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Mecânico delícia - parte II

— Perfeito Rock! O carro está novinho em folha, com certeza você é o melhor mecânico em toda a redondeza. - o cliente disse mais do que satisfeito, com um sorriso no rosto ele pagou pelo trabalho e foi feliz para o seu trabalho com a certeza de que não iria se atrasar.

— E lá se vai mais um cliente feliz! - loiro disse com um sorriso de orelha a orelha, era isso que o deixava feliz, a satisfação dos clientes.

— Cara, você precisa transar! - novamente Vini estava o irritando com esse assunto, ele era seu amigo desde sempre, estivera do seu lado nos bons e maus momentos, estava trabalhando com ele desde que abrira a oficina, decisão tomada após dois ano parado em casa, depois que decidiu que não ingressaria na faculdade após o término do ensino médio, decidira ir trabalhar com o seu amigo, aos poucos foi amadurecendo e agora que estava noivo, tinha realmente tomado juízo na vida. E era por causa disso que sentia-se no direito de chatear o seu amigo, com esses assuntos emocionais.

— Cara me deixa em paz! Vai concertar essas motos que é melhor. - Roni disse e logo passou para o próximo trabalho, um quadriciclo que precisava de uma troca de motor.

Ao caminhar até o armário de peças e pegar sua maleta, olhou pela zilhonesima vez para o pôster pregado na parede acima, um breve sorriso se formou em seu rosto, seu coração sempre batia forte quando via aquela imagem.

— A Raposinha de Outubro! Aposto que com ela você namorava? - Vini disse sorrindo, fazia três anos que aquele calendário estava colado na parede sendo idolatrado diariamente pelo Rock.

A Raposinha de Outubro era uma das modelos que compunham um calendário, eram daqueles que tinha imagens de garotas sensuais, cada vez do ano tinha uma modelo diferente, como a Coelhinha de maio, a Gatinha de julho, e a preferida de Roni Rock, a Raposinha de Outubro.

A morena linda de olhos azuis e cabelos longos e negros, tão lisos que pareciam escorrer como uma cascata em suas curvas sensuais, ela era linda, maravilhosa, fazia três anos que tinha ganhado aquele calendário de cliente, desde então se encantara com a imagem da bela modelo que justamente estampava a folha do mês do seu aniversário, para Roni era como se a Raposinha de Outubro fosse o seu presente especial, sem pensar duas vezes, mandara ampliar a imagem, e agora o gigantesco pôster estampava a parede da sua oficina, a morena gostosa sempre o deixava animado e lhe dava mais ânimo para realizar o trabalho.

— Com essa aí eu até casava! - disse sorrindo voltando para os seus afazeres.

O dia se passou tranquilo como o de costume, depois de terem feitos seus concertos diários, os amigos se despediram, Vini estava ansiosa para chegar logo em casa e tirar toda a sujeira e graxa da oficina, sairia naquela noite com sua noiva, então feliz da vida, se despediu do seu amigo.

Roni fechou a oficina e foi direto para o banheiro dos fundos, era lá que tirava toda a graxa antes de entrar em casa, e depois de uma longa chuveirada, o Rock saiu do banheiro, com seus cabelos loiros molhados e apenas com uma toalha cobrindo suas partes, havia pensado nas palavras do amigo durante o banho e estava disposto a sair naquela noite, iria na balada disposto a conhecer alguém e tentaria abrir o seu coração, a Raposinha de Outubro era uma ilusão da sua cabeça, e não deveria mais ser alimentada, estava decidido a dar uma chance pra uma mulher que estivesse ao seu alcance, alguém que existisse na vida real, condizente a sua realidade.

Foi sair do banheiro e escutar a campainha da oficina tocando, pensou um pouco ao olhar para o portão fechado, ele estava com planos para a noite, poderia ignorar a campainha e entrar pelos fundos em sua residência, ou poderia atender o possível cliente e perder mais uma noite por causa do trabalho, dando razão assim as palavras do seu amigo, decidiu então ignorar e ir para a casa. Foi quando começaram a bater com as mãos no portão chamando novamente a sua atenção, quem quer que estivesse do outro lado do portão, deveria estar muito desesperado, talvez um pai de família ansioso para voltar pra casa, ou alguma senhora amedrontada por estar "no prego" longe da sua residência, não tinha jeito, ele sempre pensava humanamente nos outros, sempre se colocava no lugar dos seus clientes e por isso realizava suas entregas com tanta rapidez, ele não se sentiria bem se não atendesse a porta, suspirou fundo e foi de encontro ao seu possível cliente, sua noite de balada ficaria pra depois.

Assim que Roni destrancou o cadeado e subiu o portão, se deparou com dois grandes olhos azuis lhe encarando de cima a baixo.

— Bo... boa noite... o... o senhor é... mecânico?

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