Continua Capítulo Um
Parte 4
Tinha cometido um erro enorme e se alguém fizesse o mesmo com a irmã dele, também iria querer colocar tudo abaixo. No mínimo arrancava o pinto do safado que fizesse isso.
Por um tempo ele ficou calado só pensando no que fazer e o silêncio ficou um pouco estranho.
Ergueu a cabeça suspirando e olhou para ela.
_ Juliana... Eu... Nem sei o que dizer.
_ Como assim? - ela franziu os olhos e voltou a sentar na cama _ Dizer o que?
_ Eu não deveria ter trazido você para cá, não foi legal - esfregou o cabelo com força.
_ Ah, que bom... - ela torceu a boca _ Muito legal de sua parte me falar isso.
_ Eu estou arrependido, poxa.
_ Isso, vai piorando - bateu no colchão.
_ Ah... Você não está me entendendo - balançou a cabeça _ Quero dizer que sinto muito.
_ Não entendi mesmo - fechou a cara.
_ Quero dizer que eu cometi um erro trazendo você para cá ontem. Eu estava bêbado.
_ Eu sei, eu também estava.
_ Mas eu sou mais velho e sou homem, deveria ter tido controle.
_ Credo - ela ergueu a sobrancelha _ Que coisa mais antiga e machista.
_ Eu não sou machista.
_ É sim - cruzou os braços _ E muito!
_ Você... Você era virgem - falou baixo.
_ Eu sei - ela falou baixo também _ Sei disso há muito tempo. E por que falou baixo? Tem algum buraco na parede por acaso?
_ Isso é sério, Juliana.
_ Eu sei disso - aumentou os olhos _ Mas é bem desagradável o cara que a gente fez amor na noite passada, falar sinto muito logo de mahã.
_ Eu não queria te magoar.
_ Então não fale bobagem.
Ele apertou os lábios. Ali estava o gênio forte dela. Não queria mesmo causar um dano.
_ Eu só acho que sou culpado pela noite passada - tentou tocar em seu braço e ela recuou.
Juliana não tinha vergonha mais. Agora estava preocupada com o que poderia acontecer dali por diante. Torceu a boca várias vezes, trêmula e ansiosa.
Vítor estava fora de forma para lidar com uma mulher como ela. Fazia tempo que só tinha casinhos passageiros e mais ainda que tinha acordado ao lado de uma mulher.
Não estava sabendo lidar com ela agora e isso seria mais ruim ainda com os irmãos.
_ Não se preocupe - ela disse chateada _ Eu não vou exigir que você repare seu erro.
Por um instante ele até ficou aliviado em ouvir isso, mas percebeu que ela estava incomodada e até parecia um pouco triste. Realmente o que um homem decente faria nessa hora seria isso mesmo. Ela não era uma menina, mas era virgem até ele se meter com ela.
Literalmente.
E se alguém tivesse visto os dois saindo juntos do salão e entrando em sua cabana, com certeza a fofoca iria correr solta pela cidade.
Andaluz era um ótimo lugar para se viver, com alguns moradores bem excêntricos, mas ainda assim era um lugar pequeno e o povo fala. E como falava.
Ficou desapontado com seu passo em falso e olhando para ela, percebia que também pensava o mesmo. Estava preocupada.
_ Eu sei que deveria ter parado quando começamos a nos beijar aqui na cama - ele falou devagar _ Mas aí ficou difícil de resistir à você.
Ela o olhou meio de lado.
_ Você é diferente das outras mulheres com quem eu estou acostumado a ficar, Juliana - sorriu de leve _ Tem um jeitinho muito fofo... Quando não está aborrecida, é claro - ele viu um sorriso se formar na boca bonita _ Tem um modo gostoso de se chegar e isso me tirou o pouco juízo que ainda tinha.
_ Eu... Eu me lembro... Um pouco - ela mexeu no cabelo _ Lembro do beijo.
_ E lembra também de quando tirei sua roupa e a trouxe para o meio da cama?
Ela ficou vermelha.
_ Lembra dos beijos que trocamos... Por completo? - insinuou e ela corou mais _ Eu lembro de quase tudo. Está vindo aos poucos, mas sei que foi uma noite como nenhuma outra.
Ela apertou as mãos. Recordava disso.
_ Eu sinto ainda como você foi carinhosa, mesmo um pouco relutante quando eu montei em você e a penetrei e sentiu dor.
Ela começou a chorar baixinho.
_ Merda... Me desculpe linda, não queria te deixar assim - sentiu um nó na garganta.
_ Eu estou bem... Mais ou menos... Não quero chorar, mas não consigo segurar.
Ela sentiu o peso de ter cometido um erro também.
A culpa não era só dele. Ela tinha dado sua virgindade a um homem que nem mesmo era um namorado após uma noite de farra. Com tantos homens que davam em cima dela foi escolher justo ele para se deitar e ter sua primeira experiência.
Ele era bonito, inteligente e interessante, mas era só o Vítor, um empregado da fazenda e que seus irmãos iriam morrer de ódio quando descobrissem sua loucura.
Até poderia culpar só ele e sair com um pequeno prejuízo dessa confusão, mas isso seria muito errado e ela não seria capaz disso. Poderia culpar a bebida também, só que seria apenas uma desculpa esfarrapada, afinal não estava desacordada e sabia que estava com ele. E aproveitou muito bem cada minuto.
Fechou os olhos novamente revisando tudo o que acontecera.
Os dois abraçados se beijando, os corpos nus e colados, as mãos correndo ousadas por sua pele. Puxou o ar. Ela tinha mesmo aproveitado tudo muito bem.
Lembrou que ele foi muito carinhoso com ela, que a abraçou ao perceber que ainda era virgem e que foi calmo e gentil depois.
E em nenhum momento ela pediu para ele parar. Ao contrário, pediu que a amasse mais e que fizesse ela sentir o que era um orgasmo real.
E agora? Como levaria isso adiante? Eles trabalhavam juntos algumas horas do dia, quando ele não estava com os animais. Desde o começo eles foram meio estranhos um com o outro, embora seus irmãos dissessem que ela era cismada demais com tudo.
Vítor mexeu no cabelo, pensando no que fariam para não causar uma confusão. Ajeitou um travesseiro na cabeceira da cama e se encostou, cruzando os braços sobre o peito.
Juliana tentou não olhar, mas não conseguiu. Recordou da noite anterior quando foi abraçada por aqueles braços fortes e deitou a cabeça em seu peito.
“Ai, Senhor.”
_ Se você não notou ainda, nós estamos em uma roubada complicada - ele disse esticando as pernas.
_ Uma roubada? - ela franziu a testa _ Então é assim que você chama o que aconteceu entre a gente?