

Dionísio - Eu também!

E pela primeira Dionísio teve receio ao responder aquela declaração.

Desligaram e ele voltou para a cozinha, mas ela não estava lá

Dionísio - Maria Íris?

Ele saiu pela casa procurando ela, foi até o quarto e nada.

"Mas onde ela se meteu?"

Saiu pelo quintal, ainda fazia frio chamou por ela e nada.

Dionísio - Não acredito que foi embora assim? Não é possível, depois daqueles beijos...será que foi uma ilusão e eu não perdi minha filha e nem conheci você?

Ele pegou o carro e saiu pelo quarteirão deu algumas voltas, olhando para todos os lados pensava que alguém poderia facilmente fazer o que quisesse com ela.

Era pura e inocente demais para cair nas mãos de qualquer um. Voltou minutos depois desolado, aquela casa estava cada vez mais sufocante pois era o dono e estava de licença do trabalho pela morte da filha e agora sozinho tudo era pior.

Passou o dia todo deitado, nem cozinhar o atraia mais, pois não tinha sua visita para experimentar e elogiar seus dotes na cozinha.

Dionísio - Será que você era apenas um sonho Maria?

Já era noite, ele estava sentado no sofá e assistia um vídeo de Melissa quando criança em um de seus aniversários de agora me diante só as lembranças poderiam trazer de volta sua voz.

Desligou minutos depois, limpou as lágrimas e foi em direção ao quarto para se deitar.

Ouviu um barulho no quarto de Melissa e estava claro, ele abriu a porta de uma vez.

Maria Íris - Dionísio?

Maria estava só de roupão e tanto ele como ela levaram um grande susto.

Dionísio - Onde esteve o dia inteiro, sua inconsequente?

Melissa - Fui ver um amigo. Repita!

Maria Íris - Fui ver um amigo!

Dionísio - Disse que não se lembra de nada e agora já tem um amigo?

Melissa - Ele me ajudou quando eu cheguei, assim como você.

Maria Íris - Ele me ajudou quando eu cheguei, assim como você.

Respondeu ela penteando os cabelos longos, tentando manter a calma.

Dionísio - Assim como eu? Do mesmo jeito?

Dionísio ficou enciumado e nem fez questão de disfarçar, pois se ela não sabia o que um beijo significava e muito menos então saberia o que era o ciúme.

"Está funcionando, Melissa vibrava muito."

Maria Íris - Ele é um amigo, mas eu estou aqui por você Dionísio.

Dionísio - Já comeu alguma coisa?

Maria Íris - Não, gosto da sopa que você faz. Pode fazer hoje mais uma vez?

Dionísio - Está bem e depois vai me explicar direitinho essa história.

Dionísio saiu e foi preparar a sopa que ela adorava, ainda queria saber direitinho sobre aquela escapada dela, mas parecia que a cada dia ela confundia mais a própria cabeça e a dele também.

Melissa - Está funcionando e muito rápido! Ele está mortinho de ciúmes.

Maria Íris - Por que mentiu para ele Melissa? Ficamos o dia inteiro na praça, no frio e estou com fome, por que aquele cachorro que me fez comer além de não latir tinha o gosto muito ruim.

Melissa sorriu e apressou a troca de roupa dela, foi comer algo decente finalmente naquele dia.

Dionísio - Fique parada.

Dionísio tirou uma foto dela, Maria Íris piscou depois dos flashs do celular dele...ela não entendeu absolutamente nada.

Maria Íris - Por que fez isso?

Dionísio - Vou enviar para minha irmã, o marido dela trabalha em uma delegacia. Vamos descobrir de onde você é e seus pais!

Maria e Melissa não o impediram afinal sabiam bem que aquilo não ia dar em nada.

Dionísio - Boa noite!

Maria Íris - Boa noite.

Melissa - Diga: Espere, não vai me dar um beijo de boa noite?

Maria Íris - Espere, não vai me dar um beijo de boa noite?

"Eu não sabia que tipo de beijo ela queria, mas não podia me aproveitar de novo...apesar de desejar bastante."

