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Capítulo 03

Alana

Mais um dia de sofrimento.Eu estava exausta.Minha valvula de escape era dormir.  A saúde da minha mãe só piorou durante uma semana que se passou. Eu estava indo mal nos estudos por conta dos problemas em casa, mas eu iria me recuperar. Pelo menos ainda tinha a recuperação final.

Só sei orar, e pedir a Deus que essa má fase passe o mais rápido póssivel! Eu estava procurando emprego, porém nada caia do céu além da chuva. Ser pobre era péssimo, eu não tenho vergonha, eu tenho é ódio.

- Vamos Alana vai ser legal.  — Vic me enxia o saco para irmos a um tal baile, até parece que eu curtia.

- Eu já falei que não posso e nem quero ir em festa nenhuma Vitória! - disse pela milésima vez.

- Eu dou cobertura amiga. Por favor eu não quero ir sozinha.

- Vitória. - suspirei. - Sério mesmo amiga, minha mãe está mal em casa e eu não sou uma filha tão má a ponto de deixa-lá só em casa para ir curtir na puta que pariu. - disse e adiantei os passos .

Vitória era minha amiga desde pequena, mas sinceramente depois de estar se envolvendo com esse garoto aí ela estava insuportável. Apesar de muito nova, eu já tinha maturidade o suficiente para lidar com as coisas.A vida vem me castigando desde pequena, acabei me acostumando.

- Mãezinha? - gritei não obtendo resposta.

Entrei na sala, no quarto, em todos pequenos comodos da casa e nada de minha mãe. Foi quando eu adentrei a cozinha e ela estava caída no chão, me desesperei de imediato.

Tentei acordar ela,mas nada.

- Mãe por favor fala comigo! — já estava chorando.

Corri para rua para procurar ajuda. Não tinha ninguém, peguei impulso e corri para ver se a mãe de Vic estava em casa para me ajudar, e me deparei com WL.Ele era o temido dono do morro, ele já matou tantas pessoas aqui, tantas cenas desprezíveis. Só ouvi péssimas coisas, não sei se eram de fato uma verdade mas melhor não pagar pra ver.

- De... — gaguejei. — Desculpa. Eu não quis. - estava me tremendo por inteiro.

- Pô mina olha por onde anda na moral!  — ele disse grosso.

- Me desculpa,que minha mãe está passando muito mal e eu a encontrei desacordada, me perdoe não me mate.Eu não fiz nada por mal.

Ele riu,mas riu tão alto que eu até me assustei. Que cara doentio ele agia como se nada importasse frio metodico, eu falo que minha mãe está assim e ele ri. Minha vontade era de correr dali,e eu precisava salvar minha mãe. Mas não podia me meter em problemas com o dono do morro , por esse motivo eu tinha que dar uma justificativa para esse imbecil.

- Onde é que está sua mãe?

Porque ele está perguntando isso? -pensei alto.

Será que ele queria matar a minha mãe de vez? Ai meu Deus. Eu estou com medo.

- Em..  - eu gaguejava.

Porque perto desse homem minha voz falhava.

- Em casa senhor.

- Senhor tá no céu garota, mas você deu sorte que eu tô felizão hoje e vou lá ajudar tua coroa. Me leva lá na sua casa logo que estou com pressa.

Eu levei ele até minha casa. Não tinha ajuda né, e eu sempre soube que quem não tem cão, caça com gato mesmo. Sei que minha mãe vai ficar muitissimo brava comigo por levar um bandido e ainda para piorar dono do morro até a nossa casa. Mas é para o próprio bem dela ,e para o bem dela eu faria qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, eu só quero minha mãe ao meu lado por muitos e muitos anos.

WL chamou alguns caras que ele chama de "vapor", eu hein,  e levaram minha mãe até o pronto socorro daqui do morro mesmo, eu sozinha não conseguiria fazer isso jamais.

Minha mãe ainda estava desacordada, e isso estava me preocupando muito.

Só deu o tempo de eu agradecer a WL e ir com minha mãe.

Ele apenas consentiu com a cabeça, sorriu e continuou seguindo o seu caminho.

Porque será que ele fez isso?

A fama dele é de mal, cruel mas por que será que ele me ajudou. Quem sabe, o que importa é que ajudou.

Não parava de pensar em tudo.

Chegamos no pronto socorro e fomos atendidos de imediato por ordem dele, se não fosse, ia esperar aqui até 2030. Só quem utiliza e já precisou sabe como é a saude púbilica o brazil, ainda mais, na favela. É  ter que sentir a humilhação de esperar dias e dias para entrar numa fila para conseguir um exame simples.

A enfermeira mandou eu esperar aqui fora, meu coração doía muito.. Eu só queria minha mãe de volta.

