Capítulo IV - Alejandro
Eu estava com minha cabeça distraída, os pensamentos voltando na minha cama bagunçada e no perfume da loira impregnado nos meus lençóis. Eu tive duvidas se aquilo era real ou eu estava ficando maluco e imaginando coisas, mas quando a encontrei no corredor eu soube que estava certo, a forma como ela reagiu deixou claro que ela tinha ido até o meu quarto e se tocado na minha cama enquanto me ouvia.
Porra, aquele pensamento era mais do que sexy, mas eu nunca a faria confessar, tinha certeza que Magie preferia morrer a confessar que tinha se masturbado pensando em mim. Porém eu não precisava da confissão saindo daqueles lábios, eu já sabia a verdade.
Tinha ficado tanto tempo pensando nisso que não prestei atenção no que estava fazendo.
— Cuidado! — Luke gritou mas já era tarde de mais, o elevador de carro desceu de vez e mesmo eu me jogando no chão o ferro prendendo minha perna e me arrancando um grito gutural de dor. — Porra! Vou chamar sua mãe... e a ambulância. — ele fez uma cara feia para minha perna antes de sair correndo.
E eu me mantive parado, não queria nem ver o estado da minha perna, mas eu tinha certeza que ouvi algo quebrando. Respirei fundo, tentando inutilmente controlar a dor, pensando em qualquer coisa que não fosse a dor atravessando meu corpo.
Mas logo os gritos da minha mãe e Magie foram ouvidos do outro lado da rua, eu só queria um médico, mas pelo jeito teria que aguentar a histeria da dona Rosa primeiro.
— Meu filho! Meu bebê o que aconteceu? Como deixou isso acontecer Luke? — ela gritou se aproximando de mim.
— Sim, um homem com a perna presa no elevador de carros. — ouvi Magie falando e movi meus olhos tentando olhar para ela. — Sim senhora tem um carro em cima. — ela rosnou e só então meus olhos a alcançaram, ela estava com o celular pendurado na orelha encarando a minha perna e gritando com a telefonista. — Escuta aqui minha senhora, você vai mandar uma ambulância ou vai continuar com o interrogatório e esperar o homem perder a perna? — parecia um animal enfurecido, pronta para rasgar a garganta de alguém. — Ótimo, obrigada! Eles já estão a caminho.
Os olhos dela encontraram os meus e eu vi refletido ali toda a preocupação dela, a loira parecia quase com pena de mim, um vinco na testa e os lábios franzidos, me diziam que minha mãe não estava exagerando.
— Está tão ruim assim, Barbie? — perguntei querendo que ela dissesse alguma coisa engraçadinha para me distrair do problema.
— Não é melhor erguer o elevador e liberar...
— Não! — Magie gritou impedindo Luke. — Fique longe desse botão. Os únicos que vão tirar ele daqui são os paramédicos, ou quer arriscar que ele perca a perna?
Luke deu dois passos para trás, se afastando do elevador e ficando ainda mais longe dela, era uma coisa sábia a se fazer, ficar longe da ferinha.
Mas o que ela tinha dito chamou minha atenção no mesmo instante e eu precisei ver a real situação da minha perna, já estava começando a não doer tanto, então não deveria ser tão ruim assim.
Ergui meu tronco querendo ver o que tinha acontecido, o ferro parecia ter cortado um pouco já que havia sangue e a minha perna estava torta, mas não parecia ter nada fora do lugar e eu também não conseguia ver a cor para saber se estava prendendo minha circulação ou não.
— O que está tentando fazer? — Magie questionou se abaixando ao meu lado e eu acabei movendo a porra da perna um centímetro, fazendo a dor voltar a se espalhar enquanto minha perna começava a latejar, eu rosnei com a dor e trinquei meus dentes tentando não gritar. — Está tentando piorar a situação?
Antes que eu pudesse responder ela agarrou meus ombros me puxando para me deitar novamente, mas dessa vez minha cabeça repousou em seu colo.
— Filho por Deus, fique quieto. A ambulância já está chegando. — minha mãe implorou contorcendo as mãos com nervosismos.
— Acho que seu filho não sabe o que significa ficar quieto, o idiota simplesmente não para. — meus olhos voaram para a loira que tinha o rosto bem próximo do meu, a sobrancelha erguida me desafiando a retrucá-la, era disso que eu precisava.
— É porque eu não sou preguiçoso como você, Barbie.
