Capítulo Um - 5
Parte 5...
Nicolau estava acostumado a analisar e não a ser analisado e aquela mulher, uma linda mulher por sinal, estava dando as fichas certinhas em cada jogada.
Mas o engraçado é que ele não se sentiu exposto de uma maneira ruim. ao contrário, isso o deixou até mais tranquilo de ter escolhido certo. Só havia a questão de quem seriam as candidatas e do tempo para isso ser resolvido.
— E será mesmo que você irá conseguir me ajudar? - ele cruzou as mãos sobre a mesa — Como vou ter a certeza de que a mulher que me apresentar, será a ideal para o que quero?
— Bem, o seu assistente fez uma pesquisa e achou minha agência no topo, porque fazemos um trabalho sério e dedicado - ela também se inclinou para a frente — Temos muitos clientes, homens e mulheres que buscam um par por vários motivos.
— Mas com tanta gente, será que vai achar uma a tempo? O meu prazo realmente é curto.
— Sei bem disso. Uma triagem será feita com todo cuidado, levando em consideração as informações de ambos os lados. Eu vou precisar que o senhor responda a um questionário da forma mais honesta possível - ela passou a língua pelo lábio — Eu não aceito que um cliente tente enganar o outro, usando minha agência. Sou uma pessoa responsável.
Ele ouvia o que ela dizia, mas seus olhos seguiram o movimento da língua ao acariciar aquele lábio delicado. Imaginou como seria dar uma mordida nele.
— Uma verificação é feita e refeita com cada detalhe e a situação financeira, antecedentes, moradia, emprego, relacionamentos mais pessoais, manias, hábitos e até mesmo alguma sujeira escondida embaixo do tapete será exposta na ficha - ela continuou a explicar — Qualquer coisa que possa vir a causar um problema, fará com que o cliente seja descartado.
— Nossa - ele balançou o corpo com um sorriso — Vai colocar um detetive particular atrás do cliente?
— Não, mas até que seria uma boa ideia - ela riu baixinho e mexeu na trança.
Isso aqueceu o corpo dele sem que quisesse. E nem fazia calor nesse dia.
— Eu preciso combinar os clientes, preciso formar um par que tenha um bom relacionamento, senão será perda de tempo.
Ele gostou do jeito dela. Sorriu e se reclinou na cadeira, cruzando os braços. Decidiu que queria ouvir mais um pouco.
— Gostaria de beber algo enquanto me explica?
Ela sorriu e negou com a cabeça.
— Obrigada, mas não. Eu prefiro continuar.
Ele fez que sim com a cabeça e ela pegou uma das folhas. Começaria a preencher.
— Vou lhe enviar por e-mail todo o questionário que deve ser preenchido corretamente - ergueu o dedo — Sem enrolação, está bem? - ele assentiu — Agora vou perguntar apenas o início.
Ele sorriu e balançou a cabeça.
— Certo. Agora eu tenho que convencer você. E quanto tempo irá me dar para isso, senhorita Fussô?
— Dez minutos... Talvez quinze - ela riu, brincando com ele, respondendo o mesmo que antes.
Nicolau fez um gesto com a cabeça. Estava curioso com o que ela queria saber a princípio.
— Pode perguntar - abriu a mão em concordância.
— Vamos lá... O senhor já foi preso recentemente ou no passado?
— No passado... - ele não iria mentir porque sabia que depois ela iria checar algumas das informações ou talvez até todas pra saber se batiam — Mas apenas por vinte e quatro horas... Como um castigo, por assim dizer - ele deu de ombros — Eu tinha quinze anos e um babaca estava incomodando a minha irmã mais nova. Sabe como é... Tive que ajudar.
— Imagino... Bateu nele?
— Trocamos alguns socos e ele saiu perdendo. Mas a queixa foi arquivada no dia seguinte.
— Hum... Imagino também - ela ajeitou uns fios que escapavam atrás da orelha — E por acaso, já bateu em uma mulher?
Ele apertou os lábios. Não era de seu feitio.
— Nunca.
— Mas já chegou a pensar em fazer isso?
— De forma alguma - ele apertou os olhos — Não sou um homem violento, senhorita Fussô.
— Não acho que seja, não o conheço - ela inclinou a cabeça de lado — São apenas perguntas.
— Ok.
— Quantos anos tem?
— Trinta e seis.
— Qual o nome de sua irmã? O senhor se dá bem com ela? - fazia anotações.
— Natália. E sim, nos damos muito bem.
— Qual o nome de seu melhor amigo?
— Diogo Loreto - ele respondeu rápido.
— Qual o nome de sua última amante? - ergueu o olhar para ele — Namorada?
— Jussara - torceu a boca.
— Quem terminou?
— Eu, é claro.
Ela o olhou de uma forma que não soube identificar e viu que segurou um sorriso. Dominique anotava tudo.
— Qual o nome do seu maior inimigo?
Ele franziu a testa. Inimigo?
— Não sei lhe responder isso... Não acho que tenha um inimigo de verdade.
— Certo... Vou reformular essa pergunta... Quem seria a pessoa, hoje, que adoraria ver o senhor se ferrar muito?
Ele não precisou pensar muito dessa vez. Apesar de ter feito algumas inimizades no mundo dos negócios, nenhum deles seria mesmo um inimigo e nem iria ter vantagem se algo de ruim viesse a lhe acontecer.
A única pessoa que surgiu o nome na mente, era um de seus primos que tinha um modo diferente de ver as coisas e de vez em quando o aborrecia.
— Bem, um desafeto seria um primo. Mike - mexeu o ombro rápido — De vez em quando entramos em conflito.
Ela anotou cada palavra que ele lhe respondia. Depois fez mais algumas perguntas mais leves e tudo ia para seu questionário. Ela leu tudo para conferir.