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CAPÍTULO 1

Depois de várias noites insones, Riana finalmente tomou uma decisão crucial: aceitar o pedido de noivado de Paulo. Apesar de não ser exatamente o que ela desejava, reconheceu que era necessário para manter a empresa próspera. No entanto, ela estava prestes a descobrir que sua vida estava à beira de uma grande reviravolta.

Naquele dia frio de sexta-feira, Riana estava nervosa além da conta. Com uma importância tão grande envolvida, o estresse era palpável. Paulo já havia marcado um jantar para aquela noite, aumentando ainda mais a pressão sobre ela. Tentando desesperadamente manter o controle, ela deixou o escritório mais cedo na esperança de acalmar os nervos antes do encontro.

No entanto, o destino tinha outros planos. Enquanto caminhava pelos corredores da faculdade, Riana avistou Estevan. O encontro imprevisto fez com que ela parasse para cumprimentá-lo, mesmo que sua mente estivesse em turbilhão com os acontecimentos iminentes.

— Olá Estevan, não tenho te visto na empresa nas últimas semanas, aconteceu alguma coisa? Riana iniciou a conversa, buscando entender o motivo da ausência do jovem. No entanto, Estevan não encontrou coragem para encará-la, respondendo de forma evasiva:

— Meu irmão suspendeu minhas atividades, senhorita.

— Qual o motivo dessa suspensão? O que você fez? Riana perguntou, insistindo em obter uma explicação clara.

— Como sempre. Estevan murmurou, visivelmente desconfortável. — Eu não fiz nada, senhorita. É que meu irmão não aceita ser inferior a ninguém. Depois do que eu escutei, ele ficou bastante irritado comigo, então...

Riana interrompeu, tentando desvendar o mistério por trás das palavras enigmáticas de Estevan:

— Estevan, eu não estou entendendo nada. Quero saber o que seu irmão fez com você. Me explique por que você foi suspenso. Ela pegou em seu braço e o conduziu a um lugar mais tranquilo. — Venha, sente-se aqui.

Estevan, envergonhado diante de Riana, pediu desculpas pela confusão em suas palavras, mas Riana não tardou em expressar sua própria frustração:

— Pare de me chamar de senhorita, isso está me irritando.

Tocando o queixo de Estevan para fazê-lo olhar em seus olhos, ela prosseguiu:

— Desculpas, eu ando muito irritada ultimamente, você sabe que vou ficar noiva do seu irmão e é uma decisão difícil para mim.

— Você não o ama. Estevan afirmou com firmeza.

Riana tentou justificar sua decisão:

— Sim, eu sei, mas ele parece gostar bastante de mim e isso é o suficiente.

Estevan, determinado, olhou-a nos olhos:

— Eu posso ser um nerd idiota, como meu irmão disse, mas não deve aceitar esse pedido de noivado, ele está enganando você, Riana. Ele não te ama, nem ao menos gosta de você, o que ele quer é a presidência. Sempre foi isso, a presidência.

Estevan não conseguiu sustentar o olhar, mas prosseguiu:

— Eu não tenho provas suficientes, mas a morte do seu pai e do Junior não foi só um acidente. Paulo e Julião têm uma parcela de culpa nisso.

As palavras de Estevan fizeram Riana estremecer. Uma lágrima solitária escapou de seus olhos, mas ela ergueu a cabeça com determinação:

— Não continue se não tiver certeza do que está falando.

Estevan respirou fundo, preparando-se para revelar o que sabia:

— Me perdoe, eu gosto muito de você para vê-la sofrer, mas há algumas semanas briguei com meus irmãos no escritório. Eu os escutei conversando sobre pedir você em casamento porque só assim ele conseguiria a presidência. Casar-se com você é o objetivo dele.

— Não, Estevan, isso não pode ser verdade. Uma tempestade de emoções assolou Riana. Uma dor desconhecida a envolveu, e uma ira crescente se manifestou em seu olhar, trazendo à tona um passado vergonhoso e angustiante.

