Trancafiada - Parte 2
Aquele homem maluco saiu praticamente me arrastando para dentro do barraco, quanto mais eu me debatia mais forte ele me envolvia pela cintura e suas mãos invasivas percorriam lugares íntimos. Eu estava de costas e sentia ele roçar o corpo no meu e ambos estávamos reagindo sexualmente aquele estímulo, até que conseguiu me levar para um dos quartos e me soltou.
Olhei ao meu redor, havia uma cama individual com lençol vermelho, um velho ventilador sobre um cadeira e um guarda-roupas.
Frajola - Trata de se comportar e fechar o bico, se já notou aqui não temos vizinhos...então não adianta gritar!
Victória - Me deixar ir embora, está sendo idiota em achar que David vai voltar aqui para te pagar e me tirar dessa boca de fumo maldita!!!
Frajola - Aqui não é nenhuma boca de fumo tchutchuca!
Victória - Que se exploda o que é esse lugar, ele não dá a mínima para minha vida por que sequer somos amigos e tínhamos acabado de nos conhecer.
Frajola - Então, azar o seu!
Antes dele sair eu gritei.
Victória - Dez mil, disse que essa é a dívida dele? Eu posso te dar esse dinheiro e talvez ainda hoje.
Ele gargalhou e deu alguns passos voltando para perto e tocando meu queixo.
Frajola - Conta outra patricinha, se te deixo telefonar vão rastrear a ligação...não sou nenhum idiota. Agora chega de papo e aproveite meu palácio!!!!
Ele me deu uma boa olhada, eu não duvidava das intenções dele que sempre estiveram bem claras e saiu trancando a porta por fora.
Victória - Put* que pariu...que porcaria de noite. Eu devia ter ficado em casa com meu pai e a bruxa...me deixaram na pior!
Me sentei naquela cama de solteiro, olhei em volta e pelo menos esse lugar parecia limpo apesar de feio e por via das duvidas fiquei apenas sentada.
Ele...
Caminhei pela sala e fui até a cozinha tomar um pouco d'água, parei um instante, caraca! aquela patricinha era a gata mais gata que eu já vi na vida. Fiquei com o cheiro dela nas mãos...naquele dia eu tinha resolvido uns problemas na quebrada, desde que meu coroa foi preso eu fiquei com a responsabilidade de manter o negócio na ativa aqui fora. Nunca fui usuário, mas "sacomé" a gente precisa garantir o pão de cada dia e cada noiado a mais nesse mundo é dinheiro para o nosso bolso. Eu sabia bem que aquele vacilão não me pagaria e nem mesmo para salvar a belezinha de olhos verdes, estava afim de me divertir e aquela afronta dela havia me dado vontade de brincar de caça e caçador.
Esperei um tempo até ela se acalmar e ficar menos bolada e arredia, abri a porta do quarto e ela se levantou abaixando o vestido...e que pernas!
Ela se sentou na cama colocando a pequena bolsa no colo, talvez para evitar que eu olhasse tanto para aquele lugar em especial.
Victória - E aí? Vai me tirar desse buraco?
Eu sorri e tirei o ventilador de cima da cadeira, me sentei de frente para ela que olhava atentamente.
Frajola - Victória a afrontosa.
Eu adorava ver a expressão dela de irritação, me dava uma vontade tremenda de apagar todo aquele fogo.
Victória - Já chega de joguinhos por favor, me deixa ir para casa. é muito tarde. O que fizeram com meus amigos? Se nos matarem vão ter se explicar a polícia!
Frajola - Me disse que David não era teu chegado.
Victória - E não é! Falei dos outros dois.
Frajola - Esquece deles por agora, tem que pensar em você e em como vamos negociar sua vida.
Victória - Eu não te devo nada! Não sou usuária e nem moradora daqui.
Me levantei também e agarrei ela com toda a força, respirávamos quente aquecendo nossos rostos quase colados. Ela corou quando me sentiu excitado, fez força para se afastar, mas a puxei de novo.
Ela...
