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Encontro inesquecivel

Roman Vassiliev

A consciência vai para a escuridão e volta num tic tac como as batidas de um relógio de pulso, marcando o que imagino ser os meus últimos momentos, os cabelos ruivos brilhando com vida, suas costas alvas no horizonte usando um vestido branco, consigo sentir o cheiro do perfume doce trazendo uma emoção desconhecida.

Não sei que horas são o que está acontecendo quando ela se vai, se afastando cada vez mais, o ódio retorna como um líquido quente escorrendo pela traqueia rasgando a carne, roubando a minha voz de onde estou, escuto uma voz melosa chamando, pensei ser minha bela Eva.

Mas ela não estaria comigo no inferno, jamais conseguiria entrar no paraíso para encontrá-la, então, por que essa voz soa como a de um anjo?

Tentei me concentrar, sendo atraído pela melodia do timbre diferente, a marca do sotaque estrangeiro como um canto de sereia, sentindo um calor queimar por dentro ao escutá-la, querendo abrir os olhos para enxergar se é tão bela quanto sua voz, sendo vencido pelo cansaço, pela frustração em estar tão longe dela, queria poder gritar que não se afasta duas almas destinadas a se encontrarem, mas fui calado pela voz dela.

— Eu não sei quem você é, mas acorde, fiz um ótimo trabalho para que entregue os pontos assim, me disseram quem você é, aquele seu amigo é um porre inclusive. Você é um crime querido, lindo e perigoso. — E uma risada tão contagiante preencheu o silêncio e a solidão que sentia, reafirmando o desejo de querer abrir os olhos para vê-la — Veja bem, preciso ir. — A sensação da proximidade se foi, escutei a porta bater, conseguindo abrir os olhos com a garganta seca, percebendo a claridade do quarto, notando estar em um hospital, ficando irritado por não encontrá-la.

A garganta seca causando incômodo e a raiva por estar vivo me atinge com tudo, o inferno da vida continua com as memórias.

Sem Eva, sem Niko.

Escuto a porta se abrir e tento virar a cabeça, na esperança de ver a mulher que falava comigo querendo entender como conseguiu obrigar a minha alma a sair do limbo.

— Por Deus! Ele acordou — Reconheço a voz

Kyro me olha sorrindo, por um minuto fico decepcionado. Será que foi uma ilusão ou um sonho?

Aquela voz não era da minha rosa.

Os gritos da multidão para um novo cantor entrando no palco fazem a minha mente girar entre as recordações de quatro anos atrás olhando tudo com desinteresse, cheio de tédio, sendo acompanhado à distância pelos soldados disfarçados e mesmo usando apenas uma camisa social, desabotoada, totalmente diferente das roupas que uso normalmente, ainda sinto um calor infernal, se o inferno for quente devo estar nele, estamos andando de uma ponta a outra primeiro verificando alguns dos pontos de venda depois procurando por alguma mulher capaz de atrair nossa atenção, sem sapatos e apenas com uma bermuda que um dos soldados conseguiu de última hora no hotel.

Kyro está vestido do mesmo jeito, logo resolvemos parar em uma barraquinha que vende nossos ecstasy para verificar as vendas.

Percebi Kyro encarando algo, mas estava morrendo de sede e fui comprar uma garrafinha com água na barraca ao lado, era melhor do que aquilo que eles chamavam de cerveja completamente sem gosto da cevada e muito açucarada que experimentei assim que cheguei a praia.

Ao voltar, olhei para o meu homem de confiança parecendo hipnotizado por continuar parado como se estivesse olhando para um fantasma, curioso, resolvi acompanhar seu olhar, no mesmo instante paralisei vendo-a.

E só Deus ou o Diabo, vai saber como soube que era a fantasminha, sem perder tempo comecei a caminhar na direção dela, os homens ao nosso redor se deslocaram junto conosco assim, que me recobrei do topor, ao vê-la colocando a mão no chão e jogando a bunda para o ar com um idiota atrás dela.

Apenas um gesto e os homens disfarçados entenderam a ordem silenciosa e se aproximaram, levando o babaca que levaria uma surra por tocar e olhar para algo meu.

