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CAPÍTULO 3

Enquanto a chuva forte começava a cair lá fora, Riana já se encontrava na estação do metrô. Era um ambiente estranho para ela, um lugar onde as pessoas passavam apressadas, cada uma imersa em suas próprias preocupações, como se ela fosse apenas mais uma entre tantas naquele recinto. Seus pensamentos pareciam paralisados, enquanto seu coração se afogava em um mar de lágrimas.

Tentando se reconectar com a realidade, Riana desceu a rampa da estação do metrô devagar, deixando-se guiar pelo movimento das pessoas ao seu redor. Quando as portas do vagão se abriram, ela embarcou, buscando refúgio naquele pequeno espaço em movimento. Por alguns instantes, o silêncio reinou, apenas o som abafado dos trilhos ecoava na estação subterrânea.

No entanto, a tranquilidade foi interrompida quando um estranho entrou correndo no vagão, quase perdendo o momento em que as portas se fecharam. Riana sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao perceber a agitação da cena. Do lado de fora, dois homens vestidos com ternos pretos e gravatas vermelhas batiam furiosamente na porta do metrô, suas expressões carregadas de determinação.

Enquanto o trem se afastava da estação, Riana se viu presa em um turbilhão de pensamentos. Quem eram aqueles homens? O que eles queriam? O que estava acontecendo? Essas perguntas ecoavam em sua mente, enquanto ela observava a cidade desaparecer rapidamente pela janela do vagão.

No entanto, a entrada abrupta daquele desconhecido quase derrubou Riana, fazendo com que a pasta que carregava fosse jogada ao chão. Em um instante de irritação, ela se virou para ele, seus olhos faiscando de raiva.

— Você está cego? — Ela disparou, seu tom carregado de indignação, enquanto o desconhecido tentava se desculpar, segurando desajeitadamente as coisas dela nas mãos.

— Mil perdões, senhorita. Ele murmurou, sua expressão misturando-se entre constrangimento e desculpa sincera.

Riana sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao olhar ao seu redor, temendo ser reconhecida por alguém naquele ambiente tão movimentado. Respirou fundo, tentando manter a compostura, enquanto as palavras escapavam de seus lábios com dificuldade.

— Deveria ter mais atenção. Ela falou, tentando não encará-lo nos olhos, mas foi inevitável. Seus olhos encontraram os dele, e um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele.

— Sinto muito, mas podemos começar de uma forma diferente. Ele estendeu a mão para cumprimentá-la, um gesto de cortesia que a pegou de surpresa. — William Lamartine.

Riana sorriu com desgosto, sentindo uma pontada de sarcasmo em suas palavras.

— Francês, só podia ser. Ela murmurou, sua voz carregada de ironia.

Ela puxou a pasta da mão dele com determinação, dando-lhe as costas antes mesmo que ele pudesse reagir. Quando o metrô finalmente parou, ela não hesitou em sair.

A Avenida Belmont estava agitada naquela noite chuvosa, mas Riana enfrentou a garoa sem hesitação, sua mente ainda absorvendo o encontro inesperado no metrô. Avistou um táxi à distância e correu em sua direção, sentindo-se impelida a deixar para trás aquele encontro perturbador.

Ao entrar no táxi, um misto de emoções a invadiu. Por mais que relutasse em admitir, sentia-se surpreendentemente tranquila. Havia algo no olhar daquele homem desconhecido que a intrigava, um brilho singular que ela nunca vira antes. Um leve sorriso involuntário se formou em seus lábios enquanto o táxi se afastava, levando-a de volta para casa.

Não demorou muito para chegar ao seu destino. Assim que o táxi parou diante do imponente portão de sua casa, Riana avistou a figura reconfortante de Aila, a governanta, que veio ao seu encontro ao perceber sua chegada. Em silêncio, as duas caminharam juntas até atravessarem a porta da residência. Passaram pelo hall de entrada, mas Aila parou de repente, seu olhar perspicaz fixado em Riana. Com delicadeza, ela pegou as coisas das mãos da jovem e perguntou com preocupação:

— Querida, aconteceu alguma coisa? Por que não atendeu o celular?

Riana não encarou a governanta diretamente, mas respondeu com um suspiro pesado, suas palavras carregadas de incerteza e cansaço. Ela desculpou-se com Aila, sua voz carregada de desânimo.

— Desculpe, eu perdi o celular, não faço ideia de onde ele possa estar. Por favor, não quero falar com ninguém.

Com passos pesados, ela começou a se dirigir para o quarto, mas antes de sumir pela porta, virou-se brevemente para olhar Aila, sua expressão carregada de uma dor silenciosa.

— Quero um chá de valeriana. Estarei no meu quarto.

A governanta notou imediatamente a tristeza nos olhos de Riana, um turbilhão de emoções que ela tentava esconder por trás de uma máscara de uma aparência calma. Ela queria desesperadamente saber o que tinha acontecido, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Riana já estava se afastando em passos largos.

