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Capítulo 4

Na mansão.

Dia seguinte

Diana narrando:

Meus dias estão contados, sei que não posso me entregar novamente a alguém como fiz com meu ex. Temo me arrepender futuramente, mas estamos nessa a um mês, e quero muito senti-lo.

Tomo um banho caprichado, me depilo, e coloco uma lingerie vermelha com liga na perna. Visto uma saia jeans escura, um cropped preto, e meus queridinhos saltos altos. Vou me encontrar com Enzo no churrasco de família. E marcamos de depois ir pra casa dele. Parece que eles vão anunciar algo importante. Faço minha maquiagem e dou uma voltinha no espelho, estou bem bonita pra um churrasco.

Caminho até o quarto do meu pai. Ele está deitado vendo série.

- Pai, tô indo tá? Vou me encontrar com Enzo - dou um beijo na sua testa.

- Tá bom filha, toma cuidado - ele segura minha mão.

- Eu sempre tomo pai - olho pra televisão.

- Ultimamente você está se deixando levar pelas suas emoções, tenha controle - ele diz me observando.

- Tá pai. Prometo não me estourar hoje - dou um sorriso amarelo.

No caminho, coloco uma música de Iza. Toca talismã, e presto atenção na letra.

"Só você que me ilumina

Meu pequeno talismã

Como é doce essa rotina

De te amar toda manhã

Nos momentos mais difíceis

Você é o meu divã

Nosso amor não tem segredos

Sabe tudo de nós dois

E joga fora nossos medos"

Será que é ele meu talismã?

Chegando no morro, vou até a casa do Erick. Estaciono o carro, arrumo minha saia e desço. No portão estão dois homens bem armados como segurança.

- Tem convite? - um deles diz me olhando.

- Não, mas fui convidada - olho em volta procurando Enzo.

- Então não entra.

Ouço passos de uma pessoa, olho e vejo que é Erick.

- Deixa ela entrar, está conosco - diz, sem olhar pra mim.

- Obrigada.

- Só me ajuda aqui - aponta para umas bolsas no carro - cadê o Enzo?

- Não sei, cheguei agora. - Ele diz pegando as bolsas, e para dando uma olhada de cima a baixo. - Tá bonita... Hoje tem - dá uma piscadela.

- Para de graça garoto - dou um empurrão nele.

Caminhamos para dentro. A brasa estava acesa, tinha vários vapores espalhados, e muitas pessoas bebendo e fumando. Ele entra na casa, e eu o acompanho, deixando as bolsas em cima da mesa.

- Obrigado.

Ele vira pra olhar pra mim.

- De nada, vou atrás do Enzo.

- Ta. É... eu precisava falar com você - ele toca meu braço, coça a cabeça e fala: - qualquer coisa eu tô aqui, precisando de ajuda tá?- seu olhar é sincero.

- Nem sei o que dizer - me afasto - preciso ir.

Saio de perto dele, o deixando na cozinha. Vou até umas mulheres, uma delas parece muito o Erick.

- Oi, tô atrás do Enzo - falo pra mais velha.

- Oi menina, está sozinha? - diz a senhora. Ela é morena, alta, e muito bonita.

- Ele está lá em cima - diz a mais nova.

- Obrigada - dou um sorriso e saio.

Entrando na casa, subo as escadas. No corredor há várias portas abertas e uma delas fechadas. Quando eu entro, está Enzo metendo numa menina loira na cama. Ela está de quatro com a cara pra porta. Ele está gemendo alto.

- Isso amor mete forte, assim que eu gosto - diz a vagabunda.

- Você é tão apertadinha! - ele dá um tapa na sua bunda.

- Eu sabia que não podia confiar em você - sinto meu rosto ficar molhado.

Ele me encara, espantado, e sai de cima dela.

- Amor eu posso explicar! - ele diz, se aproximando de mim.

- Você é igual a todos os outros, seu filho da puta - Dou um tapa na sua cara. A puta na cama está com um sorriso vitorioso no rosto.

- Não se preocupe vagabunda, ele é todo seu.

- Amor, para, eu posso explicar - ele tenta se aproximar de novo.

Saio correndo, os deixando no quarto e desço as escadas. Vejo Erick no portão fumando maconha conversando com uns caras.

- Licença - digo passando por eles, indo até meu carro.

- Amor me espera! - Enzo continua andando na minha direção, de cueca.

- Ai meu deus, só o que me faltava - acelero meus passos, e tento abrir a porta do carro. A chave cai da minha mão. Limpo as lágrimas.

Erick caminha até meu lado enquanto alguns fofoqueiros ficam na rua olhando a situação. Enzo está na minha frente.

Dou vários soco na sua cara. Ele cambaleia para trás, e cai no chão, mas não revida.

- Desconta sua raiva vai, é isso que você quer que eu sei - ele diz, cuspindo sangue.

- Você é um tremendo babaca mesmo.

- E você se faz de durona, mas não é - ele dá um sorriso debochado.