Ele sorriu e voltou, deu um beijo na testa dela apesar de querer muito mais. Melissa não ficou nada satisfeita, mas ao menos tinham dado bons passos naquele dia.

Ele se culpava por ter seus pensamentos tomados por ela, como uma pessoa que chega do nada poderia o preencher tanto assim seu coração?

Entrou no quarto e ligou para a irmã.

Dionísio - Ingrid, me perdoe por te ligar a essa hora...mas preciso de uma favor de Valmir.

Ingrid - Claro pode falar.

Dionísio - É que ontem surgiu uma garota aqui em casa dizendo conhecer Melissa, quero que descubra quem ela é e sobre seus pais....vou mandar a foto por whatsapp.

Ingrid - Está bem, hoje não tem como por que está tarde, mas amanhã mesmo eu te dou uma resposta.

Dia seguinte, Dionísio fez o café da manhã com Maria Íris e eles estavam cada vez mais em sintonia. Porém ele ainda se mantinha mais afastado e achava que seria melhor para os dois apenas ficarem na amizade.

O celular dele toca...

Dionísio - Alô.

Ingrid - Dionísio bom dia. Aqui é Ingrid, ia te ligar ontem mas achei que quisesse dormir cedo! Jussara já deu notícias?

Dionísio - Já sim, disse que volta em umas duas semanas.

Ingrid - Imagino como as coisas devem estar difíceis. E sobre a mocinha da foto, já resolveu abrir a boca e te dizer de onde veio?

Dionísio - Ainda não e já nem sei o que fazer com ela.

Ingrid - Ela é bem bonita, tome cuidado para não se envolver demais Dionísio.

Dionísio - Ela é só uma menina e poderia ser minha filha!

Ingrid - Mas não é. Posso arrumar um lugar para ela ficar, se você quiser. Tem um abrigo da prefeitura e lá podem investigar e procurar a família dela.

Dionísio olhou para ela sentada naquela mesa comendo umas uvas sem nem saber do que falavam, não podia ficar tão perto, mas também não a queria longe.

Dionísio - Por enquanto ela fica. Vou tentar descobrir mais coisas sobre ela e qualquer coisa eu te aviso.

Ingrid - Você que sabe, passei a foto dela para o Valmir. Se ele descobrir algo eu te ligo...fique com Deus e por favor tente seguir em frente! Te amo!

Dionísio - Eu tentarei. Te amo também!

"Melissa ainda não apareceu hoje, você tem que vir logo".

Pensou Maria Íris sentada e esperando Dionísio a servir.

Dionísio - Uma moeda pelos seus pensamentos.

Diz ele se sentando na frente dela e sorrindo.

Maria Íris - Vocês compram pensamentos aqui?

Dionísio - Por que sempre fala, vocês? Como se não fosse daqui, você não tem sotaque de fora. Me diz de onde você é?

Maria Íris - Já disse que não gosto de falar de mim. Se quer comprar meus pensamentos, os seus eu posso saber quando eu quiser.

Diz ela olhando nos olhos dele.

Dionísio - Ah é? prove para mim então Maria Íris, diga o que estou pensando agora?

Maria Íris - Que gostaria de tocar em mim, como fizemos ontem.

Ele sorriu constrangido, cruzou as mãos sobre a mesa.

Dionísio - Não é verdade!!!

Ele balança a cabeça

Maria Íris - É verdade sim e sonhou comigo essa noite.

Respondeu ela bem tranquila e segura do que dizia pois ainda tinha vestígios de suas capacidades extracorpóreas.

Dionísio - Já chega desse joguinho. Você me deixa confuso, é toda inocente e recatada...depois desaparece do nada e agora acha que sabe o que eu penso ou o que quero!

Ele se levantou alterado.

Ela arrasta com força a cadeira e sai da cozinha se sentindo magoada.

Vai se trancar no quarto, sem Melissa ela não sabia como agir e sabia que tinha deixado ele muito irritado.

"Não posso descontar nela a raiva que sinto de mim mesmo, mal enterrei minha filha e estou de flerte com uma garota que eu nem sei de onde veio e as intenções que tem."

Ele foi até o quarto e bateu na porta seguidas vezes.

