03
Valeria, que ainda não havia revelado que tinha sido demitida do emprego, viu suas economias se esgotarem rapidamente. Ela não podia mais fingir que ia trabalhar quando não tinha mais um emprego. Ela havia perdido o emprego por chegar atrasada, negligenciando seu horário sagrado por causa de Orlando, um homem que a distraía e a levou a perder o emprego, porque ela não conseguia tirar da cabeça todo o assunto com ele e sua mãe. Agora, ela estava em apuros e a necessidade de conseguir um emprego se tornou urgente.
Quando Sofia se levantou do sofá para continuar com as tarefas domésticas, seu telefone começou a tocar. Quando ela viu que era Orlando ligando, seu coração disparou. Ela sabia que ele ligaria e tentaria convencê-la novamente, mas Sofia não estava disposta a ceder às exigências dele por mais tempo. Certificando-se de que não havia ninguém por perto que pudesse ouvi-la, ela decidiu atender a ligação.
-Orlando. Eu sei exatamente o que você vai dizer, então não entendo por que continua ligando. Você mudou de ideia de repente? - disse Sofia, com firmeza.
Orlando riu do outro lado da linha, causando arrepios na espinha de Sofia. Ela sabia que ele estava determinado a machucá-la, como uma forma de vingança por ela ter se recusado a ficar ao seu lado. Era uma obsessão mantê-la ao seu lado, mesmo quando não havia amor envolvido.
-Você não vive em um conto de fadas, minha querida. Não vai me persuadir com lágrimas. Peço-lhe mais uma vez que fique comigo, ou enviarei nossas fotos para seu marido. Estou com meu dedo no botão de enviar agora mesmo.
As ameaças de Orlando fizeram com que Sofia se sentisse presa em um abismo de desespero. Ela sabia que seu marido descobriria a verdade se aquelas fotos chegassem até ele, e isso seria devastador.
-Não, por favor, não faça isso. Eu lhe imploro, não...
Sofia desabou no chão, deixando as lágrimas escorrerem silenciosamente. Ela temia que sua filha a encontrasse naquele estado. Ela se levantou rapidamente, tentando se recompor.
-Acho que você não conseguirá o que quer dessa forma. Precisamos chegar a um acordo, por favor.
-Negociar com você não está em meus planos. Não aceitarei nenhum acordo. Estou perdendo a paciência, e não estou brincando.
-Por favor, pare. Você não ganhará nada enviando essas fotos. O que quer que eu faça a respeito?
-Dinheiro? Dinheiro? Essa não é a questão. Não aceitarei suas ofertas. Se eu apertar este botão...
-Espere! -Espere!
Horas depois...
- Valeria, aconteça o que acontecer, gostaria de saber se você perdoa sua mãe. Sei que ela pode não merecer isso de você ou de seu pai, mas não seja tão rápida para dar uma resposta. Me desculpe, eu... Sinto muito por ter decepcionado você. Honestamente, não pensei nas consequências de minhas ações e agora estou aqui como uma tola, sabendo que seu pai provavelmente já está ciente se viu aquele e-mail.
- Do que está falando, mãe?
Ela olhou para ela e suspirou.
- Estou falando do e-mail que Orlando enviou para seu pai, onde há fotos. Foi por isso que ele me ligou para me ameaçar e dizer que, se eu não voltar para ele, ele enviará algumas fotos para seu pai em que estamos juntos. Eu me sinto mal, já pensei em contar tudo ao Daniel, mas não contei, e agora ele vai saber de tudo por causa dessas fotos. Ele me odeia, nosso casamento vai desmoronar. Não consigo suportar isso, realmente me sinto mal com tudo isso, sei que a culpa é minha, mas ainda tenho certeza de que não deveria ter acontecido dessa forma, filha.
- De qualquer forma, está tudo uma bagunça e meu pai vai se sentir mal. Não há como ele saber e não se sentir desapontado e traído. Portanto, em vez de ficar aqui, você deveria ir ao encontro dele e pedir desculpas. Você deve fazer isso, mamãe.
Sua mãe começou a chorar.
- Eu sinto muito. E sim, eu vou esperar seu pai chegar, vou contar tudo a ele, vou pedir desculpas a ele. Mas se ele não vier e ameaçar sair de casa, eu vou. Afinal de contas, não foi ele que falhou, fui eu", apressou-se em dizer.
Ela assentiu.
Quando as coisas se complicaram, ela decidiu que não queria ficar em casa. Foi por isso que ela saiu antes de presenciar a briga que estava por vir. Embora a noite estivesse fria e ela devesse estar em seu quarto, ela preferiu enfrentar o frio lá fora em vez de ficar em um ambiente quente.
No fundo, queria que tudo corresse bem, pois amava ambos os pais e temia a possibilidade de uma separação que partiria seu coração. Ela tinha medo do que poderia acontecer, mas esperava que seu pai fosse capaz de perdoar sua mãe por suas ações. Sabia que, se ele realmente a amasse, provavelmente o faria, ou talvez se afastasse para poder processar o que estava acontecendo. Decidiu não voltar para casa antes das dez horas da noite.
Finalmente, ela se viu dentro de uma cafeteria, lamentando não ter trazido dinheiro para comprar alguma coisa. Quando se sentou à mesa, notou que a garçonete a olhava de forma estranha e temeu que a qualquer momento fosse convidada a sair se não pedisse algo.
Nesse momento, Lilian, uma colega de classe com quem ela mal havia falado na vida, se aproximou de forma amigável e a interrompeu.
-Lilian...
Lilian, que estava com ela naquela cafeteria reconfortante, recebeu uma ligação e teve que sair.
-Foi bom estar com você, até mais.
-Obrigada por isso.
-Com certeza.
