Distante
Melissa ouviu ela negar aos gritos e foi para lá bem rápido para ver o que acontecia.
Dionísio - Vai dizer que esse tempo todo não ficou se oferecendo para mim? Dormindo daquele jeito, me abraçando toda hora, me fazendo te tocar e os beijos que demos não foram nada inocentes e você me deixou louco!
Melissa - Meu Deus papai, não era assim que eu queria que entendesse! Confundiu todos os sentimentos.
Maria Íris - Eu vou embora! Você não é bom e não merece que eu fique aqui!
Ela chorava e tentava se afastar dele, mas ele forçava que ficassem de corpo colado e ela o sentia ainda excitado.
Dionísio - Me fala o que você queria aqui, então?
Maria Íris - Me solta por favor, eu só quero ir agora. Você merece ficar sozinho, sim!
Dionísio - O que está dizendo? Que eu merecia perder minha filha?
Melissa - Por favor Maria Íris não diga mais nada a ele.
Maria Íris - Ele merece ouvir!
Gritou ela que ainda era contida pelos fortes braços dele.
Naquele instante alguém abre a porta surpreendendo os dois aos prantos e ele ainda agarrado a ela.
Jussara - Dionísio?
Dionísio - Jussara?
Ele mudou de cor e largou Maria Íris que correu para o quarto e se trancou assustada.
Jussara - Quem é essa garota? E pode me dizer por que estava agarrado com ela?
Melissa - Deus...achei que não poderia ficar pior!
Dionísio - Achei que voltaria daqui a uma semana?
Jussara - Foi bom que eu voltasse antes, te flagrei nessa pouca vergonha. Anda, responde quem é essa garota?
Dionísio - Maria Íris ela é...era amiga de Melissa.
Jussara - O que ela faz aqui? Estavam de caso a quanto tempo pelas minhas costas?
Gritou ela.
Enquanto eles brigavam na sala...Melissa apareceu no quarto.
Maria Íris - Por que fez isso comigo Melissa? Achei que queria que eu fosse amiga dele, mas não ele ia tirar minha roupa e sabe lá para que. Não sei ao certo o que ele ia fazer, mas nudez é pecado!
Ela ainda chorava muito.
Melissa - Ele gosta de você, gosta muito Maria só está confuso por que me perdeu e não sabe lidar com tantos sentimentos.
Maria Íris - Eu quero voltar, não quero mais ficar nesse mundo!
Melissa - Já não tem suas asas, não pode mais...você é humana agora.
Maria você não pode conhecer todo o pecado até que fique com o meu pai...não pode. Pensou Melissa.
Maria Íris - Nãooo! O que eu vou fazer agora? Como eu vou viver nesse mundo assim sem saber de nada sobre...sobre as pessoas. Todos são ruins, seu pai é ruim!
Melissa - Não...ele não é, por favor dê outra chance. Não vá embora daqui, lá fora estará vulnerável e não quero que sofra mais.
...
Enquanto isso os ânimos continuavam inflamados na sala.
Jussara - Então é assim, oito anos me enrolando e me fazendo de boba.
Dionísio - Não é o que está pensando Jussara.
Jussara - Como não é?
Dionísio - Ela não tem onde ficar, apenas dei abrigo a ela.
Jussara - Eu vi bem que tipo de abrigo você está dando. Eu não vou surtar, não sou esse tipo de mulher (respirou fundo)...vou te dar 10 minutos para colocar ela para fora daqui Dionísio!
Dionísio - Não posso fazer isso!
Jussara - Não pode ou não quer?
Perguntou ela com sangue nos olhos.
Dionísio - Ela é...
Dionísio colocava as duas mãos na cabeça como se procurasse algo ali que pudesse salvar ele daquela confusão.
Maria Íris - Não precisa me mandar ir. Eu vou agora!
Maria estava muito triste com o que havia causado, queria trazer paz a vida dele e não ainda mais dor.
Jussara adorou que ela ia fazer a parte mais difícil, sem precisar de um incentivo.
Melissa - Não papai, não deixa ela ir.
Dionísio - Não, não vai sair assim!
Diz ele seguro do que não queria.
"Eu não conseguiria ver ela ir embora."
Jussara - Eu já vi e ouvi demais por hoje. Vão para o inferno os dois!
Melissa - É você quem vai, bruxa!
Maria Íris - Eu vou Dionísio, por tantas vezes me pediu para sumir e eu não fui, mas agora eu vou sim...seu colar!
Ela retirou e colocou na mão dele.
Dionísio - Vai ficar sim!
Gritou ele.
Maria Íris - Você disse muitas coisas...sou boba para entender sim, não duvide disso. Mas sei que o que disse para mim era para ferir e conseguiu.
Dionísio - Me perdoe, por favor! Preciso do seu apoio e do seu carinho para suportar a dor de ter perdido minha filha, não me deixe sozinho.
Melissa - Sim Maria, por favor!
