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Capítulo Dois

Parte 1

Jessé entrou no quarto de cabeça baixa, pisando forte e foi logo falando.

_ Desculpe entrar apressado assim, Vitor, mas estou um pouco preocupado.

Vitor ficou nervoso e deu um pulo rápido para ficar na frente dela, assim impedir o irmão de vê-la. Só teve tempo de puxar a calça para cima e nem pegou a camisa, ficando descalço com cara de idiota na frente dela, inchando o peito para tentar escondê-la.

_ Cara, desculpe ir entrando, mas será que você sabe da Juliana? - tirou o chapéu de couro marrom e bateu na perna, levantando o rosto _ Ela não voltou para casa ontem depois da festa e a Briana se preocupou muito, já que ela não tem costume de fazer isso. Ainda mais sem avisar e depois de uma festa como a de ontem à noite em que ela...

Ele parou de falar quando percebeu que havia outra pessoa atrás de Vitor, encolhida no canto da cama. Percebeu que tinha cometido uma indiscrição.

_ Cara, me desculpe, não deveria ter entrado assim sem esperar você abrir a porta - disse sem jeito.

Jessé se virou para sair do quarto logo, quando um vestido jogado no chão chamou sua atenção. Ele franziu a testa. Conhecia aquele vestido. Seu rosto mudou de expressão e virou de novo para Vitor.

Deu um passo adiante e viu alguém atrás dele. Apertou os olhos. Inclinou um pouco a cabeça e então seus olhos aumentaram ao ver que era Juliana encolhida, puxando o lençol sobre o corpo.

Ele olhou de novo para Vitor, apenas de calça e sua mente então registrou a cena íntima que estava diante de seus olhos. Os dois na cama. Não precisou de muito tempo para captar o que era. Sentiu o rosto aquecer.

_ Seu... Filho da puta...

Jessé então pulou sobre Vitor na cama e com o punho fechado e com toda a raiva do momento o acertou em cheio, não lhe dando tempo de desviar.

Vitor ainda rolou rápido de lado, mas quando sentiu a força do punho, cambaleou e acabou pulando da cama, recuperando o equilíbrio e se preparando para um novo golpe, erguendo os punhos também em defesa.

Juliana ficou horrorizada com a atitude do irmão. Ela já o tinha visto com raiva, mas nunca agredindo outra pessoa e acabou gritando.

_ Jessé! - gritou apertando o lençol _ Pare com isso!

Não adiantou nada pois o irmão foi pra cima de Vitor de novo e de cara fechada com raiva.

_ Pare, por favor!

Vitor deu um passo para trás e ergueu as mãos na frente do corpo, tentando parar o homem nervoso e o grito estridente de Juliana chegou a apertar um botão em sua cabeça que já estava dolorida e isso só aumentou o desconforto. Não queria brigar.

_ Espere um pouco, Jessé! - falou alto.

Ela voltou a gritar para que parasse e ele travou o passo, ainda de cara feia e punhos cerrados.

_ Calma, homem...

_ Que porra você fez? - gritou com raiva.

O senso de proteção da irmã mais nova estava alerta a toda, gritando dentro de sua cabeça que ela precisava dele.

_ Posso falar? - Vitor foi abaixando as mãos.

_ Falar o que? Você pensa que é quem, para fazer o que fez... Com minha irmã - falou alto o final da frase.

Os dois estavam ofegantes devido a reação repentina e as emoções que saltaram do nada, mais ainda Vitor que além da ressaca agora tinha um queixo dolorido também.

_ Se me deixar falar, posso explicar.

Vitor apertou o queixo dolorido e mexeu de um lado para outro. Não estava quebrado, mas com certeza teria um roxo em breve e ficaria dolorido um tempo.

Ele só não sabia como começar a explicar o que Jessé estava vendo ali. Nem mesmo ele sabia como foram parar nessa situação e agora o que menos queria era aumentar a raiva do homem à sua frente.

Só que ele tinha dormido com sua irmã e isso por si só já era motivo de ódio. Teria que ter cuidado com o que ia falar para não piorar a situação ridícula em que estava. Nem pensar ele poderia dizer que foi um engano ou talvez Jessé o enchesse de porrada de novo e teria que se defender. Ou seja, seria praticamente uma luta de MMA.

Jessé ainda soltou um xingamento pesado antes de aceitar que ele se defendesse, sempre de punho cerrado.

_ É melhor que seja uma boa explicação, Vitor, ou você está ferrado comigo. Nós confiamos em você. Ela só tem vinte e um anos, porra!

Vitor sabia bem disso. Engoliu em seco e respirou fundo se sentindo um imbecil.

_ Eu sei disso - abaixou as mãos.

Vitor não ligava para a questão da idade quando saía com outras garotas, mas com Juliana era diferente, por vários motivos e um deles estava ali, parado o olhando feio.

Vinte e um anos para uma garota vivida não queria dizer nada, mas para alguém como ela, super protegida pela família, era outra coisa. Se sentiu mal, apesar de saber que não foi o único culpado, mas deveria admitir isso.

_ Se sabe, por que diabos você...

_ Olha só, eu estou bem aqui - ela disse chateada _ E se puderem, falem comigo, não sobre mim.

Nenhum deles deu importância ao que ela disse e nem mesmo a olharam. Juliana apertou os lábios chateada e cruzou os braços, balançando a cabeça.

Jessé também baixou os punhos ao lado do corpo. Iria dar uma chance de explicação para ele.

_ O que infernos você estava pensando, cara?

_ Que inferno digo eu - ela falou alto _ Não preciso de ninguém defendendo minha virtude - bateu no colchão irritada _ Isso é ridículo, Jessé!

_ Você cale a boca! - ambos disseram ao mesmo tempo, para mais raiva ainda dela.

Vitor sabia que tinha cometido um erro. Já estava trabalhando na fazenda há um bom tempo e tinha feito boas amizades ali. Vinha trabalhando muito e duro.

Eles confiavam mesmo nele. Não deveria ter feito tal coisa, mesmo ela participando e querendo. Foi algo muito feio e uma falta de respeito muito grande.

Eles o respeitavam e tratavam muito bem, sabiam valorizar seu trabalho e já estava com dinheiro suficiente para ter sua própria fazenda e viver bem.

Claro que não seria nada perto do que eles tinham, mas dava para começar a ter um patrimônio e se aquietar, formando seu nome no lugar. Poderia até mesmo começar uma criação de bovinos com o que tinha guardado.

E a esposa dele, Briana, já tinha dito que era como se fosse um membro da família e sempre o convidava para os eventos em casa e até para um lanche ou almoço de vez em quando. Não foi certo o que fez.

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