Relembrando o passado...

Naqueles dias distantes, as vivências de Riana no Christian Academy eram como uma jornada por territórios desconhecidos.

Era uma tarde comum quando Samay, a mais popular entre todos, se aproximou dela. Samay, com seu sorriso cativante, vestia-se de forma ousada, exibindo uma confiança que atraía os olhares dos garotos ao redor. Seus lábios eram adornados por um batom vermelho intenso, ecoando sua sensualidade.

— Vim te fazer um convite. — Samay começou movendo os cabelos com um gesto gracioso. — Sexta à noite, festa na minha casa. Será uma celebração das garotas e, é claro, dos garotos também. Sua presença é imprescindível, afinal, você é a garota mais rica do colégio, e eu, a mais popular. Uma combinação perfeita.

Riana apenas agradeceu com um simples "obrigada".

— Ah, e mais uma coisa. — Samay continuou, com um tom mandão. — Você precisa ir acompanhada. Use uma roupa mais descolada. Com tanto dinheiro, você devia ser tão linda quanto eu.

Riana apenas assentiu em concordância, sem pronunciar uma palavra. O Christian Academy, com sua reputação impecável em disciplina, era um mundo novo para ela, repleto de desafios e pessoas intrigantes. Samay, apesar de sua beleza estonteante, era conhecida por sua personalidade ácida e arrogante, mas isso ainda era desconhecido para Riana.

O convite de Samay, à primeira vista, parecia uma oportunidade tentadora para Riana. Afinal, fazer novas amizades era seu principal objetivo para o último ano no colégio, e quem sabe até mesmo encontrar o garoto dos seus sonhos, que vagava pelos mesmos corredores que ela. No entanto, um turbilhão de emoções tumultuava sua mente naquele momento.

A perda súbita e dolorosa de sua mãe havia deixado Riana completamente devastada. Mesmo um ano após o trágico acontecimento, a dor ainda parecia tão fresca como se tivesse ocorrido apenas ontem. Enquanto seu pai e seu irmão pareciam imersos em seus próprios mundos, Riana lutava para encontrar um senso de normalidade em meio à angústia que a consumia.

Nesse contexto de luto e solidão, a ideia de se envolver em atividades sociais parecia quase fútil. Como poderia ela se preocupar em fazer novos amigos quando seu coração ainda sangrava pela falta da mãe? A dor era uma sombra constante que a acompanhava, obscurecendo qualquer brilho de esperança que pudesse surgir.

Apesar de tudo, Riana continuava respirando, enfrentando cada dia com uma coragem silenciosa, mesmo quando a dor ameaçava sufocá-la. Talvez, em algum lugar dentro dela, ainda existisse uma centelha de esperança, uma pequena luz que a impelia a continuar, mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar.

Em casa, após o jantar solitário, Riana se viu lutando contra a necessidade de desabafar com alguém. Jully, sua amiga mais próxima, seria a escolha óbvia, mas ao ouvir a felicidade transbordante da amiga ao telefone, ela se viu incapaz de despejar seus próprios problemas sobre ela. Jully estava radiante com seu novo relacionamento na faculdade, e Riana não queria estragar aquele momento especial para sua amiga.

Despedindo-se com um sorriso forçado, Riana desligou o telefone, sentindo-se ainda mais solitária do que antes. A festa de Samay estava se aproximando rapidamente, e Riana se viu enfrentando o desafio de encontrar um acompanhante e uma roupa "descolada", conforme solicitado pela popular garota do colégio.

Com um suspiro resignado, Riana se sentou na beira da cama, perdida em seus pensamentos. O som de uma batida na porta a tirou de seu torpor momentâneo. Com o telefone ainda em mãos, ela hesitou por um instante. Entrar em contato com Samay parecia um desafio assustador, mas Riana sabia que precisava encontrar uma solução para a sua situação. Com o coração batendo forte de medo, ela finalmente decidiu abrir a porta e enfrentar o desconhecido que a aguardava do outro lado.