Deus, eu estava nas mãos de um verdadeiro CEO do tráfico em pleno Morro da Babilônia e não poderia lutar contra ele. Deveria pesar mais de cem quilos de pura massa muscular e testosterona.
Fechei os olhos e entreguei minha vida naquele instante, senti os lábios dele devorarem os meus delicado e desesperadamente. A pressão daquele beijo me deixava sem fôlego, era lascivo e carinhoso examinava meu corpo com as mãos de maneira tão suave que não me atemorizei...eu senti crescer por ele um forte desejo.
Durou tanto que perdi a noção do tempo, me dei conta do que estava fazendo e me afastei subitamente.
Frajola - Parece que está amansando!
Victória - Amansando nada...você que me agarrou.
Frajola - E você adorou.
Viola - Chefia...ouuu, que vacilo é que o peruca veio trazer a encomenda de hoje!
Ele me olhou e saiu junto com aquele outro, depois daquele beijo certamente ele iria querer muito mais em troca da minha vida.
Ele...
Recebi o dinheiro daquele verme, eu queria que todos desaparecessem do barraco.
Depois que foram, fiquei pensando no amasso que demos naquele quarto, tudo o que eu queria era sexo casual para desafogar o maçarico assim que arrastei a mina para cá...mas depois daquele beijo eu já não sabia. Acabei envolvido demais pelo sei jeito marrento e delicado de ser.
Destranquei de novo a porta do quarto e abri por completo, dei um assobio para ela feito uma cadelinha acuada.
Frajola - Vai!
Victória - Está falando sério?
Frajola - Anda....vai...vai..vai.
Ela saiu me olhando, como se esperasse alguma coisa.
Frajola - Toma seu celular e volta para o teu castelo.
Ela...
Fui pegar o celular da mão dele, sua pele me fazia sentir faíscas por dentro.
Me vi louca por outro beijo tórrido como aquele e não pensei em mais nada, o agarrei pelo pescoço e nos beijamos de novo. Aquele homem levantou meu corpo do chão e fomos indo para a cama, nossas bocas pareciam ter sido feitas uma para a outra. Ele se deitou sobre mim, seu corpo pesado me deixava imóvel as mãos dele logo foram de encontro as minhas coxas subindo delicadamente meu vestido, suspirei e me deixei conduzir naquela dança de prazer e eu sabia que faríamos tudo.
Minhas mãos subiram sua camisa ajudando-o a tirá-la, beijei aquele peito forte e definido lambendo e arrepiando sua pele morena.
Ele beijava meu colo, e abaixava meu vestido que ficou embolado no meio da cintura expondo minha calcinha e meus seios, que ele como um bebê faminto abocanhou com vontade.
Sugava e lambia me extirpando gritos e gemidos de prazer e ânsia de sermos um só.
Ele se sentou na cama e tirou toda a roupa, fiquei observando e me levantei, ele achou que eu fosse fugir ou desistir de ser dele. O empurrei com força fazendo-o se deitar, retirei meu vestido e as peças íntimas e montei sobre o corpo dele.
Ainda não estávamos unidos e eu roçava nossos sexos deixando-o em plena aflição de adentrar meu corpo...até que molhados de desejo nos conectamos.
Ele se sentou enquanto eu cavalgava seu corpo e nos beijamos, fizemos amor até cairmos suados e exaustos naquela cama minúscula. Eu era naquele instante a mulher dele!
Victória - Ainda sou sua prisioneira?
Frajola - Que nada, tu é minha patroa!
Victória - Posso te fazer uma pergunta?
Frajola - Faz gata, o que quer saber?
Victória - Qual é o seu nome? E sua idade?
Frajola - Se eu disser, vou ter que te apagar. (Risos) Estou brincando...me chamo Gabriel e eu tenho 32 anos!
Victória - Gabriel é um nome bonito, você é um cara legal. Por que está nessa vida errada?
Frajola - Epa...agora tá se metendo demais garota.
Victória - Por que não trabalha honestamente, ao invés de vender essas porcarias? Acha que isso não destrói vidas?
Ele deu um pulo da cama pegando as roupas do chão e vestindo.
Frajola - Veste sua roupa e toma teu rumo.