- Sai daqui porra! Me deixe em paz! - Acerto suas partes íntimas.

Ouvindo seus grunido de dor, eu olho em volta. Na rua todos estão me encarando. Eu sinto a raiva, o ódio me consumindo por dentro. Minha cabeça está acelerada, não sei o que fazer. Meus punhos fechados, minha respiração acelerada. Fecho meus olhos.

Mesmo com a dor da traição, eu preciso retomar o controle dos meus sentimentos, de tudo. Eu preciso retomar o controle. Me lembro de algo de quando eu tinha 7 anos.

Eu estava caída no chão, chorando, com o joelho ralado. Estava numa festa de aniversário. Meus amiguinhos, corriam por todos lados. Olhei pra cima. Meu pai me olhava com seu semblante alegre.

-Filha, já passou, vai brincar -ele diz, acariciando minha cabeça.

- Mas pai, tá doendo. - meus olhos cheios de lágrimas, fiquei encarando o joelho rápido.

- Filha, você tem duas alternativas - ele sentou do meu lado, e olha pro meu machucado. Era só um arranhão, mas na minha cabeça naquele dia, era o fim do mundo - ou você levanta, ergue a cabeça, ignora essa dor, e aproveita sua festa de aniversário que a tanto tempo você me pedia.

-Mais papai...- falo fazendo bico.

- Ou você fica aí chorando, enquanto seus amiguinhos estão animados, brincando. E você vai perder sua festa - diz ele, com sorriso acolhedor.

- Tem razão, papai, mas dói tanto - digo limpando os olhos, tentando segurar as lágrimas.

- Lembre-se filha, a dor é apenas um combustível para você continuar com mais garra

De volta ao presente, percebo que meu pai estava certo, não posso ficar me lamentando e parar minha vida por causa desse babaca. Olho em volta. Enzo está sentado no chão, me encarando, e Erick está ao meu lado com a sobrancelha franzida.

- O que aconteceu, Diana? - ele pergunta.

- Esse babaca é um canalha - aponto pro Enzo - eu preciso ir.

- Não vou deixar você ir sozinha - ele vira pra uma menina de cabelos cacheados - Micaela avisa a mãe que já volto.

Ele pega a chave da minha mão e destranca o carro. Eu entro e ele dirige morro abaixo.

- Eu te levo pra onde? - pergunta sem tirar os olhos do trânsito.

- Me deixa no Strada, preciso tirar esse ódio de mim.

- Você luta lá? - ele me olha espantado.

O Strada é um local onde tem luta clandestina, só quem é morador ou jogador. Por não ser aberto ao público, pouca gente sabe a localização. Ele nega com a cabeça.

- Não vou deixar você ir lá.

- Eu vou matar o primeiro filho da puta na minha frente e você seria uma boa opção.- sorrio diabólicamente.

-Você não está com a cabeça no lugar, vou te levar pra sua casa. Onde fica?

Eu ligo o GPS, e seguimos em silêncio. Uma vez ou outra ele olha na minha direção, preocupado. Minhas lágrimas não param de cair e sinto uma dor muito forte no peito. Como ele foi capaz de me trair na cara dura? Ele sabia que eu estava indo o encontrar. Não posso confiar em mais ninguém .

- Eu sei que você está sofrendo, mas tudo vai dar certo - ele diz segurando minha mão.

- Eu não entendo porque ele fez isso, tínhamos uma ligação, sabe? Eu até me depilei, pra dar pra ele hoje - rio com a minha ideia ingênua - e nem precisava, ele tirou o atraso com a puta, se não tiver outras né. - sorrio limpando as lágrimas.

- Eu sabia que ele era um galinha, mas isso é estranho. Ele estava muito na tua - ele dá de ombros encarando a estrada.

Em alguns minutos, estamos estacionados em frente a minha casa. Os muros são altos e aperto o botão para abrir os portões automáticos. Desço do carro e vou até o mordomo.

- Gegê, prepara o meu equipamento, liga pro 069 e pergunta se ele tem mais alguma pista e vítimas, vou tomar um banho.

- Sim senhora - ele sai.

- Se quiser ir embora, a porta está aberta - olho para Erick.

- Calma, vai pra onde? Não quero que faça nenhuma merda. - ele fala preocupado, com o semblante franzido.

- Vou pra uma missão, não vê? - digo, subindo as escadas até meu quarto.

Tiro meus sapatos e vou até o banheiro. Erick se senta numa cadeira ao lado da minha cama.

- Bonito seu quarto - ele olha em volta.

Sorrio. Ele é todo cinza, com decorações azuis e móveis em cor preta.

- Só vou tomar um banho, já volto - ele assente.

Depois de tomar um banho, coloco um roupão e saio do banheiro até o closet. Assim que Erick me vê de toalha, ele vira de costas. Cavalheiro.

Rio com meu pensamento, não posso cair nesse papo de novo. Visto um macacão preto um pouco largo no corpo que me ajuda nos movimentos. Coloco meu equipamento, minhas facas no lugar, e ando até meu quarto com minha arma na mão.

