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CAPÍTULO 4

Aila, com o coração apertado pela angústia de Riana, puxou-a para perto de si e a envolveu num abraço reconfortante. Ela sabia o quanto aquela jovem havia sofrido ao longo dos anos, e estava determinada a estar ao seu lado em todos os momentos difíceis.

— Conte-me o que aconteceu. Como o Estevan soube disso? Aila perguntou suavemente, encorajando Riana a compartilhar seus problemas.

Riana pareceu ter se acalmado um pouco ao sentir o conforto do abraço de Aila. Ela se aconchegou no colo da governanta, buscando conforto em sua presença acolhedora, e começou a desabafar.

— Estevan me disse que os irmãos lhe deram uma advertência porque ele tinha escutado os dois conversando sobre mim. Diziam que Paulo deveria me namorar e me casar para conseguir a presidência. Ela explicou, sua voz um sussurro carregado de tristeza e indignação.

Riana voltou a se sentar, sua expressão séria e determinada enquanto olhava para Aila. Ela compartilhou seus pensamentos com a governanta com uma mistura de angústia e determinação.

— Eu sinto uma vontade enorme de confrontá-lo, de jogar tudo na cara dele. Mas não posso. Prometi ao Estevan que não revelaria nada. O Julião ameaçou deserdá-lo se ele dissesse alguma coisa. Ela explicou, sua voz ecoando com a gravidade da situação. Riana parou por um momento, parecendo refletir sobre suas palavras, antes de continuar:

— Vou fazê-lo provar do próprio veneno. Descobrirei se ele realmente teve algum envolvimento no acidente do meu pai e do meu irmão. E se for verdade, eu arruinarei a vida dele, assim como meu pai fez com o Pither. Ela declarou com firmeza, seus olhos transmitindo uma determinação feroz.

Aila observou Riana com preocupação, sentindo o peso das palavras da jovem. Ela decidiu compartilhar sua perspectiva, oferecendo um conselho ponderado.

— Talvez você devesse conversar com o Paulo. Dar um tempo nesse negócio de noivado. Você estava tão ocupada esses dias que nem tivemos tempo para conversar. Aila sugeriu, sua voz suave, mas carregada de preocupação. — Eu queria te dizer que você deveria esperar um pouco. E eu nem sabia de todas essas coisas. Sinceramente, achava o Paulo tão amigo, tão verdadeiro...

Antes que Aila pudesse terminar, Riana a interrompeu, expressando sua tristeza e frustração.

— Eu sinto tanta falta da minha mãe. Parece que as histórias tristes sempre acontecem comigo. Por que pessoas boas têm que passar por isso? Ela murmurou, sua voz embargada pela dor da perda e da injustiça.

Aila olhou para Riana com carinho, desejando ardentemente aliviar a dor daquela jovem, mesmo sabendo que suas palavras só podiam oferecer consolo.

— Meu amor, não fique assim. Ela começou, sua voz suave e reconfortante. — Certas coisas simplesmente acontecem, e não podemos mudá-las.

Riana assentiu, aceitando as palavras de Aila com resignação.

— É verdade. Ela concordou, seu semblante mudando rapidamente. — Pior seria se eu descobrisse tudo isso depois de casada.

Então, ela mudou o tom de sua voz, compartilhando um pensamento mais profundo.

— Sabe, quando o Paulo apareceu aqui depois que meu pai e o Junior morreram... Você me disse todas aquelas coisas. Eu senti que estava agindo errado comigo mesma, que o problema estava comigo. Era como se eu afastasse as pessoas de mim. Mas quando o Paulo apareceu daquele jeito, pensei: "Alguém se preocupa comigo". Toda aquela atenção, aquele carinho... Eu voltei a sorrir, e vi que o destino me dava uma nova oportunidade.

Um sorriso tingido de raiva surgiu nos lábios de Riana enquanto ela continuava.

— Mas agora eu sei que ele se aproximou de mim só por interesse. Por causa da presidência. Ele queria minhas ações. Queria a empresa do meu pai. Ela declarou com uma determinação feroz, suas palavras carregadas de decepção e ressentimento.

Enquanto Riana e Aila conversavam, Jully Morak, a melhor amiga de Riana desde a infância, ligou. O suave bater na porta anunciou a chegada da ligação, e a voz de Morgan, a empregada, ecoou do outro lado do cômodo.

— Senhorita, é sua amiga Morak ao telefone.

Riana sorriu amplamente e pulou da cama animada.

— Vou atender aqui, Morgan.

Ela correu até a mesinha de canto, pegou o telefone, e voltou para a cama. Aila acenou com a mão e saiu do quarto, deixando Riana sozinha. As duas amigas conversaram bastante e combinaram de se encontrarem no dia seguinte para um almoço. Apesar de Jully ser três anos mais velha, as duas sempre se deram bem desde a infância. No entanto, após Jully ir para a faculdade, elas se separaram por um longo tempo. Agora, com Jully de volta, ela trouxe muitas novidades que deixaram Riana feliz.

