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CAPÍTULO 7= "A ADOÇÃO"

Ajeitando a sua gravata e pigarreando um pouco, Eduardo, caminhou em sua sala de forma pensativa, o rapaz tinha certeza que ele estava pensando em algo para conseguir realizar seu plano, então quando olhou novamente para Thiago ele perguntou:

— Agora me diga, em quanto tempo você consegue a localização de Marina?

— Me dê mais ou menos uma semana patrão, que garanto que trago todas as informações dela! — disse o rapaz ainda encolhido em sua cadeira diante o olhar obscuro do seu patrão. O encarando de forma ainda mais sombria ele falou:

— Ok! Tens apenas uma semana, se fizer isso no prazo, aumentarei o seu salário! — Disse ele sentando-se novamente na sua cadeira enquanto olhava fixamente para os papéis à sua frente. Ao ouvir isso, Thiago sorriu e saiu da sala de Eduardo com um sorriso de orelha a orelha, mas determinado do que nunca a encontrar a estelionatária, no caminho, porém, ele trombou com Júlia, à secretaria de Eduardo.

Aquela mulher sempre o desconcertou desde a primeira vez que a viu, à três anos atrás, quando começou a trabalhar para Eduardo. Ela era uma mulher muito bonita, devia ter uns 24 anos aproximadamente, de cabelos escuros, olhos castanhos e amendoados, pele branquinha e um sorriso angelical que o fascinava. Thiago sempre teve vontade de a convidar para sair, mas nunca teve coragem para tanto, visto não se achar um homem muito atraente com aquela sua eterna aparência de nerd do quinto ano, realmente não parecia um homem de 27 anos. Quando a sua pasta e os papéis que ela carregava caiu no chão, ele a ajudou a pegar todos, se desculpando:

— Desculpe, senhorita estava distraído!

Sorrindo ela falou: — Tudo bem lhe perdôo por isso, só não por ter me colocado em maus lençóis, semana passada com aquela fera em forma de patrão que eu tenho.

— Semana passada?! — Ele perguntou intrigado, porém, totalmente distraído, enquanto olhava o seu decote, engoliu em seco, ela sorriu, pois percebeu e depois de ambos juntar todos os papéis do chão, eles se levantaram e ela falou:

— Sim, ele ficou bem aborrecido comigo porque eu não o fiz esperar até ele chegar, ainda bem que não sabia que tinha que ter amarrado você na cadeira, senão teria feito! — Ao falar aquilo de forma teatral, ela olhou para ele, então ambos caíram na risada, depois ele falou:

— Desculpe por isso também, não queria te deixar em maus lençóis com o senhor Castellani.

— Esqueça sim?! São apenas excentricidades do nosso patrão, já deveríamos estar acostumados, não? Mas acredito que, se está sorrindo desse jeito é porque a fera está mais mansa hoje.

— Bom, nem tanto! — ele falou rindo, ela gostava do sorriso dele, era doce e encantador. Ele era ruivinho de cabelo cacheado, tinha um pouco de sardas que dava um charme especial ao seu rosto, usava óculos e parecia sempre tão jovem que daria a ele no máximo uns 19 anos. Porém, sabia que ele era bem mais velho, para estar num trabalho como aquele. E sempre teve vontade de o conhecer um pouco mais e a saber sua verdadeira idade, porém, sabia que ele era muito tímido, aliás coisa que também o encantava nele, então ela teve uma ideia e disse:

— Bom, já que deseja realmente me pedir desculpas, poderia me fazer companhia no café que fica aqui próximo, gosto de tomar café em boa companhia! — falou ela sorrindo de forma sensual, o rapaz ficou totalmente encabulado, e ela adorou ver ele ficar corado, então falou:

— Desculpa, acredito que fui muito atrevida, senão deseja não tem problema eu…

— Não, senhorita Júlia me entendeu mal, na verdade desejo tomar café com você sim. — Ele custou a responder porque estava totalmente surpreso diante o convite dela, porém, continuou. — Aliás, também ainda não tomei café e vou adorar lhe fazer companhia, mas acredito que quem terá uma boa companhia será eu,e não você! — falou ele sendo bem mais galanteador embora de forma tímida e fofa, ela riu e falou:

— Bom, sobre isso da boa companhia, só provaremos nossa tese se realmente descermos agora para o café não acha? Ele sorriu e concordando a seguiu para o elevador…

Uma semana depois....

Conforme Thiago falou em uma semana ele voltou dando a Eduardo a exata localização de Marina que se encontrava em Minas gerais, pois fugia de agiotas e traficantes a quem estava devendo uma soma bem grande de dinheiro, mas o que ela não sabia era que com esse tipo de gente não se brinca, eles a estavam ameaçando.