Dionísio - Me desculpe, por favor abre essa porta!

Melissa - Levante-se já dessa cama e abre a porta para ele!

Maria Íris - Melissa por que demorou tanto? Sem você aqui eu não sei o que fazer, fiz bobagem não é?

Melissa - Fez sim...depois eu te explico, agora abre a porta.

Maria Íris abriu a porta bem rápido.

Dionísio - Me desculpe por ter me alterado com você. É que...não sei como lidar contigo, me desculpa?

Melissa - Eu desculpo se me levar para sair um pouco. Me sinto sufocada aqui!

Maria Íris - Eu desculpo se me levar para sair um pouco. Me sinto sufocada aqui!

Dionísio - Está bem, vamos almoçar em algum lugar. Pode ser?

Melissa - Sim!!!

Maria Íris - Sim!!!

Respondeu ela toda sorridente, agora pelo menos tinha Melissa para guiar de novo seus passos e não cometer mais bobagens.

Eles fizeram as pazes Maria Íris e ele viam televisão, ela deitadinha no outro sofá e ele tentando não olhar para as pernas dela e se concentrar na televisão.

Passava um filme bem romântico e ela perguntava tudo a cada cinco minutos.

Dionísio - Gostou do filme?

Maria Íris - Sim, mas não entendi algumas coisas.

Até o filme terminar...

Maria Íris - Um homem e uma mulher, que moram na mesma casa são um casal?

Dionísio - Sim Maria Íris.

Maria Íris - Então você e eu somos, isso...um casal?

Melissa - São com certeza!

Dionísio - Não, não necessariamente.

Melissa - Ah tá, papai! (Ela negou com a cabeça)

Maria Íris - Por que não somos? Se você e eu fizemos como eles?

Ela se referia aos beijos quentes que eles deram assim como o casal daquele filme.

Dionísio - É que eu já tenho uma companheira a oito anos e eu a amo.

"Não queria magoar aquela jovem, mas se eu a iludisse seria ainda mais crápula do que já estava sendo."

Maria queria perguntar muitas coisas a Melissa depois dessa frase dele, mas naquele momento não poderia. Ela apenas se levantou sem dizer nada.

Dionísio - Espere, onde você vai?

Maria Íris - Me deitar um pouco.

Dionísio - Melhorou da gripe?

Maria Íris - Sim, eu já melhorei.

Dionísio sabia que tinha magoado o coração da moça. Melissa também pressentia que teria que dar muitas explicações a sua "anja".

Maria Íris entrou e fechou a porta do quarto, estava se sentindo muito enganada.

Maria Íris - Por que me enganou Melissa?

Melissa - Não te enganei.

Maria Íris - Enganou sim, disse que sem você ele ficaria sozinho, mas ele acaba de dizer que tem uma companheira...que ele chama de namorada. Disse que a ama! E tem fotos dela aqui na casa.

Melissa - Não Maria, ele pensa que ama, mas não. É você quem ele vai amar, já ama, mas ainda não percebeu.

Maria Íris - Mas ele não quer isso, fica nervoso comigo e sofre assim sempre que me toca. Eu posso sentir quando estamos perto.

Melissa - Ele fica assim, por que não quer amar você.

Maria Íris - Se ele não quer, por que vamos obrigar ele a isso?

Melissa - Não vamos obrigar, estou salvando ele de uma mulher que não vai fazer ele feliz. Por favor me ajude a fazer isso!

Maria Íris - A separar ele dessa tal de namorada?

Melissa - Sim.

Maria Íris - Deus...Melissa!

Melissa - É só fazer o que eu digo, nada além disso.

Maria Íris - Se alguém sair machucado?

Melissa - Não vai acontecer isso.

Maria Íris - Jura?

Melissa - Juro.

Maria Íris - E por que você sumiu?

Melissa - Tive uns problemas para resolver lá em cima, para poder ficar mais tempo por aqui, mas agora estou de volta. Toma um banho e fique bem bonita para almoçarem fora.

Maria Íris - Nem sei se ele ainda vai querer me levar depois disso.

Melissa - Vai sim, anda.

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