Permaneci esperando até que minha amiga Vitória chegou.

- Amiga! - ela me abraçou.

- Oi Vic. - falei com a voz embargada.

- Como minha tia está? Eu fui na sua casa e a vizinha me disse o que aconteceu. Como foi isso amiga?

- Eu cheguei do colégio. E ela tava lá desacordada foi horrível. Não tinha ninguém pra ajudar. Aí fui na rua correndo procurar ajuda, me deparei com o dono daqui e ele me ajudou. - ela fez um "O" com a boca .

- O dono do morro? WL? Ele tem cara de poucas palavras.

- Foi a minha única reação. Eu estou  me sentindo culpada mas, pela minha mãe...

- Ah não interessa. O que interessa é que sua mãe vai ficar bem. Mas porque será que ele te ajudou?

- Não sei amiga,não sei.— fiquei pensando.

As horas passaram e finalmente a enfermeira deixou eu ver minha mãe. Ela já estava acordada,abri um enorme sorriso ao vê- la.

- Mãe você tá melhor? - me aproximei.

- Estou minha filha. - ela sorriu. - Foi só uma tontura.

- Sei .. Tontura..

- Acredite filha, mas como eu vim parar aqui?

- Eu cheguei em casa, encontrei a senhora desmaiada no chão, e te trouxe para cá com ajuda de Vic. - menti.

- Já tá tarde Lana, vai pra casa que amanhã você têm aula. Amanhã eu saio daqui.

- Mas mãe eu queria ficar aqui com a senhora.

- Não pode minha filha, vá descansar,eu já te dei trabalho demais por hoje.

- Eu vou então... Fica bem!— Eu te amo.— beijei seu rosto e sai.

Mas antes de ir embora eu fui me informar com a médica que cuidou de minha mãe sobre o que ela tem. Não acredito que foi só uma tontura.

- Boa noite doutora, o que minha mãe teve foi só uma tontura?

- Você que é filha da senhora Aline?

Assenti.

- Sua mãe precisa de cuidados relativos , ela quase sofreu um enfarto. Ela sofre de problemas graves no coração. E vai precisar tomar remedios, a maioria desses remedios não fornecemos, são muito caros.

Meus olhos encheram de lágrimas . Eu sabia que o que minha mãe tinha não era uma coisa simples. O que eu faria agora Jesus. Sem um tostão furado no bolso.

Fui andando pelo caminho mais rápido para chegar em casa, quando me deparei mais uma vez com WL.

Será que esse bandido tá me perseguindo? Não é possivel.

Passei rápido na tentativa de ele não notar minha insignificante presença , mas não deu muito certo.

- Ei gatinha. - me gritou.

Ele estava sem camisa, e com um boné preto. Nas mãos segurava um cigarro nojento.

- Oi. - disse secamente.

- Tudo bem? O que cê tá fazendo na rua sozinha a essa hora bebê?

- Nada. Só estou vindo do pronto socorro, e aliás obrigado por ter me ajudado serei grata pra sempre mas agora com licença. - ia saindo mas ele segurou meu braço.

Opa, tira a mão coisinha.

- Poderia me agradecer com outra coisa né. - me olhou de cima a baixo.

Olhei para ele. Que homem idiota. Ele olha para mim, realmente, fixadamente e me encara com firmeza.Jamais me lembrei de ver olhos tão penetrantes

- Não sei do que o senhor está falando.

- Senhor o quê menina, eu não sou velho, só tenho vinte anos.

- E eu 13 , por isso o "senhor"já é adulto e eu criança.—pisquei.

Eu queria sair dali e adiantar que nem o The flash para casa , mas esse rapaz doido estava me prendendo. Ele não é qualquer um, ele é dono da favela onde moramos, mas foda-se quem ele pensa que é para ficar de gracinha.

Na hora que eu ia saindo ele me puxou rapidamente e me deu um beijo na boca.

Dei um tapa na cara dele na mesma hora, sem me importar que ele era patrão daqui.

- Nunca mais faça isso!—   sai correndo e ele ficou rindo.

Que cara louco! Muitas coisas em um só dia.

A dor que eu sentia era enorme, eu estava tão cansada de ser quem eu sou.

Eu queria ter condições de ajudar minha mãe, que minha vida mudasse, ninguém sabe o quanto é humilhante você contar as moedas.Eu não culpo e nem nunca culparia minha mãe pela vida que nós levamos, eu sei que ela faz tudo que pode pra me ver feliz, me enconstei na cama e fiquei lá pensando, tentava dormir porém não conseguia.

em um piscar de olhos, ele veio na minha mente.Ele era tão sombrio, tão sei lá, na dele, o que será que ele escondia por detrás dessa armadura de cara frio e perverso.Eu não sei porque motivo eu estava pensando nele dessa maneira.

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