Ahhh, sim, ela seria minha, e definitivamente ela não era nenhuma uma velha, talvez resolvesse confirmar sua idade na identidade, um rostinho de 20, mas deve ter uns 24 de olhar desconfiado como uma gatinha.

Lembro que pela sua ficha, infelizmente sem a sua foto, para me preparar para toda essa beleza, era uma Nerd safadinha, afinal não era nem um pouco comportada pelas anotações que vi, entrou muito cedo no colégio, 1 ano apenas, aos 15 terminava o ensino médio e ingressa na faculdade, 5 anos estudando medicina, 2 anos de residência emendados logo com mais 2 anos na especialização, a ida para Alemanha lhe garantiu um mestrado direto.

Notei a pestinha, ostentando um sorriso de Cheshire para a amiga.

Essa, da qual Kyro não tirava o olho e parecia não gostar dele, ri internamente porque tiraria aquilo a limpo com ele depois.

Esperei que ela se virasse e me visse, seu corpo cheio de curvas com os quadris bem redondos chamando toda a minha atenção, puta que pariu que mulher.

Eu vou tê-la.

E aqui estamos, com ela bufando como um touro bravo, o inferno que isso me deixa ainda mais excitado, não deveria estar assim.

— Ah, sim, como poderia responder se não me disse nem o seu nome. — Mudei o foco buscando controlar a cabeça de baixo.

— Luna. — Ela falou e revirou os olhos, atiçando a besta, querendo dar a ela motivos para revirar os olhos com as palmadas fortes que desejo dar na sua bunda empinada e malcriada.

— Vim a negócios querida. — Respondi limpo sem mentir, no momento não é necessário saber que iria prolongar a estadia apenas para tê-la.

— Então, já pode me soltar. — Respondeu ácida, virando o rosto e me encarando pelo canto do olho. — Bom trabalho, boa noite e tchau. — A safada já ia se soltando para fugir de mim.

— Cuidado ao correr de mim querida, Kyro foi atrás da sua amiga, e sabe adoro uma caçada. — Vi-a estremecer, o pelo se arrepiar, abri um sorriso porque porra!

Não era só eu que estava afetado com aquilo e ver os volumosos cílios batendo com a pupila dilatada, deixando seus olhos tão escuros que foi impossível definir a cor.

— Hum… vai ver, eu gosto de ser caçada. — Ela falou e começou a gaguejar — Ohh merda, quer dizer, eu não tenho nada a ver com você, então chama o seu amigo e me deixa sair. — Acabei rindo da troca de palavras dela, senti o gosto da vitória.

Eu terei essa baixinha em minha cama essa noite e foda-se, noto o peito dela subindo com força pela respiração pesada.

— Ah querida, deveria ter pensado nisso, antes de sussurrar palavras tão doces no meu ouvido.

Vi o rosto se contorcer numa careta fofa, eu diria que está envergonhada, que safada, não tem vergonha de jogar a bunda para cima com esse projeto de roupa, mas tem vergonha de mim? Parei um momento observando todo conjunto da obra perfeita de quadris largos, as curvas perfeitas e cheias completamente diferentes das que costumo levar para cama.

Os cabelos de um castanho tão escuro que por um momento pensei serem negros, as pontas descendo em cascatas azuis, tão longos que imaginei dando voltas no meu pulso enquanto a fodo por trás.

— Olha, só realizei meu trabalho. Está aí vivo e bem, já posso dar tchau? — Precisei balancear a cabeça tirando a cena tórrida das minhas duas cabeças e focando em seu nervosismo.

— Irei lhe retribuir de uma maneira muito mais gratificante que um mero encontro casual na praia. Afinal salvou minha vida Cheshire. — Aproximei a boca ao seu ouvido sussurrando e inspirando o seu perfume misturado ao álcool — Me diga que não está bêbada o suficiente para esquecer da minha língua na sua buceta agradecendo e glorificando você ter lutado para me salvar.

Ela engole em seco, fazendo a veia em seu pescoço se sobressaltar em meio aos músculos tensos, o suor descendo em direção aos seios sujos de um pó azul.

