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CAPÍTULO 4= O HARAS

Ao amanhecer, Diana levantou, fez sua higiene pessoal e depois de beijar seu filho, desceu. Seguindo direto para as baias, onde seus belos cavalos ficavam, ela costumava cavalgar ainda de madrugada, antes que todos os outros se levantassem.

Mas ela não era a única a ter esse hábito de acordar cedo, Alberto o encarregado de cuidar dos animais já estava acordado também, e quando o viu sorriu e lhe deu um bom dia.

— Bom dia Seu Beto, madrugando como sempre?

— Bom dia dona Diana, acredito que nós somos os únicos com esse hábito por aqui, não?!

Porém, ao terminar de falar Diana ouviu uma voz grave, e conhecida falar: — Isso é verdade, no entanto a insônia não me deixou dormir bem e hoje também madruguei.

E se virando para o seu capataz sorriu e falou — Bom dia Paulo!

— Bom dia Diana! Já sei nem precisa falar, vai cavalgar, não?

— Como sempre! —Respondeu ela sorrindo, depois se virando para Beto novamente pediu-lhe:

— Você poderia selar a égua Estrela pra mim? Acredito que ela esteja mesmo precisando de um pouco de exercício, afinal está ficando gorda e preguiçosa.

Ele então selou Estrela, e Diana subindo na costa do animal, bateu na aba do seu chapéu, e se despediu dos dois. Eles acenaram e sorriram. Ambos sabiam que para ela era primordial aquela cavalgada antes do café da manhã, fazia isso desde que se entende por gente, era como se aquilo fosse um mantra para ela.

Diana estava em um excelente galope e quanto mais incentivava, mais a Estrela corria, então batendo suavemente na cabeça do animal falou num sussurro:

— É isso aí garota! Assim que eu gosto de ver, uma Appaloosa linda como você, não poderia me decepcionar, muito bem!

Disse ela elogiando a égua, que aos comandos dela foi aos poucos diminuindo o trote e passou a marchar em ritmo um pouco mais lento.

Estavam a uma boa distância do seu Haras, e de onde Diana estava, dava para vê-lo perfeitamente. —E como era lindo! — Pensou ela, olhá-lo assim todos os dias, dava-lhe grande orgulho. Mas também a fazia lembrar-se o que passou antes de tê-lo. Sabia que seu pai o herdou de seu avô, um homem com uma visão bem à frente de seu tempo.

Ao tê-la nas suas mãos, seu pai o ampliou ainda mais e trouxe novos recursos, o transformando em um Haras mais moderno.

Outra coisa que Diana tinha que admitir, era que seu pai sempre teve bons funcionários que o ajudaram bastante, no bom funcionamento do seu Haras, e nas suas fazendas. Com olhos analíticos para contratar bons funcionários, sempre contratava os melhores. Como Paulo, por exemplo, que já trabalhava no Estrela desde os seus 19 anos.

Mas, em resumo, seu pai era somente isso mesmo, um bom empreendedor. Pois como marido e pai era o ser mais desprezível que existia. A mãe de Diana era uma mulher linda e doce, porém sofreu constante violência nas mãos dele, tanto verbal quanto física.

E o pior é que Diana sabia que um dos constantes insultos que seu pai sempre usava contra ela, era lhe chamar de inútil e de mulher seca! Isso se devia ao fato, de que a sua mãe, nunca conseguiu ter lhe dado o tão sonhado filho varão, ela sofreu quatro aborto e somente a gravidez de Diana ela conseguiu levar a até fim, porém Pedro ficou super decepcionado, quando ela nasceu e ele descobriu ser uma menina.

E conforme Diana crescia, ele jamais escondeu o enorme desprezo que sentia por ela. Ela por outro lado, também não fazia questão de ganhar seu amor. Havia sido uma criança difícil propositalmente, e no colégio ficava de castigo com frequência, por brigar com seus colegas de classe, algo que deixava o seu pai ainda mais furioso.

E ele não tinha problema algum de aplicar-lhe castigos físicos a ela, Diana o odiava ainda mais por isso, porém o que mais lhe revoltava mesmo contra o seu pai, era que sempre que estava apanhando, a sua mãe lhe defendia e sofria em seu lugar os castigos que eram para ela.

— Pedro por favor! Você não pode bater assim, na sua própria filha! — falava ela em desespero, e ele vociferava:

— Filha essa, que eu preferia não ter, a ter que sofrer a vergonha de vir aqui em casa seus professores, falar que mais uma vez ela se meteu em brigas no colégio, mas o que é isso Mariã estamos criando uma filha, ou uma égua Xucra?!

— Pedro por favor eu...

Cala a boca! Estou falando, sempre te falei, o quanto desejava um filho homem, para que pudesse manter minhas fazendas e meu Haras, mas ao invés disso, me destes uma filha que só serve para me dar dor de cabeça, você é uma incompetente mesmo nem para parir você serve! Vou te falar uma coisa, nunca entregarei meu Haras nas mãos dessa idiota, do jeito que é tão inútil como você, destruirá ele em pouco tempo!

Era sempre assim, desde que Diana se entendeu por gente, seu pai sempre terminava seus insultos com violência física.

E nesses momentos Diana se abraçava, e chorava com ela, sempre dizendo-lhe que um dia a tiraria de lá, e sinceramente não entendia o que aprisionava sua mãe naquele tipo de vida. Ao crescer um pouco mais, descobriu que a sua mãe foi obrigada por seus pais a casar com ele, para os tirar da ruína financeira.

Sua mãe não tinha para onde ir, nem a quem buscar apoio. Um certo dia, ela a chamou e disse:

— Querida, está na hora de você crescer e mudar sua conduta, não pode mais continuar agindo assim.

Diana ficou intrigada por isso lhe perguntou: — Por quê você diz isso mãe?

— Filha descobri que seu pai tem uma amante e que ela está grávida possivelmente de um filho varão, mas jamais aceitarei que você sendo filha legítima perca a sua herança para um bastardo, no entanto você também tem que me ajudar.

— De que forma farei isso mãe? Além disso, não percebe que se ele realmente quiser dar sua fortuna para o seu outro filho, nada poderemos fazer?

— Apenas me ouça, aplique-se em seus estudos e aprenda a lidar com as fazendas e o Haras, pois quando seu pai morrer é você quem herdará tudo e não esse bastardinho!

Só passando por cima do meu cadáver, que aceitarei que essa mulher manipule seu pai e lhe deixe sem nada, vou fazer com que ele deixe tudo para você, isso eu juro!

Pela primeira vez ela viu uma natureza diferente daquela Amélia que sua mãe costumava ser, a sua mãe a encarando a chamou:

— Ouça sente aqui! — Ela então sentou ao lado da cama dela, que já não saía mais de lá, fazia alguns meses por se sentir muito mal.

— Filha, você agora tem que ser bem mais forte que o normal, pois a partir de agora terá que enfrentar tudo o que vier sem medo. Investiguei a vida da amante de seu pai e sei que ela não é tão fiel quanto Pedro pensa, na verdade posso dizer que seu telhado é de vidro, tenho provas, que ela não passa de uma estelionatária, e isso já é um ponto ao nosso favor não, acha?

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