— Pode entrar. — Riana deu permissão enquanto Aila Will adentrava o quarto com um sorriso caloroso.

— Posso trazer seu jantar? — A governanta ofereceu com gentileza.

Riana suspirou, uma mistura de desânimo e ansiedade tomando conta dela.

— Estou sem fome. Meu pai já ligou? — Ela perguntou, esperando por notícias que trouxessem um pouco de conforto à sua solidão temporária.

Aila manteve o sorriso afetuoso enquanto respondia:

— Sim, meu bem. Ele disse que chegará no sábado.

Riana ficou em silêncio por alguns instantes, seu olhar perdido em pensamentos. Então, virou-se para Aila com uma pergunta que há muito tempo a intrigava.

— Aila, posso te perguntar uma coisa? — Ela pediu, convidando a governanta para se sentar ao seu lado.

— Claro! — Aila prontamente aceitou o convite, seu sorriso sincero irradiando calma e confiança.

Riana não hesitou em lançar sua dúvida:

— Como soube que estava apaixonada pelo Dody?

Os olhos de Aila brilharam com a lembrança, uma expressão de pura paixão iluminando seu rosto.

— Ah, meu anjinho, foi amor à primeira vista. Ela declarou com convicção. — Nos apaixonamos no mesmo instante em que nos vimos.

Riana sorriu para a empolgação da governanta, encontrando conforto na simplicidade daquela história de amor. No entanto, logo mudou o tom da conversa, compartilhando sua própria preocupação.

— Antes que você pergunte algo sobre eu está interessada em alguém, a resposta é não. Ela afirmou, negando a possibilidade de estar envolvida romanticamente com alguém. — Tem uma festa amanhã e eu preciso ir acompanhada.

Aila reagiu com entusiasmo, batendo palmas animadas diante da oportunidade de socialização da jovem.

— Uma festa no primeiro mês no colégio, você está ficando popular. A governanta exclamou, tentando animar Riana.

No entanto, Riana estava longe de se sentir assim.

— Eu não. Ela corrigiu, desanimada. Em seguida, entregou um cartão para Aila.

— Mas quem é essa garota? A governanta perguntou, curiosa.

— Ela que é a popular, e me convidou para uma festa na casa dela. Riana explicou. — Mas eu tenho que ir acompanhada.

Aila parecia genuinamente animada com a perspectiva da festa e não perdeu tempo em perguntar:

— Já escolheu a roupa para a festa?

Riana balançou a cabeça em negação, revelando sua hesitação:

— Eu não vou a essa festa.

A governanta tentou encorajá-la:

— Vai sim. Você pode levar o Estevan como seu acompanhante, ele é um bom garoto e nós o conhecemos.

Uma pontada de esperança surgiu no coração de Riana diante da sugestão, refletida em um leve sorriso. No entanto, ela reconsiderou rapidamente:

— Eu não teria coragem, nem nos falamos direito.

Depois de um breve momento de ponderação, ela tomou uma decisão:

— Vou conseguir um acompanhante amanhã, não se preocupe. E pode trazer meu jantar.

Com um sorriso reconfortante, Aila deixou o quarto, deixando Riana sozinha com seus pensamentos. Decidida a encontrar uma solução para seu dilema, Riana pegou o telefone e ligou para Samay. Do outro lado da linha, a voz animada de sua colega ecoou.

— Fofa, estava esperando você ligar, sabia que ia precisar de mim.

Sem hesitação, Riana foi direto ao ponto:

— Será que você pode me acompanhar ao shopping amanhã? Preciso comprar umas roupas descoladas.

Samay soltou uma gargalhada antes de responder brincalhona:

— O que eu ganho com isso?

Riana respondeu, tentando ser gentil:

— Pode comprar o que quiser para você.

A resposta pareceu agradar Samay instantaneamente:

— Agora você falou minha língua. Amanhã na hora do almoço.

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