Ele lhe deu um sorriso antes de sair, e a jovem ficou ali, refletindo um pouco. Ela também sabia que teria de ir embora, embora não quisesse. Ela tinha medo do que poderia encontrar. Definitivamente, ela não queria testemunhar uma cena macabra. Seu coração estava acelerado só de pensar nisso.
Ele começou a sair dali, a caminho de casa. De repente, um folheto informativo veio voando em sua direção. Ele ficou surpreso, mas depois percebeu que se tratava de um emprego. Ele não sabia se deveria interpretar aquilo como um sinal, mas o que estava escrito no folheto parecia bastante interessante. Sem hesitar, ele decidiu ligar para o número de telefone que aparecia.
Enquanto caminhava, esfregou os olhos, perguntando-se se estava sonhando. Parecia coincidência demais. Todos os requisitos pareciam se encaixar perfeitamente nela.
-Isso é verdade ou uma ilusão? -murmurou ela, incrédula.
“Procuro uma garota de 20 a 30 anos para trabalhar como babá, ela deve atender a esses requisitos para ser considerada para o trabalho:
1. Ser responsável e estar disposta a cumprir as tarefas de cuidar do bebê.
2. Ter o compromisso de acompanhar a criança, inclusive levá-la à escola.
3. Estar disposto a ficar na casa do cuidador, se necessário.
4. Disponibilidade para viajar com a família ocasionalmente.
Se você atender a esses requisitos e estiver interessado, entre em contato com o seguinte número de telefone: 682-68383-887.”
Tudo o que estava listado no folheto parecia mais benefícios do que requisitos, do ponto de vista da jovem. Ela não conseguia acreditar que, como babá, além de cuidar da criança, ela teria a oportunidade de viajar e conhecer lugares. Parecia muito divertido, embora também fosse uma grande responsabilidade cuidar de uma criança. Embora talvez eles já tivessem alguém para o trabalho, ela decidiu que valia a pena tentar. Se o folheto havia voado em sua direção, devia haver um motivo. Então, ela tirou o celular do bolso, pronta para ligar.
Paul saiu da sorveteria com April, que havia insistido em ir até lá. Ele a amava profundamente e sempre queria vê-la feliz, então concordou sem hesitar.
-Gostou do sorvete de chocolate? -perguntou Paul enquanto caminhavam juntos.
-Muito, papai. Podemos voltar outro dia? -April respondeu animada.
-Claro, podemos vir quando você quiser, querida", respondeu Paul, segurando a filha nos braços.
-Papai, eu o amo muito", disse April com ternura.
Paul ficou comovido com as palavras dela.
-E eu te amo loucamente, você sabe o quanto eu te amo? -perguntou Paul, e April assentiu com a cabeça.
-É muito? -perguntou ela.
-Vai além das palavras, isso é o quanto eu amo você, April.
-Então eu também te amo até o infinito", disse Abril com entusiasmo, e Paul a beijou na testa.
-Você é uma garota tão inteligente que me surpreende a cada dia, querida.
Naquele momento, o telefone de Paul tocou e ele atendeu a ligação.
-Olá?
-Olá... Sou uma garota interessada em trabalhar como babá, você ainda está disponível? -perguntou a estranha do outro lado da linha.
Paul percebeu a voz doce e insegura da garota e se distraiu. Enquanto falava ao telefone, esbarrou em Valéria, uma bela mulher que estava à sua frente.
-Oh, desculpe-me! Eu estava distraída", desculpou-se a jovem....
-Não se preocupe. Sim, o trabalho de babá ainda está disponível. Você quer conversar sobre isso? -Paul ofereceu depois de perceber que havia esbarrado na garota durante a ligação.
Valéria demonstrou interesse no trabalho e os dois começaram a conversar. April, curiosa, se apresentou a Valeria e ficou entusiasmada com a possibilidade de tê-la como babá.
Valéria e a garota ficaram frente a frente, olhando uma para a outra com curiosidade e uma centelha de entusiasmo. Valéria se abaixou até o nível de Abril e lhe ofereceu um sorriso doce.
-Olá, Abril. Eu sou a Valéria e seria ótimo ser sua babá", disse Valéria calorosamente.
Os olhos de Abril brilharam de alegria com essas palavras e ela assentiu rapidamente.
-Sim, sim, você seria a melhor babá do mundo! Nós poderíamos brincar, dançar e fazer muitas coisas divertidas juntas", exclamou Abril com entusiasmo.
Valéria riu carinhosamente do entusiasmo da menina.
-Claro que sim, Abril!
Paulo, observando a cena, não pôde deixar de se sentir grato por ter encontrado Valéria, que não apenas cuidaria de sua filha, mas também seria uma companhia incrível para ela.
-É um prazer, Valéria. Eu sou Paul Romano", Paul finalmente se apresentou, percebendo que não havia se apresentado antes.
Ela se sentou e olhou para ele.
Quando ela o cumprimentou com um aperto de mão, Paul sentiu uma corrente elétrica percorrer seu corpo, uma sensação de calor e excitação invadir seu coração. Naquele instante, seus olhares se encontraram e eles pararam em um silêncio cúmplice, como se o universo tivesse conspirado para unir seus destinos naquele exato momento.
Valéria, com um sorriso suave e um olhar profundo, parecia transmitir uma mensagem oculta por meio de seus olhos brilhantes. Paul sentiu que o tempo estava parado ao seu redor e que, de alguma forma inexplicável, sua vida estava prestes a dar uma guinada inesperada em direção à felicidade.
Naquele instante, em meio à magia do momento, Paul soube que Valeria não seria apenas a babá perfeita para Abril, mas que também despertaria nele um sentimento desconhecido, mas poderoso: o amor.