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CAPÍTULO 5

Riana foi uma criança que exigiu cuidados especiais desde o nascimento. Seu tamanho pequeno e fragilidade a mantiveram no hospital por dois meses após seu nascimento, enquanto seus pais a cercavam de cuidados e atenção constantes. Parecia que eles a tratavam como se fosse feita de vidro, com medo de que qualquer descuido pudesse machucá-la. Enquanto isso, seu irmão Junior era o oposto, forte e corajoso.

Aos sete anos, um acidente de carro mudou drasticamente a vida de Riana. Ela e seu pai estavam envolvidos no acidente, e Riana precisou passar por uma cirurgia no coração. O trauma físico e emocional do acidente a afastou da escola, e a partir desse momento, seus estudos foram conduzidos em casa, com a presença constante de sua mãe e da senhorita Drielle, sua professora particular.

As aulas em casa abrangiam não apenas os conceitos fundamentais, mas também incluíam atividades extracurriculares como piano e arte, tudo com o objetivo de garantir que Riana recebesse uma educação completa e adequada às suas necessidades.

A perda da tia aos 10 anos foi um golpe duro para Riana. Sua tia era como uma segunda mãe para ela, sempre pronta para satisfazer seus desejos e trazendo alegria para sua vida. A ausência dela deixou um vazio imenso no coração de Riana.

No entanto, foi aos 14 anos que a vida lhe lançou um golpe ainda mais devastador. Justo na época em que uma adolescente mais precisa das orientações e apoio maternos, sua mãe adoeceu. O câncer avançou rapidamente, consumindo-a por dentro em questão de meses. A perda de Doane Raddoc deixou um vazio profundo na família, uma ausência que nunca seria preenchida.

Após a morte da mãe, tudo mudou drasticamente para Riana. Seu pai, antes atencioso e dedicado à família, mergulhou no trabalho, fechando-se emocionalmente para o mundo ao seu redor. Seu irmão, recém-formado, também se distanciou, seguindo os passos do pai. A família, que costumava ser unida e amorosa, agora parecia estar desmoronando diante dos olhos de Riana, deixando-a perdida e desamparada em sua dor.

A descrição de Doane como uma mulher doce e amorosa ressoa profundamente, especialmente nos corações daqueles que a conheciam bem. Sua relação com Rui era mais do que apenas uma união matrimonial; era um vínculo de amor verdadeiro e profundo. Rui não apenas a amava, mas era verdadeiramente apaixonado por ela, e a perda de Doane abalou seu mundo de maneiras inimagináveis.

A morte de Doane não apenas deixou um vazio emocional em Rui, mas também desencadeou uma avalanche de emoções complexas. Além do luto avassalador pela perda de sua amada esposa, Rui também carregava um fardo pesado do passado, uma culpa que o corroía dia após dia. Essa culpa, relacionada a eventos anteriores em sua vida, só intensificou a dor de sua perda e o fez afundar ainda mais em sua própria escuridão emocional.

Para Riana, ver seu pai enfrentar esse turbilhão de emoções sem poder ajudá-lo foi uma experiência angustiante. A tragédia da morte de sua mãe não apenas a deixou sem o amor e orientação maternos, mas também lançou sua família em um estado de dor e confusão que parecia insuperável.

A transição para o Christian Academy representou um ponto de inflexão na vida de Riana. Enfrentar o primeiro ano em um ambiente novo e desconhecido era assustador para ela, especialmente depois de passar por tantas perdas e tragédias em sua vida. A reputação impecável da escola e as expectativas de seu pai e irmão tornaram inevitável sua matrícula lá, mas Riana se sentia sobrecarregada pela ideia de estar rodeada por tantas pessoas desconhecidas.

Nos primeiros dias, Riana experimentou uma mistura de ansiedade e alívio. Descobriu que o colégio não era tão terrível quanto havia imaginado, mas conforme os dias passavam, ela percebeu que sua solidão persistia.

Com quase 19 anos, Riana já havia enfrentado mais tragédias e perdas do que muitos experimentam em toda uma vida. Cada perda deixava uma marca profunda em sua alma, tornando-a uma jovem solitária, descrente e desorientada em relação ao propósito de sua vida.

A chegada de Paulo à sua vida parecia ser apenas mais um capítulo em sua história de tragédias e reviravoltas. No entanto, ela não podia imaginar que esse encontro marcaria o início de uma jornada que mudaria sua vida para sempre. A vida de Riana estava repleta de desafios e incertezas, mas talvez cada obstáculo tivesse um propósito maior, um propósito que ela ainda não conseguia compreender completamente.

Riana parecia estar de mau-humor quando retornou para dentro de casa após a saída de Willian, e a escolha de vestuário de sua assistente, Marie Makarov, não ajudou a melhorar seu estado de espírito. Assim que entraram no escritório, Riana não hesitou em expressar sua insatisfação com a roupa de Marie.

— Makarov, por que está usando uma saia tão curta? Não quero você nos corredores da empresa vestindo uma roupa dessas.

A expressão de Riana era séria, e Marie imediatamente se mostrou desconfortável, puxando a saia para baixo enquanto respondia:

— Desculpe, senhorita. Isso não se repetirá.

Riana continuou encarando Marie, deixando claro que esperava que ela cumprisse sua ordem. Mas logo mudou o foco da conversa para os assuntos do trabalho.

— Espero que não se repita mesmo. Agora me diga, o que tem para hoje? Trouxe os documentos que pedi?

Marie assentiu em confirmação e Riana a instruiu a se sentar para apresentar os documentos.

— Sente-se e me dê os documentos. Ordenou Riana, indicando uma cadeira próxima à sua mesa.

A mulher se sentou e, abrindo a pasta, tirou alguns papéis para entregar a Riana. Esta os examinou cuidadosamente, assinou onde necessário e devolveu-os para Marie, que os guardou rapidamente. Em seguida, ela pegou sua agenda e falou:

— Hoje pela manhã teríamos a entrevista com a Wolk Times, mas remarquei para sexta-feira, às 10 horas. Às 15 horas teremos a reunião com o senhor Berwill.

Riana observou o calendário em cima da escrivaninha antes de voltar sua atenção para Marie.

— Remarque a reunião com o senhor Berwill para quinta-feira de manhã. Hoje não irei à empresa, mas estarei lá amanhã.

Após dar as instruções, ela se levantou, pensou por alguns instantes e acrescentou:

— Mande o senhor Paulo Stronock vir aqui hoje à noite. Diga-lhe que é urgente.

Marie também se levantou e perguntou se havia mais alguma coisa a ser feita. Riana, com uma expressão estranha no rosto, indagou:

— Há quanto tempo trabalha para os Raddoc, senhorita Marie?

A pergunta pareceu confundir Marie, que respondeu com um leve sorriso:

— Há 8 anos.

Riana manteve o olhar fixo nela, relembrando o que Estevan lhe contara. Sentiu vontade de demiti-la naquele momento, mas sabia que precisava de provas concretas antes de agir. Por isso, apenas comentou:

— Quase uma década.

Apesar do sorriso, havia algo calculado em sua expressão enquanto ela concluía:

— Pode se retirar, isso é tudo.

Marie sentiu seu coração bater mais rápido com aquela atitude de Riana e saiu da sala apressadamente, retornando para a empresa.

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