Ele ia dar um abraço, mas ela se afastou dando um passo para trás.
Maria Íris - Eu perdoou sim, mas disse que eu queria algo por que te tocava e abraçava. Eu fico se você nunca mais tocar em mim, assim você não vai brigar mais e nem se sentir culpado.
Melissa - Não pode pedir isso!!!!
Dionísio fechou os olhos bem triste.
Dionísio - Está bem. Vai ser como você quiser de agora me diante.
Dionísio foi para o quarto e pensou em tudo o que havia acontecido naquele dia, Jussara havia saído de sua vida e ele precisava admitir que havia sido melhor assim. Aquele pedido de Maria, era doloroso e por mais que ele temesse queria muito tocar e fazer muito amor com ela.
O clima entre eles ficou frio e distante e era de se esperar, ela percebeu que ele ficou triste depois da briga que teve com Jussara e erradamente atribuiu a isso.
Maria Íris pensava se o que estava fazendo era certo ou justo, separar assim aquelas duas pessoas...enquanto jantavam no mais absoluto silêncio Melissa os observava triste.
Maria Íris - Devia ter me deixado ir Dionísio.
Melissa - Por favor Maria, já chega desse assunto!
Dionísio - Por que diz isso? Já te pedi desculpa pelas coisas idiotas que eu te disse.
Ele tinha percebido o grande fora que tinha dado apesar de ser um pouco tarde para isso.
Maria Íris - Você disse para mim que ama Jussara. Então por que deixou ela ir e eu fiquei?
Melissa - Por que ele está se apaixonando por ti!
Dionísio - Sinceramente eu não sei o que te dizer Maria Íris. Tudo o que sei é que não conseguiria te ver ir embora da minha vida e ainda mais assim tão despreparada para o mundo como está agora.
Melissa - Está amando de verdade papai, só tem que reconhecer isso. Que cabeça dura!
Maria Íris - E até quando vou poder ficar, aqui na sua casa?
Dionísio - O tempo que quiser. Essa casa é sua agora...você tanto disse isso que me convenceu.
Ele diz isso e os dois sorriem.
Maria Íris - Boa noite Dionísio.
Ela dá um bocejo.
Dionísio - Já vai se deitar tão cedo? Não quer assistir um filme comigo?
Perguntou ele.
Melissa - Diz sim!
Maria Íris - Estou com sono, amanhã a gente assiste.
Melissa - Teimosa.
Dionísio - Está bem princesa. Boa noite e durma com os anjos!
Melissa - É você quem deveria fazer isso papai.
Como ele se arrependia de tudo o que havia dito a ela no calor daquela discussão, mesmo que ainda duvidasse de sua inocência e pureza de sentimentos.
Sentir ela distante e triste doía muito nele, lavou a louça do jantar e Melissa ficou ali com ele ouvindo todos os seus pensamentos para tentar dar um jeito naquela situação.
"Não sei o que acontece comigo, quando estou perto dela sinto uma paz que a muito não tinha. Mas eu também a desejo muito e não sei como vou me manter sem poder tocá-la estando assim tão perto. E Jussara, não é justo te tirar assim da minha vida te enrolei por oito anos...estou sendo um verdadeiro canalha!"
Não papai você não sabe quem é essa mulher de verdade e do que ela é capaz, se pudesse ver o que eu vejo e saber do que eu sei jamais sentiria por deixá-la. Não faça uma escolha errada, por favor! Maria Íris tem que permitir que fiquem juntos e bem rápido. Pensava Melissa.
Amanhece.
Dionísio - Bom dia princesa! Quero que volte a usar isso e não tire mais.
Ele colocou de volta no pescoço dela aquele belo colar de esmeraldas e ela o tocou em seu pescoço.
Maria Íris - Bom dia. Eu gosto dele.
Responde ela tocando o pingente.
Dionísio - Hoje a dona Sônia virá arrumar a casa, toda semana na quinta-feira ela vem e organiza tudo. Então para gente não atrapalhar o trabalho dela eu vou te levar a um lugar!
Maria Íris - Quero ficar aqui, posso?
Melissa - Vai com ele, por favor!
Dionísio - Se você prefere, por mim tudo bem. Peço a ela para fazer o almoço para você...vou até a corretora ver como estão as coisas. Mesmo com esses dias de luto eu preciso pelo menos saber como anda o negócio. Se precisar pode me ligar, anotei o número do meu celular ao lado do telefone fixo.
Maria Íris - Pode ir tranquilo vou ficar quietinha aqui.
Dionísio - Vou confiar.
Responde ele sorrindo tímido.
Ele se aproximou e ela se afastou...só restou a Dionísio sair por aquela porta levando com ele um arrependimento bem grande na bagagem.
Melissa - Não faz isso Maria Íris, ele saiu tão triste. O plano era consolar ele e não deixar ele pior do que antes.
Maria Íris - Ele e eu fizemos um acordo ontem de não nos tocarmos mais. Dionísio brigou comigo por causa disso e não quero que ele grite mais uma vez, ele ficou assustador.