Erick me olha curioso.

- Só estou verificando se está carregada - dou de ombros.

- Ata. Tem algo aí pra mim? Quero ir com você.

- Não quero ajuda, sempre trabalhei sozinha - guardo a arma na minha cintura, e visto minha bota preta .

- Mas eu vou, não pedi sua autorização.

Bufo e aperto o botão pra chamar o mordomo.

- Separa um equipamento para ele também, Gegê.

- Ok senhora, mas alguma coisa? - Ele olha para mim e para Erick.

- Meu pai tá em casa?

- Não, está na empresa. Disse que está com os agentes de segurança.

- Boa, eles vão ajudar. Só isso, Gegê, obrigada.

- Ah senhora, a pasta está em cima da mesa com as informações, 069 disse que são 3 pessoas, e quer daquele jeito - faz um ok com a mão.

- Tá bom Gegê, obrigada.

Vou até o escritório na porta ao lado, e pego a pasta. As 3 pessoas marcadas são traficantes que estão assassinando a família, obrigando elas a se juntarem a ele pra trabalhar. Quando não aceitam, são estupradas e mortas. Verifico os nomes, endereços e rostos.

- Esses que eu gosto - entrego o equipamento para Erick. Um colete, e armas com silenciadores.

- Posso ver? - aponta para a pasta, enquanto coloca seu colete e verifica as balas da arma.

- Ok - entrego a pasta pra ele - São 3 pessoas marcadas, amo! - dou um pulinho de alegria.

Ele lê o documento e fica com os olhos arregalados.

Erick narrando:

Encaro a pasta. Contém nomes, endereços, e causa da sentença de morte. Reconheço duas vítimas.

- Um deles é o cabeça do morro do sem terra e o outro é seu comparsa, como chegaremos até ele ? - dou a pasta pra ela - eles são meus inimigos, tô gostando disso - sorrio.

- Fácil. Hoje vai ter baile, iremos atacar lá. Mas agora à tarde pegamos esse primeiro aqui - aponta para um senhor de meia idade, com um semblante sereno - Ele é um padre que abusa de seus fiéis, em troca de conseguir mãos de obras para o cabeça.

- Odeio mexer com religião, Deus está vendo todos - digo pegando faca na mesa, colocando no colete. - Entenda uma coisa: Quem usa religião, Deus para benefício próprio já está pecando vários mandamentos da igreja - digo - eles não são dignos de misericórdia!

Descemos até a garagem e pegando uma moto. Ela sobe pra pilotar e eu sento atrás.

- Não gostei disso, porque eu não posso pilotar? - digo fazendo bico.

- Porque a moto é minha - dá de ombros.

- Tá, e outra coisa - ela olha pra mim, seus olhos são lindos de perto - Eu sei que está chateada, mas não faça nada que prejudique você - Coloco meu dedo em seu peito.

- Ok - Ela me dá um capacete e coloca o dela.

Diana pilota a moto perfeitamente. Mesmo com sua postura de madame, ela sabe o que está fazendo. Quando ela acelera, eu agarro sua cintura, por conta do solavanco. A distancia é um pouco longa até chegarmos em um sítio escondido depois da cidade. Ela desliga a moto e eu desço. Ela aponta pra casa.

- Ele mora aqui. - Ela prende nossos capacetes na moto.

- Algum plano? - Pego minha arma e tiro a trava.

- Não, só entrar e matar.. O 069 depois manda uma equipe para limpar o local.- Assenti.

Quando entramos no campo, o sol estava se pondo. Se fosse em outra ocasião eu estaria tirando várias fotos do local. O lugar é lindo. De um lado rosas e girassóis estão espalhados pelo campo, e do outro lado dá pra ver as hortas.

A observo. Ela está concentrada na missão. Sua postura está perfeita, e sua arma mirada na frente. Eu não sei o porquê tô aqui, mas depois da cena lá em casa... Meu coração tinha aquecido, como nunca havia feito. Naquela hora, deu pra ver a decepção estancada na sua cara. Ela havia se entregado pra Enzo, e pela fúria dela, ele fez algo muito grave. Depois eu falaria com ele, pra tentar saber mais detalhes.

Caminhamos até a casa. A luz da varanda está acesa e ouvimos barulho no cômodo acima. Ela aponta e faz um sinal de silêncio. Caminhamos até a porta que estava destrancada, vou na frente mirando e olhando tudo com muito cuidado.

- Limpo - falo baixo. Ela assente e aponta pra cima.

Embaixo só tem uma sala e uma cozinha americana. Uma chaleira está apitando no fogo. A casa é decorada de branco, e os móveis são cor de amarelo claro. Pego um porta retrato de um velho abraçado com uma menina. Era a formatura dela. Ela está com um sorriso triste, e seu olhar não tem aquele brilho de criança.

- Deixa isso daí e vem - ela diz do meu lado.

Subimos a escada.

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