Thiago conseguiu não só as informações como também o endereço e o telefone de Marina, que era um pré-pago, porque assim ela achava que era mais difícil de rastrear, disse Thiago com um sorrisinho debochado.

— Ela está numa corda bamba Senhor, descobri também que é usuária de entorpecentes.

— Drogas? Não pode ser! — Disse Eduardo entre revoltado e contrariado. — Assim ficará mais difícil o abrigo, liberar a ela a tutela do garoto.

— Senhor, eles não são loucos! Essa mulher não tem condição de assumir a própria vida, imagine assumir a vida de uma criança é inútil o abrigo não vai liberar o garoto para ficar com ela, pois ele estará correndo constantes risco de vida por estar ao lado dela.

— Ouça Thiago me dê o número dessa mulher, vou ligar para ela!

— Senhor Castellani, cuidado! O número dela pode estar grampeado, pois além de usar, ela também vende e se algo acontecer a ela o senhor pode ser envolvido!

Eduardo socou a mesa outra vez, o encarou aborrecido embora soubesse que Thiago tinha razão. O rapaz o encarou assustado porém continuou com a voz um pouco sumida.

— E com respeito a ir até seu endereço, também é perigoso, o homem que é de minha confiança, está observando a casa dela a muito tempo e disse-me que tem dois outros homens a observando há muito mais tempo, provavelmente a mando do agiota, ele disse que são dois completos amadores, mas nem por isso deixam de ser perigosos.

— Droga Thiago você só me mostra os empecilhos, te pago para solucionar problemas e não me trazer mais, diga-me o que fazer para ter o controle sobre essa criança sem precisar adotá-la de fato?

Coçando a cabeça, o rapaz o encarou e comentou de forma despreocupada, pois jamais imaginou que o seu patrão estava falando sério — O senhor já ouviu falar sobre lar adotivo temporário Senhor?

— Sim, já ouvi falar, mas nunca entendi muito bem como exatamente isso funciona?

De forma calma e ponderada Thiago explicou: — Funciona da seguinte forma a pessoa ou a família dá o nome nos abrigos para participar do programa, então a criança fica temporariamente sobre os cuidados dessa pessoa participante desse programa, até que seja possível ela poder voltar para a sua família de origem, ou até que seja encaminhada para uma adoção definitiva caso necessário.

As famílias e a criança, geralmente são acompanhados por uma equipe formada por coordenador do programa, psicólogos e assistentes sociais, que dão apoio às pessoas que se inscreveram a fim de assegurar que essa criança tenha um bom acolhimento, além de acompanhar também a família de origem, com o objetivo de ajudar a superar as dificuldades e promover o retorno da criança ou adolescente à família.

— E você sabe qual é o nome desse programa? E o que é necessário para participar dele?

— O nome do programa é Família Acolhedora e os principais requisitos são:

Que a pessoa tenha mais de 21 anos, residam no estado, que aparentemente não tenha nenhum interesse em adoção, e também que demonstre ter tempo e disponibilidade para participar das atividades do serviço.

— Perfeito! Pois, tudo isso que você disse, se encaixa perfeitamente em meu perfil, mas tenho mais duas perguntas para você.

Curioso o rapaz disse: — Sim, pode perguntar patrão!

— Uma pessoa solteira pode participar do programa?

Sorrindo ele respondeu: — Sim, sem problemas nenhum.

— Que bom, saber disso. — Disse ele com um sorriso satisfeito.

— E qual seria a outra pergunta? Perguntou o rapaz curioso.

— Como você já sabia, de tudo isso antes mesmo de investigar?

— Muito simples patrão, minha irmã e o marido dela, participam desses programas com bastante frequência, e todos os anos eu tenho novos sobrinhos para comprar presentes de natal.

Novamente sorrindo e com o rosto bem mais relaxado, Eduardo falou: — Bom! muito bom, dessa vez você resolveu meu problema e se superou em seu trabalho, agora consiga para mim o número do abrigo onde está o garoto, sim?

Ainda sem acreditar naquilo, Thiago apontou para os papéis que havia lhe entregado a poucas horas e disse: — Já estão aqui, senhor! — Então ele puxou o papel que estava por baixo dos outros e lhe entregou, nele estava anotado vários números incluindo o do abrigo.

Eduardo pegou o número e ligou para o abrigo, Thiago observou que ele marcou para está lá no outro dia. Depois que finalizou a ligação e voltou-se para Thiago com um sorriso que não se refletia nos seus olhos de gelo, e disse-lhe então:

— Bem meu amigo, dê-me os parabéns, acabei de virar pai!

Thiago balançando a cabeça em negativo, apenas pensou: — Meu Deus! Até onde vai o ódio e a sede de vingança do Senhor Castellani? Até mesmo ao ponto de usar uma criança para isso? Com toda certeza, isso não era normal!

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