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Continua Capítulo Um

Parte 3

Juliana passara a vida ali, quase não saíra de Andaluz e ele já rodara bastante por outros pastos.

Sem falar que ele estava com trinta e dois anos e ela só tinha vinte e um. Essa diferença de idade trazia pontos de divergência em uma relação.

“Que relação?”

Ele estava pensando bobagem de novo. Não havia uma relação com ela a não ser de trabalho e amizade, nada mais. Nada mesmo.

E ele já tinha sido casado uma vez e não tinha intenção nenhuma de se envolver a sério de novo com outra. Uma vez já estava bom.

_ Olha só - ele começou devagar e baixinho por causa da cabeça dolorida _ Eu não tenho ideia exata de como nós paramos aqui, mas acho que dá para adivinhar. Você lembra de algo?

Talvez ela lembrasse melhor do que ele do que haviam feito para acabar na mesma cama, porque geralmente a aproximação deles era apenas profissional.

Ela segurou a respiração um pouco. É claro que ela conseguia lembrar o que havia acontecido. A dor de cabeça ou o susto estavam fazendo efeito porque seu cérebro começou a trabalhar mais e não foi nada bom recordar.

Ficou morta de vergonha.

Ela tinha perdido a vergonha na cara totalmente na noite anterior. Eles eram só amigos de trabalho.

No entanto, ela lembrava do que havia feito e de como havia feito. Mordeu o lábio. Não iria confessar, era vergonhoso. Recordava dos beijos ousados. Tão ousados que ela desceu pelo corpo dele e foi... Até lá embaixo e o beijou lá.

Vergonha era pouco. Virou o rosto e disfarçou.

“Onde está o buraco negro quando se precisa dele para sumir?”

O peito dele era bonito, com pouco cabelo e alto. A barriga era de tanquinho e as mãos fortes e com calos pelo trabalho na fazenda. Mas fizeram milagres em seu corpo.

Ela lembrava sim. Não de tudo, mas boa parte já se fazia marcar em sua memória.

Lembrava do casamento do irmão mais velho, da farra dos amigos e parentes e claro, do tanto de bebida que ela consumiu sem ter noção do que faria com seu organismo.

Raramente bebia, era fraca para qualquer tipo de bebida alcoólica e resolveu fazer essa merda na noite anterior, misturando tudo. Aí estava o final.

Ela tinha começado a flertar com Vítor de brincadeira, nada demais, só para relaxar. E daí?

Todas as garotas da fazenda acham que ele é bonito e sexy, só quis brincar um pouco e até causar um pouco de inveja nelas. Mesmo achando que Vítor era um machista exagerado, mandão e egocêntrico.

Porém, ele era também muito sexy e inteligente, além de dançar muito bem. Ela sabia disso porque foi ela quem teve a ousadia de chamá-lo para dançar quando a música mudou.

Estava se divertindo muito com ele e não pensou nas consequências de seus atos. A música lenta o fez segurar em sua cintura e começaram a dançar quase colados, mesmo com as pessoas em volta olhando. E ela adorou aquelas mãos.

Foi interessante perceber como seu corpo reagiu ao dele, enquanto dançavam juntos, colados, sentindo o cheiro másculo.

Não tinha consciência dessa atração por ele até então. E Vítor era a última pessoa no mundo com quem deveria se envolver, por vários motivos.

Um deles é que ele era um solteiro convicto. Após o fracasso de seu casamento, já o ouvira dizer várias vezes que as mulheres eram só uma diversão em sua vida agora.

Era muito bonito, cheio de palavras e decisões, mas era um mulherengo. E ali estava ela.

Quando ele apareceu na fazenda procurando emprego, seus irmãos fizeram uma entrevista com ele e lhe deram o emprego por um tempo de experiência para ver se ele realmente era bom na tarefa.

E Vítor provou que era. Tanto que o irmão decidiu contratá-lo de modo fixo e logo as pessoas começaram a conhecê-lo mais e seu trabalho. Era muito capaz no que fazia e o que mais lhe agradava eram os animais. Parecia mais à vontade com eles do que com as pessoas.

Algo que também a intrigava um pouco quando pensava nele.

Fez tanto sucesso que até outros proprietários de sítios e fazendas o chamaram para fazer trabalhos avulsos quando estivesse de folga. E o sucesso se estendeu para as mulheres também.

Chegava a ser ridículo o tanto de mulher que ligava para a fazenda atrás dele. Até seu irmão Jessé reclamou com ele sobre isso, mas Vítor garantiu que não era ele quem dava o número do lugar e sim elas que descobriam e ligavam atrás dele.

Quando ele passou a trabalhar com ela também, tiveram alguns momentos de discórdia e até brigas, mas nada grave, apenas coisas sobre diferença de pensamento.

Seus irmãos até riam disso.

_ Oi? Juliana? - ele estalou os dedos na frente dela.

_ O que? - ergueu as sobrancelhas.

_ Pode me dar uma ajudinha para recordar?

_ Hum... Não vai dar - mentiu _ Eu também estou meio apagada, não lembro.

De modo algum iria dizer que lembrava do que havia feito em cima dele. Jamais.

_ Ah, merda - suspirou e apertou a cabeça com as mãos ao lado _ Minha cabeça está pesada e parece que vai explodir.

_ Que chato... Eu também - torceu a boca.

Ela levantou enquanto ele estava de olhos fechados e sentou na beirada do colchão.

_ Porra!

Com o grito que ele deu ela também gritou e caiu sentada de novo no chão.

_ Que diabo foi isso, homem? - franziu a testa sem entender.

O diabo foi que veio à sua mente o momento exato em que fez amor com ela. E veio forte em sua lembrança que Juliana era virgem.

Virgem!

Ele tinha dançado com ela, a levou até seu quarto e fizera amor com ela, achando que era experiente e no entanto, ele foi seu primeiro homem.

Que merda grande ele tinha feito. Era o responsável por tirar a virgindade dela, irmã do chefe e dona de tudo também. A fazenda era da família.

Estava mesmo encrencado. Seu peito até apertou como se tivesse o peso de um caminhão em cima. Estava ferrado de vez.

_ Puta merda - ele murmurou.

Escondeu o rosto com as mãos, pensando na merda que tinha feito. Seria até correto que os irmãos dela o enchessem de porrada ao descobrir. Talvez até mais do que isso.

Ele a magoaria e a colocaria em uma confusão enorme. Tudo bem que era preciso dois para o que fizeram, mas ele era mais velho e mais experiente, não poderia ter dado esse deslize.

Autora Ninha Cardoso.

* Livro completo. Duologia.

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