— Olha só, não podemos fazer isso. — Ela respirou fundo, parecendo buscar o senso que perdera com a bebida.

— Não respondeu à pergunta, mas vamos lá diga o porquê? — Falei impaciente querendo tê-la na minha cama

— Tenho namorado e não vou traí-lo — Um ódio subiu junto ao tesão e a vontade de estapear a bunda dela aumentou.

Me senti bufar e a vi estremecer, ao contrário de muitos homens, a safada no lugar de se afastar com medo, estufou o peito como se quisesse colar o corpo já tão perto ao meu.

Voltei a reparar em seu corpo, começando por aquele par de peitos bem servidos, grandes, redondos, diria que pesados vendo a forma que estavam no sutiã. Será lindo segurá-los, descer a mão na cintura fina, chegar aos quadris largos, suas curvas proporcionais e totalmente destoantes da altura dela, a bunda linda, tenho certeza ter sido ganha em longas horas na academia e me fartaria nesse rabo.

A amiga dela voltava jogada por cima do ombro do meu amigo que parecia bem satisfeito com aquilo.

— Me solta, seu brutamontes, me solta. — A mulher gritava chamando atenção de algumas pessoas, o que fez Kyro a descer e agarrá-la pela cintura.

Esse por sua vez bateu na bunda da mulher e saiu andando, já minha gata parecia ter ficado muda com a demonstração de brutalidade, sua pequena boca formava um O fazendo a minha imaginação flutuar novamente para a hora em que acomodaria meu pau.

— Luna, Luna, olha… — A morena gritou no idioma delas e não entendi merda nenhuma do que a garota que estava com Kyro falava, mas acompanhei o olhar da pequena que ia em direção a um casal que a amiga apontava.

Por um momento pensei que ela não respirava, e aí veio o caos, seu queixo ficando tenso e a respiração profunda seguida do rosto em chamas.

A segurei na primeira passada que daria para longe, o seu olhar era mortal e por um segundo pensei ser isso o que meus inimigos veem antes de morrer.

— Você pode vir comigo ou ficar. — Falou num russo fluente e de uma calma assustadora quando seus olhos mostravam a tempestade chegando.

Ela puxou o braço com força e atordoado pela mudança brusca no seu temperamento, a deixei ir. Acompanhando os seus passos chegamos em um casal aos beijos, soltei um risinho, o rosto dela se virou para mim como se fosse a própria Samara saindo do poço.

Essa pequena gata conquistou algo que meus inimigos não conseguiram em todos esses anos.

O meu medo

E respeito

Fechei o semblante, o que pareceu voltar sua atenção ao casal que continuava sem perceber o perigo.

Ela estava furiosa e me matando de tesão, tantos anos vivendo nesse mundo sombrio, imaginei que teria algo bom ao lado de Eva quando nosso casamento foi acordado, me apaixonei perdidamente pelos fios vermelhos desde que a perdi, percebi que a felicidade não é nada além de um suspiro. Agora, olhando para os fios negros balançando com a maresia e a fúria a qual tenta esconder de toda forma, suas mãos tremulas e a respiração forte buscando algum controle, tudo o que consigo desejar é fazê-la perder o controle.

O desejo de corromper cada traço da sua bondade, tomar seus suspiros de vida e felicidade porque não tenho nada para dar a ninguém, tomar é a única coisa que sei fazer, uma frase e um suspiro dela invadiram a porra do purgatório para trazer de volta o demônio, não por ser bom, não por merecer amor, mas por ela ser tão boa ao ponto de se preocupar com um paciente do qual foi avisada ser perigoso, mas sua bondade e ética não a deixaria sair de lá sem tentar. Quero-a como a fera desejava proteger aquela rosa, o que é péssimo para essa menina, pois ao contrário da sua bondade e autocontrole e ética, só tenho dores, sangue e morte para oferecer.

Sou um réu confesso no tribunal dos pecadores, sempre aguardando o dia do meu julgamento, ansioso para tomar o trono do inferno, e de toda forma agora sinto ainda mais vontade em corromper esse anjinho furioso, que parece presa em um dilema moral.

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