Melissa - Teimosa.
Maria Íris - Mandona!
Alguns minutos depois dona Sônia chegou para fazer a faxina na casa.
Maria Íris - Bom dia.
Sônia - Bom dia. Eu soube do que aconteceu com Melissa, mas não pude ir ao velório. Você é prima dela?
Maria Íris - Não...sou apenas uma amiga.
Melissa - Deixa de ser curiosa dona Sônia!
Sônia - Ah sim.
Dionísio conseguiu dormir muito tempo depois.
Ela não engoliu bem essa história, mas não tinha nada a ver com isso apesar de estranhar muito aquela jovem ali. Conhecia bem Jussara e sabia que se aquela garota estava ali com certeza era contra a vontade dela.
Maria e Melissa ficaram no quarto o dia todo para que a moça pudesse aprender com ela coisas importantes, já que agora era humana.
Tinha que começar do básico, ler e escrever para poder ter autonomia ao menos para as coisas mais simples da vida e passaram a ter essas aulas todos os dias. Vendo alguns vídeos onde ela podia ver as coisas básicas da vida para não passar mais por tantos constrangimentos na sociedade.
Dona Sônia deixou tudo limpo e perfeito.
Sônia - Já está tudo pronto e estou indo para casa, precisa de mais alguma coisa?
Melissa - Diga que não e obrigada.
Maria Íris - Não e obrigada.
Ela foi para casa.
Dionísio passou a tarde inteira fora e chegou já quase ao anoitecer e Maria Íris ainda estava no quarto tendo suas aulas com Melissa até ouvirem bater na porta do quarto.
Dionísio - Maria Íris posso entrar um momento?
Pediu ele.
Melissa - Anda destranca a porta.
Maria Íris - Pode sim. Eu estava...é, ouvindo música.
"Que horrível já aprendi a mentir assim para ele!"
Dionísio - Trouxe uma coisa para você!
Diz ele sorrindo e com uma expressão bem enigmática.
Melissa - Hum já estou curiosa papai!
Maria Íris - E o que é?
Maria Íris olhou para as mãos dele, mas estavam vazias aumentando ainda mais aquele clima de suspense.
Dionísio - Vem comigo.
Ele a puxou pela mão indo até a sala.
Quando ela viu aquele serzinho peludo e tão fofo no tapete da sala deles. Maria sorriu para Dionísio e foi logo se sentando no chão bem pertinho do cachorro para não assustar ele.
Dionísio - Você gostou Maria?
Melissa - Ai papai eu amei também!
Melissa suspirava.
Maria Íris - É a coisa mais linda que eu já vi, claro, depois de sorvete de morango.
Ela sorria encantada olhando.
Dionísio - Por que não toca nele? faz um carinho ele vai gostar.
Maria Íris - Tenho medo de assustar ele, sou muito atrapalhada e até posso matar o bicho do coração.
Dionísio - Mas sente vontade de fazer isso?
Dionísio perguntou bem curioso.
Melissa - Você é muito esperto senhor Ferreira.
Maria Íris - Sim...tenho vontade de apertar ele e não soltar nunca mais!
Dionísio - É assim que me sinto em relação a você, quero te proteger por ser tão frágil como ele. Dói muito ter algo assim tão belo por perto e não poder me aproximar ou tocar!
"Eu queria que ela entendesse o quanto me doía estar na mesma casa e não poder tocar ou sentir aquela pele tão macia de novo. Preciso dela e não posso mais tentar negar o óbvio."
Dionísio se sentou no chão perto dos dois e olhando para ela.
Maria Íris ficou sem palavras depois do que ele disse.
Dionísio - Pode pegar ele, é seu agora!
Melissa - Pegue ele Maria e vê se sufoca o coitadinho.
Ela pegou o cachorrinho e se derreteu de amores por ele, sentia a maciez de seu pelo e quanto aquele ser era frágil.
Dionísio - Você tem que cuidar bem dele agora e lhe dar um nome.
Maria Íris - Vamos...quer dizer, vou pensar em um nome bem bonito Dionísio! Eu nem sei o que dizer. Obrigada está bom para você?
"Eu queria muito mais...mas tudo no seu devido tempo, Maria era especial demais."
Ela sorriu acariciando o cãozinho com sua bochecha.
Dionísio - Por agora sim!
Ele sorriu, sentiu o quanto havia sido incrível para ela ter companhia e alguém para cuidar e sentir importante.
Melissa - Deixa de ser bobo papai, nós dois sabemos que um obrigada não é o suficiente!
Ele ficou feliz e mais tranquilo por dar a ela essa alegria e talvez ter feito ela compreender um pouco os sentimentos dele.
Alguns minutos depois, ela havia tomado um banho e o cachorrinho olhava fixamente para Melissa, ele sabia que ela estava lá também.
Depois Maria Íris foi para a sala ficou mimando seu novo pet no sofá.