— Riana... — Aila chamou, mas a jovem não olhou para trás. Ela simplesmente repetiu sua ordem.

— Meu chá.

Aila sabia que a conversa tinha chegado ao fim, pelo menos por enquanto. Com um suspiro resignado, ela observou Riana se afastar e, em seguida, dirigiu-se à cozinha. Embora preocupada, sabia que o melhor que podia fazer naquele momento era atender ao pedido da jovem. Ela pediu a uma das empregadas para preparar o chá de valeriana, um gesto de cuidado em meio à tormenta que pairava sobre a casa dos Raddoc.

Depois que o chá estava pronto, Aila seguiu para o quarto de Riana. Ela bateu levemente na porta e, ao receber permissão para entrar, adentrou o ambiente. Pediu a Morgan, a empregada, que deixasse a bandeja e saísse, e assim ela fez, deixando as duas a sós.

Com um suspiro contido, Aila se aproximou de Riana, que estava sentada na cama de costas para a porta. Sua expressão era séria, mas carregada de preocupação e afeto materno.

— Riana, meu bem, podemos conversar? Ela perguntou com delicadeza, sua voz suave ecoando no quarto.

Ao ouvir a voz gentil de Aila, Riana se virou lentamente, seus olhos marejados de lágrimas que ameaçavam transbordar a qualquer momento. Ela olhou para Aila com uma mistura de dor e desespero.

— Ele mentiu para mim. Ele mentiu. Ela soluçou, suas palavras interrompidas pelo choro.

Aila sentiu um aperto no coração ao ver a angústia de Riana. Ela se aproximou e acariciou gentilmente os cabelos da jovem, sua voz ecoando com preocupação.

— Do que está falando, meu bem? Quem mentiu para você? Ela perguntou, tentando entender a situação.

Riana respirou fundo, tentando controlar o choro, antes de desabafar com Aila.

— Paulo, aquele desgraçado, me enganou. Enganou a nós duas. E você achava que ele era um bom homem. Ela desabafou, sua voz embargada pela dor da traição.

Aila sentou-se ao lado de Riana, incrédula diante das revelações da jovem.

— Meu Deus, então foi por isso que ele ligou diversas vezes e parecia aborrecido. Você terminou com ele? Aila perguntou, surpresa com a reviravolta dos acontecimentos.

Riana choramingou enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Não, eu encontrei com Estevan na faculdade, e ele me contou coisas horríveis. Até disse que os irmãos dele têm uma parcela de culpa na morte do meu pai. Ela confessou, sua voz vacilante sob o peso das revelações dolorosas.

Aila arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Ela sentiu um nó se formar em sua garganta, uma mistura de choque e preocupação percorrendo seu corpo.

— Então, você nem falou com ele? Ela questionou, sua voz carregada de incredulidade diante da revelação de Riana.

Riana, agora com as lágrimas secas, baixou o olhar para suas mãos trêmulas. Sentia o peso do mundo sobre seus ombros, a dor da traição de Paulo ainda fresca em sua mente.

— Não, eu perdi meu celular no metrô e... Ela começou a explicar, mas foi interrompida pelo olhar surpreso e preocupado de Aila.

A governanta a segurou pelo braço com firmeza, seus olhos arregalados denotando a intensidade de suas emoções.

— Metrô? Aila repetiu, sua voz carregada de alarme.

Riana tentou tranquilizar Aila, segurando sua mão com carinho enquanto buscava as palavras certas para explicar.

— Por favor, não faça essa cara. Quando soube das intenções de Paulo a meu respeito, fiquei atordoada. Nem sabia para onde estava indo, e quando dei por mim, estava na estação. Ela explicou com sinceridade, esperando que Aila entendesse sua situação.

Aila viu a decepção mais uma vez transparecer no rosto angelical de Riana. Sentiu um aperto no coração diante do sofrimento da jovem e falou com doçura, tentando acalmá-la.

— Mas, meu bem, não pode andar por aí desse jeito. Você é uma Raddoc, quase uma celebridade. Os paparazzis estão sempre atrás de você. Além do mais, é perigoso. Sequestros acontecem a todo instante. Nunca mais faça isso. Ela repreendeu, sua preocupação materna evidente em suas palavras.

Riana revirou os olhos com uma expressão de desdém diante da insistência de Aila, mas logo cedeu diante da seriedade nos olhos da governanta.

— Aila... Ela murmurou, sua voz carregada de resignação.

Aila manteve o olhar firme, sua determinação refletida em cada palavra que pronunciou.

— Me prometa. Ela insistiu, sua voz suave, mas firme.

Riana suspirou, compreendendo a preocupação genuína de Aila, e assentiu com relutância.

— Está bem, eu prometo. Mas ninguém me reconheceu. Um homem esbarrou em mim quando eu entrava no metrô, minhas coisas caíram... Acho que perdi o celular naquela confusão. Mas isso não importa agora. Parece que as tragédias comigo voltaram a acontecer. Ela explicou, um misto de frustração e resignação em sua voz.

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