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CAPÍTULO 2

Presente...

Estevan lançou um olhar carinhoso para Riana, percebendo a profundidade da tristeza que a consumia. Seu coração se apertou ao ver o semblante abatido dela.

— Não fique assim, Riana. — Ele tentou confortá-la, desejando aliviar seu sofrimento. — E por favor, não conte nada para meus irmãos. Eles não podem saber que te disse isso.

Um leve sorriso brotou nos lábios de Riana, seguido por um gesto fraterno ao beijar o rosto de Estevan.

— Não se preocupe, Estevan. — Ela respondeu com ternura. — Eu sei quem são meus verdadeiros amigos.

Com essas palavras, Riana se levantou e deixou a faculdade lentamente. Seus passos eram hesitantes, suas mãos tremiam com a intensidade das emoções que a assolavam. Apesar do esforço para conter o nervosismo, ela sabia que estava lutando contra uma batalha perdida.

Caminhando em direção ao centro da cidade, Riana ansiava por deixar para trás tudo o que acabara de ouvir sobre Paulo. Ela desejava desesperadamente apagar essas revelações de sua mente, mas mesmo os seus esforços mais sinceros eram em vão. As lágrimas começaram a escorrer novamente pelo seu rosto, uma torrente de emoções que ela não conseguia conter.

A sensação de ser manipulada e usada a assombrava, deixando-a com uma vontade avassaladora de desaparecer. Ela ansiava por alguém que a protegesse, alguém que cuidasse dela sem qualquer interesse oculto. O peso do passado parecia esmagá-la, trazendo à tona lembranças dolorosas do ensino médio que ela preferia deixar para trás. Mas naquele momento, essas lembranças retornavam à sua vida como um pesadelo indesejado, reacendendo antigas feridas que ela lutava para cicatrizar.

De volta ao passado...

Depois de uma tarde de compras bem-sucedida, Riana sentia-se radiante. Ela voltou para casa carregada de sacolas, com um acompanhante confirmado para a festa: Estevan concordara em acompanhá-la. O coração dela batia acelerado de empolgação e ansiedade, pois sabia que a noite prometia ser memorável. No entanto, antes de mergulhar na diversão, havia uma tarefa importante pela frente: se arrumar.

Já tarde da noite, Riana estava impaciente, seu coração batendo descompassado. Aila, a governanta leal e reconfortante, estava ao seu lado para ajudá-la. Aquela festa representava um marco em sua vida, pois seria a primeira vez que participaria de um evento sem a presença dos pais. Sentia-se como se estivesse dando um passo em direção à idade adulta, pronta para abraçar todas as emoções e experiências que o mundo tinha a oferecer.

Quando Estevan finalmente chegou à casa dos Raddoc, Riana já estava pronta. Seus passos inquietos a levavam de um lado para outro na sala, seus pensamentos girando em antecipação ao que a noite reservava. A presença reconfortante de Estevan trazia uma sensação de segurança e confiança, preparando-a para enfrentar os desafios e aventuras que aguardavam lá fora.

No entanto, após uma hora de imersão naquela festa espetacular, Riana já havia se familiarizado com mais da metade dos presentes. Samay, a garota mais popular que Riana já havia conhecido, agora era sua amiga. A popularidade de Samay era inegável e sua presença era como um ímã, atraindo todos ao seu redor.

Antes que a festa chegasse ao fim, Riana foi apresentada a Pither, o garoto que habitava seus sonhos. Ele era o mesmo que ela via andando pelos corredores da escola. Agora, ele estava bem à sua frente, e acabara de beijar seu rosto. Pither era um jovem elegante e sedutor, com um corpo atlético e um sorriso que encantava todas as meninas. Ele era membro da equipe de basquete da escola, e sua popularidade era incontestável.

Naquela noite, após consumir apenas um copo de uma bebida extremamente forte, Riana se encontrou beijando Pither no celeiro da casa. Se apaixonar por aquele garoto foi a pior coisa que poderia ter acontecido com ela. A bebida maldita a deixou completamente desorientada, e Pither aproveitou-se da situação. Sem que ela percebesse, ele já havia removido seu vestido.

No entanto, em um breve momento de lucidez, Riana perguntou:

— O que você está fazendo? Eu não me sinto bem, preciso ir para casa. Pither a manteve presa em seus braços e disse com malícia:

— Calma, gatinha, estamos apenas começando.

Riana sentia a sua cabeça girar e seus pensamentos estavam totalmente confusos, incapaz de ter controle da situação em que se encontrava. A pressão das mãos de Pither contra ela era sufocante, e o desconforto crescia dentro dela como uma bola de neve.

— Por favor, me deixe ir. Ela implorou em um sussurro, sua voz embargada pela angústia que a consumia.

Enquanto isso, do lado de fora do celeiro, a atmosfera festiva continuava, com todos dançando e se divertindo. Entre os convidados, Bruna Cavalcante, uma das amigas de Samay, se aproximou da anfitriã com uma expressão grave.

— Samay, preciso te contar algo. — Ela sussurrou ao ouvido de Samay, seu tom carregado de preocupação.

A expressão de Samay mudou instantaneamente, uma mistura de choque e fúria cruzando seu rosto.

— O quê! — Ela exclamou, seus olhos faiscando de raiva. — Aquela vadia! Eu vou envergonhá-la na frente de todos. Venha comigo, Bruna.

Com passos decididos, Samay e Bruna se dirigiram ao celeiro, determinadas a expor Riana diante de todos. A confusão reinava dentro do celeiro quando as portas foram abruptamente abertas e as luzes se acenderam de uma só vez.

Para Riana, o impacto da luz repentina foi como um choque, revelando sua vulnerabilidade diante de uma plateia de risos cruéis. Ela se viu ali, quase nua, as gargalhadas dos presentes cortando como facas afiadas através de sua alma. Pither, o responsável por sua vergonha, havia desaparecido no meio da confusão, deixando-a sozinha e exposta, tentando desesperadamente se cobrir com as mãos.

De longe, Estevan notou uma grande aglomeração de pessoas e o som de risadas altas. Intrigado e curioso para saber o que estava acontecendo, ele correu em direção ao grupo. No entanto, quando se aproximou, viu Riana passando por ele em uma corrida apressada, indo em direção à floresta.

Ele olhou para um dos garotos que estava ao seu lado e perguntou o que havia acontecido. O jovem, com um sorriso no rosto e uma animação contagiante, como se tivesse acabado de ouvir a piada mais engraçada do mundo, respondeu:

— Você chegou tarde, cara. Aquela vadia estava transando com o Pither. Ele soltou uma gargalhada e continuou: — Com aquela cara de santinha, quem diria.

Estevan não esperou que o garoto terminasse de falar. Ele se sentia culpado por ter deixado Riana sozinha e, sem pensar duas vezes, correu atrás dela pela floresta. Quando se distanciou de todos, começou a gritar:

— Riana, onde você está? Riana! A escuridão da noite causava um certo pânico em Estevan. Ele tinha medo de lugares apertados, barulhos estranhos e noites sombrias. No entanto, aquele assunto era uma prioridade e ele precisava ser corajoso.

Estevan adentrou na floresta, caminhando em desespero, rezando para encontrar Riana logo. Enquanto caminhava, ouviu o choro dela. Riana estava sentada no chão, soluçando fortemente. Ele tirou o casaco e a cobriu, depois se sentou ao lado dela em silêncio e a abraçou de forma carinhosa. Ela sussurrou em lágrimas:

— Me leva para casa.

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