Capítulo 14 Deixe-o ficar aqui
O garotinho chorou, o que havia acabado de acontecer era algo que o garotinho nunca esqueceria.
O coração de Anacleto afundou enquanto ouvia as palavras de sua filha.
Para Antônia, crescer com seus pais era um luxo, ela estava tão feliz só de ver seu pai.
Foi a primeira vez que Soraia viu Antônia tão feliz e esfregou os olhos um pouco lacrimejantes, e suspirou interiormente.
- Seu bastardo, como você ousa me bater, vamos ver!
Passou-se algum tempo antes que o homem de meia-idade se levantasse com dificuldade, raiva intensa em seus olhos, e então ele fez um telefonema.
- Pais, este é apenas um jogo lúdico entre crianças! Não se zanguem um com o outro, também não é bom para as crianças.
O diretor do jardim de infância também veio para mediar este conflito.
O homem de meia-idade disse arrogantemente:
- Sra. Mara, não fale sobre isso! Eu, Casimiro Godofredo Melo, fui até espancado por um estranho, se eu não conseguir minha vingança, será que ainda terei minha majestade?
O rosto de Soraia estava pálido e ela sussurrou para Anacleto:
- Ele é da família Melo, você vai com Antônia, eu sou uma mulher, ele não vai me machucar.
Anacleto deu a Soraia um olhar de surpresa, pois ele não esperava que ela fosse tão virtuosa, mas era tarde demais.
Naquele momento, três carrinhas chegaram e pararam em frente à porta do jardim de infância, e depois cinco ou seis homens fortes saíram.
- Quem provocou Casimiro?
O homem à frente do grupo rugiu.
Antônia tremeu de medo e envolveu seus braços ao redor do pescoço de Anacleto.
Anacleto era aterrorizante. Ao ver isto, Soraia tremeu e olhou para o homem ao seu lado com uma expressão horrorizada.
- Antônia, não tenha medo, papai está aqui, então ninguém pode lhe fazer mal. -, disse Anacleto gentilmente.
As palavras de Anacleto acalmaram Antônia, ela piscou seus olhos grandes e brilhantes:
- Papai, a sério?
- O pai nunca mente!
Anacleto disse solenemente, depois olhou para Soraia,
- Você vai com Antônia, e eu cuidarei do resto.
- Pai, eu não quero te deixar!
Antônia, ouvindo as palavras de seu pai, ficou ansiosa e apertou Anacleto com as duas mãos, com sua voz tingida de soluços.
- Anacleto, você vai primeiro com sua esposa. - disse um homem forte ao lado de Anacleto.
Ao ouvir as palavras de Teobaldo, Anacleto não sabia como explicar.
O rosto bonito de Soraia era vermelho e ela deu ao Teobaldo um olhar frio. Ao mesmo tempo, ela estava muito curiosa sobre o que Anacleto havia feito ao longo dos anos.
Anacleto tinha conseguido derrubar Casimiro com um chute, e um homem feroz e forte como Teobaldo tinha aparecido, tudo isso despertou a curiosidade de Soraia.
- Ele desapareceu por cinco anos e ele se tornou um líder de gangue?
Este pensamento passou subitamente pela cabeça de Soraia.
Se Anacleto soubesse o que Soraia estava pensando neste momento, ele ficaria surpreso com a imaginação dela.
Ao passar por Teobaldo com Antônia em seus braços, Anacleto disse repentinamente em voz baixa:
- Isto não é a Fronteira Norte, não faça bagunça!
- Não se preocupe, eu estou fazendo a coisa certa! - respondeu Teobaldo.
A conversa deles foi ouvida por Soraia, então ela ficou ainda mais segura de sua suspeita de que eles realmente tinham matado alguém.
Ela estava perto das lágrimas. O que eles tinham feito na Fronteira Norte?
No caminho, Soraia dirigiu com cuidado, temendo irritar Anacleto.
No carro, Antônia manteve os braços bem apertados ao redor do pescoço de Anacleto, temendo que ele a deixasse novamente.
Vinte minutos depois, eles finalmente chegaram à casa.
Assim que entraram, se encontraram com Balbina.
Quando ela viu Anacleto segurando Antônia, Balbina ficou pálido e pegou a vassoura para bater nele.
- Bastardo, como se atreve a vir à minha casa?
Balbina estava sem fôlego.
Já que Soraia conhecia bem o "segredo" de Anacleto, então como ela ousaria deixar sua mãe fazer algo estúpido? Ela agarrou a mão de sua mãe e disse:
- Mamãe, não seja impulsiva, ele está apenas levando Antônia para casa, ele vai embora em breve!
Antônia exclamou:
- Eu não quero ser uma bastarda...
Flor e Moisés correram ao som de suas vozes:
- O que aconteceu?
Soraia contou-lhes o que havia acontecido e Flor ficou com o coração partido:
- De agora em diante, você fica aqui!
Todos ficaram chocados, como Balbina pôde deixar Anacleto ficar aqui.
- Você está louco? O que você e Arsénio farão se o deixarem ficar?
- Mamãe, você está me forçando? Se você quiser afastá-lo, então Antônia e eu iremos com ele. - disse Flor, sufocando.
Se não fosse por sua filha, ela nunca teria deixado Anacleto ficar com ela. Tudo o que ela queria era que sua filha crescesse com seus pais.
Anacleto ficou muito surpreso, não esperava que Flor o deixasse ficar com ela, ele havia sonhado em viver com Flor e sua filha.
Soraia convencida:
- Mãe, só para o bem de Antônia, deixe-o ficar aqui por enquanto!
Olhando para sua filha sofredora, Moisés também suspirou e aconselhou:
- Já que Soraia disse isso, deixe-a ficar!
Balbina deu a seu marido um olhar severo, sabendo que não era mais possível expulsar Anacleto, e disse:
- Você pode ficar aqui, mas tem que pagar quinhentos dólares de aluguel por mês, e eu lhe darei um contrato! Se você concordar, você pode ficar lá.
Mesmo se fossem cinco milhões de dólares, ele estaria disposto a pagar, muito menos quinhentos dólares.
Anacleto rapidamente aceitou isto e seguiu Flor e Antônia subindo as escadas.
Enquanto eles se afastavam, Soraia suspirou suavemente e disse para si mesma:
- Se isto não tivesse acontecido há cinco anos!
Logo, o riso de Antônia foi ouvido no quarto de Flor e o rosto de Balbina escureceu:
- Os ingratos!
- Mamãe, não sou ingrata, quando me casar na casa Santana, quem se atreverá a nos subestimar?
Soraia, sabendo que Balbina estava perturbada, apertou seu pescoço afetuosamente e disse com um sorriso.
Ao mencionar da família Santana, o descontentamento de Balbina se dissipou e ela disse alegremente:
- A família Santana nos enviaram muitos dotes, e graças a vocês, nosso grupo pode colaborar com o Grupo Melostiano, eu contarei com vocês no futuro!
À noite, Antônia e Anacleto fizeram uma cama no chão. Como foi a primeira vez que ela dormiu com seu pai, Antônia estava tão feliz que adormeceu muito tarde.
Olhando para sua filha em seus braços, Anacleto estava feliz, mas se sentia ainda mais culpado por ela.
Flor estava deitada na cama, incapaz de dormir.
- Você está preocupado com a colaboração com o Grupo Melostiano?
Anacleto perguntou.
Flor disse friamente:
- Fique quieto! Não faça nenhum barulho!
Anacleto sorriu amargamente e não disse mais nada. Foi uma noite de insônia.