— Meu nome, use meu nome seu insuportável. — ela segurou meus cabelos os puxando, mas foi mais como um carinho do que para machucar, então ela deslizou os dedos massageando meu couro cabeludo, brincando com os fios e me fazendo relaxar. — É homem mais idiota que já conheci.
— Como se você conhecesse muitos homens loirinha. — murmurei de olhos fechados aproveitando o carinho.
Começamos a ouvir as sirenes ao longe e eu já estava quase dormindo no colo dela, tinha que admitir as mãos dela faziam milagres realmente, eu já havia até me esquecido da dor.
Ouvi Luke gritando da calçada, falando com os socorristas que rapidamente entraram na oficina. Eles fizeram perguntas e falaram entre si, mas eu não consegui prestar atenção em nada de verdade, fiquei ali sentindo os dedos dela contra a minha cabeça, os olhos focados em tudo o que os socorristas faziam, enquanto me acariciava sem se dar conta.
— Alejandro está escutando? — ela me acertou um tapa no rosto, me fazendo voltar a realidade.
— Sim, claro que sim.
— Ok senhor, aguente firme, vamos imobilizar sua perna agora. — e aquelas poucas palavras se seguiram das mãos segurando firme minha perna e a atando em uma tala, antes que me colocassem em uma maca e me levassem para fora de lá.
— Alguém quer acompanhá-lo na ambulância?
— Eu vou com Luke logo atrás. — minha mãe disse. — Vá com ele Magie, você vai saber resolver as coisas melhor do que eu.
Dentro da ambulância eu não pude ver se ela hesitou ou retrucou o pedido da minha mãe, mas no segundo seguinte a loira entrou na ambulância, sentando do lado do paramédico.
— Não consegue ficar longe de mim, não é Barbiezinha? — soltei já sentindo o efeito de qualquer droga que eles tenham me dado.
— Só porque você não cansa de fazer besteira. O soco hoje mais cedo não foi o suficiente e decidiu quebrar a perna? — eu não consegui segurar o sorriso. — Cuidado Alejandro, ou vou começar a pensar que você está fazendo isso para ganhar atenção.
Era até engraçado ouvi-la dizer isso já que foi ela quem correu para me ajudar e me acalmar. E isso só me fez lembrar de hoje cedo, claro que era o que ela queria, parecíamos até estar em uma maldita preliminar com aquelas provocações.
Mas isso não ia acontecer, nada podia acontecer entre nós dois e eu estar pensando nela na hora do acidente só me servia de lembrete, eu tinha que colocar minha cabeça no lugar ou acabaria repetindo o passado.
— Nos seus sonhos loirinha, só nos seus sonhos.
Quando chegamos no hospital as notícias não foram das melhores, o corte na perna não tinha sido profundo, nem mesmo precisou de pontos, mas minha perna estava quebrada e havia uma torção no calcanhar.
Mas por sorte eu não precisaria de nenhuma cirurgia, fizeram o que podiam colocando minha perna no lugar e engessando, agora eu estaria confinado na porra de uma cama por semanas.
— Agora lembre senhor Fontes, nada de deixar essa perna pendurada ou para baixo e nem pense em apoiar esse pé!
— Pode deixar doutora, ele não vai a lugar nenhum. — Magie respondeu por mim. — Ele vai ficar na cama, nem que tenhamos que amarrá-lo nela.
Semicerrei meus olhos na direção dela, mesmo que estivesse irritado com a situação, ela conseguiu tirar minha cabeça do lugar com a conversa de me manter na cama. Eu podia ter algumas ideias sobre o que fazer sendo amarrado por ela.
— Ao menos transar eu vou poder, não é doutora? Porque essa é a única vantagem em se ficar preso em uma cama. — comentei com os olhos focados em Magie e rapidamente a pele clara ficou vermelha de vergonha.
— Vou ter que pedir para que você e sua esposa não façam esforço físico por alguns dias. Logo vai poder voltar a ativa. — ela saiu da sala enquanto minha mãe ria no canto e Magie me fuzilava com os olhos.
— Você ouviu esposa, nada de esforço.
Ela ergueu a mão prestes a me bater, mas olhou para minha perna desistindo e se contentou em erguer o dedo do meio.
— Já chega vocês dois. Vamos pra casa começar esse descanso. — minha mãe entrou no meio interrompendo nós dois.
Deus me ajude, pois eu ia precisar tendo que ficar trancado em casa com Magie, sem nem ao menos poder correr para longe dela.