Após encerrar a ligação, Riana chamou Aila de volta ao quarto e disse:

— Eu não vou trabalhar amanhã. Quero que você peça para minha assistente vir aqui. Eu quero conversar com ela pessoalmente. E avise ao Dody que sairemos amanhã.

Ela beijou a governanta no rosto com gratidão e disse:

— Boa noite, Aila.

Aila sorriu amplamente em resposta.

— Boa noite, minha linda. Durma bem.

Riana fechou a porta e correu para o banheiro, onde mergulhou seu corpo nu em uma banheira de espuma. Depois do banho, ela se vestiu e se deitou na cama. Apesar das coisas ruins que haviam acontecido naquela noite, a ligação de sua melhor amiga mudou tudo. Com o coração mais leve, ela adormeceu feliz.

No dia seguinte, Riana acordou com uma disposição renovada. Ela se levantou da cama, sentindo-se revigorada, e começou a se arrumar para o dia que se iniciava. Após se aprontar, desceu as escadas e se dirigiu à mesa do café da manhã, onde Morgan, a governanta, já a aguardava. Sentando-se à mesa, Riana começou a comer em silêncio, embora a felicidade transparecesse em seu semblante. No entanto, algo estava fora do lugar. A ausência de Aila, a governanta que costumava acompanhá-la em suas manhãs, não passou despercebida por Riana.

— Onde está Aila? Perguntou Riana, enquanto saboreava uma fatia de pão.

Morgan hesitou por um momento antes de responder, mas diante da insistência de Riana, ela decidiu falar:

— Ela está lá fora. Há um homem que insiste em falar com você, e Aila foi pessoalmente conversar com ele.

A informação fez com que Riana deixasse o garfo sobre o prato e olhasse diretamente para Morgan.

— E quem é esse homem? Indagou ela, curiosa.

Morgan pareceu relutante em fornecer mais detalhes, mas a insistência de Riana a fez ceder:

— Desculpe, senhorita, eu já falei demais. Aila me pediu para não contar nada.

Um sorriso discreto surgiu nos lábios de Riana. Levantando-se da mesa, ela se dirigiu até a janela e avistou Willian do lado de fora. Reconhecendo-o como o homem que conheceu no metrô, Riana soube instantaneamente o motivo de sua visita. Ela chamou um dos seguranças e perguntou:

— Seu Gusman, você sabe me dizer o nome do rapaz que está lá fora?

O segurança assentiu com a cabeça e respondeu prontamente:

— Sim, senhorita. Ele se chama Willian Lamartine, e disse que só vai sair daqui depois de falar com você.

Um leve sorriso iluminou o rosto de Riana. Ela decidiu enfrentar a situação de frente e tomar as rédeas da conversa. Dirigindo-se ao segurança, ela instruiu:

— Por favor, leve-o até o jardim, do outro lado da propriedade, onde ficam as esculturas de anjos. Eu irei encontrá-lo lá.

O segurança assentiu e partiu para cumprir as ordens de Riana. Enquanto isso, ela se preparava para enfrentar a conversa que estava por vir.

Após a saída do segurança, Riana permaneceu parada por um momento, observando Willian do lado de fora. Após alguns minutos de hesitação, decidiu abordá-lo. Se aproximando com firmeza, Riana manteve sua expressão séria enquanto Willian exibia um largo sorriso.

— O que faz aqui? Questionou ela, sem rodeios.

Willian, sem perder o sorriso, respondeu com cortesia:

— Não vai me convidar para sentar-se? Riana foi direta em sua resposta:

— Não! Eu sou uma mulher ocupada, vá direto ao ponto.

Willian estendeu o pacote que carregava em suas mãos, oferecendo suas desculpas. Riana aceitou o pacote e desembrulhou-o, revelando duas rosas brancas. Ela as observou por um momento antes de voltar sua atenção para Willian.

— Tudo bem, esqueça o que aconteceu. Disse ela, mostrando um sinal de perdão.

Willian manteve seu sorriso e continuou:

— Bom, eu não vim aqui só para isso. Ele retirou o celular dela do bolso do paletó e o entregou.

— Além do celular, eu queria te ver mais uma vez. Explicou ele.

Riana manteve sua seriedade e respondeu:

— Eu não sou uma desocupada, senhor Lamartine. Vocês franceses são todos iguais? Willian soltou uma risada e respondeu:

— O que você tem contra os franceses? Minha mãe era francesa, eu não sou.

Riana virou as costas para ele, pronta para encerrar a conversa. No entanto, Willian a deteve com uma proposta inesperada:

— Espere, eu quero te convidar para jantar, o que acha? Riana voltou sua atenção para ele e respondeu firmemente:

— Não seja inconveniente.

Sem esperar por uma resposta, Riana se afastou rapidamente, dirigindo-se de volta à casa. Enquanto isso, Willian foi educadamente acompanhado até a saída e entrou em seu carro, partindo com um sorriso nos lábios. 

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