Victória - Então é assim?
Frajola - Sim e a dívida está paga!
Fechei os punhos de tanto ódio, pulei da cama e peguei meu vestido do chão, além de levar o arrependimento por ter me deitado com um maluco desconhecido e gerente da bandidagem. Ele havia me tratado como uma verdadeira prostituta depois do que fizemos, meu celular estava no chão...e eu ia ligar para alguém me tirar daquele lugar, enquanto eu havia me entregue ainda que por prazer e carência ele havia apenas cobrado um débito.
Frajola - Vou mandar te deixarem em casa.
Victória - Não preciso de nenhum favor seu!
Acho que ele pensou bem, não confiava nos tais parças que tinha e decidiu ele mesmo me levar embora. Fomos para fora do barraco e o dia já estava claro de novo, ele pegou a moto e eu subi mesmo de vestido e melada...já não me importava mais quem iria ver, eu só queria sair daquele lugar e da frente daquele bandido.
Victória - Aqui!
Pedi para que ele parasse umas esquinas antes, já eram 06:00 da manhã e os vizinhos fofoqueiros do condomínio já estavam de pé e loucos por um flagra assim...mas ele não quis me largar longe demais.
Frajola - Não vai nem se despedir?
Ele retirou o próprio capacete.
Victória - Vai a merd*!
Virei de costas e segui andando agitando involuntariamente os cachorros que latiam para mim em cada portão, ouvi a partida da moto dele aquela era uma despedida definitiva...tirei as sandálias de salto e saí descalça pelo meio do pátio evitando por tudo olhar para trás.
Porteiro - Bom dia!
Victória - Bom dia para quem?
Porteiro - Me desculpe.
Parei e respirei fundo o pobre não tinha culpa da noite horrível que eu havia tido.
Victória - Me desculpe seu Clóvis, de verdade!
Porteiro - Tudo bem filha, já fui jovem como você.
Dei uns passos e parei.
Victória - Ahhh e como sempre o senhor não me viu tá?
Porteiro - Pode deixar!
Enfiei a mão na bolsa e achei minhas chaves, entrei no quarto e tranquei a porta me sentando na cama, me sentia grudada entre as pernas e fui tomar um bom banho morno.
Recordava de cada toque e do cheiro daquele marginal da bengala enorme, aquela língua tinha vida própria acabei me tocando e provando mais uma dose de prazer...dessa vez solitária.
O que um cara como ele poderia oferecer a uma mulher cheia de manias e mimos? Apenas prazer e revirar de olhos por algumas horas, não tem paradeiro e nem distinção ou vontade de levar uma vida correta...mas sabe ser carinhoso e fazer qualquer parceira tremer em seus braços.
Eu poderia esquecer dessa noite? Ou eu fiquei de verdade presa por ele no Morro da Babilônia?
Depois do banho coloquei o alarme para tocar às 07:30, se eu dormisse demais os coroas iriam desconfiar da noitada...
Ligação...
Aline - Victória?
Victória - Sim viva e em casa, mas não graças a vocês!
Suspirei, não era o momento de brigar com ela e nenhuma de nós estava pronta para isso.
Aline - Me perdoa amiga...os capangas daquele maluco desovaram a gente feito dois presuntos em uma vala a uns 70 quilômetros do Morro, tivemos que pegar carona em um caminhão estilo filme de terror. Nem sei que fim levou o David, se está vivo!
Victória - Tudo o que sei é que só posso sentir pelo que eu passei nessa noite!
Fui me embrulhando na cama enquanto falávamos.
Aline - Ele te...?
Victória - Não quero falar sobre isso agora, estou muito cansada e preciso dormir nem que seja por um minuto.
Aline - Está bem, mas hoje a noite eu quero te ver e falar com você e eu não abro mão disso!
Desliguei o celular e me deitei para curtir pelo menos alguns minutos de sono, ainda que estivesse ligada demais para isso. Pela primeira vez na minha vida eu pensava se acatar a decisão do meu pai de morar em Portugal não seria uma forma de esquecer aquela noite...aquele homem!