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Capítulo Um - 4

Parte 4...

E rapidamente ele pensou que seria bom sentir aquelas presas em seu pescoço.

— Senhor Menotti?

Ele piscou rápido novamente, dando atenção ao que ela falava. Nicolau ficou um pouco perdido diante daquele sorriso. Levantou e puxou a cadeira ao lado, fazendo um gesto.

— Por favor, sente-se.

Ela agradeceu e sentou. Nicolau notou que era mais baixa do que ele, mal chegava ao seu ombro. Voltou a sentar.

— Podemos continuar com essa reunião ou não vai querer me ouvir, apenas por eu ser mulher?

— Bem, não é por isso - ele mexeu o ombro — É que eu achei que você fosse um homem.

— Muito decepcionado com esse fato? - ela perguntou séria — Por acaso é machista ao ponto de achar que uma mulher não pode comandar uma empresa? - ela ergueu a sobrancelha.

— Não sou machista... Não muito, eu acho - ele respondeu de uma forma quase infantil.

Dominique sorriu de novo e ele sentiu um arrepio gostoso na nuca que desceu por sua coluna. Ela parecia bem centrada e direta. Gostava disso.

Quando ela parou de sorrir para pegar uma pasta, ele logo sentiu falta do sorriso. Era impressionante. Em pouco mais de um minuto a mulher o deixara deslocado do ambiente, totalmente ligado nela.

— E não é machismo - ele quis reforçar — É que eu achava que estaria lidando com um homem, apenas isso.

— Tudo bem, um engano comum - ela deu de ombro.

— Já foi confundida com um homem antes?

A pergunta era idiota, mas ele se sentia idiota. Não conseguia tirar os olhos daquela boca.

— Apenas pelo nome - ela riu de leve e tirou os óculos.

Então ele pode ver seus olhos. Eram de uma cor que raramente se via. De um azul puxado para violeta. Altamente adorável. Ficou encarando seu rosto, observando seus traços e ela mexeu a cabeça de lado. Depois estalou os dedos na frente dele.

— Senhor Menotti, lhe garanto que não sou um homem e tampouco sou um alien. Pode parar de me analisar e me dizer se ainda pretende me ouvir?

Ele com certeza a ouviria em outra ocasião, mas nesse momento estava em dúvida. E nem era por ser machista, mas sim pelo fato de que a beleza dela o distraía.

Ela mexia em uma pasta, procurando por algo. Seus dedos delicados passavam as folhas e ele seguia o movimento sem desviar o olhar. Ela usava um conjuntinho normal de terno e calça, como um uniforme que ele já vira em muitas outras mulheres, mas que nela estava muito sexy.

E quando ela cruzou as pernas, viu seus pés pequenos em sapatos de salto fino. A barra da calça um pouco erguida lhe chamou a atenção para um desenho que escapava por baixo.

Deveria ser uma tatuagem no tornozelo e isso o deixou curioso. Não deveria, mas deixou. ele respirou fundo e soltou um suspiro, dando um sorriso meio sem graça para ela.

— Ainda está pensando se aceita conversar comigo, senhor Menotti? - ela ergueu uma sobrancelha — Quanto tempo vai me dar para lhe mostrar que sei fazer o meu trabalho?

Passou por sua cabeça que se fosse outra coisa, poderia lhe dar algumas horas, mas para isso, quinze minutos seria bom.

— Dez... Talvez quinze minutos - ele disse rápido.

Tinha algo na voz dela que o fazia perder um pouco a noção de seu pensamento e sua língua ficava solta. E o pior foi quando ela sorriu de novo e ele sentiu seu estômago se apertar.

— Ok... Está bem - pegou algumas folhas e uma caneta — Vamos ser práticos e diretos - apertou a ponta de cima da caneta — Dez minutos está bom para mim. Você tem um prazo curto para encontrar uma candidata que sirva ao seu propósito - ela escreveu o nome dele em cima da folha — Eu posso encontrar a esposa perfeita para você - olhou para ele de novo — Já estou acostumada com homens como você.

Ele franziu a testa. Como assim?

— Explique homens como eu... Por favor - se inclinou.

— Homens de negócios... Empresários, ricos, ocupados... Com interesses diversos e que não gostam de enrolação - ela fez um gesto segurando a caneta — Vocês gostam de eficiência, de rapidez na execução dos serviços... E nada de uma bagagem emocional que vá atrasar ou complicar essa parte - ela ergueu o dedo.

Ela observava seu rosto enquanto falava. Queria ter a certeza de que mostrava ser capaz de fazer o que ele queria de sua agência. Nicolau parecia estar ouvindo com atenção, pois a encarava direto.

Nicolau ouvia o que ela falava, mas dessa vez estava ligado no pequeno nariz arrebitado com algumas sardas salpicadas que desciam pela lateral, passando pela maçã do rosto.

Até parecia ser uma garota inocente, mas se fosse, ele não estaria com o coração batendo mais rápido agora. Aquela boca bonita com um batom rosa parecia dizer encantamentos enquanto falava para ele com aquela voz sedutora, meio rouca e quase erótica.

Ele apertou o joelho por baixo da mesa para se concentrar no que ela lhe explicava e não parecer um tonto.

— Eu acertei em minha descrição?

— Com toda certeza - ele apoiou o cotovelo na mesa para segurar o queixo — Cada palavra.

— Ótimo - ela se recostou na cadeira — Sei como a mulheres pensam, senhor Menotti - fez uma cara divertida — A maioria das mulheres são muito emotivas, ligadas demais ao lado emocional e ao drama da vida - ela fez um gesto com as mãos — E tenho certeza de que muitas até matariam para estar na posição de sua esposa, não é mesmo? - ela indagou erguendo a sobrancelha — Só que o senhor não confia em nenhuma delas para correr esse risco, não é assim?

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